A redução do número de nascimentos e de casamentos terá impacto significativo na economia e na sustentabilidade das políticas assistenciais e de segurança social. Esta é a advertência de The Sustainable Demographic Dividend: What Do Marriage & Fertility Have To Do With the Economy? [O dividendo demográfico sustentável. O que o casamento e a fertilidade têm a ver com a economia?, n.d.t.], documento publicado pelo Social Trends Institute e financiado por organizações de famílias e universidades.
O Social Trends Institute é um organismo de pesquisas sem fins lucrativos, com sede em Barcelona e em Nova Iorque, que estuda quatro temáticas: família, bioética, cultura & estilos de vida e governo corporativo.
A prosperidade das economias aumentará ou diminuirá conforme o tratamento dado às famílias, diz o informe, indicando duas grandes tendências que preocupam:
Primeira: a população idosa e dependente está sofrendo um aumento brusco, enquanto a população em idade de trabalho está estancada ou diminui em muitos países desenvolvidos.
Segunda: o número de crianças em famílias de pais casados está se reduzindo com rapidez.
O termo demographic dividend, do título do informe, foi utilizado por alguns economistas para explicar a aceleração do crescimento econômico nos países asiáticos em que o aumento demográfico caiu bruscamente. O freio demográfico teria liberado recursos para estimular o crescimento econômico.
Este dividendo é, em realidade, um empréstimo, que precisa ser devolvido. O estancamento econômico do Japão nos últimos anos se deve em parte à baixa fertilidade registrada a partir dos anos 70, segundo o informe.
A experiência japonesa é uma advertência para a China, que viu sua taxa de natalidade cair abaixo do limite de substituição nos anos 90. Muito provavelmente, o gigante chinês terá uma redução do crescimento econômico nas próximas décadas, devida à redução da sua força de trabalho.
Qualidade
As economias estarão sob pressão não só por causa da redução dos trabalhadores, mas também devido à qualidade reduzida. O casamento está em declive em muitos países. O conjunto de divórcios, convivências e famílias de um só pai implica um grande número de crianças nascendo fora de famílias casadas. Isto acontece em muitos países europeus e na América do Norte, onde 40% ou mais nascem de pais não casados.
O informe destaca a Suécia, onde 55% das crianças nascem de pais não casados. Apesar da ampla aceitação social da convivência e do apoio jurídico e econômico que esses casais recebem, suas famílias são muito menos estáveis do que as casadas. Os filhos de casais não unidos em matrimônio têm probabilidade 75% maior de que seus pais se separem antes que eles cheguem aos 15 anos de idade.
As crianças criadas por um só dos pais também têm probabilidades 50% superiores de desenvolver problemas psicológicos, com drogas, alcoolismo, tentativas de suicídio ou suicídio consumado.
A pesquisa mostra que os filhos de famílias instáveis têm menos probabilidades de sucesso nos estudos e no trabalho, e que os homens casados que permanecem casados trabalham mais e ganham mais.
Segundo o informe, “os países que têm uma cultura matrimonial relativamente mais forte, como a China, a Índia e a Malásia, provavelmente terão dividendos de longo prazo”. Mas, infelizmente, muitos países não se encontram nesta posição afortunada.
Propostas
O informe não é de todo pessimista. Propõe:
- Maior apoio às empresas familiares, agrícolas ou não, que garantam mais estabilidade econômica às famílias.
- Ajudar os jovens a conseguir emprego seguro e duradouro, evitando o trabalho ocasional ou por contrato. Um trabalho seguro permite começar uma família e ter filhos.
- Habitação a custos razoáveis. Os elevados preços dos imóveis se associam a taxas de fertilidade baixas em todo o mundo.
- Flexibilidade para as mulheres que preferem combinar as responsabilidades familiares com o trabalho, para poderem fazê-lo sem deixar o emprego ou a jornada completa.
- Os governos deveriam apoiar o casamento e educar as pessoas sobre as suas vantagens, bem como sobre as desvantagens das uniões informais.
- Incentivar a poupança entre os jovens e dar mais apoio financeiro aos casais com filhos.
- Fazer um esforço para “polir” a cultura contemporânea contrária à família e promotora da promiscuidade.
- Os governos deveriam respeitar a contribuição positiva que a religião pode dar à família.
O papa Bento XVI falou recentemente da importância do casamento. Falando a um grupo de jovens noivos em Ancona, Itália, ele os encorajou a enfrentar os desafios que a cultura de hoje impõe à fidelidade matrimonial.
“A estabilidade da sua união no sacramento do matrimônio permitirá aos seus filhos crescerem confiados na bondade da vida”, afirmou o papa. “Fidelidade, indissolubilidade e transmissão da vida são os pilares de toda família, verdadeiro bem comum, patrimônio precioso para toda a sociedade”.
Um conselho não só religioso, mas também econômico.
Fonte: Zenit.
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