sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Papa iniciou segunda viagem ao Cáucaso com mensagem de paz para a região

O Papa iniciou hoje de manhã, em Roma, a sua viagem de três dias à Geórgia e Azerbaijão, a segunda deste ano à região do Cáucaso, onde quer levar um apelo à paz.
“É claramente uma viagem de paz, o Papa leva uma mensagem de reconciliação para toda a região”, disse esta semana em conferência de imprensa o porta-voz do Vaticano, Greg Burke.
A visita tem como lema 'A paz esteja convosco' e quer sublinhar a importância da região, próxima da Rússia, Turquia e Médio Oriente.
A 16ª viagem internacional do pontificado tem início marcado para a capital da Geórgia, Tbilisi, e conclui-se este domingo, já no Azerbaijão.
O programa oficial, que prevê 10 discursos do Papa, inclui um encontro privado com a comunidade caldeia, um rito que remonta às origens do Cristianismo e tem particular importância na Síria e no Iraque, mantendo o uso litúrgico do aramaico, a língua falada por Jesus Cristo.
A visita de oração pela paz à igreja de São Simão, com a comunidade assíria-caldeia, está marcada para o final da tarde de hoje e que ser um “sinal da proximidade” de Francisco às comunidades cristãs sírias e iraquianas, realçou o porta-voz do Vaticano.
O Papa vai proferir uma oração em que serão recordados especificamente os "cristãos perseguidos", os refugiados e as "vítimas da opressão".
Francisco esteve na Arménia entre os dias 24 e 26 de junho deste ano, naquela que foi a sua primeira visita ao Cáucaso, e explicou, já no regresso ao Vaticano, os motivos que o levam agora a viajar até à Geórgia e Azerbaijão.
“Acolhi o convite para visitar estes países por um duplo motivo: por um lado, valorizar as antigas raízes cristãs presentes nessas terras, sempre num espírito de diálogo com as outras religiões e culturas; por outro, encorajar esperanças e caminhos de paz”, assinalou, no Vaticano.
O Papa deve chegar ao aeroporto Internacional de Tbilisi pelas 15h00 locais (menos três horas em Lisboa).
Após a cerimónia de boas-vindas, Francisco vai fazer uma visita de cortesia ao presidente da República da Geórgia, no palácio presidencial, seguindo-se o encontro com o ‘catholicos’ e patriarca de toda a Geórgia, Ilia II, no palácio do Patriarcado Ortodoxo.
Já no sábado, Francisco preside à Missa no Estádio M. Meskhi, contando, pela primeira vez, com a participação de uma delegação da Igreja Ortodoxa da Geórgia; o programa continua num encontro com sacerdotes, religiosos e religiosas na igreja da Assunção, de rito latino.
Antes de visitar a catedral patriarcal Svietyskhoveli de Mskheta, centro espiritual da Igreja Ortodoxa georgiana, o Papa reúne-se com pobres e agentes de obras de caridade da Igreja, diante do centro de assistência dos religiosos camilianos.
O domingo começa com a cerimónia de despedida no aeroporto Internacional de Tbilisi, de onde o Papa parte para Baku, capital do Azerbaijão, localizada nas margens do Mar Cáspio, com chegada prevista para as 09h30 (menos três horas em Lisboa).
visita de 10 horas a território azeri, onde os católicos são apenas algumas centenas, começa com a Missa na igreja do Centro Salesiano.
Em Baku, Francisco vai almoçar com a comunidade salesiana, ainda antes da cerimónia oficial de boas vindas, na praça do palácio presidencial de Ganjlik, de uma visita ao Monumento aos Mortos pela Independência e do encontro com as autoridades no Centro ‘Heydar Aliyev’ - nome do terceiro presidente do Azerbaijão após a queda da URSS.
O Papa transfere-se em seguida para a Mesquita ‘Heydar Aliyev’, que recebe um encontro inter-religioso, acolhido pelo xeque dos muçulmanos do Cáucaso.
O avião que transporta Francisco sai de Baku às 19h15 para aterrar em Roma, às 22h00 locais (menos uma hora em Lisboa) de domingo.
João Paulo II esteve na Geórgia em 1999 e no Azerbaijão em 2002.
CB/OC - Agência Ecclesia.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

«Igreja não é apenas para os bons» - Papa Francisco

O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que a Igreja tem de ser sinal da “misericórdia” de Deus, que chega a todos, independentemente das suas falhas.
“A Igreja não é apenas para os bons, para aqueles que parecem bons ou que se julgam bons; a Igreja é para todos, preferencialmente para os maus, porque a Igreja é misericórdia”, realçou, perante milhares de pessoas reunidas para a audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.
A intervenção teve como tema ‘O perdão na Cruz’, partindo do relato do evangelista São Lucas sobre os dois ladrões crucificados com Jesus.
O Papa sublinhou que, ao morrer crucificado, entre dois criminosos, Cristo quis mostrar que a salvação pode chegar a todos, em qualquer condição, mesmo a mais dolorosa.
“A quem está crucificado numa cama do hospital, a quem vive recluso numa prisão, a quem está encurralado pelas guerras, eu digo: Levantai os olhos para o Crucificado. Deus está convosco, permanece convosco na cruz e a todos se oferece como Salvador”, declarou Francisco.
O pontífice argentino falou da figura do “bom ladrão”, que crucificado com Jesus mostrou arrependimento pelos seus crimes.
“O bom ladrão dirige-se diretamente a Jesus, confessa abertamente a própria culpa, invoca sua ajuda, chama-o pelo nome, pede a Jesus que se lembre dele: é a necessidade do homem de não ser abandonado. Assim, o condenado à morte torna-se modelo do cristão que se entrega a Jesus”, precisou.
Francisco convidou os participantes na audiência a cultivar a “certeza” de que “ninguém está excluído” do perdão de Deus.
“Mas podem perguntar-me: ‘Diga-me padre, aquele que fez as coisas mais feias na vida, tem possibilidade de ser perdoado?’. Sim, sim: ninguém está excluído do perdão de Deus, desde que se aproxime de Jesus”, explicou.
No final do encontro, o Papa saudou os peregrinos de língua portuguesa, em particular os representantes da Comunidade Católica de Língua Portuguesa na Alemanha.
“Que neste Ano Santo, possais fazer experiência da misericórdia de Deus para serdes testemunhas daquilo que mais Lhe agrada: perdoar aos seus filhos e filhas. Rezai também por mim! Deus vos abençoe”, concluiu.
OC - Agência Ecclesia.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Igreja/Desporto: Ronaldinho e Maradona unem-se ao Papa para jogo solidário pela paz

 O Papa Francisco e a sua rede de escolas solidárias vão promover o jogo de futebol ‘Unidos pela Paz’, reunindo antigos futebolistas como Ronaldinho, Roberto Carlos e o argentino Maradona, anunciou o Vaticano.
A iniciativa está marcada para 12 de outubro, no Estádio Olímpico de Roma, às 21h15 locais (menos uma hora em Lisboa).
“É tempo de mostrar que somos capazes de promover a paz por meio do jogo e também com a arte”, disse o Papa Francisco, em fevereiro deste ano, quando lançou oficialmente o evento desportivo solidário e dirigiu-se a todos os jovens do mundo, sublinhando o valor do futebol e do desporto para a poiar a educação e tornar possível a cultura do encontro pela paz.
O valor angariado no jogo vai apoiar programas educativos e sociais de diversas instituições como a Fundação Scholas Occurentes e a UNITALSI - União Nacional Italiana Transporte Doentes a Lourdes e Santuários Internacionais.
Na Itália, por exemplo, vão apoiar a população de Amatrice, atingida pelo terremoto em 24 de agosto, com ações concretas para a reativação das estruturas desportivas de base e oratórios, formando educadores e instrutores.
“Convido as pessoas a darem a sua pequena contribuição no dia 12 de outubro à partida pela paz”, referiu Diego Armando Maradona sobre o jogo solidário, em declarações reproduzidas pelas Rádio Vaticano.
O brasileiro Ronaldinho Gaúcho também respondeu positivamente ao convite para participar no jogo solidário, afirmando estar “realmente feliz” por voar para Roma para “jogar da partida ‘Unidos pela Paz’”.
“Será uma grande noite, espero que tenha muita gente para estarmos todos unidos com o Papa Francisco pela paz no mundo”, disse por sua vez o antigo jogador do Real Madrid, Roberto Carlos.
Para orientar as equipas vão estar os treinadores Fabio Capello, Hernán Crespo e Gianluca Zambrotta.
A Rádio Vaticano informa que ainda vão ser anunciados mais jogadores para esta segunda edição do jogo ‘Unidos pela Paz’, esperando que o evento seja “um novo sucesso de solidariedade e de paz”.
CB/OC - Agência Ecclesia.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Papa regressa ao Cáucaso com mensagem de paz para a região

O Vaticano apresentou hoje aos jornalistas o programa da viagem do Papa à Geórgia e Azerbaijão, a segunda deste ano à região do Cáucaso, onde Francisco quer levar um apelo à paz.
“É claramente uma viagem de paz, o Papa leva uma mensagem de reconciliação para toda a região”, disse em conferência o porta-voz do Vaticano, Greg Burke.
A 16ª viagem internacional do pontificado tem início marcado para sexta-feira, na capital da Geórgia, Tbilisi, e conclui-se este domingo, já no Azerbaijão.
O programa oficial, que prevê 10 discursos do Papa, inclui um encontro privado com a comunidade caldeia, um rito que remonta às origens do Cristianismo e tem particular importância na Síria e no Iraque, mantendo o uso litúrgico do aramaico, a língua falada por Jesus Cristo.
A visita de oração pela paz à igreja de São Simão, com a comunidade assíria-caldeia, está marcada para o final da tarde de sexta-feira e que ser um “sinal da proximidade” de Francisco às comunidades cristãs sírias e iraquianas, realçou o porta-voz do Vaticano.
Francisco esteve na Arménia entre os dias 24 e 26 de junho deste ano, naquela que foi a sua primeira visita ao Cáucaso, e explicou, já no regresso ao Vaticano, os motivos que o levam agora a viajar até à Geórgia e Azerbaijão.
“Acolhi o convite para visitar estes países por um duplo motivo: por um lado, valorizar as antigas raízes cristãs presentes nessas terras, sempre num espírito de diálogo com as outras religiões e culturas; por outro, encorajar esperanças e caminhos de paz”, assinalou, no Vaticano.
O Papa parte de Roma na manhã de sexta-feira, rumo ao aeroporto Internacional de Tbilisi, com chegada prevista para as 15h00 locais (menos três horas em Lisboa).
Após a cerimónia de boas-vindas, Francisco vai fazer uma visita de cortesia ao presidente da República da Geórgia, no palácio presidencial, seguindo-se o encontro com o ‘catholicos’ e patriarca de toda a Geórgia, Ilia II, no palácio do Patriarcado Ortodoxo.
Já no sábado, Francisco preside à Missa no Estádio M. Meskhi, contando, pela primeira vez, com a participação de uma delegação da Igreja Ortodoxa da Geórgia; o programa continua num encontro com sacerdotes, religiosos e religiosas na igreja da Assunção, de rito latino.
Antes de visitar a catedral patriarcal Svietyskhoveli de Mskheta, centro espiritual da Igreja Ortodoxa georgiana, o Papa reúne-se com pobres e agentes de obras de caridade da Igreja, diante do centro de assistência dos religiosos camilianos.
O domingo começa com a cerimónia de despedida no aeroporto Internacional de Tbilisi, de onde o Papa parte para Baku, capital do Azerbaijão, localizada nas margens do Mar Cáspio, com chegada prevista para as 09h30 (menos três horas em Lisboa).
visita de 10 horas a território azeri, onde os católicos são apenas algumas centenas, começa com a Missa na igreja do Centro Salesiano.
Em Baku, Francisco vai almoçar com a comunidade salesiana, ainda antes da cerimónia oficial de boas vindas, na praça do palácio presidencial de Ganjlik, de uma visita ao Monumento aos Mortos pela Independência e do encontro com as autoridades no Centro ‘Heydar Aliyev’ - nome do terceiro presidente do Azerbaijão após a queda da URSS.
O Papa transfere-se em seguida para a Mesquita ‘Heydar Aliyev’, que recebe um encontro inter-religioso, acolhido pelo xeque dos muçulmanos do Cáucaso.
O avião que transporta Francisco sai de Baku às 19h15 para aterrar em Roma, às 22h00 locais (menos uma hora em Lisboa) de domingo.
João Paulo II esteve na Geórgia em 1999 e no Azerbaijão em 2002.
CB/OC - Agência Ecclesia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Jubileu: A Ressurreição é o «centro da fé» e o anúncio tem de ir além de «obrigações religiosas»

 O Papa afirmou hoje no encerramento do Jubileu dos Catequistas, no Vaticano, que o “centro da fé” é a ressurreição de Jesus, o anúncio não se pode fixar em «obrigações religiosas» e referiu-se a “comportamentos estrábicos” dos cristãos.
Na homilia da Missa, que encerrou a celebração do Jubileu dos Catequistas, Francisco disse que “o anúncio principal da fé” é a experiência do “Senhor ressuscitado” e é em torno deste centro que “tudo roda”.
“Não há conteúdos mais importantes. Nada é mais sólido e atual. Todos os conteúdos são belos se permanecerem ligados a este centro. Se se isolam, perdem sentido e força”, disse o Papa.
Para Francisco, o “coração pulsante” do evangelizador é o “anúncio pascal”, a certeza de que Jesus está vivo, ama cada um e deu a vida por todos.
“É amando que se anuncia Deus Amor, não à força de convencer, impondo uma verdade, nem se fixando em obrigações religiosas ou morais”, disse o Papa na Praça de São Pedro onde catequistas de todo o mundo participam na celebração jubilar da misericórdia, incluindo 700 de Portugal.
Francisco sublinhou que o anúncio de Deus “não é uma ideia”, mas uma “Pessoa viva”, que se anuncia às pessoas “com atenção às suas histórias e ao seu caminho”.
“A sua mensagem passa com o testemunho simples e verdadeiro”, referiu o Papa, acrescentando que é necessário acolher todos e ser alegre.
“Não se fala bem de Jesus quando se está triste nem se transmite a beleza de Deus só fazendo belas pregações. O Deus da esperança anuncia-se vivendo hoje o Evangelho da caridade, sem medo de O testemunhar, também com as novas formas de anúncio”, sustentou Francisco.
O Papa denunciou os “comportamentos estrábicos” de quem olha “com reverência as pessoas famosas e desvia atenção de tantos pobres e dos sofrimentos de hoje, que são os prediletos do Senhor”.
“A insensibilidade de hoje cava abismos, invencíveis para sempre. E nós estamos neste mundo, neste momento, nesta doença da indiferença, do egoísmo, da mundanidade”, alertou o Papa.
“Fazer história”, “não ostentar aparências nem procurar glória”, não “ser tristes nem lamentosos”, deixar a “negatividade” que culpa “tudo e todos” foram indicações deixadas por Francisco aos participantes na Eucaristia de encerramento do Jubileu dos Catequistas.
 “Que o senhor nos dê a graça de renovarmos todos os dias a alegria do primeiro anúncio: Jesus morreu e ressuscitou, Jesus ama-te pessoalmente. Te dê a força de viver e anunciar o mandamento do amor superando e a aparência e a tristeza mundana. Que te torne sensível aos pobres que não são um apêndice do Evangelho, mas uma página central sempre aberta diante de todos”, concluiu Francisco na homilia da Missa.
No fim da Eucaristia, o Papa agradeceu a todos os catequistas presentes pelo “empenho na Igreja ao serviço da evangelização, na transmissão da fé”.
Antes da oração mariana do Angelus, Francisco recordou a beatificação do sacerdote Engelmar Unzeitig, em Würzburg, na Alemanha, associou-se aos bispos do México, empenhados em ações pastorais em defesa da família e a vida, e lembrou a Jornada Mundial do Surdo, comemorado no último domingo de setembro, encorajando-os a contribuir para “uma Igreja e uma sociedade mais capaz de acolher todos”.
O Jubileu dos Catequistas contou a participação de 700 portugueses, iniciou esta sexta-feira, com catequeses em diferentes línguas e terminou hoje com a Eucaristia presidida pelo Papa, na Praça de São Pedro.
PR - Agência Ecclesia.

domingo, 25 de setembro de 2016

Assim se constrói a paz Francisco dá lição concreta de acolhimento a refugiados muçulmanos.

RELIGIÃO
23/09/2016 | domtotal.com

Assim se constrói a paz

Francisco dá lição concreta de acolhimento a refugiados muçulmanos.
Francisco: ‘Migrantes não podem ser bode expiatório dos problemas da velha Europa’.
Francisco: ‘Migrantes não podem ser bode expiatório dos problemas da velha Europa’.
Por Alberto Bobbio*
Em Assis, o papa almoça com alguns refugiados acolhidos pela Comunidade de Santo Egídio e com os chefes de Estado e religiosos. Um modo concreto para dizer a importância da acolhida e que é possível construir a paz.
O fato de o Papa Francisco almoçar em Assis junto com os refugiados é uma mensagem de realismo político, além da indicação clara da vocação não só dos cristãos, mas também de todas as confissões religiosas, à acolhida.
Bergoglio disse naquela mesa que o medo não pode ditar a agenda da política, nem pode permitir que os migrantes sejam o bode expiatório dos problemas e da crise da velha Europa. Ele fez isso no dia em que a percepção europeia do drama dos migrantes atingiu o nível mais baixo. A União Europeia não os quer, ou, melhor, paga para mantê-los fora, porque os refugiados perturbam e fazem perder votos.
Merkel tem medo, Hollande também. Apenas Matteo Renzi tem a coragem de dizer que ele – e, esperamos, também toda a Itália – se importa mais em salvar as vidas do que em conquistar um punhado de votos. Mas ele é o único a dizer isso, assim como ele é o único a explicar que deve ser relançada uma estratégia global de investimentos e não só de ajuda pública ao desenvolvimento na África.
O presidente francês também recuou, apesar de ter participado na recente cúpula de Atenas, onde foi relançada uma iniciativa mediterrânea sobre a questão das migrações, que incomodou a Chancelaria e outros países da Europa do Norte.
A Europa está envelhecendo e se fecha como uma fortaleza. Nos últimos 35 anos, a sua população cresceu muito pouco, apenas 48 milhões de habitantes, incluindo a Rússia, mas 40 milhões deles são imigrantes. As projeções das Nações Unidas dizem que, se cessasse a contribuição das migrações, até 2050, a população europeia cairia 12%, isto é, perderia 87 milhões de habitantes. Isso significa menos jovens, menos ideias, menos frescor, menos oportunidade.
Nestes dias, no encontro da Santo Egídio em Assis foi dito com extrema clareza que a globalização daquela indiferença que blinda as fronteiras e levanta muros e arame farpado é um verdadeiro suicídio para a Europa.
Mas a Europa não entende isso e continua propondo um "Migration compact" para se defender e não para pensar em um novo desenvolvimento. Bergoglio faz um simples gesto para dizer que o medo só leva ao declínio e ao colapso, e enfraquece as democracias, sob o impulso dos populismos, que são muitos e variados, mas todos entrelaçados com o cinismo e a ignorância.
*A reportagem de Alberto Bobbio foi publicada no site da revista Famiglia Cristiana

sábado, 24 de setembro de 2016

Comunicar sem bancada da oposição



A eficácia da comunicação depende muito da bancada da oposição. Alimenta-se num ping-pong de ideias, argumentos e contra-argumentos que passa por cenários muito diversos. De facto, não são só as discussões parlamentares que se alimentam dessa lógica mediática. Ela sustenta diálogos na praça pública, debates em associações locais ou com emissões globais, controvérsias feitas para entreter e ainda mais as contestações entre adeptos de clubes com cores diferentes.
Quando a comunicação é institucional, procurar a eficácia e a emoção mediática, ou seja a audiência, a partir das reações que possam surgir na bancada da oposição pode não ser a melhor opção. Porque, de facto, a bancada da oposição não existe! Existe um público que é preciso conhecer, que se tem conquistar pela credibilidade, verdade e transparência e com o qual é necessário saber construir uma comunidade.
Considerações feitas a propósito da comunicação na Igreja Católica, em análise nestes dias nas Jornadas Nacionais de Comunicação Social. Erradamente feitas, talvez, porque se referem apenas a um público muito específico, mas no propósito de envolver todos os públicos na urgência da comunicação quando em causa está a evangelização.
Parcerias, sinergias, trabalho em rede, partilha de recursos e de conteúdos… Desejos, ideias que raramente se transformam em projetos. Mas permanece a vontade de que assim seja entre todos os que coordenam setores da comunicação em diferentes estruturas eclesiais porque esse é o objetivo é certo e sabido, “apenas” falta descobrir o caminho para lá chegar.
Colocado o tema novamente na agenda, os diálogos realizados, os debates provocados e os encontros efetuados motivam o compromisso com o desafio da comunicação na Igreja Católica numa atitude de proximidade, de escuta e de irrenunciável e permanente ligação à História que tem sustentado todas as aventuras de comunicação a comunicação há dois mil anos: o Verbo, a Palavra, Jesus Cristo.
Num ambiente digital, a comunicação vive ainda mais de histórias, momentos, imagens que quase sempre se veem apenas vez. E poucas instituições têm a garantia de que a mesma Imagem resulta quando comunicada muitas vezes como a Igreja Católica: os rostos de Jesus. Neste compromisso, os comunicadores, os evangelizadores, estão todos do mesmo lado, sem bancada da oposição.
Paulo Rocha - Agência Ecclesia.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Vaticano: Papa pede «verdade», «profissionalismo» e «honestidade» aos jornalistas

 O Papa Francisco encontrou-se hoje com cerca de 400 membros do Conselho da Ordem dos Jornalistas da Itália, a quem pediu que vivam a sua profissão com “verdade”, “profissionalismo” e “honestidade”.
“Apercebo-me que no jornalismo de hoje, um fluxo ininterrupto de factos e acontecimentos relatados 24 horas por dia e sete dias por semana, nem sempre é fácil chegar à verdade ou pelo menos aproximar-se dela”, disse, numa intervenção divulgada pelo Vaticano.
Francisco sublinhou que na vida “nem tudo é branco ou negro”, pelo que também o jornalismo de “discernir” entre as várias tonalidades dos acontecimentos que são chamados a relatar.
O Papa apelou a um empenho pessoal dos próprios jornalistas para “viver a verdade” e dar dela testemunho com o seu trabalho.
“A questão aqui é ser ou não honesto consigo mesmo e com os outros, a relação é o coração de qualquer comunicação”, precisou.
Segundo Francisco, o profissionalismo vai para além “das leis e dos regulamentos” e deve ter como pano de fundo o respeito pela “dignidade humana”.
A intervenção aludiu à missão do comunicador num momento em que os jornais impressos e a televisão perdem relevância para as redes sociais.
Esse processo de renovação chegou ao próprio Vaticano, com uma nova Secretaria para a Comunicação.
Francisco sublinhou que compete ao jornalista escrever “o primeiro esboço da História”, que determina a discussão e a interpretação dos acontecimentos.
“Deveria fazer-nos pensar que, no decorrer da história, as ditaduras não só tenham tentado apropriar-se dos meios de comunicação mas também impor novas regras à profissão jornalística”, recordou.
O Pontífice concluiu o seu discurso fazendo votos de que o jornalismo seja um instrumento de construção, “que não sopre sobre o fogo das divisões”, mas favoreça a cultura do encontro.
“O jornalismo não pode se tornar uma ‘arma de destruição’ de pessoas e, até mesmo, de povos, nem deve alimentar o medo diante de mudanças e fenómenos como as migrações forçadas pela guerra ou pela fome”,apelou.
OC - Agência Ecclesia.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Papa diz que misericórdia e perdão devem ser «estilo de vida» dos católicos

O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que a misericórdia e o perdão são uma marca da vida dos católicos e não um “slogan” sem consequências práticas.
“Ser misericordiosos significa saber estender a mão, oferecer um sorriso, realizar um gesto de amor para com todos os que necessitam”, explicou, na audiência pública semanal que reuniu, segundo a Rádio Vaticano, 25 mil pessoas na Praça de São Pedro.
A intervenção partiu afirmação de Deus que ama cada pessoa “como um pai e como uma mãe”, uma convicção que deve levar a Igreja a ser “sacramento da misericórdia de Deus no mundo” em todos os tempos.
Jesus não pretende subverter o decurso da justiça humana, todavia recorda aos discípulos que para ter relações fraternas é preciso suspender os juízos e as condenações.
Francisco acrescentou que o ensinamento de Jesus mostrou a necessidade de “suspender os julgamentos e condenações” para construir relações fraternas, a partir do perdão.
“O cristão deve perdoar. Porque? Porque foi perdoado. Todos nós que estamos aqui nesta Praça fomos perdoados. Nenhum de nós, nas nossas vidas, deixou de ter necessidade do perdão de Deus. Porque fomos perdoados, devemos perdoar, [como] todos os dias rezamos no Pai-Nosso”, apelou.
O Papa sustentou que julgar e condenar quem peca é “errado”, porque ninguém está “acima” dos outros nem de Deus, que ama e perdoa.
“Quanta necessidade temos todos nós de ser um pouco mais misericordiosos, de não falar mal dos outros, de não julgar, de não falar mal com críticas, com inveja, com ciúme. Não! Perdoar, ser misericordiosos, viver a nossa vida no amor e doar”, declarou.
Francisco dirigiu-se à multidão no seu habitual tom de diálogo para lhes fazer uma pergunta: “O que é que preferem: um coração de pedra ou um coração cheio de amor?”.
“Se preferirem um coração repleto de amor, sejam misericordiosos”, concluiu.
OC - Agência Ecclesia.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Assis 2016: Religiões unidas na condenação do terrorismo e do fundamentalismo

O Papa Francisco e os líderes religiões que se reuniram hoje na cidade italiana de Assis assinaram uma declaração conjunta pela paz na qual rejeitam o terrorismo e o fundamentalismo.
“A paz é o nome de Deus. Quem invoca o nome de Deus para justificar o terrorismo, a violência e a guerra, não caminha pela sua estrada: a guerra em nome da religião torna-se uma guerra contra a própria religião”, refere o ‘Apelo pela Paz’ assinado no final do encontro inter-religioso que decorreu desde domingo, concluído hoje na presença de Francisco.
“Com firme convicção, reiteramos que a violência e o terrorismo se opõem ao verdadeiro espírito religioso”, acrescenta o documento.
O texto foi lido publicamente após testemunhos de uma refugiada e líderes religiosos, além de um minuto de silêncio em memória das vítimas da guerra e do terrorismo.
O ‘Apelo pela Paz 2016’ foi entregue simbolicamente a um grupo de crianças, que levaram vários exemplares a responsáveis políticos e diplomáticos presentes em Assis.
“Colocamo-nos à escuta da voz dos pobres, das crianças, das gerações jovens, das mulheres e de tantos irmãos e irmãs que sofrem por causa da guerra; com eles, bradamos: Não à guerra!”, referem os signatários do documento.
Os representantes das várias confissões religiosas evocam o “o grito de dor de tantos inocentes” e pedem à comunidade internacional que trave “a ganância de quem trafica armas” e combatam situações de “pobreza, injustiça e desigualdade”.
A declaração conjunta recorda o 30.º aniversário do encontro inter-religioso pela paz promovido pelo Papa João Paulo II, também em Assis, que deu início a uma “longa peregrinação” de diálogo, contra “todas as formas de violência e abuso da religião para justificar a guerra e o terrorismo”.
O texto deixa votos de que se abra um “tempo novo” para que o mundo globalizado se torne uma “família de povos”.
“Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz; a partir de Assis, renovamos com convicção o nosso compromisso de o sermos, com a ajuda de Deus, juntamente com todos os homens e mulheres de boa vontade”, acrescentam os líderes religiosos.
O encontro concluiu-se simbolicamente com uma cerimónia em que foram acesas várias velas pela paz, num candelabro, e um abraço entre os presentes.
OC - Agência Ecclesial.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Diálogo inter-religioso: Papa em Assis para rezar ao «Deus da Paz»

O Papa está a visitar hoje a cidade italiana de Assis, para um encontro inter-religioso pela paz, num dia em que a Igreja Católica vive uma jornada mundial de oração por esta causa, "num mndo em guerra".
Francisco disse esta manhã, na Missa a que presidiu no Vaticano, que todas as religiões se devem unir na oração ao "Deus da paz", precisando que a iniciativa de Assis "nao é um espetáculo", mas um encontro "para rezar e rezar pela paz".
O pontífice argentino anunciou que tinha enviado uma carta aos bispos de todo o mundo, para que convidassem "os católicos, os cristãos, os crentes e todos os homens e mulheres de boa vontade, de qualquer religião, a rezar pela paz".
"Não existe um Deus da guerra", sustentou.
O Papa seguiu de helicóptero para Assis, onde aterrou no recinto desportivo “Migaghelli”, em Santa Maria dos Anjos.
Nesse local, Francisco foi recebido pelo arcebispo de Assis, D. Domenico Sorrentino, e pelas diversas autoridades civis e religiosas locais.
Já no Sacro Convento de Assis, Papa encontrou-se com patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I; com o arcebispo de Cantuária (Igreja Anglicana), Justin Welby; com o patriarca siro-ortodoxo de Antioquia, Efrém II; e com representantes das religiões judaica, muçulmana e budista.
Este grupo segue depois rumo ao Claustro de Sisto IV, onde se reúne com representantes das várias Igrejas e Religiões Mundiais, e os bispos da região da Úmbria, de Itália.
Francisco esteve durante mais de uma hora a cumprimentar os presentes, incluindo o padre e poeta português José Tolentino Mendonça.
O encontro de Assis assinala o 30.º aniversário do primeiro evento do género, promovido pelo Papa João Paulo II; o santo polaco repetiu o gesto em 1993 e 2002.
O agora Papa emérito Bento XVI também promoveu encontros em Assis, em 2006 e 2011.
Na cidade italiana, o Papa Francisco vai encontrar-se com seis vencedores do Prémio Nobel da Paz e um grupo de 25 refugiados, para além de vários líderes religiosos e do mundo do pensamento e da cultura.
25 refugiados foram convidados para participar no Encontro Internacional pela Paz em Assis: 10 hóspedes da Comunidade de Santo Egídio em Roma; 10 do Centro de Acolhimento de Requerentes de Asilo (Cara) de Castelnuovo di Porto; e cinco da Cáritas de Assis.
Os refugiados vão almoçar com o Papa, no refeitório do Sacro Convento dos Franciscanos; em seguida, uma refugiada oriunda de Alepo, na Síria, e refugiada na região da Toscana, subirá ao palco para tomar a palavra.
A tarde começa com uma série de encontros pessoais entre o Papa e os diversos líderes religiosos; pelas 16h00 os participantes terão uma oração ecuménica pela paz, na Basílica Inferior de São Francisco, (Igrejas e comunidades cristãs) e noutros locais (para as outras religiões).
A Praça de São Francisco acolhe a cerimónia conclusiva, com testemunhos de vítimas da guerra, de responsáveis religiosos, do fundador da Comunidade de Santo Egídio, e com o discurso do Papa.
O encontro internacional e inter-religioso pela paz em Assis, que tem como tema “Sede de paz. Religiões e cultura em diálogo”, termina com a leitura de “um Apelo de Paz”, que será depois entregue a crianças de vários países, para o distribuírem pelos líderes políticos e diplomáticos ali presentes, após um momento de silêncio pelas vítimas das guerras.
O “Apelo da Paz” vai ser assinado pelo Papa e pelos representantes das várias confissões religiosas.
Antes de partirem, os responsáveis religiosos vão largar dois balões de papel iluminados e a trocar o abraço da paz.
A chegada do Papa Francisco de volta ao Vaticano, de helicóptero, está prevista para as 19h35 de Roma (menos uma hora em Lisboa).
JCP/OC - Agência Ecclesia.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Vaticano: Papa denuncia corrupção generalizada e exploração laboral

O Papa Francisco denunciou hoje no Vaticano a “corrupção” generalizada na sociedade e a exploração laboral que “esmaga” os pobres”.
“Faz-me impressão ver como a corrupção se espalhou por todo o lado”, disse, na homilia da Missa a que presidiu pelo 200.º aniversário do da Gendarmaria, corpo policial do Estado da Cidade do Vaticano.
A reflexão do Papa partiu de três “tipos de pessoas” apresentadas pelas passagens da Bíblia que foram lidas durante a celebração: “o explorador, o fraudulento e o homem fiel”.
Francisco criticou os “fraudulentos, corruptos” que “ainda hoje” têm a riqueza como “um ídolo”.
O pontífice argentino alertou para os “subornos” e os “acordos que se fazem às escondidas”, numa obsessão pelo dinheiro de quem não se importa de “esmagar os pobres”.
A intervenção denunciou depois os “grandes negócios do trabalho escravo”.
“Hoje, no mundo, o trabalho escravo é um estilo de gestão”, lamentou Francisco.
O Papa assinalou que aqueles que têm o dinheiro como “única divindade” agem através “da fraude e da exploração”, atingindo em particular “os pobres e os indigentes, reduzidos à escravidão”.
Francisco pediu que a “astúcia” dos cristãos seja diferente, marcada pela “honestidade” e a “simplicidade”, porque só o homem fiel “pode andar de cabeça levantada”.
Mais tarde, na oração do ângelus, Francisco voltou ao tema dos “estilos de vida opostos”, o “mundano e o do Evangelho”.
“A mundanidade manifesta-se com atitudes de corrupção, de engano, de contrafação, e contribui para o caminho mais errado”, a “estrada do pecado”, alertou.
Já o “espírito do Evangelho”, acrescentou, deve levar a um “estilo de vida sério”, com “respeito pelos outros e pela sua dignidade”.
Francisco sublinhou que é importante “decidir que direção tomar”, sem querer estar ao mesmo tempo do lado da mundanidade e do Evangelho, porque ninguém “pode servir dois patrões”, Deus e o dinheiro.
O Papa observou que a corrupção também gera “dependência”, comparando-a com as drogas, provocando “pobreza, exploração e sofrimento”.
Durante a Missa rezou-se pelas vítimas do terramoto que em agosto atingiu a região central da Itália, onde a Gendarmaria do Vaticano marcou presença nas operações de socorro.
A homilia concluiu-se com elogios à ação da força policial, pedindo que todos no Vaticano reconheçam este serviço.
“Agradeço-vos pela vossa vocação, pelo trabalho que fazeis. Sei que muitas vezes tendes de lutar contra as tentações dos que vos querem comprar e sinto-me orgulhoso de saber que o vosso estilo é o dizer: ‘não, não alinho nisso’”, afirmou Francisco.
A Gendarmaria do Vaticano tem como comandante Domenico Giani e é o primeiro corpo dos serviços de segurança e proteção civil do governo do Estado da Cidade do Vaticano.
OC - Agência Ecclesia.

domingo, 18 de setembro de 2016

Vaticano: «Não basta apontar o dedo ou agredir quem não pensa como nós» - Papa Francisco

O Papa Francisco recebeu hoje os núncios apostólicos, seus representantes diplomáticos nos cinco continentes, e pediu que as Nunciaturas sejam “verdadeiramente a Casa do Papa” e de acompanhamento às Igrejas locais.
Na audiência que decorreu na Sala Clementina, o Papa explicou que o serviço do núncio deve ser feito com “sacrifício como humildes enviados” a cada realidade.
“Não basta apontar o dedo ou agredir quem não pensa como nós. Esta é uma mísera tática das atuais guerras políticas e culturais mas não pode ser o método da Igreja”, disse Francisco.
Para o pontífice argentino, o olhar da Igreja, representada nesses embaixadores, deve ser “vasto e profundo” sendo “a formação das consciências” o “dever primordial de caridade”, algo que quer “delicadeza e perseverança” na forma de agir.
“A sua missão não deve se sobrepor ao bispo, nem substitui-lo ou impedi-lo, mas o respeita, aliás, o favorece e apoia com o fraterno e discreto conselho”, assinalou recordando o Beato Papa Paulo VI, que reformou o serviço diplomático da Santa Sé.
Na audiência aos núncios apostólicos, que participam no seu Jubileu da Misericórdia, foi pedido que as Nunciaturas sejam “verdadeiramente a Casa do Papa” ou seja um lugar permanente de “apoio e conselho a todo o âmbito eclesial” e também referência para as autoridades públicas “não apenas para a função diplomática”.
“Vigiem para que as Nunciaturas não sejam refúgio dos ‘amigos e amigos de amigos’. Fujam das fofocas e dos carreiristas”, alertou.
Neste contexto, o Papa assinalou também a necessidade dos núncios apostólicos acompanharem as Igrejas “com o coração de pastores” e os povos “nos quais a Igreja de Cristo está presente”.
“Não somos vendedores de medo e da noite mas guardiões do alvorecer e da luz do Ressuscitado”, observou Francisco no final da audiência.
“O medo mora na obscuridade do passado e é provisório. O futuro pertence à luz. O futuro é nosso porque pertence a Cristo”, acrescentou, divulga a Sala de Imprensa da Santa Sé.
Antes da audiência Francisco já tinha celebrado a Eucaristia na Capela da Casa Santa Marta com a presença dos núncios.
"Quando chega a um novo país, o núncio deve realizar uma outra saída: sair de si mesmo para conhecer, o diálogo, para estudar a cultura, o modo de pensar, referiu, na homilia da celebração.
São mais de 100 os representantes diplomáticos do Papa nos cinco continentes que estão reunidos no Vaticano para a celebração do seu jubileu, no Ano Santo da Misericórdia.
Entre quinta-feira e hoje, o programa inclui encontros com responsáveis da Secretaria de Estado do Vaticano e uma palestra do cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso sobre as “relações com o Islão”.
Ainda no âmbito das celebrações do Jubileu da Misericórdia, o Papa promove a 18 de novembro um encontro para o qual convidou 163 colaboradores efetivos de representações pontifícias: conselheiros, secretários e adidos.
CB - Agência Ecclesia.

sábado, 17 de setembro de 2016

Guerra Religiosa?

O Papa Francisco evocou esta semana a figura do sacerdote francês assassinado por fundamentalistas islâmicos, durante a celebração da Eucaristia, e recordou aquela que deveria ser a regra definitiva de todas as confissões religiosas: “matar em nome de Deus é satânico”.
Preparando o seu regresso a Assis, o líder da Igreja Católica quis colocar as religiões na linha da frente do discurso contra o medo, o ódio e o terror. E é na linha da frente que têm de estar, para poder evitar consequências catastróficas de teorias mal construídas sobre a relação Igreja-Estado, mormente quando uma resposta de cariz securitário tende a demonizar o ‘crente que não crê como nós’. Ou, pior ainda, apenas por ser crente.
A identidade política carece sempre de um fundo cultural, histórico e religioso que ajude a entender o surgimento de novos protagonismos, na determinação de um sentido e de uma ordem social.
Marcel Gauchet, pensador francês, sublinhou a importância de dar atenção à especificidade do fundamentalismo islâmico apontando causas religiosas - não políticas ou sociais - para a violência terrorista. Um choque para europeus que abandonaram o que denomina como “religiosidade fundamental”.
A laicidade deve corresponder na Europa à afirmação de um paradigma de pluralidade e respeito, sem qualquer tolerância para a coação ou imposição violenta de convicções - também por parte dos Estados. Não deve apenas “suportar” os crentes, mas dar-lhes o devido espaço de afirmação e promover a proteção efetiva dos que professam as suas convicções, onde quer que os seus direitos sejam violados, como uma causa prioritária.
Concluindo: não é preciso ‘suspender o Ocidente’ para reagir ao terror. Somos chamados, isso sim, a promover a colaboração e o diálogo entre todas as partes da sociedade, religiosas, políticas, sociais, culturais, para evitar que aos fundamentalismos se responda com novos totalitarismos.
Octávio Carmo - Agência Ecclesia.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Papa denuncia perda de «dignidade» quando riquezas tomam o lugar de Deus

O Papa alertou hoje no Vaticano para a perda da “dignidade” humana quando as riquezas substituem a referência a Deus, durante um encontro com os membros da Associação Bíblica Italiana.
“O homem perde a sua dignidade quando, no seu coração, as riquezas tomam o lugar de Deus”, declarou, numa intervenção divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.
Francisco recorreu à linguagem futebolística para alertar para a possibilidade de a humanidade marcar “autogolos” que o levam a “degradar” a dignidade conferida por Deus a cada pessoa, face à “atração das riquezas”.
“Isso acontece quando negociamos a dignidade, quando abraçamos a idolatria, quando damos espaço nos nossos corações à experiência dos ídolos”, explicou.
O encontro decorreu no âmbito da Semana Bíblica Nacional da Itália, que tem como tema ‘Sejamos seres humanos ... masculino e feminino: declinações da polaridade homem-mulher nas Escrituras’.
Francisco convidou a refletir sobre a criação “à imagem e semelhança” de Deus, que diferencia o ser humano das outras criaturas.
OC - Agência Ecclesia.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Vaticano: Conselho de cardeais debateu perfil dos novos bispos e missão dos núncios

O Conselho de Cardeais que aconselha o Papa na reforma da Cúria Romana, conhecido como ‘C9’, concluiu hoje a sua 16ª reunião, marcada pelo debate sobre o perfil dos novos bispos e a missão dos núncios apostólicos (embaixadores da Santa Sé).
“Os cardeais refletiram amplamente sobre o perfil espiritual e pastoral necessário para um bispo de hoje. Depois falaram do tema do serviço diplomático da Santa Sé, da formação e das tarefas do núncio apostólico, com particular atenção para a sua grande responsabilidade na escolha de candidatos ao episcopado”, informa a Sala de Imprensa da Santa Sé, em comunicado, após a conclusão da reunião.
O encontro do organismo consultivo começou na segunda-feira e o Papa esteve presente nos trabalhos, tendo-se ausentado apenas esta manhã para a audiência geral, na Praça de São Pedro.
A reunião do C9, de que esteve ausente o arcebispo de Kinshasa, cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, “aprofundou as considerações relativas ao modo como os dicastérios da Cúria podem servir melhor a missão da Igreja”, adianta o Vaticano.
O debate centrou-se, desta feira, nas Congregações para o Clero, para os Bispos, para a Educação Católica e para o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
O cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, referiu ainda o trabalho desenvolvido pela Comissão Pontifícia para a América Latina.
A Secretaria para a Comunicação da Santa Sé entregou um dossier ao Conselho dos Cardeais acerca do andamento da reforma neste setor, informando sobre os próximos passos a dar.
O C9 ouviu ainda os responsáveis da Secretaria para a Economia e da Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores.
A próxima reunião do Conselho dos nove cardeais vai ter nos dias 12, 13 e 14 de dezembro.
OC - Agência Ecclesia.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Papa recorda padre assassinado em igreja francesa como «mártir»

O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que o padre Jacques Hamel, assassinado a 26 de julho dentro de uma igreja em França, durante a celebração da Eucaristia, é um “mártir”, considerando “satânico” matar em nome da religião.
“É um mártir! E os mártires são bem-aventurados. Devemos rezar para que ele nos dê a mansidão, a fraternidade, a paz, também a coragem de dizer a verdade: matar em nome de Deus é satânico”, declarou Francisco, na homilia da Missa em sufrágio pelo religioso, a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta.
O sacerdote octogenário foi morto por fundamentalistas islâmicos que tomaram reféns na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, próximo de Rouen, norte de França, antes destes serem abatidos pelas forças policiais.
A tradicional celebração matutina, explica o portal de informação do Vaticano, quis ser um “sinal de proximidade para os familiares do padre Jacques Hamel e de toda a comunidade de Rouen”.
Um grupo de 80 peregrinos da diocese francesa, acompanhados pelo seu bispo, D. Dominique Lebrun, participou na Missa de sufrágio.
Francisco começou por defender que há hoje na Igreja “mais mártires cristãos” do que nos primeiros séculos da sua história.
“Hoje há cristãos assassinados, torturados, presos, degolados por causa de não renegarem Jesus Cristo”, declarou.
O padre Jacques Hamel, disse depois, “faz parte desta cadeia de mártires”, dos que sofrem por causa da sua fé.
Francisco denunciou a “crueldade desta perseguição”, classificando de novo como “satânica” qualquer tentativa de levar à “apostasia” da própria fé.
“Quanto gostaria de que todas as confissões dissessem: matar em nome de Deus é satânico”, insistiu.
O Papa evocou a memória do padre Jacques Hamel como um “homem bom, manso, de fraternidade, que procurar sempre a paz” e que acabou “assassinado como se fosse um criminoso”.
“Esta é a linha satânica da perseguição”, advertiu.
Segundo o Papa, o sacerdote assassinado terá “identificado claramente o nome do assassino”, ao dizer, antes da sua morte: ‘Vai-te embora, Satanás’.
“Deus a vida por nós, deu a vida para não renegar Jesus. Deu a vida no mesmo sacrifício de Jesus sobre o altar e dali acusou o autor da perseguição: ‘Vai-te embora Satanás’”, prosseguiu.
Francisco concluiu com votos de que este “exemplo de coragem” ajude todos a procurar construir a “fraternidade”, sem “medo” dos outros.
A Missa teve transmissão em direto pelo Centro Televisivo do Vaticano; em cima do altar, estava uma foto do padre Jacques Hamel.
OC - Agência Ecclesia.