segunda-feira, 30 de abril de 2012
Dar a vida pelas suas ovelhas
A cada ano, o quarto domingo da Páscoa apresenta uma passagem do capítulo 10 do Evangelho segundo João, onde Jesus fala de si mesmo, tomando como fundamento um aspecto da vida bem conhecido por seus ouvintes, que é o pastoreio de ovelhas. No trecho deste ano, Ele imediatamente coloca uma distinção entre aqueles que levam as ovelhas para o pasto. Há mercenários, diz, isto é, aqueles que fazem por profissão, preocupados apenas com o salário, ou seja, com o próprio interesse, não se importam com as ovelhas, e se algum lobo as assalta ele foge, deixando-as à sua própria sorte. Jesus, porém, diz: Eu sou o bom pastor que cuida das ovelhas, guio-as pelas melhores pastagens, protejo e defendo a ponto de dar a vida por elas.
Nesta ocasião, Jesus promete, revelando sua própria morte e ressurreição: "Eu dou minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim: eu me dou. Eu tenho poder para dá-la e a autoridade para tomá-la novamente". Mas, falando do rebanho – no qual é fácil reconhecer o conjunto dos seus fiéis – também expressa dois outros conceitos muito importantes.
Em primeiro lugar, a familiaridade com eles, "Eu conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem". Na linguagem bíblica, o verbo conhecer implica intimidade e confiança mútua. Quando Jesus diz: "Eu conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem", se intui o quão profundo é o seu amor para conosco, e com que profundidade Ele espera ser correspondido; aqui está o "segredo" de quem, consciente e disponível, encontrou o verdadeiro significado de sua própria existência e a torna a obra-prima que se manifesta nos santos, aqueles conhecidos e, ainda mais, aqueles que somente Deus conhece.
O outro conceito na passagem do Evangelho deste domingo é aquele sobre a composição do rebanho e do seu futuro: "Tenho ainda outras ovelhas que não são deste rebanho: mas também a elas devo guiar. Escutarão a minha voz e serão um só rebanho e um só pastor". O significado imediato da sentença deve ser entendido que Jesus deu a sua vida não somente pelo povo de Israel, mas por todos os povos, como de fato é o seu mandato aos Apóstolos: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16,15).
Mas, aparece óbvio também um segundo significado: Jesus não admite divisões entre os que creem Nele. Daí o duplo compromisso que absorve tanta energia neste momento na Igreja: o missionário e o ecumênico, proclamar o evangelho, e trabalhar pela unidade entre os cristãos.
De fato, pois de que Ele deu a todos o mandado de proclamar o Evangelho em seu Nome e guiar a comunidade daqueles que O acolhem, deriva o cuidado para que nós, cristãos, estejamos sempre disponíveis para assumir a honra e o dever, o serviço missionário, recebendo Dele o melhor exemplo e tentando imitar, da melhor maneira possível, a formar redes de comunidade que vivam os mesmos sentimentos do Bom Pastor.
Por isso, o "Domingo do Bom Pastor" é, também, o dia de oração pelas vocações. Estamos no 49º Dia Mundial! O tema que o Papa Bento XVI escolheu para este ano, “as vocações, dom do amor de Deus”, nos convida a constatar que “trata-se de um amor sem reservas, que nos precede, sustenta e chama ao longo do caminho da vida e que tem da sua raiz a gratuidade absoluta de Deus”.
Neste Domingo do Bom Pastor rezamos pelas vocações de especial consagração em obediência a um convite expresso do Senhor: "A messe é grande, mas os operários são poucos, pedi, pois, ao Senhor que envie operários para sua messe". Que Ele no envie tantos quantos forem necessários, e de qualidade, capazes de conhecer suas ovelhas e dar a vida por elas, como fez Aquele que é o caminho a verdade e a vida, o Bom Pastor.
Autor: Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Queridos irmãos e irmãs!
Acabou de terminar, na Basílica de São Pedro, a celebração eucarística em que ordenei nove novos sacerdotes para a Diocese de Roma. Vamos agradecer a Deus este dom, sinal de seu amor providente e fiel à Igreja! Reunamo-nos em espírito em torno desses novos padres e rezemos para que acolham totalmente a graça do Sacramento que lhes conformou com Jesus Cristo, Sacerdote e Pastor. E oremos para que todos os jovens estejam atentos à voz de Deus que fala ao seu coração interiormente e chama-os a deixar tudo para servi-Lo. Para este fim é que se dedica essa Jornada Mundial de Oração pelas Vocações. Na verdade, o Senhor está sempre chamando, mas muitas vezes nós não escutamos. Estamos distraídos por muitas coisas, por outras vozes superficiais; e depois temos medo de escutar a voz do Senhor, porque pensamos que possa tirar-nos a liberdade. Na verdade, cada um de nós é fruto do amor: é claro, o amor dos pais, mas, mais profundamente, do amor de Deus. Diz a Bíblia: ainda que a tua mãe te desprezasse, eu te quero, porque te conheço e te amo (cf. Isaías 49,15). No momento em que eu percebo isso, a minha vida muda: torna-se uma resposta a este amor, maior do que qualquer outro, e assim se realiza plenamente a minha liberdade.
Os jovens que consagrei sacerdote hoje não são diferentes dos outros jovens, mas foram tocados profundamente pela beleza do amor de Deus, e não puderam deixar de responder com toda a sua vida. Como é que encontraram o amor de Deus? O encontraram em Jesus Cristo: no seu Evangelho, na Eucaristia e na comunidade eclesial. Na Igreja descobrimos que a vida de cada homem é uma história de amor. A Sagrada Escritura nos mostra claramente isso e o testemunho dos santos nos confirmam. Exemplar é a expressão de Santo Agostinho, que nas suas Confissões se dirige a Deus e diz: "Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Estavas dentro de mim, e eu fora ... Estavas comigo, e eu não estava contigo... Mas me chamastes, e teu grito venceu minha surdez "(X, 27,38).
Caros amigos, rezemos pela Igreja, para cada comunidade local, para que seja como um jardim regado, onde podem germinar e crescer todas as sementes de vocação que Deus semeia em abundância. Oremos para que em todos os lugares se cultive este jardim, na alegria de sentir-se todos chamados, na variedade dos dons. Em particular, as famílias sejam o primeiro ambiente no que se “respire” o amor de Deus, que dá força interior também em meio às dificuldades e às provas da vida. Quem vive em família a experiência do amor de Deus, recebe um dom inestimável, que dá fruto no seu tempo. Que a Santíssima Virgem nos obtenha tudo isso, ela que é modelo de acolhida livre e obediente do divino chamado, Mãe de todas as vocações na Igreja.
Depois do Regina Caeli
Queridos irmãos e irmãs!
Uma saudação especial aos peregrinos reunidos na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, onde nesta manhã foi declarado Beato Giuseppe Toniolo. Viveu entre o século XIX e XX, foi marido e pai de sete filhos, professor universitário e educador da juventude, economista e sociólogo, apaixonado servidor da comunhão na Igreja. Colocou em prática os ensinamentos da Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII; incentivou a Ação Católica, a Universidade Católica do Sagrado Coração, as Semanas Sociais dos Católicos Italianos e um Instituto de Direito Internacional da Paz. A sua mensagem é muito oportuna, principalmente neste momento: o Beato Toniolo aponta o caminho da primazia da pessoa humana e da solidariedade. Ele escrevia: "por acima desses bens e interesses legítimos das nações individuais e dos Estados, há algo muito forte que coordena todos à unidade, e chama-se o dever da solidariedade humana".
Também hoje em Coutances, França, foi beatificado o sacerdote Pierre-Adrien Toulorge, da Ordem Premostratense, que viveu na segunda metade do século XVIII. Agradeçamos a Deus por este luminoso “mártir da verdade”.
Saúdo os participantes do encontro europeu dos estudantes universitários, organizado pela Diocese de Roma no primeiro aniversário da Beatificação do Papa João Paulo II. Queridos jovens, continuem com confiança no caminho da nova evangelização nas Universidades. Amanhã à noite vou acompanhá-los em espírito, na Vigília que será realizada em Tor Vergata, junto à Grande Cruz da Jornada Mundial da Juventude do 2000. Obrigado pela sua presença!
Fonte: Zenit.
domingo, 29 de abril de 2012
Uma vigília em memória de João Paulo II
Será a cruz de Tor Vergata, feita por ocasião da Jornada Mundial da Juventude do 2000, que acolherá, segunda-feira, 30 de abril, às 20hs, os jovens de Roma que participarão da vigília de oração organizada no primeiro aniversário da beatificação de João Paulo II, presidida pelo cardeal vigário Agostino Vallini.
O evento, organizado pelo Serviço diocesano para a pastoral juvenil diocesana e pelo Departamento diocesano para a Pastoral Universitária, terá momentos de oração e de reflexão, testemunhos e interlúdios musicais.
O evento comecará às 20hs na capela Universitária Santo Tomás de Aquino, de onde comecará uma procissão à luz de velas que chegará até a esplanada da Cruz (praça beato João Paulo II), que terá um palco montado com o ícone de Maria Sedes Sapientiae.
"A imagem – explica Dom Emilio Bettini, do Departamento para a pastoral universitária – foi doada por João Paulo II aos universitários da Europa durante o Jubileu do 2000”. Desde então, o ícone peregrinou, viajando entre os vários ateneus, e também se tornou o símbolo, “da ligação entre o beato Karol Wojtyla e os jovens universitários".
"A vigília - continua Dom Maurizio Mirilli, diretor do Serviço Diocesano para a Pastoral Juvenil, "será uma oportunidade para recuperar o lugar do símbolo da Jornada Mundial da Juventude do 2000 e reenviar aos jovens de hoje o convite do beato Karol Wojtyla a "voar alto "para a realização de uma sociedade e de um futuro digno do homem".
Espera-se a participação de cerca de 3 mil jovens de Roma, incluindo cerca de 400 provenientes de toda Europa, para participar do segundo encontro europeu dos estudantes universitários, que abre às 15hs na Faculdade de Economia da Universidade de Tor Vergata, terminando no 1 de Maio.
Tema do encontro, promovido pelo Departamento para a pastoral universitária do Vicariato e pela seção Universitária da Comissão catequese – escola - universidade do Conselho das Conferências Episcopais da Europa: "A contribuição dos universitários para a construção de um novo humanismo"
Fonte: Zenit.
Uma formação sob medida para jovens estudantes
Um projeto de educação e formação que visa reforçar a preparação escolástica dos jovens adolescentes através de uma formação "sob medida" para depois acompanhá-los também no crescimento humano e espiritual com a ajuda dos sacerdotes Legionários de Cristo.
É o Educational Summer Camp , uma iniciativa que nasce no âmbito dos projetos internacionais ECYD, partindo de uma exigência concreta dos jovens: a dificuldade no estudo.
O projeto não é apenas um acampamento de verão em que também se dedica tempo ao estudo, mas uma concreta para aqueles que tem dificuldades na aprendizagem escolar para redefinir o método de estudo com aulas de metodologia e recuperar, com a ajuda de professores qualificados , as disciplinas escolares para apresentar-se preparado para os exames em Setembro, Europa.
O ímpeto para começar esse caminho de verão vem da consciência de que as crianças, especialmente os meninos, na transição da adolescência, têm muito mais dificuldades se dedicarem aos estudos, não têm motivações e, às vezes, essas derrotas criam neles a dificuldade no rescimento ou na socialização.
O Educational Summer Camp quer unir, portanto, tempo de estudo juntos a atividades esportivas e de agregações, momentos de reflexão de grupo sobre temas de maior interesse dos jovens e uma atenciosa formação cristã seguida pelos sacerdotes Legionários de Cristo.
Mais especificamente, dentro das jornadas, além de horas de estudo se terão: atividades esportivas; aulas de metodologia de estudo; atividades de aprofundamento e momentos de reflexões sobre temas de marior interesse da juventude, para um maior auto-conhecimento e dos valores cristãos.
As aulas serão ministradas por profissionais; as atividades esportivas, no entanto, (futebol, natação, ténis, mar, passeios de bicicleta), juntamente com a formação humana e espiritual é confiada a sacerdotes Legionários de Cristo. Cada menino terá um programa didático adaptadado “sob medida” para ele segundo as suas necessidade e o número de matérias a serem recuperadas.
Três são os períodos de tempo em que se pode participar: do 23 ao 30 junho; do 7 ao 14 Julho e do 18 de Agosto ao 1 de Setembro.
Para dar o ambiente ao projeto: a belíssima 'Fazenda Castello Rocchette', um dos lugares mais famosos da Toscana, na Itália, além de ser uma das metas das férias mais apreciadas no verão.
Os garotos vão ficar nas casas coloniais da Fazenda em um ambiente tranquilo em contato com a natureza e o mar, dentro de um parque com vista ao arquipélago toscano.
Para mais informações:
Site Oficial: www.missioncamps.it
Diretor dos Estudos: Pe. Aaron Smith, LC: asmith@legionaries.org
Organização e inscrições: Chiara Lucífero clucifero@arcol.org
Fonte: Zenit.
sábado, 28 de abril de 2012
"Jovens em Canção"
Em preparação para a Jornada Mundial da Juventude no Brasil - JMJRio 2013 -, a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude (CEPJ), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com gravadoras católicas, lança três CDs especiais.
O primeiro CD intitulado “No peito eu levo uma cruz” foi lançado em 2011 para acompanhar a peregrinação da cruz e do ícone de Nossa Senhora pelas dioceses brasileiras.
Neste primeiro trabalho, a canção “Nova Geração", cujo refrão dá nome ao CD, começa com a voz do compositor, Pe Zezinho, em sua primeira gravação, na década de 70. Em seguida, a música continua nas vozes de cantores de várias partes do país, concluindo novamente com a voz do autor, quase 40 anos depois, cantando a frase: “Eu creio na força do jovem que segue o caminho o caminho do Cristo Jesus”.
Confira o clip desta canção: http://www.youtube.com/watch?v=nW1kze3pSts
Agora, em abril de 2012, foi lançado o segundo CD intitulado “Jovens em Canção”, composto por onze hinos das Jornadas anteriores traduzidos para o português e com novos arranjos. Nos vocais estão grandes nomes da música católica no Brasil.
Além dos hinos, o CD inclui as faixas bônus inéditas Ide ao mundo e Novo amanhã, inspiradas no tema da JMJ RIO 2013: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19).
Para assistir os Clips deste CD acesse:webtvcn.com/meucanal/jovensemcancao
O terceiro já está sendo preparado, tendo como tema a própria JMJ Rio 2013. A gravadora Codumic lançou um grande concurso para selecionar as músicas, os intérpretes e a arte da capa. Quem quiser participar, pode se inscrever no hosite Plataforma CD3. Os trabalhos podem ser enviados até 31 de maio.
Para o Hino oficial da JMJ Rio 2013 foi aberto um concurso em 31 de outubro que encerrou suas inscrições em 3 de março. A avaliação das letras encaminhadas para o Comitê Organizador Local (COL) ficou sob a responsabilidade de uma equipe de dez músicos voluntários. Apenas 20 das 200 letras inscritas serão escolhidas para participar da segunda fase do concurso.
Espera-se que a escolha da letra do Hino oficial da JMJ Rio 2013 seja divulgada até o próximo mês de julho.
Fonte: Zenit.
Poloneses nas ruas para proteger a liberdade de expressão
A cristãofobia é um dos fenômenos mais perturbadores dos nossos tempos. Bento XVI denunciou muitas vezes a perseguição e o assédio contra cristãos em todo o mundo. A denúncia das hostilidade contra os cristãos ganha peso especial quando o papa se dirige ao corpo diplomático creditado junto à Santa Sé.
Em 9 de janeiro, falando a diplomatas, o Santo Padre reclamou que os cristãos vêem negados seus direitos fundamentais em muitos países, além de serem postos à margem da vida pública. Outros sofrem ataques violentos contra suas igrejas e casas.
Infelizmente, a queixa de Bento XVI também afeta a Europa, onde a cristãofobia não tem formas de perseguição física, mas existe de modo mais sutil. Por este motivo, na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2011, o papa falou dos países de tradição cristã: "Desejo expressar a minha esperança de que, no Ocidente, especialmente na Europa, cessem as hostilidades e os preconceitos contra os cristãos por pretenderem guiar as suas vidas de maneira consistente, conforme os valores e os princípios expressos no Evangelho".
Um exemplo concreto de preconceitos contra os cristãos e de sutil de perseguição na Europa é o caso da TV Trwam, a única emissora de televisão católica da Polônia. No ano passado, o Conselho Nacional de Rádio e Televisão polonês, expressão das forças políticas que governam hoje a Polônia, excluiu a Trwam da plataforma nacional de TV digital, que, a partir de 2013, garantirá aos poloneses o acesso gratuito a uma série de emissoras.
Foi uma decisão grave, que tem como objetivo minimizar a presença da Igreja católica nos espaços públicos, motivada principalmente pelos preconceitos anti-católicos e por fortes interesses ideológicos, disfarçados com a frágil desculpa da instabilidade financeira da televisão católica. Esta decisão preocupa tanto o clero quanto os fiéis leigos, até porque esta política se parece bastante com a dos velhos métodos comunistas.
Dom Jozef Michalik, presidente da Conferência Episcopal da Polônia, tem falado abertamente sobre o "apagamento do pluralismo da mídia", e dom Wiesław Mering, chefe do Conselho de Cultura e Proteção do Patrimônio Cultural no Episcopado, advertiu: "Não se pode ignorar a parte católica da sociedade, que é a parte majoritária!".
O padre Tadeusz Rydzyk, CSsR, diretor da Rádio Maria no país, comentou a decisão do Conselho: "O ministro do culto, no velho governo comunista polonês, dizia: ‘não permitiremos que a Igreja saia das sacristias’. Aquele ministro cuidava do culto não para ajudar os crentes, mas para criar obstáculos. Nos tempos comunistas, qualquer método era bom para limitar a influência da Igreja na sociedade, particularmente nos jovens. Hoje os riscos são os mesmos".
A sociedade civil também se mobilizou, em abaixo-assinado defendendo a presença da televisão católica na plataforma digital. O número de assinaturas já ultrapassou dois milhões. O caso atraiu a atenção até mesmo da Fundação dos Direitos Humanos de Helsinque.
Para apoiar a TV Trwam e os direitos ao pluralismo e à real democracia, uma grande manifestação aconteceu no último sábado, 21 de abril, no centro de Varsóvia. O encontro começou com a missa celebrada na praça central das Três Cruzes, por dom Antoni Dydycz, da diocese de Drohiczyn. O bispo lembrou que, de acordo com os ensinamentos do Concílio Vaticano II, os meios de comunicação "devem transmitir a verdade, porque a Igreja nos chama à verdade".
"Infelizmente, não podemos dizer isto da maioria dos meios de comunicação na Polônia", completou Dydycz, recordando também que os documentos conciliares falam claramente dos "deveres que cabem às autoridades civis nesta área, tendo em vista o bem comum: os deveres de defender e proteger a verdadeira e justa liberdade de informação".
Infelizmente, as decisões do comitê contradizem esses deveres das autoridades. O bispo agradeceu a todos os fiéis que se reuniram em Varsóvia para defender e rezar pela liberdade de expressão. "Este é um sinal de maturidade do povo, que, escrevendo as petições, se mostra consciente de qual deve ser o papel dos meios de comunicação modernos. Não podemos permitir que a mídia promova apenas atitudes egoístas, consumistas, hedonistas e anti-sociais", acrescentou Dydycz.
Depois da missa, os manifestantes chegaram à sede do parlamento, onde discursou Jarosław Kaczyński, irmão do presidente polonês que morreu tragicamente no acidente aéreo de Smolensk e líder do partido de oposição Lei e Justiça, que denunciou as tentativas "de reduzir os católicos ao silêncio, colocando-os à margem da sociedade, tornando-os cidadãos de segunda classe."
"As pessoas tiveram que voltar a tomar as ruas para defender a Polônia independente, democrática, justa e orgulhosa de si mesma. É por isso que hoje nós marcharemos de cabeça erguida. Quem deve ter vergonha são todos aqueles que querem atingir a Igreja polonesa, o Solidarnosc e a dignidade da nação", destacou o político.
Na manifestação em Varsóvia participaram cerca de 100.000 pessoas. Surge então a questão: por que os meios de comunicação mundiais têm ignorado uma manifestação desse porte em uma das capitais da Europa? A defesa do pluralismo da mídia e do papel da mídia católica não interessa ao mundo civil?
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
O Vaticano exorta a Igreja Chinesa: Obediência a Cristo e ao sucessor de Pedro
De 23 a 25 de abril corrente reuniu-se no Vaticano, pela quinta vez, a Comissão que o Papa Bento XVI criou no 2007 para estudar as principais questões relativas à vida da Igreja Católica na China.
Em uma profunda proximidade espiritual com todos os irmãos e irmãs na fé que vivem na China, a Comissão reconheceu os dons de fidelidade e de dedicação que, ao longo do ano passado, o Senhor deu à Sua Igreja.
Os participantes exploraram o tema da formação dos fiéis leigos, tendo em vista também o "Ano da Fé", que foi proclamado pelo Santo Padre a partir do 11 de outubro de 2012 até o 24 de Novembro de 2013. As palavras do Evangelho: "E crescia Jesus em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens" (Lc 2, 52) ilustram a tarefa à qual foram chamados os fiéis leigos católicos na China. Primeiramente, eles devem entrar sempre mais profundamente na vida da Igreja alimentados pela doutrina da Igreja, conscientes da sua pertença eclesial e coerentes com as exigências da vida em Cristo, que postula a escuta da Palavra de Deus na fé. Nesta perspectiva será particularmente útil para eles um profundo conhecimento do Catecismo da Igreja Católica. Em segundo lugar, eles são chamados a entrar na vida civil e no mundo do trabalho, oferecendo com plena responsabilidade a própria contribuição: amar a vida e respeitá-la desde a sua concepção até seu fim natural; amar a família, promovendo os valores que são próprios também da cultura tradicional chinesa; amar a Pátria, como cidadãos honestos e solícitos do bem-comum. Como bem diz um sábio ditado chinês, "o caminho do grande estudo está no mnifestar as virtudes luminosas, no renovar e aproximar as pessoas, e no alcançar o bem supremo”. Em terceiro lugar, os leigos chineses devem crescer em graça diante de Deus e dos homens, nutrindo e aperfeiçoando a própria vida espiritual como membros ativos da comunidade paroquial, e abrindo-se ao apostolado também com o apoio de associações e de movimentos eclesiais, que favorecem a sua formação permanente.
A este respeito, a Comissão observou com alegria que o anúncio do Evangelho, oferecido por comunidades católicas, às vezes humildes e sem recursos materiais, incentiva cada ano, muitos adultos a pedir o batismo. Ressalta-se, assim, a necessidade de que as Dioceses na China promovam um sério catecumenato, adotem o Rito de Iniciação Cristã dos Adultos e cuidem da sua formação também depois do batismo. Os pastores devem fazer todo o esforço para consolidar nos fiéis leigos os ensinamentos do Concílio Vaticano II, especialmente da eclesiologia e da doutrina social da Igreja. Será também útil dedicar um cuidado especial à preparação de agentes pastorais para a evangelização, para a catequese e para as obras de caridade. A formação integral dos leigos católicos, especialmente onde há uma rápida evolução social e um significativo desenvolvimento econômico, faz parte dos esforços para tornar vibrante e vital a igreja local. Espera-se, também, uma atenção especial aos fenômenos das migrações internas e da urbanização.
As indicações práticas, que a Santa Sé propôs e vai propor à Igreja universal para uma frutuosa celebração do "Ano da Fé", certamente serão acolhidas com entusiasmo e com espírito criativo também na China. Tais informações estimularão a comunidade católica a encontrar iniciativas adequadas para realizar o que Papa Bento XVI escreveu com relação aos fiéis leigos e à família na Carta do 27 de maio de 2007 para a Igreja Católica na República Popular Chinesa (cf. nn. 15-16).
Os leigos, portanto, são chamados a participar com zelo apostólico na evangelização do Povo chinês. Em virtude do seu Batismo e da Confirmação recebem de Cristo a graça e a tarefa de edificar a Igreja (cf. Ef 4, 1-16).
Durante a reunião, o olhar voltou-se para os Pastores e, em particular, para os bispos e para os padres que estão presos ou sofrem limitações injustas no cumprimento da sua missão. Expressou-se admiração pela firmeza da sua fé e pela sua união com o Santo Padre. Eles, especialmente, precisam da oração da Igreja, para resolver as suas dificuldades com serenidade e na fidelidade a Cristo.
A Igreja precisa de bons bispos. Eles são um presente de Deus para o Seu povo, a favor do qual exercitam o ofício de ensinar, santificar e governar. Eles também são chamados a dar razões do viver e de esperança a todos aqueles que encontram. Eles recebem de Cristo, através da Igreja, o seu trabalho e a sua autoridade, que exercitam em união com o Romano Pontífice e com todos os bispos espalhados no mundo.
Quanto à situação específica da Igreja na China, notou-se que persiste a pretesa dos organismos, chamados “Uma Associação e Uma Conferência”, de colocar-se acima dos bispos e de orientar a vida da comunidade eclesial. Neste sentido, continuam atuais e de orientação as indicações, oferecidas na Carta acima citada do Papa Bento XVI (cf. n º 7), e é importante seguí-las, para que o rosto da Igreja resplandeça claramente no meio do Povo chinês.
Tal clareza foi ofuscada pelos eclesiásticos que receberam ilegitimamente a ordenação episcopal e pelos bispos ilegítimos que colocaram atos de jurisdição ou sacramentais, usurpando um poder que a Igreja não conferiu a eles. Nos dias passados, alguns deles participaram de consagrações episcopais autorizadas pela Igreja. Os comportamentos destes bispos, além de agravar a sua posição canônica, perturbaram os fiéis e muitas vezs forçaram a consciência dos sacerdotes e dos fiéis que estiveram envolvidos
Além disso, essa clareza foi obscurecida por bispos legítimos que tomaram parte nas ordenações episcopais ilícitas. Muitos deles esclareceram sua posição e pediram desculpas, e o Santo Padre os têm perdoado benevolamente; outros, ao contrário, que também participaram, ainda não fizeram tal esclarecimento e são portanto convidados a agir o quanto antes nesse sentido.
Os participantes da Reunião Plenária seguem atentamente e com espírito de caridade estes eventos dolorosos e, embora conscientes das dificuldades particulares desta situação, lembram que a evangelização não pode acontecer sacrificando elementos essenciais da fé e da disciplina católica. A obediência a Cristo e ao Sucessor de Pedro é o pré-requisito para qualquer renovação real, e isso se aplica a todos os componentes do Povo de Deus. Os mesmos leigos são sensíveis à clara fidelidade eclesial dos próprios Pastores.
Com relação aos sacerdotes, as pessoas consagradas e os seminaristas, a Comissão refletiu novamente na importância da sua formação, alegrando-se pelo sincero e louvável compromisso de realizar não somente adequados percursos de educação humana, intelectual, espiritual e pastoral para os seminaristas, mas também momentos de formação permanente para os presbíteros. Além do mais, manifestou-se agradecimento pelas iniciativas, implementadas por vários Institutos religiosos femininos para coordenar atividades de formação para as pessoas consagradas.
Verificou-se, por outro lado que o número das vocações à vida sacerdotal e religiosa nos últimos anos registra um declínio acentuado. Os desafios da situação empurram a invocar o Dono da Messe e reforçar a consciência de que todo sacerdote e toda religiosa, fiél e luminoso no seu testemunho evangélico, são o primeiro sinal capaz de encorajar ainda os jovens e as jovens de hoje a seguir a Cristo com o coração indiviso.
Finalmente, a Comissão lembra que o próximo 24 de maio, memória litúrgica da Beata Virgem Maria Auxílio dos Cristãos e Dia de Oração pela Igreja na China, será uma ocasião particularmente propícia para toda a Igreja para invocar energia e consolo, misericórdia e coragem, para a comunidade católica na China.
Fonte: Zenit.
Comunicar a ciência é comunicar a vida
“Comunicar Ciência, Comunicar a Vida” é o tema da IX Conferência Nacional e do XI Encontro das Associações Locais Ciência & Vida, de 4 a 5 de maio em Roma.
"São dois dias para analisar conhecimentos, uma oportunidade de reflexão de alto nível sobre as formas e técnicas dos meios de comunicação para tratar de ciência e vida sem descuidar das questões que ainda estão abertas", diz Lucio Romano, co-presidente nacional da Ciência & Vida na Itália.
A conferência será aberta com uma palestra de dom Domenico Pompili, diretor de Comunicação da Conferência Episcopal Italiana. Em seguida, uma mesa redonda reunirá protagonistas do jornalismo científico, televisivo e de mídia impressa, para debaterem sobre a comunicação da ciência e da vida.
Os palestrantes são Piero Damosso (RAI), Arnaldo D'Amico (La Repubblica), Ignazio Ingrao (Panorama), Armando Massarenti (Il Sole 24 Ore) e Francesco Ognibene (Avvenire), com a moderação de Monica Mondo (TV2000).
No sábado, 5, dom Dario E. Viganò, presidente da Fundação Ente dello Spettacolo, abordará a comunicação com o cinema.
Mais informações: http://www.scienzaevita.org/materiale/Invito_4e5_2012% 281% 29.pdf
Fonte: Zenit.
Cristãos no mundo árabe: Um ano após a primavera Árabe
Na quarta-feira, 9 de maio, os grupos políticos PPE e ECR do Parlamento Europeu organizarão, em conjunto com a Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE), um seminário sobre os Cristãos no Oriente Médio e Norte da África, que se estende um pouco ao seminário de 2010 sobre a perseguição dos cristãos.
Para este seminário, dedicado aos "Os Cristãos no mundo árabe: um ano depois da primavera árabe" a COMECE convidou organizações, como Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Portas Abertas Internacional, e Pew Forum on Religion & Public Life, a apresentar os informes respectivos e a sua análise.
O seminário acolherá testemunhos ligados ao Oriente Médio: Cornélius Hulsman, Arab-West Report, Egito; monsenhor Samir Nassar, arcebispo maronita de Damas, na Síria; monsenhor Pierbattista Pizzaballa, custódio da Terra Santa, Jerusalém; e Demianos Kattar, ex-ministro das Finanças do Líbano.
Este seminário, diz uma nota da COMECE, "nos ajudará a compreender até que ponto a "primavera árabe" dá atenção a valores mais liberais como a democracia e os direitos fundamentais".
A palestra será dirigida por Jan Olbrycht MEP (Grupo PPE); Konrad Szymański MEP
(Grupo ECR); e Monsenhor Joe Vella Gauci (COMECE).
às 16h40, haverá a apresentação dos relatórios sobre os cristãos no mundo árabe por AIN, Portas Abertas Internacional e Pew Fórum on Religion an Public Life.
Às 17h40, haverá o depoimento de testemunhas sobre a prática da liberdade religiosa no mundo árabe.
Às 18h45, será apresentado o relatório da Conferência do Líbano por monsenhor Piotr Mazurkiewicz, secretário-geral da COMECE.
Fonte: Zenit.
Pesquisa sobre as sequelas psicológicas em crianças que venceram o câncer
A Universidade Pontifícia de Comillas e a Asion, associação espanhola de pais de crianças com câncer, firmaram um convênio de colaboração para desenvolver o projeto de pesquisa “Transtorno e sintomas de estresse pós-traumático em sobreviventes de câncer pediátrico”, cujo principal responsável é Carlos Pitillas Salvá, do Instituto Universitário da Família, da mesma universidade. O acordo foi assinado por Teresa González Herradas, presidente da Asion, e José Ramón Busto, SJ, reitor da universidade.
O objetivo da pesquisa é conhecer com mais precisão as sequelas psicológicas do câncer pediátrico nas crianças tratadas contra essa doença. Em contraste com a evolução clínica da oncologia pediátrica, ainda são desconhecidos os mecanismos que levam alguns destes pacientes a superar com mais dificuldades a experiência da doença. A pergunta básica a ser respondida é: por que algumas crianças se tornam adultos sadios dos pontos de vista médico, psicológico e social e outras não?
A metodologia usada será a de enquetes, para explorar a experiência da criança e dos seus responsáveis, assim como a relação entre esta experiência e as sequelas psicológicas no longo prazo. A tese central do projeto é que uma parte importante da qualidade de vida e do ajuste psicológico na sobrevivência responde aos intercâmbios emocionais em família durante o tratamento. A premissa da tese é um dos princípios básicos da psicologia do desenvolvimento: a criança extrai informação sobre o significado de uma experiência através das respostas e das expressões de quem cuida dela.
O Instituto Universitário da Família é um centro orientado à pesquisa dos fenômenos sociais, psicológicos e de saúde que afetam a família e a infância. Desde a fundação, procura atender uma quantidade cada vez maior de pessoas em risco de exclusão social ou em situações adversas, como a doença. Recentemente, o instituto abriu uma linha de pesquisa focada na família que enfrenta a enfermidade, contexto em que se desenvolve este estudo.
A Asion colaborará com o Instituto Universitário da Família distribuindo a enquete entre os afiliados e pacientes da sua base, com a certeza de que o estudo proporcionará uma série de diretrizes para pais e responsáveis, as quais facilitarão a volta à normalidade para as crianças que superaram a doença.
A Asion é uma associação sem fins de lucro, nascida em 1989 por iniciativa de um pequeno grupo de pais que passaram pela cruel experiência de ter um filho atingido pelo câncer. O grupo cresceu com os anos até se tornar uma organização de utilidade pública reconhecida pelo governo espanhol, em 1995. O objetivo prioritário é ajudar crianças com câncer e suas famílias a enfrentarem os problemas que surgem a partir do diagnóstico. A associação trabalha com doentes de zero a 18 anos diagnosticados ou tratados na Comunidade de Madri, bem como com qualquer membro da família que precise da sua ajuda.
Em 2010, foi lançado o programa “La Hucha de Tomás” [O cofrinho de Tomás, ndr], da área científica da Asion, com o objetivo de apoiar as pesquisas em oncologia pediátrica. Esta iniciativa levou à parceria com a Universidade Pontifícia de Comillas.
Mais informação: www.asion.org.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Sem a oração nossa atividade converte-se em puro ativismo
Bento XVI continuou sua reflexão sobre a oração durante a catequese dirigida aos fiéis e peregrinos reunidos, nesta quarta-feira, na Praça de São Pedro, para a tradicional Audiência Geral.
O Papa recordou que a catequese anterior mostrou as difíceis situações às quais a “Igreja procurou dar respostas à luz da fé, guiada pelo Espírito Santo”. Nesta quarta, a reflexão foi sobre a oração, que é prioridade para os cristãos, como narrado por São Lucas nos Atos dos Apóstolos(Cfr Ato 6).
Os apóstolos “cientes de que a prioridade da missão era o anúncio da Palavra de Deus”, não ignoravam o mandato de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Duas realidades que devem ser vivas na Igreja – “o anúncio da Palavra e a caridade concreta” ,disse o Santo Padre, "criavam dificuldade" e era preciso encontrar uma solução para que ambas ocupassem seus devidos lugares, a “necessária relação entre elas”.
Por isso, continuou o Pontífice, foram escolhidos “sete homens de boa fama para serviço da caridade, ao passo que os Apóstolos se dedicariam inteiramente à oração e ao serviço da Palavra”. Estes devem gozar não apenas de “boa reputação”, mas devem ser “cheios do Espírito Santo”, ou seja, não apenas “organizadores que sabem fazer”, mas fazer no “espírito da fé, com a luz de Deus, na sabedoria do coração”.
Bento XVI citou o seguinte episódio, narrado por Lucas: “Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas por muitas coisas; no entanto, pouca coisa é necessária, até mesmo uma só. Maria, com efeito, escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada"(Cfr Lucas 10, 41-42). Este e outros episódios nos ensinam que, “no meio das atividades de cada dia, não devemos perder de vista a prioridade da nossa relação com Deus na oração”.
O Papa recordou que “num mundo acostumado a avaliar tudo segundo os critérios da produtividade e eficiência”, devemos lembrar que, “sem a oração, a nossa atividade se esvazia, convertendo-se em puro ativismo, que nos deixa insatisfeitos.
A passagem dos Atos dos Apóstolos nos recorda a importância do trabalho que, sem dúvidas, cria um verdadeiro e próprio ministério, no empenho das atividades quotidianas “desenvolvidas com responsabilidade e dedicação”, mas também mostra a nossa “necessidade de Deus”.
A oração deve ser para nós como que a respiração da alma e da vida”, afirmou o Santo Padre.
Ao final Bento XVI dirigiu a seguinte saudação aos peregrinos de língua portuguesa:
Uma saudação cordial aos diversos grupos de brasileiros e demais peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente aos fiéis da Diocese de Serrinha acompanhados do seu Bispo, Dom Ottorino Assolari. No meio dos inúmeros afazeres diários, é justamente na oração, alimentada pela Palavra de Deus, que encontrareis novas luzes para vos guiar em cada momento e situação. E que Deus vos abençoe a vós e vossas famílias
Fonte: Zenit.
Vietnã: atentado a um orfanato e ataque selvagem a um sacerdote
O arcebispo de Hanói, Vietnã, pediu uma investigação sobre as violências que levaram à destruição de um futuro orfanato e à agressão a um padre.
Ao amanhecer do dia 14 de abril, em uma paróquia da diocese de Hanói, um grupo de indivíduos de origem desconhecida destruiu uma instalação destinada a acolher os órfãos. O padre responsável deste estabelecimento foi espancado de forma selvagem, perdeu a consciência e foi levado ao hospital. No dia seguinte, 15 de abril, foi enviado um comunicado assinado pelo chanceler da arquidiocese narrando os fatos e a "agressão brutal" cometida por um grupo de indivíduos qualificados como mafiosos.
O padre Nguyen Van Binh, pároco da paróquia de Yên Kiên, tinha comprado um terreno de 500 metros quadrados localizado no terreno de outra paróquia, Go Cao (no distrito de Chuong My pertencente à cidade de Hanoi). Tinha construído uma casa com a intenção de acolher jovens órfãos da região.
Às 9 horas da manhã, 14 de abril de 2012, vieram avisar que casa tinha sido demolida no início da manhã. Foi imediatamente ao local. Ali foi agredido de surpresa por uma gangue de mafiosos que lhe agrediram de modo selvagem e o deixaram ali no chão sem sentidos. O comunicado do arcebispo declarou que se tratava de um relato da mesma vítima. Por causa da agressão o padre Binh sofre do tímpano, de derrame de sangue no interior dos ouvidos, de esquimose na cara. Também sente fortes dores na cabeça e no estômado.
Graças ao arcebispo de Hanói e ao conselho paroquial de Yên Kiên, pôde ser transferido a um centro onde recebeu atendimento de emergência e foi submetido a vários testes. O padre está agora sendo cuidado na arquidiocese de Hanói. Seu estado de saúde melhorou um pouco.
Segundo o comunicado do arcebispo, os golpes dados pelo grupo desordeiro constitui uma violação da lei, um atentado brutal à dignidade humana. Esta ato inaceitável e desprovido de humanidade comoveu e encheu de indignação os sacerdotes e os leigos. Semeou confusão e ansiedade no espírito dos fiéis de diversas comunidades católicas de Chong My. Esta é conclusão do comunicado da arquidiocese.
O arcebispo de Hanói, enviou uma carta à Segurança Pública de Chuong My, pedindo-lhe para fazer uma pesquisa rápida, para que possam acabar estas práticas bárbaras e que nenhuma pessoa possa voltar a sofrer o mesmo. A dignidade humana deve ser respeitada, sublinhou o arcebispo.
Deram-se detalhes adicionais por outras fontes que ofereceram uma versão dos fatos um pouco diferentes. Dão mais ênfase sobre a presença de agentes de Segurança Pública com o grupo desordeiro.
O projeto e a construção do orfanato foi colocado sob a responsabilidade de uma associação beneficente local chamada "Família Agadé”
Fonte: Zenit.
Sudão e Sudão do Sul devem evitar a guerra
A Caritas Internacional teme uma guerra iminente entre o Sudão e o Sudão do Sul, com trágicas consequências humanitárias para ambos, a menos que eles interrompam a ação militar que está em curso.
O Sudão do Sul se separou do Sudão em julho passado, após referendo a favor da independência. Foi a culminação do Acordo de Paz Global de 2005, que acabou com duas décadas de guerra. Até agora, porém, as áreas de contenção que incluem a demarcação da fronteira, o status das áreas disputadas em Abyei, Kordofan Sul e Nilo Azul e os direitos sobre o petróleo não foram resolvidos. A confederação da Caritas, com mais de 160 agências de ajuda católicas, teme que os recentes enfrentamentos levem os dos países ao extremo.
Há preocupação também com o uso de uma retórica extremista pelos oficiais, que está incitando um clima de medo. Os ataques no Sudão contra os cristãos, como o saque da Igreja Presbiteriana Evangélica em Cartum no sábado passado, são profundamente preocupantes. Cerca de 500.000 sudaneses do sul vivem no Sudão. As relações entre os predominantes sudaneses muçulmanos e os cristãos sudaneses do sul continuam boas.
O secretário geral da Caritas Internacional, Michel Roy, afirma: "A Caritas apela ao Sudão e ao Sudão do Sul para interromperem as ações militares na fronteira. Não é tarde para os dois governos evitarem a guerra. A paz só pode ser conseguida na mesa de negociação e com a completa implementação do Acordo de Paz Global".
"A comunidade internacional fracassou na tarefa de evitar o risco iminente de guerra e precisa honrar seus compromissos para garantir que todos os temas pendentes sejam resolvidos pacificamente".
"Dois milhões de pessoas morreram na guerra passada. Todos serão perdedores em outro conflito. Os povos do Sudão e do Sudão do Sul desejam a paz. Seus governos e a comunidade internacional conseguiram grandes coisas ao acabar com a guerra, e não podem permitir que as conquistas se percam".
"Ambas partes devem exercer a moderação. Têm o dever, para com seu povo, de garantir a sua segurança. Isto inclui refrear a linguagem acalorada que incita à violência contra as minorias. A Caritas Internacional permanece em solidariedade com o povo do Sudão e do Sudão do Sul e está comprometida no apoio aos esforços da Igreja para proporcionar assistência humanitária e fomentar a paz entre as duas nações".
A Caritas Internacional procura mais informações depois que seu escritório Sudan Aid fechou as portas em Nyala, Darfur, obrigado pelas forças de segurança. O Sudan Aid faz parte dos esforços de ajuda a 500.000 pessoas em Darfur, onde distribui comida, água limpa, cuidados de saúde e outras formas de ajuda humanitária.
As organizações da Caritas têm operações no Sudão e no Sudão do Sul, incluindo planos de pré-emergência para enfrentar uma volta aos combates, o que provocaria uma grande onda de refugiados.
Fonte: Zenit.
EUA: ecografia antes do aborto
A partir de 1º de julho, as mulheres de Virgínia, EUA, terão que fazer uma ecografia se quiserem abortar. Serão isentas apenas as mulheres que sofreram estupro ou incesto, conforme informações do site francês Gènéthique, da Fundação Jérôme Lejeune.
A Virgínia é o oitavo estado a impor este procedimento antes de um aborto. As mulheres podem se recusar a ver a imagem do feto e ouvir as batidas do seu coração, desde que reiterem a recusa por escrito. No entanto, não poderão recusar o ultrassom.
O médico é obrigado a informar as mulheres sobre os riscos do aborto para a saúde e sobre as chances de entregar o bebê para adoção. Nos Estados Unidos, observa a fundação, o aborto está “na mira dos legisladores”.
A lei foi aprovada com o objetivo de "ajudar as mulheres a tomar uma decisão bem informada". Para Rosemary Codding, porém, feminista e diretora de Falls Church Health Care, centro de saúde da Virgínia que realiza abortos, a medida representaria uma "intrusão total do governo na prática médica, com o único objetivo de continuar desgraçando e humilhando as mulheres".
Em 32 estados norte-americanos, o aborto não é reembolsado por fundos públicos; em 46, os estabelecimentos de saúde podem se recusar a fazê-lo, e em 19 é obrigatório informar as mulheres sobre o risco "de câncer de mama, sofrimento do feto e depressão pós-aborto". Além disso, outros estados estão tentando "reconhecer a humanidade do embrião e os seus direitos constitucionais".
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
"Quando os elefantes brigam, a grama é que sofre"
“Rejeitamos firmemente a ação militar e qualquer forma de violência”: esta foi a reação dos bispos de Guiné-Bissau ao golpe de 12 de abril. Em nota de 17 de abril, enviada para a Ajuda à Igreja que Sofre, os bispos do país condenaram o golpe, destacando a sua inutilidade.
"A nossa história recente já viu várias vezes este ato e o resultado é óbvio para todos: as causas da crise não são nem minimamente tocadas e surgem ainda novos conflitos".
Quem paga a conta de tanta violência, como sempre, é o povo, incapaz de compreender plenamente as razões do que aconteceu. "É como um dos nossos ditados populares: quando os elefantes brigam, a grama é que sofre".
O episcopado sublinha "o risco grave" e "as consequências imprevisíveis" do atual momento de impasse. Durante longo tempo, a Guiné-Bissau viveu sinais claros de crise, mas "muitos desses sinais se mostraram com mais força nas últimas eleições".
Um mês atrás, o país votou para eleger o sucessor do presidente Malam Bacai Sanha, que morreu em janeiro passado. A votação correu tranquila até pouco depois do fechamento das urnas, quando o coronel Samba Diallo, ex-chefe da inteligência militar, foi assassinado.
O segundo turno foi marcado primeiro para o dia 22 e depois para 29 de abril, mas, na noite do dia 12, alguns militares capturaram o presidente interino Raimundo Pereira e o ex-primeiro-ministro Carlos Domingos Gomes Júnior, favorito no segundo turno presidencial contra Kumba Yala. Foi veiculado recentemente que o presidente interino escolhido pelos líderes do golpe, Manuel Serifo Nhamadjo, renunciou ao poder alegando que a sua sucessão a Pereira é ilegal.
Os bispos indicaram ao povo "o caminho nobre do diálogo" como meio para a reconciliação, para a justiça e para a harmonia social, e chamam as pessoas a "corrigir a consciência moral" para procurar o bem comum e evitar comportamentos nocivos à coexistência pacífica, como a violência, a busca ilegal de poder e riqueza, a corrupção, a impunidade, a falta de transparência na administração pública e a negligência dos próprios deveres. "Devemos manter o sagrado respeito pelas nossas leis e instituições democraticamente eleitas".
A nota termina com um apelo urgente à comunidade internacional: "Continuem ajudando a Guiné-Bissau a encontrar soluções adequadas e a garantir para todos os cidadãos a sua paz e tranquilidade".
Fonte: Zenit.
Turismo: Uma atividade que pode conduzir a Deus
Por ocasião do VII Congresso Mundial da Pastoral do Turismo, iniciado nesta segunda-feira, 23 de abril, o papa Bento XVI assinalou com vigor o tráfico de órgãos e o turismo sexual.
O Congresso é promovido pelo Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, ao cujo presidente, o cardeal Antonio Maria Vegliò, Bento XVI enviou uma mensagem especial.
O turismo, escreve o Papa, é um fenômeno carregado de “perspectivas de crescimento” e, como toda a realidade humana, “deve ser iluminado e transformado pela Palavra de Deus”. Neste propósito a Igreja exprime sua “solicitude pastoral”, promovendo as potencialidades desta atividade econômica e humana, e assinalando “os seus riscos e desvios”, empenhando-se por “corrigi-los”.
O turismo é uma prática que, entre outras coisas, favorece “um espaço privilegiado para o restabelecimento físico e espiritual, facilita o encontro entre pessoas de culturas diversas e torna-se ocasião de contato com a natureza, favorecendo assim a escuta e a contemplação, a tolerância e a paz, o diálogo e a harmonia no meio da diversidade”, acrescentou o Papa.
Viajando, o homem tem a possibilidade de “admirar a beleza das nações, das culturas e da natureza”, em um percurso que “pode conduzir-nos a Deus”.
O turismo, todavia, “não está isento de perigos nem de elementos negativos”, que frequentemente “lesam os direitos e a dignidade de milhões de homens e mulheres, especialmente dos pobres, menores e deficientes”.
Sobre isto Bento XVI sinalizou particularmente o turismo sexual, definido como “uma das formas mais abjectas destes desvios que devastam do ponto de vista moral, psicológico e clínico, a vida das pessoas, de muitas famílias e às vezes de comunidades inteiras”.
O tráfico de seres humanos “por motivos sexuais ou para transplante de órgãos, bem como a exploração de menores, o seu abandono em mãos de pessoas sem escrúpulos, o abuso, a tortura verificam-se, infelizmente, em muitos contextos turísticos”, constatou Bento XVI. Aqueles que atuam no setor turístico , por motivo de trabalho ou pastoral, devem “aumentar a vigilância para prevenir e contrastar estas aberrações”.
Referindo-se à Caritas in Veritate que exorta a um turismo «capaz de promover verdadeiro conhecimento recíproco, sem tirar espaço ao repouso e ao são divertimento» (n. 61), o Papa espera que o Congresso de Cancun contribua para “desenvolver uma pastoral que nos conduza gradualmente a este «turismo diverso»”.
É preciso desenvolver um turismo “ético e responsável”, além de “acessível a todos, justo, sustentável e ecológico”. Onde o tempo livre e as férias sejam “uma oportunidade e também um direito”. A Igreja se empenha para que este “direito” possa concretizar-se especialmente “para os grupos mais desfavorecidos”.
Outro aspecto do turismo que não deve ser esquecido, segundo o Santo Padre, é a via via pulchritudinis, o «caminho da beleza» através de “obras que nascem da fé e que expressam a fé» Audiência Geral, 31/VIII/2011.
As visitas turísticas devem se organizar com “respeito devido ao lugar sagrado e à função litúrgica que foi, e continua a ser, o destino principal para que nasceram muitas destas obras”.
Em terceiro lugar, o Papa espera que a pastoral do turismo acompanhe “os cristãos no gozo das suas férias e tempo livre a fim de que seja proveitoso para o seu crescimento humano e espiritual”. O fenômeno do turismo hoje é capaz de oferecer ocasião para “apresentar Cristo como resposta suprema às questões do homem atual”.
Na conclusão de sua mensagem por ocasião do Congresso de Cancun, Bento XVI exortou “a fim de que a pastoral do turismo faça parte, de pleno direito, da pastoral orgânica e ordinária da Igreja, de modo que, coordenando os projectos e os esforços, correspondamos com maior fidelidade ao mandato missionário do Senhor”.
Fonte: Zenit.
A mudança de imagem de Bento XVI
De uma grande desconfiança inicial a um grande interesse. Bento XVI é um papa que melhorou a sua imagem. De uma figura mediática inicial que o apresentava como o panzer cardinal, um rottweiler da fé, à realidade de hoje: um intelectual gentil e humilde que aprendeu a mover-se entre as pessoas, uma figura paterna que se fez querer. Um reformador que nunca perdeu de vista o seu propósito: anunciar Cristo ao mundo e aproximar todos da Igreja. Um papa que lutou na linha de frente e sem esconder-se problemas imensos como o dos abusos sexuais, o que lhe valeu muitos inimigos.
Esta é a imagem que emerge a partir de entrevistas que ZENIT realizou com vários correspondentes e vaticanistas que seguem o pontificado de Bento XVI, até mesmo se alguns deles consideram que a dificuldade de comunicação persiste. Abaixo lhes apresentamos alguns dos testemunhos recolhidos por ZENIT.
Giovanna Chirri, Vaticanista da agência italiana ANSA.
"Este Papa é um teólogo que, embora tenha se tornado um reformador, nunca perdeu de vista a sua finalidade: anunciar Cristo ao mundo. Encontrou-se com um monte de problemas, basta pensar nos casos de pederastia e da reforma financeira. Interveio com decisão. Além do vazamento de notícias, que aqui interveio no que poderia ser feito. Em sua pregação nos últimos dias e na semana santa, parece-me claro que o principal objetivo foi difundir a fé e que o mundo seja capaz de anunciar a Cristo".
Frederic Mounier, enviado permanente do diário francês La Croix, em Roma.
"Encontrei aqui em Roma, uma realidade diversa sobre Bento do que é a sua imagem na França. Este papa não é o panzer cardinal, mas um intelectual humilde, muito atento a ouvir as pessoas, mas temo que a sua posição não seja devidamente ouvida hoje porque está fora das regras usuais da comunicação mediática. Porque ele fala em profundidade, porque é um intelectual.
Usa o tempo que for preciso para pensar, não se baseia nas emoções. Portanto, seu pensamento é muito interessante mas distante da capacidade das pessoas. Acho que esse seja o grande desafio do seu pontificado.
Juan Lara, da agência EFE.
"Pessoalmente, sempre tive mais ou menos a mesma percepção de Bento XVI, porque sempre segui o Vaticano, mas houve certamente uma mudança. Ou seja, no início do seu pontificado ele era visto como uma pessoa muito séria, ortodoxa, conservadora. Mas, com os fatos demonstrou que é uma pessoa amável com um pensamento social bastante avançado. Um evento significativo emergiu durante o seu pontificado: os casos de abuso sexual e a pederastia. O papa enfrentou o caso, até mesmo criando muitos inimigos, mas não se importou com a condição de fazer limpeza, e isso é significativo. Ele enfrentou o escândalo na linha de frente".
Patricia K. Thomas APTN. Associate Press Television News.
Como jornalista vejo-o muito de perto, e acho que mudou desde o início do pontificado, porque é um homem humilde e disposto a escutar. Se me perguntam como o vêm nos EUA, nestes dias, com o caso do grupo de freiras americanas, houve uma raiva que se sentiu pela Internet contra Ele e contra o Vaticano. Quem não frequenta a Missa pensa que ele queira levar a Igreja para trás, que escute mais aos lefebvristas que as freiras americanas. Quando foi para os EUA, ao contrário, a sua imagem tinha subido, falou contra a pederastia, etc. Mas agora está crescendo um pouco a hostilidade”.
Salvatore Izzo, o Vaticano a agência italiana AGI.
"Bento XVI está adquirindo uma figura paterna que antes não tinha. É como quando uma pessoa não tem filhos e mora em um condomínio: todos os barulhos a incomodam. Depois, com o tempo, chegam os filhos e as coisas mudam. Ele está fazendo um grande esforço para aproximar todos da Igreja, não somente os tradicionalistas, mas também outros movimentos mais inovadores. Poderia não parecer assim, mas é isso ".
Maarten van Aalderen correspondente jornal holandês De Telegraaf.
"A percepção que as pessoas tinham de Bento XVI no início do seu pontificado não mudou para nada. Do pondo de vista mediático era um papa professor, esta era a idéia e esta permaneceu. Um Papa que ainda encontra dificuldade para comunicar com as pessoas. Não resolveu ainda este problema”.
Elisabetta Piqué, correspondente em Itália do jornal argentino La Nacion.
"Bento XVI sem ter o carisma de João Paulo II, conseguiu soltar-se um pouco em público, antes não se atrevia a tocar ninguém, agora abraça os bebês e os acaricia. Acredito que ele tenha aprendido a lidar com as massas. Ele aprendeu a fazer-se querer em qualquer lugar que vá, por exemplo, penso na sua última viagem a Cuba, onde ninguém entra numa igreja, foi muito admirado ali, sem falar no México. Quando ele subiu ao papado havia esta imagem da mídia de um rottweiler, de um inquisidor. Cada vez que houve erros de comunicação ele o reconheceu e demonstrou ser um Papa com uma personalidade muito amável, um intelectual, mas muito humilde.
Andres Beltramo, do Vaticano, em Itália, a agência Notimex mexicana.
"Mudou a percepção que as pessoas tinham sobre ele, e as suas viagens a vários países aceleraram isso. Na última viagem ao México, por exemplo, no início as pessoas não o conheciam, especialmente porque – por assim dizer – ficava sob a sombra de João Paulo II e tinha um grande interrogante sobre a sua pessoa. No entanto, quando o conheceram pessoalmente houve uma mudança de atitude. Aqui os meios falaram sobre ele, às vezes o criticam ou refletem sobre o entusiasmo popular, mas é um fato temporal que passa. Ele entra quando as pessoas o puderam ver e, portanto, ficam com uma percepção diversa do que contam os meios”.
Alessandro Speciale, correspondente vaticano de UCA News, Religion News e Vatican Insider.
"Bento XVI encontrou-se diante de um desafio, uma crise, não com certeza, sobre a qual ele tinha imaginado construir o seu pontificado. Falo da pederastia e dos abusos sexuais. E ele, ante essa crise, soube dar a resposta à altura das circunstâncias, o que talvez muitos homens dentro da Igreja não teriam sabido dar, mas teriam dado uma resposta instintiva: “o mundo ataca a Igreja”. Em vez disso, este Papa percebeu que era um mal que estava dentro e por tanto devia ser removido. Isso marcou o seu pontificado. Um desafio que ele não esperava mas, ao qual, respondeu estando à altura das circunstâncias".
Fonte:
terça-feira, 24 de abril de 2012
Andamento dos trabalhos realizados até agora na 50ª Assembleia Geral da CNBB
Em entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda-feira, 23/04, os bispos apresentaram à imprensa o andamento dos trabalhos realizados até agora na 50ª Assembleia Geral da CNBB (AG), em Aparecida (SP).
Participaram da coletiva o arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer, que coordena a comissão das celebrações dos 50 anos do Concílio Vaticano II; o bispo de Ipameri (GO), dom Guilherme Werlang, presidente da Comissão Episcopal para a Caridade, Justiça e Paz; e o bispo prelado do Xingu (PA), dom Erwin Krautler, que é também presidente do Consenho Indigenista Missionário.
Usina de Belo Monte
Os jornalistas questionaram os bispos a respeito da situação crítica vivida na região de Altamira (PA), onde está sendo construída a usina de Belo Monte. “Estive com o presidente Lula em 2009, e ele me disse que haveria diálogo realização da obra. O povo não teve espaço para se manifestar, as audiências públicas foram apenas para inglês ver”, manifestou dom Erwin.
Ele explicou o caos em que se encontra a cidade de Altamira. “O saneamento básico não foi feito, não há vagas nos hospitais nem em escolas. A prostituição e a violência ocorrem à luz do dia. Eu vejo essas coisas todos os dias, pois vivo lá”, relatou o bispo. Ele também denunciou a extensa jornada de trabalho dos operários da obra.
O bispo de Ipameri, dom Guilherme, participou na semana passada em Brasília de um debate entre o governo federal e atingidos por barragens. “Ouvimos do ministro de Minas e Energia (Edson Lobão) que o Brasil deve optar entre desenvolvimento ou não, em ter as usinas ou não”, revela.
Guilherme recordou que a energia de uma usina hidrelétrica não pode ser considerada como energia limpa. “Como chamar de energia limpa quando as terras mais férteis são inundadas?”. Dom Erwin reforçou a denúncia. “O governo afirma que nenhum índio seria atingido, mas trata-se de falácia. O que acontece ao povo daquela região é contra a dignidade humana. O governo discrimina este povo, e nos trata como brasileiros de segunda classe”.
Solidariedade
Os bispos relataram aos jornalistas a aprovação, por unanimidade, de um projeto que deverá promover maior solidariedade entre as dioceses brasileiras, nos próximos 5 anos. Agora, 1% da receita ordinária mensal de cada diocese deverá formar um fundo para colaborar na formação dos seminaristas das dioceses mais pobres.
“A Igreja precisa partilhar seus bens para investir na formação de padres. Em minha prelazia, por exemplo, 70% de minha renda vem de doações externas”, testemunhou dom Erwin. Os bispos recordaram que a iniciativa do fundo não vai resolver o problema, mas deve minimizar as dificuldades enfrentadas nas dioceses mais pobres.
Estado laico
A respeito da laicidade do Estado, o cardeal Odilo Scherer explicou que a Igreja não tem problemas com a questão. “O Estado não pode assumir uma identidade religiosa, de outro lado, o pensamento ateu não pode prevalecer”, declarou o arcebispo. “O Estado é laico, mas a sociedade é religiosa”, arrematou.
Fonte: Zenit.
Reunião da comissão sobre a Igreja na China
Está reunida no Vaticano, de 23 a 25 de abril, a comissão criada em 2007 por Bento XVI para estudar as questões de maior importância para a Igreja Católica na China. Fazem parte da comissão os dicastérios superiores da Cúria Romana e representantes do episcopado chinês e de congregações religiosas.
Em reuniões anteriores, foi tratada a formação dos seminaristas, sacerdotes e pessoas consagradas. Neste ano, é a formação dos leigos que será considerada, à luz da situação da comunidade católica na China e no âmbito do "Ano da Fé", que será celebrado em toda a Igreja a partir de 11 outubro de 2012 até 24 de novembro de 2013.
Os debates darão atenção especial aos progressos nos programas de formação para sacerdotes, seminaristas e pessoas consagradas, analisando o que resta a ser feito na sua preparação para as tarefas que eles são chamados a desempenhar na Igreja para o bem da sociedade.
Fonte: Zenit.
O arcebispo de San Salvador pede o fechamento da prisão de Guantánamo
O arcebispo de San Salvador, disse neste domingo que espera que se feche a prisão da base naval dos EUA de Guantânamo, e apoiou o abrigo que o Governo salvadorenho deu dois ex-presos dessa penitenciária.
O arcebispo de San Salvador, monsenhor José Luis Escobar, considerou como um gesto de "humanidade" que o Governo tenha aceitado quarta-feira passada, a pedido dos Estados Unidos, dois muçulmanos uigures de origem chinesas que foram libertados de Guantânamo.
"Tomara que toda a Prisão de Guantânamo termine; seria ideal para o bem do mundo, da democracia e da liberdade”, manifestou o prelado na Coletiva depois da missa dominical na catedral metropolitana.
Monsenhor Escobar comentou que “a opinião mundial geral é positiva” ante o fato de que sejam “liberados” muitos prisioneiros que “estão sofrendo a prisão por motivos políticos” em Guantânamo. "E se nessa dinâmica El Salvador recebe dois, uma ou mais das pessoas que felizmente foram liberadas, nós não vemos nenhum inconveniente”, acrescentou.
É um tema de humanidade, é necessário que tenhamos uma atitude solidária e positiva ante situações como estas”, sublinhou o arcebispo.
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Um mestre que sabe empolgar seus discípulos
Discípulo é muito mais do que platéia. Não é aquele que assiste passivamente ou que repete sem reflexão. Discípulo é quem se encantou com o mestre, quer crescer tendo-o como inspiração, quer contagiar outros com o processo de descoberta que está mudando a sua vida. É esse o espírito que alimenta a proposta de 2009 como Ano Catequético Nacional, explicitada no tema: Catequese, caminho para o discipulado. O lema vai buscar apoio no relato emblemático dos discípulos de Emaús com Jesus: “Nosso coração arde quando ele fala, explica as Escrituras e parte o pão”(Lc 24,32-35).
O texto de Lucas é cheio de detalhes reveladores. Começa dizendo que era “o primeiro dia da semana”. Ou seja, trata-se do nosso domingo, dia em que tanta gente vai à Igreja... mas será que todos se encontram mesmo com Jesus?
Os discípulos não estavam bem, a morte de Jesus parecia o fim lamentável de um sonho perdido. Jesus se aproxima e eles não o reconhecem. Quanta gente, dentro e fora de nossos templos, não reconhece Jesus e anda desanimada pela vida... Muitos, como aqueles discípulos, até já ouviram a Boa Nova. Mas algo está faltando. Sabem coisas, conhecem doutrinas, mas de alguma maneira o que aprenderam não está funcionando. A Boa Nova é uma teoria, até bonita, mas não é ainda um fogo ardente, um impulso vital.
E Jesus, o que faz? Fica junto, ouve, caminha com eles, faz perguntas para que eles expressem seus sentimentos. Aqui estaria um recado importante para a nossa catequese e para todo o trabalho pastoral. Primeiro é preciso ouvir as perguntas. Muitas vezes estamos dando respostas sem saber quais são as indagações que a vida está fazendo a cada um.
“Eles pararam, com o rosto triste”- diz o texto de Lucas. Só estavam vendo na cruz um fracasso, uma decepção diante de esperanças de uma vitória retumbante que, a seu ver, não havia acontecido. Hoje, muita gente quer um Deus que só conceda vitórias, e têm que ser vitórias bem mundanas, no estilo da teologia da prosperidade. Jesus é vitorioso, sim! É a maior vitória possível... mas acontece de outro jeito. Precisamos de uma evangelização que veja as vitórias dentro do espírito do projeto do Reino.
Jesus, então, ensina. Fala dos profetas, mostra por onde passou o projeto de Deus que nele tem sua culminância. Situa o mistério da cruz num cenário mais amplo. Hoje, para termos verdadeiros discípulos, seria preciso aprofundar o conhecimento bíblico, perceber o fio condutor que perpassa os textos.
A essa altura, eles ainda não perceberam o que acontecia mas já estão encantados. Querem que o companheiro de caminho fique com eles porque “já é tarde e a noite vem chegando”. Jesus fica... e faz algo mais: abençoa e reparte o pão, se revela num gesto eucarístico. Depois desaparece, porque vai estar presente agora de modo muito mais definitivo. A iniciação cristã, ainda hoje, culmina (mas não termina) na comunhão eucarística. É comunhão com o próprio Jesus mas também com todo o seu projeto e com a multidão de necessitados com os quais ele sempre quis ser identificado. Os discípulos se dão conta de que o “coração ardia quando ele falava”. Mas não é “fogo de palha”, entusiasmo vazio. É um fogo que os leva de volta à missão, agora com fé e esperança para enfrentar as dificuldades e fazer novos discípulos.
Tudo isso vai ser refletido pelas comunidades no Ano Catequético. Esperamos que a metodologia de Jesus nos inspire e nos prepare também para fazer discípulos conscientes, ativos e apaixonados pela missão.
Fonte: Therezinha Motta Lima da Cruz
Carta aberta aos Deputados e Senadores
Hoje peço licença ao leitor, para fazer neste espaço um apelo ao Deputado Federal e ao Senador a quem conferi o poder de me representar no Congresso Nacional nas últimas eleições.
Faço-o para externar a minha profunda preocupação com recentes decisões do Supremo Tribunal Federal, que podem representar usurpação de competência legislativa, conferida pelo povo brasileiro exclusivamente aos senhores, que são os legítimos representantes eleitos pelo povo, na forma prevista em nossa Constituição Federal. Menciono dois exemplos disso.
A nossa Constituição Federal proclama, com uma clareza absoluta, no § 3º do artigo 226 que: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”. Trata-se de uma regra que o legislador constituinte, investido de poderes para elaborar a Lei Maior desta Nação, legitimamente instituiu.
No entanto, essa questão foi apresentada perante o STF, a quem cabe precipuamente zelar pelo cumprimento da Lei Maior, e esse Tribunal que conseguiu ler naquela mesma norma que a entidade familiar também pode ser formada por pessoas do mesmo sexo! Senhor Deputado, Prezado Senador, quem deu a esse Tribunal, por mais excelso que seja, esse poder?
Convém lembrar que a nossa Constituição Federal prevê a forma de ser ela própria modificada: através de uma emenda constitucional e não pela via de decisão judicial. E isso quando a matéria é passível de emenda, pois há cláusulas pétreas, impossíveis de serem alteradas, como por exemplo, o direito à vida (artigo 60, § 4º, inciso IV da CF).
O segundo caso é mais recente. O nosso Código Penal pune o aborto, consagrando essa prática como um crime contra a vida. Em duas situações, o legislador dispôs que a conduta não é punível. São elas: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante e; II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Não está dito que o aborto de anencefálico não é crime. No entanto, acabam de legalizar esse crime! E, a propósito, chegou-se a sustentar que o legislador de 1940, quando foi elaborado o Código Penal, se tivesse conhecimento da anencefalia, teria incluído também essa causa de exclusão da punibilidade. Ora, ignoram que ainda temos um Poder Legislativo constituído capaz de modificar essa norma? Estão a sugerir que os senhores parlamentares estão dormindo? E estão?
Talvez os senhores estejam a se perguntar, caros Parlamentares, o que poderiam fazer para evitar que a função legislativa seja exercida por outro Poder que não o Legislativo. E a essa suposta indagação devo responder que, por primeiro, não lavar as mãos como o fez um mau juiz. Segundo, apresentando propostas legislativas ou de emenda constitucional que disponham sobre esses assuntos cuja competência foi usurpada de acordo com a vossa consciência e com os anseios dos eleitores que lhes confiaram o mandato. Terceiro, não se omitindo sobre as questões relevantes apresentadas para deliberação no Congresso Nacional, dentre elas, destaco o chamado Estatuto do Nascituro, que viria a disciplinar importantes aspectos da proteção do direito à vida.
Além disso, a nomeação de um ministro do Supremo Tribunal Federal depende da aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. Penso que é chegado o momento de, nessa arguição, se obter o compromisso do candidato de respeitar as atribuições do Congresso Nacional.
Termino externando aos senhores, caro Deputado, nobre Senador, que muitos brasileiros estão de luto diante do retrocesso que tivemos na luta pelo direito à vida. Com isso, só nos resta recorrer a nossos legítimos representantes, na esperança de que não se omitam na grave responsabilidade que assumiram de editar leis que assegurem e promovam a vida humana desde o seu início até o seu fim natural.
Autor: Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas e Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC.
Fabiohptoledo@gmail.com
Valorizar o Dia do Senhor
A celebração da festa da Divina Misericórdia nos colocou dentro de uma atmosfera muito importante: a valorização do domingo, o primeiro dia da semana, o dia do Senhor, como o dia mais importante da semana e da vida de todos os batizados.
Jesus, ao entrar no Cenáculo, anuncia: “A Paz esteja convosco!”. “A quem vós perdoardes os pecados eles serão perdoados e quem vós reterdes eles serão retidos”.
Jesus nos sinaliza a importância de valorizarmos o dia da Páscoa, da Ressurreição, da vitória da vida sobre a morte e o pecado.
Agora eu me pergunto sempre: como é o nosso domingo? Nosso domingo tem a dimensão de agradecer os benefícios de que Deus deu para cada um de nós? Dos benefícios que são concedidos para a nossa comunidade?
O Papa Bento XVI ensinou, no domingo da Divina Misericórdia que: “Todos os anos, celebrando a Páscoa, nós revivemos a experiência dos primeiros discípulos de Jesus, a experiência do encontro com o Ressuscitado: narra o Evangelho de João que eles viram aparecer no meio deles, no cenáculo, na noite do dia da ressurreição, “o primeiro da semana”, e “oito dias depois” (Jo 20, 19.26). Aquele dia, chamado depois de “domingo”, “dia do Senhor”, é o dia da assembleia, da comunidade cristã que se reúne para seu culto próprio, isto é, a Eucaristia, culto novo e diferente daquele judaico do sábado. De fato, a celebração do Dia do Senhor é uma prova muito forte da Ressurreição de Cristo, porque somente um acontecimento extraordinário e envolvente poderia levar os primeiros cristãos a iniciar um culto diferente em relação ao do sábado hebraico. Então, como hoje, o culto cristão não é somente a comemoração de eventos passados, e nem mesmo uma experiência mística particular, interior, mas essencialmente um encontro com o Senhor ressuscitado, que vive na dimensão de Deus, além do tempo e do espaço, e todavia se faz realmente presente na comunidade, nos fala nas Sagradas Escrituras e parte para nós o Pão da Vida Eterna. Através destes sinais nós vivemos aquilo que experimentaram os discípulos, isto é, o fato de ver Jesus e ao mesmo tempo de não reconhecê-Lo, de tocar o seu corpo, um corpo verdadeiro, mas livre das ligações terrenas”.
Domingo é dia de Santa Missa. Domingo é dia de dedicar-se aos trabalhos do Senhor Jesus, na pastoral, na visita ao doente, na visita à Vila Vicentina, na reunião da família em torno da Mesa da Eucaristia, da Mesa da Palavra e do ágape fraterno.
Quantos vivem o domingo apenas no exterior, nos ranchos, nos jogos de futebol e se esquecem de Deus. Será que Deus se esquece de nós? Não podemos viver uma fé intimista, voltada apenas para o nosso deleite pessoal. Devemos, em primeiro lugar, procurar a Deus, a Igreja e a uma vivência da nossa fé realmente na vida Eucarística.
Que nossos domingos sejam domingos de Missa e de vivência da fé em que professamos!
Autor: Padre Wagner Augusto Portugal
Vigário Judicial da Diocese da Campanha(MG).
Os bispos em Assembleia Geral
Estamos participando, eu e os bispos auxiliares do Rio de Janeiro, com todos os demais Bispos do país, na capital mariana do Brasil, de mais uma Assembleia Geral dos Bispos do Brasil.
Realizada neste ano no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no coração católico de nossa nação brasileira, a histórica 50ª. Assembleia Geral comemora os 60 anos da fundação da nossa Conferência Episcopal, juntamente com os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II. Ela está acontecendo entre os dias 18 e 26 deste mês.
O tema central desta Assembleia é um eco de nosso país à Exortação Apostólica pós-sinodal do Papa Bento XVI, Verbum Domini, e do Sínodo sobre a Palavra de Deus: “A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja – Ministros e servidores da Palavra de Deus e a Missão da Igreja hoje” – é a primeira proposta de um possível futuro documento sobre o tema. Além deste tema outros 28 passarão pela reflexão dos bispos, além de um dia e meio de retiro. Participam do encontro por volta de 340 bispos, entre eles os bispos eméritos que assim o desejarem, enriquecendo nosso sodalício com a sua presença e sua bonita experiência pastoral. Além dos bispos, participam ainda alguns teólogos, especialistas, convidados e colaboradores, tendo em sua totalização um número aproximado de 450 participantes.
A experiência da comunhão manifesta-se na colegialidade dos bispos oriundos das mais diversas, significativas e desafiadoras realidades, e testemunham sempre mais a Unidade da Igreja de Cristo que, seguindo ao seu Mestre e Senhor, deseja ser no mundo e na sociedade o sacramento universal de salvação.
Ensina o CIC no §1594, que "o Bispo recebe a plenitude do Sacramento da Ordem que o insere no Colégio Episcopal, e faz dele o chefe visível da Igreja Particular que lhe é confiada. Os Bispos, como sucessores dos apóstolos e membros do Colégio, participam da responsabilidade apostólica e da missão de toda a Igreja, sob a autoridade do papa, sucessor de São Pedro".
Os bispos são os legítimos sucessores dos apóstolos e devem zelar pelo "depósito da fé" confiado à Igreja de Cristo. A fé cristã é também a fé apostólica, porque, baseada no testemunho legítimo dos apóstolos vê nos bispos a legítima sucessão dos apóstolos ao longo dos séculos na Igreja de Cristo. Esta missão dos bispos tem um tríplice sentido: recordar que a Igreja foi construída sobre o fundamento dos apóstolos, testemunhas escolhidas e enviadas para a missão por Cristo; conservar e transmitir, com o auxílio do Espírito Santo, o ensinamento, o depósito precioso, as salutares palavras da boca dos apóstolos; garantir que a Igreja de Cristo continue a ser ensinada, santificada e dirigida pelos apóstolos até a volta de Cristo, graças aos que a Eles sucedem na missão pastoral: o colégio dos bispos, assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja. (cf. CIC §857).
Os bispos, como os apóstolos, são enviados a pregar, dando continuidade ao que fez Jesus: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21). São, portanto, ministros de Deus, ministros da Nova e Eterna Aliança, servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. São testemunhas da Ressurreição do Senhor, e sua missão deve durar até o fim dos tempos, na ocasião da vinda gloriosa de Nosso Senhor. Em sua missão compete aos bispos o tríplice múnus de ensinar, santificar e reger a Igreja de Cristo. Ensinar, anunciando, como primeira tarefa, o Evangelho de Cristo e denunciar tudo que lhe é contrário; santificar, pela oração e trabalho, pelo ministério da Palavra e dos Sacramentos e, também, por seu testemunho de vida; reger, porque lhes cabe dirigir e coordenar suas igrejas particulares como delegados de Cristo com conselhos, exortações e exemplos, com autoridade e poder sagrado, sempre no mais profundo espírito de serviço e comunhão, tal como o seu Mestre.
O Documento de Aparecida, no seu §181 ressalta que "Os bispos, além do serviço à comunhão que prestam em suas Igrejas particulares, exercem este ofício junto com as outras Igrejas diocesanas. Desse modo, realizam e manifestam o vínculo de comunhão que as une entre si. Na Conferência Nacional, os bispos encontram seu espaço de discernimento solidário sobre os grandes problemas da sociedade e da Igreja, e o estímulo para oferecer orientações pastorais que animem os membros do povo de Deus a assumirem com fidelidade e decisão sua vocação de serem discípulos missionários.”
No Brasil, desde 1953 os bispos se reúnem para discutir assuntos pastorais de ordem espiritual e temporal, e ainda problemas emergentes para a vida das pessoas e da sociedade na perspectiva da evangelização. Da primeira assembleia dos bispos, em 1953, em Belém do Pará, até agora, nesta assembleia de Aparecida, tivemos 50 Assembleias. A CNBB é considerada hoje a maior Conferência Episcopal do mundo, com um total aproximado de 460 bispos, sendo 301 em atividade e 159 eméritos.
As atividades referentes à Assembleia estão sendo realizadas no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho, e as celebrações na Basílica Nacional, com a preciosa participação dos romeiros de Nossa Senhora, que rezam junto com seus pastores. O espaço conta com salas de apoio aos bispos, secretaria, sala de imprensa, internet, segurança e ambulatório médico, tudo para garantir aos bispos um espaço fecundo de oração e comunhão. Os fiéis que desejarem acompanhar as celebrações poderão fazê-lo pelos canais católicos, sempre a partir das 07h30min da manhã, quando temos a celebração da Missa junto com as Laudes. Acompanhemos este evento tão especial com nossas orações, acolhendo a Palavra de Cristo que nos é dirigida pela palavra de seus bispos que, com renovado ardor missionário e em espírito de comunhão e participação, buscam orientar o povo de Deus nesta tão significativa parcela do povo de Deus, que é o Brasil.
Acompanhemos nossos bispos que participam da solicitude por todas as Igrejas, consagrados para a salvação de todo o mundo, para que, em comunhão com seu pastor supremo, o Papa, possam tornar sempre mais visíveis o princípio e o fundamento da Unidade da Igreja de Cristo, presidindo suas igrejas particulares e todo o rebanho de Cristo por meio de sua legítima autoridade e doutrina, servindo a Cristo e sua Igreja, empenhando-se sempre e cada vez mais na construção do Reino de Deus, que já está entre nós e não ainda em sua totalidade.
Ao acolhermos o ensinamento dos apóstolos de nosso tempo seja mantido o bem da Igreja de Cristo e o serviço às comunidades cristãs, sempre mais avivadas pelo Espírito Santo em todos os cantos e recantos de nossa nação, guiando-nos sempre mais à liberdade perfeita, que só é possível fazendo a vontade de Deus.
Que a santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, no Brasil invocada sobre o título de Conceição Aparecida nas águas do Rio Paraíba ajudem-nos a sermos dóceis à vontade de Seu Filho, Jesus Cristo. Que o Evangelho se propague sempre mais e que Seu Reino se espalhe sobre a Terra.
+ Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
A Primeira Comunhão é a "Festa da fé"
No terceiro domingo da Páscoa, no Regina Caeli, o Papa Bento XVI deu uma breve catequese sobre a realidade de Jesus ressuscitado e verdadeiramente presente entre os homens.
Referindo-se ao Evangelho do dia, em que os discípulos, primeiramente confundem o Ressuscitado com um fantasma (cf. Lc 24,36), o Papa citou Romano Guardini, que definiu a ressurreição como uma realidade "não compreensível", mas ao mesmo tempo real enquanto "corpórea”. "O Senhor mudou", escreveu o teólogo ítalo-alemão.
Em face de uma ressurreição que não apagou as marcas da crucificação, Jesus está vivo e encarnado, ao ponto de comer normalmente o peixe assado oferecido a ele (cf. Lc 24,42-43). O peixe assado, de acordo com São Gregório Magno, não é nada mais que o símbolo ardente da "paixão de Jesus, Mediador entre Deus e os homens".
São esses "sinais muito realistas", que ajudam os discípulos a superarem a "dúvida inicial" sobre a Ressurreição, assim, finalmente, compreendem as profecias do Antigo Testamento (cf. Lc 24,44).
Cristo está presente entre nós, também na Eucaristia, como foi testemunhado pelos discípulos de Emaús que o reconhecem "no partir do pão" (cf. Lc 24:35). Como afirma São Tomás de Aquino, citado pelo Papa, "deve ser reconhecido de acordo com a fé católica, que Cristo está presente neste Sacramento ... porque a divindade nunca deixou o corpo que assumiu”.
Pouco antes da oração mariana, Bento XVI exortou os párocos, pais e catequistas a "prepararem bem" os filhos para o sacramento da Primeira Comunhão, que geralmente é realizada durante a época da Páscoa.
A Primeira Comunhão é, de fato, uma "festa da fé “que deve ser preparada “com grande fervor, mas também com sobriedade”. Trata-se de um dia que "permanece na memória como o primeiro momento em que... você entende a importância do encontro pessoal com Jesus (Sacramentum Caritatis, 19)”.
Após o Regina Caeli, o Santo Padre recordou o dia da Universidade do Sagrado Coração, que é comemorado hoje, e cujo tema é o futuro do país no coração da juventude. "É importante que os jovens sejam formados nos valores, bem como no conhecimento científico e técnico - disse o Papa -. Por isso o padre Gemelli fundou a Universidade Católica, a qual espero estar a par com os tempos, mas sempre fiel às suas origens”.
Fonte: Zenit.
domingo, 22 de abril de 2012
Tempo de alegria e agradecimento
Os prelados reunidos em Aparecida participaram nesta última quinta-feira da cerimônia em homenagem aos 60 anos de fundação da CNBB e da 50° edição da Assembléia Geral dos Bispos da CNBB.
A cerimônia contou com uma apresentação da orquestra do PEMSA (Projeto de Educação Musical do Santuário de Aparecida), criado em 2003 pelos Missionários Redentoristas, com o objetivo primeiro de se tornar coral e orquestra do Santuário. Este tem como missão, promover educação e cultura através da música, direcionado a crianças, adolescentes e jovens de Aparecida e região.
“Estamos vivendo, pois, tempos de jubileu. Tempo de alegria e de agradecimento a Deus e a todas as pessoas que se empenharam, durante a caminhada, na busca de fidelidade ao Senhor, realizando a história colegial da nossa Conferência”, afirmou o cardeal arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, Dom Raymundo Damasceno Assis.
Dom Damasceno recordou que a Assembleia da CNBB foi “criada dez anos antes do Concílio Vaticano II, que lhe deu maioridade eclesiológica, oferecendo-lhe maior fundamentação bíblico-teológica, motivando-a para a evangelização do Povo de Deus”.
“A colegialidade episcopal foi, sem dúvida, um eixo central na eclesiologia do Concílio Vaticano II, através da Constituição Lumen Gentium e do decreto Christus Dominus, sobre o múnus pastoral dos Bispos na Igreja, que institucionalizou as conferências episcopais”, continuou o prelado.
Durante a cerimônia foi anunciado que para assinalar o 60ª aniversário de nossa Conferência e a realização de sua 50ª Assembleia Geral, a CNBB editou pequena porém importante obra – “CNBB: 60 anos e 50 Assembleias Gerais – memória, ação de graças e compromisso” –, em que se apresentam alguns dados e documentos historicamente relevantes para a instituição.
Fonte: Zenit.
Facebook e Twitter fariam tesouro da experiência de Jesus
Por Maria Emília Marega
“Jesus Cristo fazia comunicação point- to- multipoint”. Primeira manifestação de comunicação de massa, afirmou Barberio na aula inaugural do Master emComunicação e New Media do Ateneo Pontifício Regina Apostolorum em Roma.
Rafaelle Barberio é sociólogo, jornalista e fundador da revista eletrônica Key 4 Biz (http://www.key4biz.it/), especializada em telecomunicação, mídia, internet e games, projeto editorial da Pegaso Uno – Cooperativa Sociale – ONG.
O jornalista fez uma leitura sobre o papel da comunicação na história mostrando que a preocupação em deixar marcas sempre existiu e a chamada cultura de rede, internet, é também uma “questão de cultura e não apenas de engenharia”, que nasceu como instrumento militar.
“Quando Jesus encontrava os interlocutores da época, Ele estava fazendo comunicação point- to- multipoint”. A primeira manifestação de comunicação de massa, onde a limitação era o alcance da voz que chegava apenas a um certo ponto, afirmou Barberio.
Em resposta à ZENIT Rafaelle explicou que, considerando a experiência de Jesus na Jerusalém da época, a primeira coisa que vem em mente é a capacidade de comunicar à pessoas não acostumadas a um contato direto e a uma sequência de circunstancias, ou seja, podemos reconstruir um fenômeno de comunicação , pela primeira vez, de massa. Com uma relação direta com o público e contemporaneamente, uma sequência de circunstancias como se fossem vários compromissos. Tudo isso, desenvolveu uma relação entre Jesus e a Jerusalém daquela época. Uma relação onde também a Jerusalém esperava estas intervenções.
“O velho e o novo não são sempre indistintos”, a idéia de fazer a comunicação chegar até as pessoas de maneira veloz sempre existiu - e prosseguiu -“A internet torna a comunicação mais acessível, mais justa, a um baixo custo”.
Barberio recordou que sendo um meio democrático, podemos encontrar de tudo. Não existe um “meio de defesa”, por isso, é necessário “conhecimento e espírito critico” e não simplesmente “vetar as coisas”.
Ao final da aula Rafaello respondeu a seguinte pergunta:
ZENIT:O senhor falou que Jesus foi o primeiro “comunicador de massa”. Hoje, Ele utilizaria Facebook, Twitter e outros meios para comunicar?
Barberio: Se Jesus estivasse em nosso tempo seria um usuário de Facebook? Pode até ser um pouco excessivo, mas acredito que se Jesus estivesse em nosso tempo, Facebook e Twitter falariam de Jesus. Facebook e Twitter fariam tesouro de uma experiência assim tão desconcertante como aquela da Jerusalém de dois mil anos atrás, pois seria objeto de atenção da opinião publica. Então, a diferença que existe entre a Jerusalém de dois mil anos atrás e o ambiente da comunicação eletrônica de hoje, no mundo em que vivemos, em minha opinião, seria que a participação do grande público e os comentários teriam sido diferentes. O focus das atividades de Jesus e o contato entre Jesus e a Jerusalém daquela época seria a própria atração por parte do grande público.
Fonte: Zenit.
A propósito da Anencefalia
Por Dr. Claudio Fonteles
Motiva-me ao presente escrito, o parecer da Dra. Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira sobre o tema encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
A idéia central está em que: “A maior parte dos fetos anencéfalos morre durante a gestação. Aqueles que não falecem durante a gravidez têm curtíssima sobrevida, de natureza meramente vegetativa, em geral de poucos minutos, ou horas.” ( parecer: item 22 ).
Eis raciocínio totalmente inconciliável com o princípio constitucional da inviolabilidade da vida humana ( art. 5º,caput ).
Com efeito, ser a vida humana inviolável, direito pessoal individualmente garantido, conduz-nos à necessária conclusão de que o tempo de duração da vida humana – se 3 segundos, 3 minutos, 3 horas, 3 dias, 3 semanas, 3 meses, 3 anos... – não é fator decisivo para a sua eliminação consentida.
À vida humana, gestada ou nascida, garante-se sua inviolabilidade, impedindo-se sua morte, insisto, por simples projeção do decurso temporal.
O juízo, sempre temerário, sobre o tempo de duração da vida humana não chancela seja liquidada. Assim viola-se, arbitrariamente, o que a Constituição federal quer inviolável.
Diz, passo adiante, a Dra. Deborah: “34. O reconhecimento da dignidade da pessoa humana pressupõe que se respeite a esfera de autodeterminação de cada mulher ou homem, que tem o poder de tomar decisões fundamentais sobre suas próprias vidas e de se comportarem de acordo com elas, sem interferências do Estado ou de terceiros.”
Est modus in rebus.
O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana não é o apanágio do individualismo, do egocentrismo, da absoluta supremacia do eu, como o texto reproduzido indica.
O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana se resguarda a autodeterminação de cada mulher e de cada homem, até porque nós todos, mulheres e homens, desde a concepção somos em contínuo e incessante auto-movimento nos ciclos que compõem a nossa vida, necessariamente embrionário, a que se inicie, e depois fetal, recém-nascido, criança, jovem, adulto e velho, se nos é dado viver todos os ciclos, tanto resguarda não para que nos enclausuremos, repito, na solidão egocêntrica, eis que somos seres vocacionados, porque também ínsita em nossa dimensão, a sociabilidade, portanto o princípio da dignidade da pessoa humana promove-a como ser social, e disso é expressão eloqüente o artigo 3º, inciso I, da Constituição Federal a preceituar que: Art. 3º - “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade justa, livre e solidária”.
Portanto, se vida há que se auto-movimenta no corpo materno, com ou sem deformações, mas se auto-movimenta, e vive, então como matá-la, por perspectiva meramente cronológica de sua existência?
Tal morte conduz-nos ao primado do egocentrismo, entortando a compreensão jurídica do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, que não se compraz com a absolutização do arbítrio.
Diz, ainda, a Dra. Deborah: “É dentro do corpo das mulheres que os fetos são gestados, e, mesmo com todas as mudanças que o mundo contemporâneo tem vivenciado, é ainda sobre as mães que recai o maior peso na criação dos filhos,” ( item 36 do parecer ).
O argumento não deixa de estampar discriminação.
O homem, o pai, não mencionado, não conta.
Decisão sobre a manutenção da gestação não envolve, tout court, a idéia de autonomia reprodutiva só pertinente à mulher-mãe, como expressão, no dizer da Dra. Deborah, dos “direitos fundamentais à liberdade e à privacidade”.
Pelo fato, óbvio, dos fetos serem gestados “dentro do corpo da mulher” não se pode absolutizar, na mulher, o juízo, único e exclusivo, sobre a permanência da gestação, descartada a manifestação de vontade do homem-pai.
Tal ilação é tão absurda quanto o é a idéia de Ronald Dworkin, que a Dra. Deborah reproduz nesses termos: “... uma mulher que seja forçada pela sua comunidade a carregar um feto que ela não deseja não tem mais o controle sobre seu próprio corpo. Ele lhe foi retirado para objetivos que ela não compartilha. Isto é uma escravidão parcial, uma privação de liberdade.” ( transcrição no parecer, no item 38 ).
“Escravidão parcial” é tão inapropriada, porque ou se é escravo, ou se é livre, não existe o meio-escravo, quanto inapropriado é matar a vida que se auto-movimenta e se auto-desenvolve no ventre materno, que a acolhe, pela liberdade pontual e arbitrária da mulher-mãe em desacolhê-la.
Afirma a Dra. Deborah: “Entendo que a ordem constitucional também proporciona proteção à vida potencial do feto – embora não tão intensa quanto a tutela da vida após o nascimento – que deve ser ponderada com os direitos humanos das gestantes para o correto equacionamento das questões complexas que envolvem o aborto.” ( item 41 do parecer ).
Com todo o respeito, o princípio da dignidade da pessoa humana, assim como o da inviolabilidade da vida humana, ambos contemplam a vida e a pessoa humanas em todos os seus ciclos, desde o momento-embrião até o momento-ancião, se os ciclos cumprem-se normalmente, como já o disse antes, não fazendo o menor sentido atribuir-se a tal, ou qual, ciclo maior, ou menor, proteção constitucional.
Não existe meia-vida como não existe meia-gravidez...
Portanto, falar-se em “tutela progressiva” da vida humana é percorrer argumentação cabalmente despropositada.
A Dra. Deborah conforta-se, nessa linha de argumentação, a dizer que: “Contudo, quando não há qualquer possibilidade de vida extra-uterina, como ocorre na anencefalia, nada justifica do ponto de vista dos interesses constitucionais envolvidos, uma restrição tão intensa ao direito à liberdade e à autonomia reprodutiva da mulher.” ( item 42 do parecer ).
Aqui, tem-se diante petição de princípio, inadequada ao debate jurídico, que pede a exposição concatenada de concretos fundamentos ao amplo exame da controvérsia, do mesmo modo que em nova petição de princípio a Dra. Deborah sentencia que: “Nas audiências públicas realizadas nesta ação foi devidamente esclarecido o fato de que a menina Marcela de Jesus, que teria supostamente sobrevivido por um ano e oito meses com anencefalia não tinha na verdade esta patologia, ao contrário do que afirmaram os opositores da interrupção voluntária da gravidez, mas outra má-formação cerebral menos severa, ainda que também de caráter fatal” ( item 23 do parecer ).
Ora, e com todo o respeito à Dra. Deborah, Marcela de Jesus, é fato certo, inequívoco, e não “supostamente”. Viveu mesmo 1 ano e 8 meses, e sua morte não decorreu da anencefalia. Quais as razões apresentadas na audiência pública a dizer que o quadro de Marcela não era de anencefalia? O parecer da Dra. Deborah é omisso, e nada demonstra, como deveria, no tópico. E, como mesmo diz a Dra. Deborah, se essa “má-formação cerebral menos severa, ainda que também de caráter fatal” acontece, então havemos de concluir que o aborto, ou a antecipação terapêutica do parto, como se queira eufemisticamente chamar, também, assim, é chancelado em homenagem à dignidade da pessoa da mulher-mãe...
Por derradeiro, a Dra. Deborah afirma que: “Por outro lado, também ficou patenteado nos autos que inexiste possibilidade real de transplante dos órgãos dos fetos anencéfalos para terceiros, uma vez que há, com grande freqüência, outras malformações associadas à anencefalia” ( item 24 do parecer ).
Todavia, a Portaria nº 487, de 2 de março de 2007, do Ministério da Saúde, dispõe exclusivamente “sobre a remoção de órgãos e/ou tecidos do neonato anencéfalo para fins de transplante ou tratamento” e, em seu artigo 1º é textual no assentar que: “A retirada de órgãos e/ou tecidos de neonato anencéfalo para fins de transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de parada cardíaca.”
Como manter-se a afirmação da Dra. Deborah de que “inexiste possibilidade real de transplante de órgãos dos fetos anencéfalos”?
Na verdade, e sempre com o respeito merecido, a argumentação da Dra. Deborah, e de todos os que querem legalizar a morte do feto, ou do bebê, anencéfalo não tem base jurídica.
A Constituição brasileira de 1988, significando a resposta democrática ao sombrio período do arbítrio e do menosprezo à vida humana, foi enfática e textual – e assim aqui torno a mencionar o artigo 1º, inciso III – no marcar para todas e todos, brasileiras e brasileiros, estrangeiras e estrangeiros, que aqui vivam, como objetivo fundamental da República federativa, a diuturna construção de sociedade justa, livre e solidária.
Aqui, tenho por caracterizado o que o professor associado de instituições de direito público da Universidade de Milão-Biccoca, Filippo Pizzolato, denomina de personalismo constitucional, que nada tem a ver com o protagonismo do ser individual. Conheçamos o que diz o professor Pizzolato:
“Do modelo individualista, que nossos constituintes refutam numa versão ideal-típica, parece se contestar a própria matriz, cuja origem pode facilmente ser encontrada no direito natural iluminista e no contratualismo liberal a ele correlacionado ( de Hobbes, Locke, Rousseau, entre outros). O pressuposto cultural e antropológico dessa tradição iluminista pode remontar, porém, ao cogito cartesiano, quer dizer, à idéia de autopercepção do sujeito como indivíduo, alguém que constrói para si uma identidade prescindindo dos outros e de um tecido de relações. Por trás de tudo isso, portanto, está a idéia de indivíduo, anteriormente desconhecida, como entidade originária, enquanto tal titular de um feixe de direitos naturais cuja consistência precede a própria idéia de sociedade. Nessa perspectiva, a sociedade é apenas o fruto posterior e eventual de um livre ato de vontade ( um contrato ) estipulado entre indivíduos, todos livres, independentes e iguais. Os direitos naturais gozam, assim, de uma fundamentação autônoma, completamente racionalista e abstrata e, enquanto tal, logicamente anterior ao próprio fenômeno jurídico, que, por sua vez, é propriamente social e, por conseguinte, voluntarista. Por mais paradoxal que possa parecer, na teoria do direito natural individualista, os direitos ( naturais ) vêm antes da sociedade e, assim, assumem uma vocação absolutista, com pequena tolerância para as necessárias limitações ou mediações que as relações sociais tornam inevitáveis.” ( in – O Princípio Esquecido – coletânea de artigos organizada por Antônio Maria Baggio – editora Cidade Nova – pg. 116-17- no artigo: A fraternidade no ordenamento jurídico italiano de autoria do citado Prof. Filippo Pizzolato).
O personalismo constitucional, por sua vez, sustenta que: “ Pertencer a uma comunidade é constitutivo e estrutural da identidade humana, não um dado acessório ou opção eventual voluntarista” ( artigo citado – pg. 118 ) porque “ ... antes do indivíduo existe necessariamente uma comunidade, entendida como rede de relacionamentos, tecido de relações, quadro de solidariedade que sustenta o próprio indivíduo e permite o seu desenvolvimento,” ( ainda: pg. 118 ).
E arremata o prof. Pizzolato:
“Essa dimensão horizontal da solidariedade, já reconhecida, em que a fraternidade encontra um espaço destacado, não pode ser reduzida ao cânon, tipicamente liberal, do não prejudicar aos outros, mas encaminha e orienta o próprio exercício da liberdade, seguindo o mandato bem mais vinculativo do faça o bem ao outro ( ... porque é também o seu).”
( pg. 120 ).
Nessas colocações, reconhecido fica o pensamento do filósofo Emmanuel Mounier, assim tão eloqüente:
“Trato o outro como um objeto quando o trato como ausente, como um repertório de informações, que me podem ser úteis (G. Marcel ) ou como instrumento à minha disposição; quando o classifico definitivamente, isto é, para empregarmos exata expressão, quando desespero dele. Tratá-lo como sujeito, como ser presente, é reconhecer que não o posso definir, nem classificar, que ele é inesgotável, pleno de esperanças, esperanças de que só ele dispõe; é acreditar. Desesperar de alguém é desesperá-lo... O ato de amor é a mais forte certeza do homem, ocogito existencial irrefutável: amo, logo o ser é, e a vida vale ( a pena ser vivida).
( in- O Personalismo, pg. 48-9 , Centauro editora.).
O bebê anencéfalo ser é.
Fonte: Zenit.
sábado, 21 de abril de 2012
Assembleia Geral dos Bispos do Brasil
Na Coletiva de Imprensa deste terceiro dia de trabalhos da Assembléia Geral dos Bispos do Brasil (AG) reunidos em Aparecida, SP – segundo informa a página oficial da CNBB – tocaram-se principalmente 4 temas: a Jornada Mundial da Juventude, o Ano da Fé, o Ecumenismo, e o Número de Católicos no Brasil.
Coordenados pelo Porta-Voz da 50ª AG, Dom Dimas Lara, foram convidados para responder à coletiva de imprensa hoje Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro; Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília; e o bispo de Volta-Redonda/Barra do Piraí (RJ), Dom Francesco Biasin.
Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, anunciou que a organização da JMJ abrirá as inscrições em Julho desse ano. Lembrou o arcebispo que só uma terceira parte dos participantes é que se inscrevem na JMJ e que não é obrigatória a inscrição para a participação. Se prevê como aconteceu em Madri, que teve 500 mil inscritos e 2 milhões de participantes.
Dom Sérgio da Rocha, da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé lembrou a importância da Convocação do Ano da Fé e a preparação para o Sínodo dos Bispos, em outubro próximo.
Dom Biasin, da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso testemunhou “como a Igreja procura consolidar o diálogo com as outras igrejas cristãs e as outras religiões”.
A respeito da queda do número de católicos, apresentada em pesquisa recente, Dom Dimas esclareceu que os dados apresentados não são conclusivos. “Os números completos ainda não estão disponíveis. Se o número dos sem religião cresce, não quer dizer que o de ateus está crescendo”, afirmou.
Fonte: Zenit.
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