O Papa Francisco denunciou hoje no Vaticano a “corrupção” generalizada na sociedade e a exploração laboral que “esmaga” os pobres”.
“Faz-me impressão ver como a corrupção se espalhou por todo o lado”, disse, na homilia da Missa a que presidiu pelo 200.º aniversário do da Gendarmaria, corpo policial do Estado da Cidade do Vaticano.
A reflexão do Papa partiu de três “tipos de pessoas” apresentadas pelas passagens da Bíblia que foram lidas durante a celebração: “o explorador, o fraudulento e o homem fiel”.
Francisco criticou os “fraudulentos, corruptos” que “ainda hoje” têm a riqueza como “um ídolo”.
O pontífice argentino alertou para os “subornos” e os “acordos que se fazem às escondidas”, numa obsessão pelo dinheiro de quem não se importa de “esmagar os pobres”.
A intervenção denunciou depois os “grandes negócios do trabalho escravo”.
“Hoje, no mundo, o trabalho escravo é um estilo de gestão”, lamentou Francisco.
O Papa assinalou que aqueles que têm o dinheiro como “única divindade” agem através “da fraude e da exploração”, atingindo em particular “os pobres e os indigentes, reduzidos à escravidão”.
Francisco pediu que a “astúcia” dos cristãos seja diferente, marcada pela “honestidade” e a “simplicidade”, porque só o homem fiel “pode andar de cabeça levantada”.
Mais tarde, na oração do ângelus, Francisco voltou ao tema dos “estilos de vida opostos”, o “mundano e o do Evangelho”.
“A mundanidade manifesta-se com atitudes de corrupção, de engano, de contrafação, e contribui para o caminho mais errado”, a “estrada do pecado”, alertou.
Já o “espírito do Evangelho”, acrescentou, deve levar a um “estilo de vida sério”, com “respeito pelos outros e pela sua dignidade”.
Francisco sublinhou que é importante “decidir que direção tomar”, sem querer estar ao mesmo tempo do lado da mundanidade e do Evangelho, porque ninguém “pode servir dois patrões”, Deus e o dinheiro.
O Papa observou que a corrupção também gera “dependência”, comparando-a com as drogas, provocando “pobreza, exploração e sofrimento”.
Durante a Missa rezou-se pelas vítimas do terramoto que em agosto atingiu a região central da Itália, onde a Gendarmaria do Vaticano marcou presença nas operações de socorro.
A homilia concluiu-se com elogios à ação da força policial, pedindo que todos no Vaticano reconheçam este serviço.
“Agradeço-vos pela vossa vocação, pelo trabalho que fazeis. Sei que muitas vezes tendes de lutar contra as tentações dos que vos querem comprar e sinto-me orgulhoso de saber que o vosso estilo é o dizer: ‘não, não alinho nisso’”, afirmou Francisco.
A Gendarmaria do Vaticano tem como comandante Domenico Giani e é o primeiro corpo dos serviços de segurança e proteção civil do governo do Estado da Cidade do Vaticano.
OC - Agência Ecclesia.
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