Com cerca de um mês de antecedência da solenidade litúrgica, Bento XVI sinalizou a Pentecostes durante a Audiência Geral de hoje, retomando sua catequese sobre os Atos dos Apóstolos, iniciada antes da Semana Santa.
A Pentecostes, explicou o Santo Padre, não é um “episódio isolado”, e o Espírito Santo não age exclusivamente sobre os apóstolos no 50° dia após a ressurreição. É legítimo falar de uma “pequena Pentecostes” que marca o ponto culminante de uma “difícil fase da Igreja nascente”.
Nos Atos dos Apóstolos é narrada a prisão de Pedro e João (cfr At4, 1) por terem anunciado a Ressurreição de Jesus. Liberados, unânimes elevaram a voz a Deus (At4, 24). Trata-se, afirmou o Papa, da “mais ampla oração da Igreja que encontramos no Novo Testamento após a qual ficaram repletos do Espírito Santo” (At4, 31).
Do mesmo modo, observou o Pontífice, a comunidade cristã, diante das dificuldades e dos perigos, mais do que “reagir”, “defender-se” ou “encontrar estratégias”, deve rezar, entrando em “contato com Deus”.
Traço marcante deste tipo de oração é a sua natureza “unânime e em concordância”, porque diz respeito a toda a Igreja. Diante da hostilidade ou adversidade, a comunidade “não teme e não se divide”, mas é “unida pela oração”.
Em momentos de perseguição, como o descrito nos Atos dos Apóstolos, os cristãos não solicitam a “salvaguarda das vidas”, mas somente que o Senhor os conceda de proclamar a Palavra de Deus “com toda a intrepidez” (At,4, 29). Mesmo as adversidades vêm interpretadas “à luz da fé” e “através da Palavra de Deus, que nos faz decifrar a realidade do mundo”.
A oração, todavia, é também o reconhecimento da “grandeza e imensidão de Deus” e entendimento de que “tudo vem Dele, tudo está em suas mãos”.
A perseguição anti-cristã não é simplesmente uma analogia ao destino de Cristo, mas a própria essência de uma comunidade que vive Nele. “Na oração- acrescentou Bento XVI- a meditação da Sagrada Escritura à luz do mistério de Cristo ajuda a ler a realidade presente dentro da história de salvação que Deus executa no mundo, sempre ao seu modo”.
A primeira comunidade cristã, não pede para ser poupada da prova, do sofrimento ou da morte, nem para “ter sucesso”, mas para poder proclamar com “parresia”, ou seja, “com franqueza, com liberdade, com coragem, a palavra de Deus”. Pede para que Deus “transforme a realidade”, mudando o coração e a mente dos homens, e “leve a radicalidade do Evangelho”.
Isto é possível graças à Efusão do Espírito Santo, “dom do Ressuscitado que sustenta e guia o anuncio livre e corajoso da Palavra de Deus, que impulsiona os discípulos do Senhor a sair sem medo para levar a boa nova até os confins do mundo”.
Assim, nós cristãos de hoje, não diversamente dos cristãos das origens, meditando a Sagrada Escritura, “podemos aprender a ver que Deus é presente na nossa vida, presente também, e, exatamente nos momentos difíceis, e que tudo - também as coisas incompreensíveis - fazem parte de um designo superior de amor no qual a vitória final sobre o mal, sobre o pecado e sobre a morte é verdadeiramente aquela do bem, da graça, da vida, de Deus”, prosseguiu o Papa.
Invocar o Espírito Santo, então, nos permitirá sempre “reconhecer que o Senhor compreende as nossas invocações segundo a Sua vontade de amor e não segundo as nossas idéias”, acrescentou.
Ao final da Audiência o Santo Padre agradeceu as saudações pelo VII aniversário de sua eleição e 85° de vida.
“Peço-vos que me sustentem sempre com vossas orações, assim, com a ajuda do Espírito Santo, persevere em meu serviço a Cristo e à Igreja”, concluiu.
Após a catequese o Papa dirigiu aos fiéis e peregrinos de língua portuguesa a seguinte saudação:
Aos peregrinos de língua portuguesa, especialmente aos grupos vindos de Minas Gerais, as minhas boas-vindas a todos vós, com votos de que esta peregrinação a Roma seja ocasião para uma maior consciência e escuta do Espírito Santo, que vos fará fortes na fé e corajosos no testemunho cristão. Sobre vós e sobre a vossa casa e comunidade cristã, desça a minha Bênção.
Fonte: Zenit.
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