O Conselho Pontifício “Justiça e Paz” apresentou ontem o documento “Para uma reforma do sistema financeiro internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal”, que propõe a criação de um organismo internacional super partes, com uma constituição aceita por todos, capaz de regular as finanças internacionais, colocá-las ao serviço não da especulação, mas da economia real, da pessoa humana e respeitando o princípio de subsidiariedade.
Entre os expoentes, Dom Toso explicou que a nota é “uma releitura da grave crise econômica e financeira na qual ainda estamos mergulhados, indicando, entre outras coisas, não somente as éticas, mas especificamente as ideológicas”.
O secretário de Justiça e Paz falou das novas ideologias, “neoliberais, neoutilitárias e tecnocráticas que, enquanto reduzem o bem comum a dimensões econômicas, financeiras e técnicas absolutizadas, colocam em perigo o futuro das próprias instituições democráticas”.
O cardeal Turkson precisou que o documento será discutido no G20, em 3 e 4 de novembro, para que os reunidos possam imaginar “uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional, na perspectiva de uma autoridade pública de competência mundial”.
Respondendo sobre algumas coincidências com as petições dos “indignados”, o prelado manteve as distâncias, recordando que “a base é a doutrina social da Igreja e seu centro é a dignidade da pessoa humana”.
Além disso, “não é um documento papal, nem sequer da Secretaria de Estado – esclareceu o porta-voz vaticano, Pe. Federico Lombardi SJ. É uma contribuição do Conselho Pontifício 'Justiça e Paz'. Portanto, não é de magistério papal, mas de um autorizado dicastério da Santa Sé”.
No momento de perguntas e respostas, Dom Toso sublinhou que “não se trata de criar um Moloch”, mas um governo aceito por todos, porque “hoje nosso problema é fugir do fato de que poucos decidam pelos outros”.
Portanto, favorecer “mercados livres e estáveis, disciplinados por um adequado marco jurídico, funcionais para o desenvolvimento sustentável e o progresso social de todos, inspirados nos valores da caridade na verdade”.
Sobre a dificuldade de tradução da palavra governanza, o cardeal Turkson recordou que não se pensa em um governo mundial, mas se entende como um ente com “uma boa capacidade de gestionar” e que “respeite a soberania de cada país”.
O presidente do conselho pontifício recordou a sintonia do atual documento com a Pacem in Terris, a Populorum progressio, a Caritas in Veritate, e concluiu com as palavras de Bento XVI: “A crise nos obriga a voltar a projetar o nosso caminho, a dar-nos novas regras e a encontrar novas formas de compromisso, que apontem a experiências positivas e a rejeitar as negativas”.
Fonte: Zenit.
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