Pe. Crispim Guimarães*
Tenho como princípio quando escrevo, rememorar que minha função de evangelizador deve atingir não somente aqueles com quem me encontro nos cursos ou nas missas. Os Meios de Comunicação são espaços privilegiados para sanar dúvidas e proclamar a Boa Nova de Jesus. Não tenho outro intuito ao escrever, mesmo porque não ganho dinheiro com isso e não almejo cargos políticos.Portanto, o título que você observa neste artigo não foi de minha autoria, simplesmente o reproduzi daqueles que afirmam ter em Dourados uma igreja dedicada à Maçonaria. Já ouvi várias vezes, de determinadas pessoas, que esta igreja é a Catedral Imaculada Conceição. Da última vez, a pessoa teimou comigo, afirmando inclusive, que o bispo e o pároco são maçons. O que é possível acontecer com uma pessoa que vive do "eu acho" ou do "ouvi dizer"? Faz afirmações sem fundamentos e parece até acreditar no próprio engodo.A explicação para tal absurdo, segundo essas pessoas, é que na Catedral de Dourados há o olho do grande arquiteto da Maçonaria no alto do Mosaico, no altar central. Na Igreja Catedral de Dourados, nunca teve tal símbolo, existem sim, o Olho de Deus. Porém, alguém pode dizer que a Igreja Católica copiou tal alegoria. Não! Se a Igreja tivesse registrado seus emblemas como se faz com as patentes, isso não aconteceria. Todavia, esta nunca foi a preocupação dos católicos, pois não somos uma empresa. Nossos símbolos veem de séculos de tradição, não é diferente com o Olho de Deus.Raciocine comigo: A Maçonaria surgiu na Idade Média, quando a Igreja já existia há mais de um milênio. Aquele Olho também já existia há séculos como símbolo cristão, assim como tantos outros. Portanto, se houve uma cópia não foi da Igreja Católica. Na Maçonaria, segundo pesquisa, "o compasso, que desenha círculos perfeitos, representa a busca da perfeição pelo homem. A letra G, no centro de tudo, seria Deus. Para os maçons, é ele o Grande Arquiteto do Universo". O compasso seria então o olho, sobre o qual se formou a confusão por parte de algumas pessoas sem a necessária a informação. Chegam a afirmar ser a simbologia da Trindade. Mas, daí garantir que se tem uma igreja dessa instituição dentro da Igreja Católica, é demais.Outro equívoco sem precedentes, é afiançar que o bispo e o pároco são maçons, não se pode dizer o que não se sabe. Nunca foram e nem serão, a Igreja Católica não permite que seus membros (mesmo que uns ou outros no passado, à revelia tenham participado), sobretudo os seus consagrados, participem de outras instituições, dentre elas da Maçonaria, porque a Igreja acredita que, quem tem Deus não precisa de outras instituições para se salvar, e a salvação é em última instância, a realidade mais importante para quem acredita. Portanto, está claro que uma coisa nada tem a ver com a outra. Entretanto, para que sejam sanadas todas as dúvidas, ofereço o significado do mosaico da Catedral. O painel como um todo retrata a ação de Deus conosco, revelada em Cristo Senhor do Universo, no Pantocrator (nome grego), representação primitiva do cristianismo. Ele está na Glória, mas preserva as marcas da Paixão, testemunhas do seu amor. Estas iluminam o livro dos Evangelhos, e nos quatro seres alados estão representados os quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João.Os três círculos entrelaçados anunciam a Trindade. O Olho divino nos fala do Pai, a pomba do Espírito Santo e o Cristo Pantocrator, do Filho. Se você é um bom observador, já percebeu que na parte baixa do Mosaico, encontra-se a Cátedra do bispo, porque este, que é sucessor dos Apóstolos, recebe da Trindade a missão e a iluminação para seu ministério. Dando o meu parecer teológico, além daquele ditame artístico do criador do Mosaico, é possível observar que entre Deus Pai e a Igreja, presente no meio da humanidade, na pessoa do bispo, encontra-se o Filho, redentor e mediador, que sempre age na história pela ação do Espírito Santo.Voltando ao fato do bispo e do pároco serem confundidos com maçons, o senso comum é uma péssima maneira de asseveração, pois ambos precisariam participar de reuniões e estarem nos quadros da Maçonaria. Quem tem dúvidas, pesquise, porém, não saia dizendo o que não pode provar. Fica novamente, o lembrete, não fui eu que dei o título a este artigo, meu objetivo é esclarecer aquilo que não se justifica. *Assessor de Comunicação e Coordenador de Pastoral da Diocese de Dourados.
Fonte: Jornal O Progresso.
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