sexta-feira, 26 de junho de 2009

FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO


Mt 16, 13-19

“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”

Hoje a Igreja celebra a festa dos dois grandes apóstolos, Pedro e Paulo, e encerra a celebração do Ano Paulino. Como evangelho do dia, escolheu-se a história do caminho de Cesaréia de Felipe. O relato mais antigo está no Evangelho de Marcos, Cap. 8, o qual se tornou o pivô de todo o Evangelho. A estrutura de Mateus é diferente; mas, o relato tem a mesma finalidade, ou seja, clarificar quem é Jesus e o que significa ser discípulo d’Ele.

A pedagogia do relato é interessante. Primeiro, Jesus faz uma pergunta bastante inócua: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” Assim, vem muita resposta, pois essa pergunta não compromete, - é o “diz que”. Mas, a segunda pergunta traz a facada: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Agora não vem muitas respostas, pois quem responde em nome pessoal, e não dos outros, se compromete! Somente Pedro se arrisca e proclama a verdade sobre Jesus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Aparentemente Pedro acertou, e realmente, em Mateus, Jesus confirma a verdade do que proclamou! Afirmou que foi através de uma revelação do Pai que Pedro fez a sua profissão de fé. Mas, para que entendamos bem o trecho, é necessário que continuemos a leitura pelo menos até v. 25. Pois o assunto é mais complicado do que possa parecer.

Pois, após afirmar que Pedro tinha falado a verdade, Jesus logo explica o que quer dizer ser o Messias. Não era ser glorioso, triunfante e poderoso, conforme os critérios deste mundo. Muito pelo contrário, era ser fiel à sua vocação como Servo de Javé, era ser preso, torturado e assassinado, era dar a vida em favor de muitos. Jesus confirmou que era o Messias, mas não o Messias que Pedro esperava e queria. Ele, conforme as expectativas do povo do seu tempo, queria um Messias forte e dominador, não um que pudesse ir, e levar os seus seguidores também, até a Cruz! Por isso, Pedro reluta com Jesus, pedindo que nada disso acontecesse. Como recompensa, ganha uma das frases mais duras da Bíblia: “Afasta-se de mim, satanás, você é uma pedra de tropeço para mim, pois não pensa as coisas de Deus, mas dos homens!” (v. 23). Pedro, cuja proclamação de fé mereceu ser chamado a pedra fundamental da Igreja (v. 18), é agora chamado de satanás - o Tentador por excelência - e “pedra de tropeço” para Jesus! Pedro usava o título certo, mas tinha a prática errada! Usando os nossos termos de hoje, de uma forma um tanto anacrônica, podemos dizer que ele tinha ortodoxia, mas não, ortopraxis!

Assim, Jesus usa o equívoco de Pedro para explicar o que significa ser seguidor d’Ele: “Se alguém quer me seguir, renuncie a se mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (v. 24). Ter fé em Jesus não é em primeiro lugar um exercício intelectual ou teológico, mas uma prática, o seguimento d’Ele na construção do seu projeto, até às últimas consequências.

Hoje, enquanto celebramos os nossos dois grandes missionários, a pergunta de Jesus ressoa forte, - a segunda pergunta. Para nós, quem é Jesus? Não para o catecismo, não para o papa ou o bispo, mas para cada de nós, pessoalmente? No fundo, a resposta se dá, não com palavras, mas pela maneira em que vivemos e nos comprometemos com o projeto de Jesus - ele que veio para que todos tivessem a vida e a vida plenamente!(Jo 10, 10). Cuidemos para que não caiamos na tentação do equívoco de Pedro, a de termos a doutrina certa, mas a prática errada!

Fonte: Tomas Hughes, SVD

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