Continuando o ciclo de catequeses sobre a oração, o Papa dedicou a audiência geral desta quarta-feira a refletir sobre o Salmo 126.
Bento XVI se referiu a este texto como “um salmo de tipo festivo, uma oração que, na alegria, fala das maravilhas de Deus” e “celebra as grandes coisas que o Senhor realizou no seu povo e que continuamente realiza em todos os crentes”.
“Osalmo fala de uma sorte restabelecida, isto é, restituída ao seu estado original, em toda a sua anterior positividade. Ou seja, parte-se de uma situação de sofrimento e de necessidade à qual Deus responde sendo a salvação e levando o orante à condição anterior, inclusive enriquecida e melhorada.”
O texto, explicou o Papa, deve interpretar-se “em referência ao final da deportação em terra estrangeira”, mas também “como um maravilhoso retorno à fé, à confiança, à comunhão com o Senhor”.
Neste contexto, o Pontífice destacou que “asintervenções divinas têm, muitas vezes, formas inesperadas, que vão além do que o homem pode imaginar”.
“Deus faz maravilhas na história dos homens – afirmou. Realizando a salvação, revela-se a todos como Senhor potente e misericordioso, refúgio do oprimido, que não se esquece do lamento dos pobres, que ama a justiça e o direito e de cujo amor está cheia a terra.”
“Na nossa oração – continuou o Papa –, devemos considerar mais frequentemente como, nos acontecimentos da nossa vida, o Senhor nos protegeu, guiou, ajudou e, assim, louvá-lo por tudo o que fez por nós. Devemos estar atentos às coisas que Deus nos dá.”
“Estamos sempre pendentes dos problemas, das dificuldades e quase não queremos perceber as coisas boas que vêm do Senhor”, advertiu.
No entanto, destacou, “esta atenção, que se converte em gratidão, é muito importante para nós e nos cria uma lembrança do bem que nos ajuda também nas horas de escuridão”.
“Deus realiza grandes coisas e quem experimenta isso – atento à bondade do Senhor, com a atenção do coração – está repleto de alegria”, assegurou.
Para o Papa, o Salmo 126 “nos ensina que, na nossa oração, devemos permanecer sempre abertos à esperança e firmes na fé em Deus”.
“Nossa história, ainda que marcada muitas vezes pela dor, pelas inseguranças e momentos de crise, é uma história de salvação e de 'restabelecimento do destino'– explicou.Em Jesus termina o nosso exílio, toda lágrima se enxuga no mistério da sua Cruz, da morte transformada em vida, como o grão de trigo que se destrói na terra e se torna espiga.”
“Também para nós, esta descoberta de Jesus é a grande alegria do “sim” de Deus, do restabelecimento do nosso destino”, afirmou.
O Papa fez um paralelismo entre os que, “voltando da Babilônia, repletos de alegria, encontraram uma terra empobrecida, devastada”, e nós, que, “depois da grande descoberta de Jesus Cristo – nossa vida, caminho e verdade –, entrando no terreno da fé, na 'terra da fé', encontramos frequentemente uma vida escura, dura, difícil, uma semeadura com lágrimas, mas seguros de que a luz de Cristo, no final, nos dá uma grande colheita”.
Bento XVI afirmou que “devemos aprender isso também nas noites escuras; não esquecer que a luz está aí, que Deus já está no meio das nossas vidas e que podemos semear com a grande confiança de que o 'sim' de Deus é mais forte do que todos nós”.
“É importante não perder esta lembrança da presença de Deus na nossa vida, esta alegria profunda de que Deus entrou na nossa vida, libertando-nos: é a gratidão pela descoberta de Jesus Cristo, que veio a nós”, continuou.
E acrescentou, concluindo: “E esta gratidão se transforma em esperança, é estrela da esperança que nos dá a confiança, é a luz, porque as dores da semeadura são o início da nova vida, da grande e definitiva alegria de Deus”.
Fonte: Zenit.
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