O Protocolo de Kyoto não é suficiente e a cúpula de Durban não é apenas uma circunstância política. O problema do aquecimento global é verdadeiro, mas vai além do político, pois é um desvio na obra da criação. Há esperança de que o público comece a entender o problema e é preciso trabalhar duro para criar essa consciência, especialmente entre os jovens.
São aspectos destacados em entrevista a Zenit pelo cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, em seu retorno da Cúpula de Durban. A XVII Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas, que começou em 28 de novembro naquela cidade da África do Sul, terminará nesta sexta-feira e terá que decidir sobre o futuro do Protocolo de Kyoto, ou seja, sobre como reduzir as emissões de gases de efeito estufa daqui até 2020.
Representantes de cerca de 190 países sentaram-se à mesa de negociações na convenção das Nações Unidas e deverão definir como reforçar o protocolo, cujas medidas anti-emissões de gases expiram no próximo ano, e se ele será prolongado até 2020 com o fim de reduzir o aquecimento global.
O Vaticano está representado pelo núncio apostólico no Quênia. O cardeal Maradiaga participa como presidente da Caritas Internacional.
Maradiaga afirma que a situação "não é apenas um fenômeno de aquecimento global, mas um desvio na obra da criação", porque, segundo ele, "ainda não temos a perspectiva de ser administradores da criação em vez de seus proprietários".
A cúpula, portanto, não é apenas uma "circunstância política", embora, infelizmente, ela "tenda a reduzir o problema a isso", lembrou o purpurado. "Devemos falar de algo que é da humanidade, que é um bem comum a todos".
Para o presidente da Caritas Internacional, a opinião pública está mudando quanto à necessidade de se defender a criação: "Sobre isso, eu acredito que há mais consciência a cada dia".
Maradiaga meniconou ter participado, no início da cúpula em Durban, de uma palestra de um prêmio Nobel que expunha as evidências científicas das mudanças climáticas. O cardeal se mostrou convencido da veracidade do problema e afirmou que "não se trata de manipulação da comunicação social".
“Esta semana será decisiva e esperamos que as grandes potências dêem um passo adiante”, embora "não seja suficiente dizer que ‘manteremos o Protocolo de Kyoto’; precisamos de medidas concretas. Claro que seria uma tragédia se o Protocolo de Kyoto morresse em Durban, mas queremos mais do que apenas a sua continuidade. O protocolo em questão é muito limitado quando comparado com o que devemos fazer. Por isso é importante que a opinião pública perceba que precisamos construir um futuro melhor para a humanidade".
O cardeal disse que a Caritas Internacional começou a trabalhar para educar, especialmente os mais jovens, na defesa da criação. Ele citou, por exemplo, a reunião da semana passada entre Bento XVI e sete mil jovens, e o discurso "muito forte e adequado, feito pelo papa, a fim de levantar a questão".
O papa Bento XVI, na Sala Paulo VI, se dirigiu aos jovens participantes no projeto "Ambientemo-nos na escola", patrocinado pela Fundação "Sorella Natura", no Dia da Salvaguarda da Criação, 29 de novembro.
Ele disse que “não há um bom futuro para a humanidade sobre a terra se não educarmos todos para uma forma mais responsável de vida e de relacionamento com a criação”, e se, neste contexto, “for esquecido o reconhecimento do valor da pessoa humana e da sua inviolabilidade em cada fase da vida e em toda a sua condição”.
Fonte: Zenit.
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