Os atentados que semearam o terror entre os nigerianos atingiram também a Igreja católica. Uma paróquia, e também centros de culto muçulmanos, foram destruídos em Damataru, no nordeste da Nigéria. O assunto é abordado por dois bispos do país africano, que analisam as causas desta violência atribuída a grupos radicais islâmicos como o Boko Haram.
“Damataru, apesar de ser a capital do estado de Yobe, faz parte da minha diocese. No ataque de ontem, uma igreja católica foi queimada e destruída”, declarou neste 5 de novembro Dom Doeme, bispo de Maiduguri, capital do estado vizinho de Borno, falando à agência Fides.
Em 4 de novembro, em Damataru, uma série de ataques coordenados com explosivos tinha como objetivo a delegacia de polícia, estações policiais e seis igrejas no bairro cristão de Jerusalém.
As vítimas mortais, segundo estimativas, já passam de 150, sem contar feridos.
Em dias anteriores houve vários atentados em Maiduguri e regiões vizinhas. Em Maiduguri, três atentados suicidas atingiram os quartéis do exército.
Os atentados são atribuídos à seita islâmica Boko Haram, que teria formado uma aliança com a Al-Qaeda no Magreb islâmico.
Sobre as raízes desta violência que há meses altera o nordeste da Nigéria e ameaça o resto do país (o Boko Haram já fez dois atentados terroristas em Abuja, a capital federal), o bispo de Maiduguri afirma: “As causas desta violência são múltiples. São sociais, econômicas, políticas e religiosas. Em particular, algumas pessoas de grande influência em nossa sociedade estão perdendo importância e usam a religião para incitar as mentes dos jovens sem educação a semear a violência”.
“Um doutrinamento muito forte, baseado na crença de que morrer lutando pela causa leva você para o céu”, denuncia Dom Doeme. “Esses mentores dizem: 'Matem sem problemas porque vocês vão para o céu!'. E esses jovens são explorados por políticos gananciosos que estão perdendo relevância, mas que querem permanecer no poder por dinheiro”.
Dom Doeme não exclui influências estrangeiras na violência, mas reafirma que “a corrupção é a raiz de todo o mal social, político e econômico do país”.
Por sua vez, o arcebispo de Abuja, John Olorunfemi Onaiyekan, tinha declarado antes dos últimos atentados que a Igreja na Nigéria não se deixaria acovardar pela insegurança semeada pela seita Boko Haram.
“A vida segue normalmente, pelo menos aqui em Abuja. Não nos deixaremos intimidar por essas ameaças. Seguiremos a nossa vida normal, confiando em Deus”, disse o arcebispo na celebração do aniversário da independência nacional, segundo a agência CISA. “Ao mesmo tempo, esperamos que as forças de segurança cumpram seu dever para garantir a segurança de todos”.
O arcebispo também falou de um comunicado de um grupo no Delta do Níger, no sul do país, que se autodenomina Ijaw Joint Revolutionary Council e ameaça represálias contra o Boko Haram se a seita não renunciar aos atentados.
“Os nigerianos estão unidos na busca da solução do problema suscitado pelo Boko Haram. Mas não há consenso para enfrentá-lo. Uns falam de diálogo com membros da seita, mas são minoria. A maioria dos nigerianos não acha possível o diálogo com gente que mata inocentes indiscriminadamente. Não dá para conversar com assassinos”.
“Esta é a postura da Conferência Episcopal da Nigéria, que diz que o governo nigeriano deve satisfazer as legítimas demandas de paz, mas não se pode falar de diálogo com bandidos e assassinos”, concluiu Dom Onaiyekan.
Fonte: Zenit.
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