A vida do Pe. Fausto Tentorio, missionário de origem italiana assassinado nesta segunda-feira nas Filipinas, foi um “dom total”, afirmou o Pe. Bernardo Cervellera, missionário do Instituto Pontifício de Missões Exteriores (PIME) e diretor de AsiaNews.
O Pe. Fausto, pároco de Akaran (província de Cotabato, na ilha de Mindanau), foi assassinado pouco depois de ter celebrado a Missa e antes de ir a Kidapawan para encontrar-se com os demais sacerdotes da diocese.
O assassino, com o rosto coberto por um capacete, aproximou-se dele e golpeou-lhe a cabeça e as costas, afastando-se depois em uma motocicleta, com um cúmplice.
O sacerdote foi transladado ao hospital, mas os médicos não puderam fazer nada além de constatar o falecimento.
Cervellera destacou da vida do Pe. Fausto as “longas visitas pastorais de moto, de carro ou a cavalo, para encontrar-se com os grupos tribais mais perdidos; dormir sobre uma esteira no chão; comer as pobres coisas dos indígenas para construir uma igreja na qual ser estrangeiro ou local não cria marginalização ou diferenças injustas; comprometer-se na educação de crianças e adultos”.
“O Pe. Tentorio era um homem de poucas palavras e de quem nos restam poucos escritos – afirmou. Mas permanece forte o carinho que os indígenas tinham por ele, vivo e morto.”
O sacerdote assassinado tinha 50 anos e se encontrava nas Filipinas há mais de 32.
“Carinhosamente, nós colocamos nele o apelido de 'o tribal', por como se identificava com os lumad, os indígenas dos quais durante 30 anos foi o defensor contra todo tipo de discriminações”, referiu a MISNA o seu irmão, Pe.Giulio Mariani, diretor do Centro Missionário Euntes, em Zamboanga.
“Ele se vestia como eles, falava a sua língua, conhecia a sua cultura – acrescentou. Os missionários do PIME perderam um amigo; os lumad perderam um pai, um irmão. Sabiam que ele teria feito qualquer coisa por eles.”
Em 2003, o Pe. Fausto escapou de um atentado. De certa forma, seu assassino “pegou todos de surpresa”, explicou à agência vaticana Fides o Pe. Giovanni Vettorello, também do PIME.
“Não vivemos uma fase de especial tensão, como no passado. Certamente, o trabalho missionário comporta sempre riscos, mas o Pe. Tentorio não tinha inimigos, nem me disse jamais que havia recebido ameaças, nem houve nenhum episódio detonante para motivar o delito. Também era uma pessoa muito astuta e prudente”, disse Vettorello.
O sacerdote continuou explicando que o Pe. Tentorio “dedicou toda a sua vida ao serviço da alfabetização e do desenvolvimento dos indígenas chamados lumads, em particular da tribo dos manobo”.
Nesta obra, às vezes “podem surgir problemas relativos à prioridade de terras, aos conflitos entre agricultores, às disputas entre tribos diversas, mas ninguém esperava um acontecimento trágico assim”.
“Tenho certeza de que o sangue do Pe. Fausto é o sangue de um mártir, que dará bons frutos para a missão nas Filipinas”, destacou o Pe. Giovani.
Por outro lado, o bispo, Dom Romulo de la Cruz, mostrou-se “comovido e sem palavras” pela tragédia.
O corpo do Pe. Fausto foi levado à sua paróquia, onde os fiéis o velaram, rezando sem cessar.
O Pe. Tentorio é o terceiro missionário italiano do PIME assassinado na ilha de Mindanau. Em 1985, o Pe. Tullio Favali foi assassinado em Tulunan por um grupo de guardas privados armados, enquanto, em 1992, foi assassinado em Zamboanga City o Pe. Salvatore Carzedda, comprometido no diálogo com os muçulmanos.
Fonte: Zenit.
Nenhum comentário:
Postar um comentário