“Pareceria que a ONU aprovou o óbvio ao se referir ao direito das crianças, pois é difícil imaginar que alguém possa afirmar o contrário” – afirma D. Odilo-.
Dom Odilo recorda que “mesmo em tempos de crise, a instituição familiar tem merecido o melhor dos esforços da Igreja, para ampará-la e fortalecê-la em sua dignidade e função social”. A Igreja Católica “não desconhece as dificuldades que sacodem a instituição familiar; mas não a considera como um barco à deriva, que deva ser abandonado à própria sorte”, afirma.
“Compreende-se, assim, por que o papa Francisco convocou uma assembléia extraordinária do Sínodo dos Bispos, com o objetivo de tratar dos atuais desafios da família, que interpelam também a missão da própria Igreja”.
Dom Odilo Scherer cita o Instrumento de trabalho do Sínodo sobre a família, elaborado a partir das respostas a um amplo questionário espalhado pelas dioceses do mundo inteiro.
“As respostas trataram de uma lista extensa de situações vividas pela família, que vão da difusão dos ensinamentos da Igreja sobre a família e o casamento, e sua recepção, ao trato da Igreja com tais questões, às pressões culturais, econômicas e morais sofridas pela família; mas também contemplam as atuais realidades familiares, como as novas uniões depois de uma separação ou divórcio e sua participação na vida da Igreja; as uniões sem formalização alguma, nem civil, nem religiosa; a aparente descrença no casamento e na família e a transmissão responsável da vida; a educação dos filhos, cada vez mais fora da responsabilidade dos pais; as uniões de pessoas do mesmo sexo, com a pretensão de ter status de casamento e família; as políticas contrárias ao casamento e à família em várias partes do mundo...”.
O que leva a Igreja a refletir sobre essas questões, “é a preocupação com as pessoas envolvidas nessas diversas situações concretas, sem abandoná-las, nem lhes dar a impressão de que a Igreja e o próprio Deus não têm mais nada para lhes oferecer”, afirma D. Odilo. “O Evangelho, de toda maneira, continua sendo “boa nova” de salvação e de vida para todos; as dificuldades atuais não são, nem devem ser, a referência última para a família e a pessoa humana”.
O Cardeal destaca que “não se espere que o Sínodo vá enfrentar esses temas de maneira pragmática, buscando apenas chegar a um simplista “pode-não pode”. As questões são profundas e não dependem de uma atitude voluntarista da Igreja, amoldável aos humores do tempo e dos movimentos culturais”. “Elas se inscrevem numa crise antropológica e cultural aguda, que atinge a própria pessoa humana, sua identidade e sentido”.
“Quando o ser humano é apreciado apenas do ponto de vista instrumental e utilitarista, ele passa a ser objeto de uso e meio para atingir objetivos de outras pessoas, da sociedade ou do Estado; e já não é mais vista um fim em si mesmo, como ensinava Emmanuel Kant: ‘o ser humano nunca deve ser tido como um meio, mas sempre como um fim em si mesmo’”.
Para D. Odilo “essa verdadeira deturpação do sentido do ser humano também leva à concepção da vida como aventura voltada sobre o próprio indivíduo, para o usufruto das sensações do momento, sem o horizonte da alteridade, no qual ele encontra a sua verdadeira expressão e sua realização mais plena”, o que gera uma grande “desorientação nas relações humanas, no sentido do amor, bem como nas instituições sociais mais elementares, como o casamento e a família, anteriores à própria sociedade organizada e ao Estado”.
A assembleia extraordinária do Sínodo é uma etapa do “caminho sinodal”, que se concluirá na 14ª assembleia ordinária do Sínodo, em outubro de 2015. Por fim, o Cardeal explica que “agora, o objetivo é fazer uma reflexão aprofundada sobre a situação da família e do casamento, para compreender melhor os motivos da sua crise e discernir sobre as novas perspectivas que se abrem para a missão da Igreja”.
Fonte: Zenit.
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