A Igreja Católica em Portugal associa-se nas missas dominicais deste fim-de-semana a uma coleta internacional a favor das vítimas da guerra na Ucrânia, convocada pelo Papa Francisco e que vai envolver todas as dioceses do mundo.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, esta quarta-feira, o coordenador da Capelania Nacional dos Imigrantes Ucranianos de Rito Bizantino destaca um gesto que mostra que os católicos portugueses e a Igreja em geral “não esquecem os seus irmãos”.
“O apoio material faz muita falta, mas tenho a certeza que este gesto fará também com que o povo ucraniano não se sinta só no meio desta guerra, e saiba que na Europa ainda existem pessoas, cristãos verdadeiros, que não estão fechados ao sofrimento e às necessidades dos outros”, realça o padre Ivan Hudz.
O conflito na Ucrânia arrasta-se desde novembro de 2014, em particular no leste do país, colocando em confronto grupos separatistas pró-russos e as forças de Kiev pelo controlo de território.
Desde a queda de Viktor Ianukovitch, que tinha decidido renunciar a um acordo comercial com a União Europeia, a população da península da Crimeia optou pela secessão com a Ucrânia e outras regiões têm manifestado a mesma pretensão.
O conflito já terá causado mais de 8 mil mortos e 16 mil feridos e, segundo a Cáritas Internationalis, provocou pelo menos um milhão de desalojados e deixou um número ainda maior de pessoas sem acesso a uma alimentação condigna, 300 mil das quais necessitam de ajuda imediata.
O Papa renovou esta quarta-feira no Vaticano no seu apelo à generosidade dos católicos na coleta especial em favor da população da Ucrânia.
“A população da Ucrânia sofre há muito tempo com as consequências de um conflito armado, esquecido por muitos. Como sabeis, convidei a Igreja na Europa a apoiar a iniciativa que lancei para ir ao encontro desta tragédia humana”, disse Francisco, durante a audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.
A Conferência Episcopal Portuguesa já anunciou a sua adesão à iniciativa, pedindo o contributo das comunidades cristãs do país e da sociedade em geral para ajudar “as graves e urgentes necessidades” da população ucraniana.
“Ultimamente vemos que os media não falam mais da guerra mas ela continua, as desgraças acontecem todas as semanas, há famílias que perderam tudo”, realça o padre Ivan Hudz, que acompanha uma comunidade de cerca de 60 mil ucranianos emigrantes em Portugal.
Apesar de longe, estas pessoas não esquecem as suas raízes e os familiares que deixaram no seu país.
Todos os meses, enviam apoios para a Ucrânia, “carrinhas com comida, com roupa”, apoiando também “soldados” hospitalizados “que precisam de próteses”, entre outras necessidades.
“Aqui não se olha para ortodoxos ou católicos, olha-se primeiro para a pessoa. Claro que temos sempre dificuldades com as questões burocráticas, com o passar das fronteiras, é difícil entrar”, realça o sacerdote, que destaca a importância de assegurar depois que as verbas que vão ser recolhidas “cheguem mesmo a quem mais precisa”.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, que tem em curso projetos de apoio aos cristãos ucranianos, oferece o livro “Os novos santos da Ucrânia" para conhecer alguns dos homens e mulheres que constituíram a base da Igreja na Ucrânia, sendo apenas necessário enviar o pedido para o endereço de e-mail apoio@fundacao-ais.pt
JCP/PR
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