Às 11h30 da manhã desta terça-feira, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé, foi realizada a coletiva de imprensa de apresentação da mensagem de Bento XVI para o 98º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que será comemorado em 15 de janeiro de 2012, com o tema “Migrações e novas evangelizações”.
No evento, intervieram Dom Antonio Maria Vegliò, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral com Migrantes e Itinerantes; Dom Joseph Kalathiparambil e o Pe. Gabriele Ferdinando Bentoglio, C.S., secretário e subsecretário, respectivamente, do citado Conselho.
Dom Vegliò recordou, há alguns anos, que a mensagem se dirige a três coletivos muito diferentes: trabalhadores migrantes, refugiados e estudantes internacionais.
Cada uma das três intervenções dos máximos representantes do Conselho Pontifício pretendia conjugar a nova evangelização com estes três âmbitos das migrações.
Dom Vegliò recordou que evangelizar é a missão essencial da Igreja. Segundo ele, nós nos encontramos diante de uma realidade caracterizada pela finalidade dos deslocamentos. Em consequência, “o mundo inteiro se tornou terra de anúncio evangélico”.
Citando os dados fornecidos em sua intervenção, afirmou que “é evidente que a mistura de nacionalidades e de religiões aumenta de modo exponencial. Nos países de antiga cristandade, observamos a penetração do secularismo e a crescente insensibilidade com relação à fé cristã, enquanto em alguns países de maioria não-cristã há uma influência emergente do cristianismo. Em todos os lugares aparecem os novos movimentos sectários, com a tentativa de 'eliminar toda visibilidade social e simbólica da fé cristã' (cf. Mensagem 2012, § 3), como se Deus e a Igreja não existissem”.
Concluiu afirmando que há campo aberto para “o otimismo cristão, que traça novos caminhos à 'corrida da Palavra' (2Ts 3,1), não no sentido de um vago espiritualismo, mas na certeza de que o tempo que estamos vivendo está enriquecido pela valiosa oportunidade dos movimentos migratórios”.
E acrescentou: “Estes, obviamente, devem ser legitimamente regulados, libertando-nos das pragas da pobreza, da exploração, do tráfico de órgãos e de pessoas. Na legalidade, com atenção a proteger a dignidade de cada pessoa humana, promovendo seu autêntico progresso, também as migrações contemporâneas podem se tornar uma bênção para o diálogo entre os povos, a convivência na justiça e na paz, o anúncio evangélico da salvação em Jesus Cristo”.
Por outro lado, Dom Joseph Kalathiparambil afirmou que “a sociedade em que vivemos está tornando-se cada vez mais multiétnica e intercultural, como mostra também a presença de demandantes de asilo e refugiados”.
A atenção a este grupo, na segunda parte da mensagem do Papa, disse, assume um destaque especial, porque este ano recordamos o 60º aniversário da convenção internacional sobre os refugiados, assinada em Genebra em 1951.
o Alto Comissionado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em seu informe anual, difundido no Dia Mundial do Refugiado do último mês de junho, denunciou “profundos desequilíbrios no apoio internacional recebido pelas pessoas desenraizadas da sua terra”. Segundo o informe, 4 de cada 5 refugiados do mundo são acolhidos por países em vias de desenvolvimento, tanto em termos absolutos como em proporção aos seus sistemas econômicos.
O maior número de refugiados está hoje sediado no Paquistão (1.900.000), Irã (1.100.000) e Síria (1 milhão). O ACNUR adverte que “isso ocorre em um período caracterizado por crescentes sentimentos de hostilidade com relação aos refugiados em muitos países industrializados”.
Cita Bento XVI quando afirma que “os refugiados que pedem asilo, fugindo de perseguições, violências e situações que põem em perigo a sua vida, têm necessidade da nossa compreensão e acolhimento, do respeito pela sua dignidade humana e seus direitos, assim como da consciência dos seus deveres. O seu sofrimento reclama dos diversos Estados e da comunidade internacional que haja atitudes de mútuo acolhimento, superando temores e evitando formas de discriminação e que se procure tornar concreta a solidariedade também mediante adequadas estruturas de hospitalidade e programas de reinserção”.
Por outro lado, o Pe.Gabriele Ferdinando Bentoglio, C.S., enfatizou a parte final da mensagem papal, dedicada aos jovens que saem do seu país por razões de estudo ou formação profissional., Bento Xvi afirma que “enfrentam problemas de inserção, dificuldades burocráticas, aflições na busca de alojamento e de estruturas de acolhimento”.
No final do primeiro decênio deste século, o número de estudantes no estrangeiro superou os três milhões e se prevê que chegue a sete milhões em 2025. Os principais países que os acolhem são Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França. No decênio que acada de terminar, no entanto, os mais bruscos aumentos percentuais se deram em Nova Zelândia e Coreia, seguidos da Austrália, Canadá e Japão. Mais de 50% dos fluxos totais de estudantes internacionais em 2008 procediam de vinte países, entre os que, nos primeiros lugares, figuravam China, Polônia, Índia e México.
Nos anos precedentes, os maiores incrementos eram da Colômbia, China, Romênia e Marrocos. Diminuíram os procedentes das Filipinas e da Federação Russa.
O Pe. Bentoglio sublinhou que, se a mobilidade dos estudantes internacionais aumenta, cresce também a urgência de que “os lugares de educação e formação, sobretudo no âmbito universitário, adquiram e valorizem a relação necessária e estratégica entre a profunda sede de verdade e o desejo de encontrar Deus”, como recomenda o Papa, referindo-se às comunidades cristãs, para que “mostrem-se sensíveis com tantos jovens que, além do crescimento cultural, têm necessidade – precisamente devido à sua tenra idade – de pontos de referência”.
Com o fim de concretizar estas reflexões, o Conselho Pontifício realizará o 3º Congresso Mundial de Pastoral para os Estudantes Internacionais, em Roma, de 30 de novembro a 3 de dezembro deste ano, com o tema “Estudantes internacionais e encontro das culturas”.
Fonte: Zenit.
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