A migração é uma preocupação urgente em todo o mundo, talvez ainda mais do que há sessenta anos, quando a Organização Internacional para as Migrações (OIM) começou suas atividades.
Este fato foi sublinhado por Dom Silvano Maria Tomasi, C.S., observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas e às Instituições Especializadas, em Genebra, durante discurso na centésima sessão do Conselho da OIM, de 5 a 7 de dezembro.
O prelado menciona a atual crise econômica como complicadora da vida dos migrantes, mas não como redutora do seu número.Estimativas apontam cerca de 214 milhões de migrantes hoje, um número que deverá aumentar nas próximas décadas, fazendo do fenômeno uma das "megatendências" do século XXI.
Para Dom Tomasi, "isto envolve e afeta milhões de seres humanos, suas famílias e as pessoas dos países de origem, de trânsito e de destino".
Chamando a atenção para a "dimensão humana" da migração, o representante do Vaticano observou que prevalecem hoje, "infelizmente, as atitudes de autoproteção, agravadas pela crise econômica e pelo aumento da pressão nas fronteiras dos países desenvolvidos".
A migração, segundo ele, é "um teste para o respeito e para a implementação dos direitos humanos, especialmente quando as políticas são focadas no controle e na segurança nacional".
Diante dos desafios, a resposta dada até agora pela comunidade internacional continua a ser "fragmentada e descoordenada". De acordo com Dom Tomasi, as tentativas de resolver o problema da gestão dos fluxos migratórios encontram “relutância e desconfiança”, um efeito que vem também da opinião pública às vezes hostil e do surgimento de partidos anti-imigrantes.
A globalização, disse Tomasi, "aumenta a interdependência dos países que precisam de trabalho e dos que têm populações mais jovens". Por isso, convém "criar uma sinergia benéfica para ambas partes". Alcançar esta sinergia “deve ser o objetivo das instituições multilaterais”, acrescentou.
Deve-se ainda "promover e fortalecer a percepção positiva dos imigrantes", disse o prelado, fazendo uma referência a "evidências claras" da contribuição econômica positiva dos migrantes nos países que os acolhem.
"Os imigrantes tornam visível o elo que liga toda a família humana", disse Dom Tomasi. "Eles não devem ser usados como uma distração para a falta de empregos e para a crise econômica não resolvida, nem ser vistos como ameaças à segurança".
"É claro que os fatores que levam a emigrar não são apenas econômicos. Eles incluem a busca por segurança e liberdade, a possibilidade de desenvolvimento pessoal e profissional e uma melhor qualidade de vida", disse o religioso, que também mencionou o papel dos meios de comunicação no incentivo à migração, por levantarem expectativas muitas vezes exageradas e disseminarem imagens de estilos de vida atraentes.
O representante do Vaticano reiterou que existem "algumas situações que exigem resposta imediata", como a migração crescente de menores não acompanhados, a violência sofrida por migrantes nos países de trânsito, especialmente mulheres e crianças, e a atençãoaos imigrantes deportados para seus países de origem.
Citando a mensagem do Papa Bento XVI na 97ª Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, cujo tema é Uma Só Família Humana, o prelado concluiu o discurso dizendo que o 60º aniversário da OIM é “um marco que dá oportunidade para uma visão renovada e um compromisso com o serviço a todas as pessoas que partem em busca de uma vida melhor e mais produtiva”.
Fonte: Zenit.
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