Joaquim Nunes é assistente pastoral na Diocese de Mainz, na Alemanha, e destaca que continua a haver vontade de servir e estruturas para acolherem refugiados depois de terem recebido um milhão de pessoas em 2015.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, no contexto da Semana Nacional das Migrações, Joaquim Nunes adianta que ao nível das instituições – Igrejas, sociedade civil, autarquias – as estruturas são “para servir o acolhimento dos refugiados”.
Com residência na Alemanha há mais de 30 anos, o emigrante português dá conta que o fluxo de refugiados diminuiu com o encerramento da ‘Rota dos Balcãs’ e com o acordo entre a União Europeia e a Turquia – “muito criticado na Alemanha” – mas as pessoas que chegam “continuam a poder contar com as estruturas que se criaram”, que “não são improvisadas” mas “muito sérias”.
Segundo o entrevistado nas escolas foram criados cursos de alemão e “milhares de trabalhos para jovens professores” que se dedicam ao ensino da língua primeiro às crianças e aos jovens e depois aos adultos.
“A Alemanha deu-se conta que é país de emigração e não de trabalhadores sazonais. Aprendeu a acolher, não basta dar uma tenda ou colocar a dormir num pavilhão. Recebemos um milhão e pouco de pessoas e foi preciso mobilizar tudo o que estava livre – pavilhões gimnodesportivos, os salões e casas paroquiais”, desenvolve Joaquim Nunes.
O responsável os jovens e crianças que chegaram sozinhos já estão a ser colocados em famílias e estão ser encontradas casas para os restantes.
O assistente pastoral na Diocese de Mainz refere também que O medo dos ataques terroristas “sempre existiu” e deu como exemplo três ataques seguidos no Estado da Baviera que fazem com que exista medo nas pessoas que estão “menos empenhadas” nos grupos, nas instituições.
Joaquim Nunes considera-se uma “pessoa do terreno” e revela “confiança e esperança” que depois do primeiro choque vão continuar a promover o diálogo intercultural e vivam do “encontro” e saiba “uns dos outros”, algo que a Igreja Católica na Alemanha “está muito empenhada” em desenvolver.
Sobre o seu percurso pessoal, o entrevistado conta depois dos estudos em Teologia fez um discernimento “espiritual, vocacional” quando foi convidado por um monge de Taizé (França) a visitar a comunidade ecuménica onde esteve durante um ano, tendo conhecido a sua futura esposa de nacionalidade alemã.
Há mais de 30 anos quando o entrevistado emigrou para a Alemanha os trabalhos para estrangeiros “eram muito poucos” e os vistos para estadia/residência “reduzidos”; Depois de cerca de um ano e meio desempregado encontrou emprego na Diocese de Mainz que procurava um “leigo com formação teológica” para trabalhar com um padre português na pastoral das migrações.
A entrevista a Joaquim Nunes é transmitida hoje a partir das 22h45 na Antena 1 da rádio pública, e esta quinta-feira no mesmo horário, entre outros testemunhos e histórias no âmbito da Semana Nacional das Migrações que a Igreja Católica em Portugal vive até este domingo com o tema ‘Migrantes e refugiados - rosto de misericórdia’.
SN/CB - Agência Ecclesia.
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