Portugal, o país que “deu novos mundos ao mundo”, que tantas vezes se resigna ao seu “fado” e repete até à exaustão que é uma “pequena nação” - embora não o seja -, Portugal, dizia, volta a estar sob os holofotes da opinião pública internacional. A escolha de António Guterres como novo secretário-geral das Nações Unidas é um momento histórico para a instituição, que precisa de renovação, e para o nosso país, chamado, depois da liderança da Comissão Europeia, a ver o seu nome associado a um grande cargo internacional.
De Guterres muito se tem dito, das (más) contas ao catolicismo fervoroso. Pessoalmente, lembro-me do testemunho de um colega, com muitos anos nestas andanças, que dava do antigo primeiro-ministro português uma imagem completamente diferente, para melhor, do que era costume quando a conversa versava sobre a classe política. “Fazer o bem em grande” era o objetivo da vida política do agora sucessor de Ban Ki-moon. Uma frase simples, profunda, que encontra no maior palco do mundo o lugar exato para poder ser levada à prática com repercussões globais.
Depois do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, onde enfrentou a maior crise humana desde a II Guerra Mundial, António Guterres sobe ao topo da ONU para assumir uma responsabilidade imensa, com preocupações que - como católico - partilha em larga medida com o Papa Francisco (que, não por acaso, chamou a si a responsabilidade dos refugiados num momento de transição dos trabalhos na Cúria Romana): reforma da própria ONU e das organizações financeiras internacionais, a pobreza, a exclusão económica e social, a crise ambiental, as migrações forçadas, a guerra, a proliferação nuclear, as perseguições de minorias étnicas e religiosas.
Guterres leva para Nova Iorque, sem sombra de dúvidas, um coração quente. Resta saber se vai ser capaz de ajudar a superar as sombras de guerra fria, mundial, que se abatem sobre a humanidade.
Octávio Carmo - Agência Ecclesia.
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