segunda-feira, 29 de junho de 2009

Papa lança encíclica diante da crise econômica



O papa Bento XVI assinará — no dia 29 de junho, que é dedicado aos santos Pedro e Paulo — a encíclica denominada Caritas in Veritate, sobre economia e trabalho: “Sem verdade, sem confiança e amor pelo verdadeiro, não existe consciência e responsabilidade social”, escreveu o papa.
Apesar de a assinatura estar marcada para o próximo dia 29, a nova encíclica só será publicada no dia 6 ou 7 de julho. Na ocasião, o papa estará em Castel Gandolfo, na sua residência oficial de verão, longe do calor do Vaticano, apesar dos jardins que o rodeiam.
Caritas in Veritate será a terceira encíclica do pontificado de Ratzinger e a primeira dedicada à economia e ao vasto universo do trabalho.
Não haverá ataque à globalização, mas a conclusão de que ela precisa ser governada, com novas regras.
Governada por quem?
A resposta está dada na encíclica. Pelo que já se sabe, o papa frisa que não seria um governo por meio de um megaestado nem pela ONU. Ratzinger propõe, consoante adiantado pela assessoria de imprensa vaticana, um modelo internacional de governo da globalização com uma “autoridade”. E essa autoridade “deverá (1) ser regrada pelo direito, (2) ater-se de modo coerente ao princípio da solidariedade, (3) ser dirigida à realização do bem comum e (4) empenhar-se na promoção de um autêntico e integral desenvolvimento humano, este inspirado nos valores da caridade e da verdade”.
Dois outros pontífices, Paulo VI e João Paulo II, já haviam feito incursões nessas áreas, respectivamente, na Populorum Progressio (1967) e Sollicitudo rei Socialis (1987).
Desde a última viagem de Ratzinger ao Oriente, já se falava que trabalhava numa nova encíclica, mas não havia notícia de que fosse restrita à área econômica, em razão da crise gerada nos EUA e que abateu o mundo.
Apostava-se em temas econômicos em razão da crise e de o papa Bento XVI ter trocado correspondência e tido vários encontros com grandes e conhecidos economistas. Pelos corredores da administração vaticana, até o nome de Delfim Netto foi ventilado.
O papa Ratzinger, na encíclica, em fase de revisão final feita pelo próprio autor, usa frases de muita força e efeito: “É necessária uma revisão aprofundada sobre o modelo de desenvolvimento”. Mais ainda, advertiu: “No novo contexto internacional é preciso ser reavaliado o papel do poder dos Estados”. Está concluído, também, que “uma abertura moralmente responsável à vida representa uma riqueza”.
PANO RÁPIDO. Muitos jornais europeus informam que, antes da crise global, o Estado do Vaticano andava economicamente mal das pernas.
Nada se sabe sobre o agravamento da situação vaticana nos dias atuais.
Empresários italianos do ramo de hotelaria reclamam da exploração, por ordens religiosas, de serviços de hotelaria, sem pagamento de tributos ao governo italiano e a estabelecer concorrência desleal: muitas ordens abriram as portas — dos seus anexos às igrejas, de mosteiros etc. — para atender turistas, com pagamento de diária baixa.
Espera-se que a contribuição do papa Ratzinger — nas encíclicas não é inspirado pelo Espírito Santo (só nas questões de fé) — seja de utilidade. Em breve, darei um telefonema ao Delfim Netto, que em matéria de economia também é papa.

–Wálter Fanganiello Maierovitch–


Fonte: Terra.

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