O Observatório da Intolerância e Discriminação contra os Cristãos na Europa (OIDCE, no acrônimo em inglês) é uma organização não governamental com sede em Viena, Áustria, afiliada à Agência Europeia dos Direitos Fundamentais. Seu relatório 2011 indica que os casos de intolerância e discriminação contra os cristãos vêm aumentando no continente.
“[Intolerância e discriminação] são os termos que nós usamos para descrever a negação de direitos iguais e a marginalização social dos cristãos”, explicita a ONG no documento, falando da situação na Europa e no mundo ocidental. O documento evita expressamente a palavra “perseguição”.
As estatísticas disponíveis são claras e mostram a amplitude do problema. Numa pesquisa feita no Reino Unido, 74% dos entrevistados consideram que “há mais discriminação negativa contra os cristãos do que contra pessoas de outros credos”. É um aumento de 8% em comparação com a mesma pesquisa feita em novembro de 2009 (66%).
Ainda mais eloquentes são os dados de um estudo do governo escocês, publicado em novembro passado, de acordo com o qual 95% da “violência religiosamente motivada” tem como alvo os cristãos. O fenômeno, em aumento, golpeia em mais da metade dos casos o catolicismo e a comunidade católica da região (58%).
Na vizinha França, os dados dos serviços de segurança e inteligência, os Renseignements Généraux, apontam na mesma direção. Dos atos de vandalismo no país, 84% são contra os lugares de culto cristãos. O fenômeno em 2010 atingiu 522 lugares, aumento de 34% sobre o ano anterior (389), que já apresentara aumento de 46% sobre 2008 (266).
O novo relatório do OIDCE subdivide os casos em categorias ou formas de discriminação e de intolerância. A primeira categoria abrange os direitos negados com base na fé cristã das pessoas envolvidas e tem as seguintes subcategorias: violação da liberdade de religião (1.1), liberdade de expressão (1.2), liberdade de consciência (1.3) e atos discriminatórios no âmbito da igualdade (1.4).
A categoria número 2 aborda os casos de intolerância, em que cristãos e expressões do cristianismo são marginalizadas, em particular a exclusão da vida social e pública (2.1), a rejeição de símbolos religiosos (2.2) e o insulto, a difamação e os estereótipos negativos (2.3).
Um terceiro e último grupo trata dos “incidentes de ódio”, que abrange, além dos próprios incidentes motivados pelo ódio (3.1), também o vandalismo contra o sacro (3.2) e os crimes contra indivíduos (3.3).
Apesar do panorama preocupante revelado pelo informe, há progressos, como a crescente atenção da mídia. A diretora da ONG, Gudrun Kugler, observa que o primeiro relatório, publicado em dezembro de 2010 cobrindo o período 2005-2010, suscitou uma resposta “imensa”, não só da mídia, mas também de intelectuais, políticos e instituições.
“Começaram a notar”, afirma Kugler, “que a marginalização e a restrição dos direitos e das liberdades dos cristãos na Europa são motivo de preocupação e merecem a nossa atenção”.
Kugler considera positivos dois eventos de 2011: a resolução da assembleia parlamentar da Organização pela Segurança e Cooperação na Europa (OCSE) sobre a luta contra a intolerância e contra a discriminação dos cristãos, assim como a sentença definitiva da Corte Europeia dos Direitos Humanos no caso Lautsi x Itália, sobre a presença do crucifixo nas salas de aula italianas, que foi reconhecida como “não contrária aos direitos fundamentais”.
Fonte: Zenit.
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