sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Reforma da Liturgia para a participação dos fiéis

Por Felipe Magalhães Francisco*
A Igreja não é uma entidade abstrata. Ela se mostra concreta na reunião de seus fiéis, para a celebração de sua fé, como participação no Mistério da morte e ressurreição de Jesus, seu Senhor e Cristo. Que a comunidade, dois mil anos depois do evento Cristo, continue a se reunir, é sinal de que, de fato, os discípulos e discípulas de Jesus fizeram experiência da Ressurreição, e este testemunho nos alcança salvificamente hoje.
A liturgia, como reunião dos convocados à participarem na vida toda de Jesus, o Morto-Ressuscitado, é fundamentalmente importante para a vida da Igreja. Não é sem motivos que ela, ao longo da rica Tradição eclesial, passou e passa por constante evolução. O Concílio Vaticano II significa uma guinada na compreensão do que é celebrar a liturgia, voltando às fontes da fé cristã. Em tempos de tentativas de retrocesso no caminho feito até aqui, é importante que não deixemos de pensar no significado profundo que a reforma litúrgica do derradeiro Concílio promoveu. É por isso que devemos, sempre, pensar sobre isso, tal como nos propomos nesta matéria especial.
O primeiro artigo de nossa matéria, proposto pelo doutorando em Teologia, o Pe. César Thiago do Carmo Alves, O conceito teológico de liturgia na Sacrosanctum Concilium, resgata o conceito da liturgia, proposto pelo primeiro documento conciliar aprovado, que cuida da reforma da liturgia. O Concílio, resgatando a mais genuína Tradição da fé eclesial, retoma a importância da liturgia como centro da fé cristã, fundamental para a associação dos fiéis à vida de Jesus Cristo.
Tendo como pano de fundo o conceito teológico da liturgia, o Pe. Danilo César, liturgista mestre em Teologia, no artigo Per ritus et preces, um princípio para uma liturgia e uma Igreja renovadas, toca o âmago da Constituição Sacrosanctum Concilium, que é a importante questão da participação de todos os fiéis na riqueza da liturgia. Ressalta, em seu artigo, que essa participação se dá por meio de ritos e preces, que são condição de possibilidade para que os fiéis, de fato, façam a experiência de modo integral no Mistério Pascal de Cristo.
Traçando uma leitura crítica a respeito da importante reforma da liturgia, o Pe. Márcio Pimentel, especialista em liturgia e em música ritual, no artigo Reforma Litúrgica: entre a legítima Tradição e o necessário progresso, analisa o tema da reforma, resgatando o espírito conciliar e a tradição que o gestou, e mostrando, ainda, as tentativas restauracionistas de impedimento aos avanços da reforma, que ganham expressão nos dias atuais.
Boa leitura, sempre!
*Felipe Magalhães Francisco é mestre em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Coordena a Comissão Arquidiocesana de Publicações, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Coordena, ainda, a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). - Fonte: domtotal.com

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