Após uma denúncia anônima, a superiora de um centro da congregação da Madre Teresa de Calcutá foi presa no Sri Lanka por suposto tráfico de crianças. A notícia foi veiculada por várias agências, como a Eglises d'Asie (EDA, 29 de novembro), das Missões Estrangeiras de Paris.
A irmã Mary Eliza, superiora de uma casa para crianças e mães solteiras administrada pelas Missionárias da Caridade (MC), conhecidas como as "Irmãs da Madre Teresa", foi presa em 25 de novembro e solta sob fiança no dia 28. AsiaNews (01 de dezembro) informa que a primeira audiência, marcada para ontem, foi adiada para 15 de dezembro.
O juiz Yvonne Fernando, da capital Colombo, aceitou a fiança de 50.000 rúpias, equivalente a cerca de 1.700 reais, e autorizou a religiosa, de nacionalidade indiana e responsável pelo centro Prem Nivasa, a esperar pela audiência em prisão domiciliar em outro convento. Seu passaporte foi confiscado.
Um telefonema anônimo acusando as irmãs de tráfico de crianças foi a origem da prisão, a primeira de um membro da congregação da Madre Teresa desde a sua fundação. Por ordem da Autoridade Nacional de Proteção à Criança (NCPA), que depende diretamente do presidente Mahinda Rajapaksa, a irmã Mary Eliza foi presa no albergue que as Missionárias da Caridade mantêm na localidade de Moratuwa, poucos quilômetros ao sul de Colombo.
Sem sequer poder contatar um advogado, ela foi levada a um tribunal de Wennappuwa, embora sua instituição esteja sob a jurisdição de Rawathawatta, e lá foi decidida a sua prisão imediata na penitenciária de Welikada. Como denunciado pelo Pe. Sunil De Silva no site da arquidiocese de Colombo, muitas irregularidades marcaram a prisão.
Poucos dias antes, um telefonema anônimo para o órgão de proteção infantil acusava a comunidade religiosa de envolvimento no tráfico e venda de crianças. O informante anônimo teria qualificado o albergue de "fazenda de crianças" (EDA, 29 de novembro). Em 23 de novembro, a polícia invadiu as instalações, todos os residentes foram interrogados e os registros foram confiscados.
Na ocasião, 75 crianças, 32 mulheres grávidas e alguns estrangeiros (voluntários e potenciais pais adotivos) foram identificados. A polícia vai investigar se os estrangeiros chegaram ao país "para sequestrar crianças". Irmã Eliza, que nega as acusações, disse ao tribunal que o centro de Prem Nivas, como todos os centros das Missionárias da Caridade, funciona tanto como casa para mães solteiras necessitadas quanto como orfanato para crianças que aguardam adoção, sempre em respeito à lei e sem aceitar pagamentos.
"Nunca estivemos envolvidas em qualquer tipo de tráfico de crianças, o que é totalmente incompatível com a nossa fé! Nossa missão é cuidar das crianças e das mães adolescentes", afirmou a religiosa.
A provincial da congregação no Sri Lanka, Irmã Johannes, disse que está trabalhando em conjunto com o Departamento de Reinserção Social e dos Serviços de Assistência à Criança (DPCCS), que oficialmente reconheceu o centro de Prem Nivas como estrutura adequada para acolher crianças em espera de adoção, "de acordo com as leis do país", além de receber também as mães solteiras. "Nunca cobramos pelas preciosas vidas de crianças e nunca recebemos nenhum dinheiro pelo nosso trabalho", assegurou ela.
Prem Nivas é referência para as organizações que operam no campo das adoções de crianças no Sri Lanka. Mas com a prisão de irmã Elisa, todos os procedimentos foram interrompidos. Embora até agora a polícia não tenha encontrado provas das acusações de tráfico de crianças, o NCPA continua a acusar as religiosas de violar a lei. "Prem Nivas está registrado no DPCCS como um centro de recepção de crianças, e não como um albergue para mães solteiras", insiste o presidente da NCPA, Anoma Dissanayake.
Em 28 de novembro, o delegado de polícia Ajith Rohana disse, por sua vez, que "engravidar uma menor de idade é considerado estupro e, portanto, não informar as autoridades do crime é uma negligência grave". As irmãs respondem que nunca esconderam o fato de que o centro acolhe as crianças e as mães solteiras necessitadas.
Uma mãe de apenas catorze anos, que deu à luz em 2 de novembro, afirmou à UCA News (25 de novembro) que nunca teria conseguido ajuda sem as religiosas. "Meu primo me estuprou e eu engravidei. Vou continuar os estudos e quero ser médica para ajudar as pessoas", disse a jovem.
Juntamente com os moradores de Prem Nivas, outras vozes foram levantadas para defender a ação das freiras, incluindo o pensador budista A. T. Ariyaratne. Dando expressão à sua "indignação", ele elogiou "a assistência prestada pelas irmãs com um imenso amor pelas crianças." Estas declarações não foram suficientes para acalmar o clamor em torno ao "caso Prem Nivas", já que a maioria dos meios de comunicação do país parecem convencidos da culpa da religiosa.
A irmã Eliza chegou a ser acusada de "vender o futuro do país aos estrangeiros por poucos milhares de rúpias". Enquanto a superiora geral das Missionárias da Caridade, Irmã Prema, viajou de Calcutá para o Sri Lanka em 27 de novembro a fim de acompanhar o caso de perto, o Pe. Oswald B. Firth, que foi superior regional dos Oblatos de Maria Imaculada no Sri Lanka e hoje trabalha na Austrália, disse que falar de crianças vendidas referindo-se ao trabalho das Missionárias é "pura sujeira".
"Eu conheço as irmãs há muito tempo e elas fazem um trabalho maravilhoso. No respeito pela Palavra de Deus, elas tiram as crianças abandonadas das ruas, oferecem um lar para jovens mães que não sabem para onde ir, não fazem distinção de língua, religião ou raça", completa o Pe. Firth (AsiaNews, 1º de dezembro).
A Arquidiocese de Colombo ainda não divulgou nenhuma declaração oficial. Alguns líderes católicos consideram que este silêncio "está causando um mal pior para as irmãs da Madre Teresa, por permitir especulações inúteis da imprensa sensacionalista".
Fonte: Zenit.
Nenhum comentário:
Postar um comentário