terça-feira, 30 de junho de 2009
Inauguram exposição "São Paulo: mestre da fé e a verdade" no Brasil
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Bósnia vive processo de islamização, afirma cardeal Rodé
A Bósnia vive um processo de islamização. Sarajevo converteu-se em uma cidade praticamente muçulmana.
Foi o que afirmou o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, cardeal Franc Rodé, após visitar o país dos Bálcãs entre 19 e 21 de junho.
Em uma entrevista emitida ontem por Rádio Vaticano, o cardeal afirmou que os católicos foram as principais vítimas da guerra e muitos fugiram do país para a Croácia e também para países mais distantes como Austrália, Canadá e Nova Zelândia.
Muitos deixaram o país porque seus lares foram incendiados, outros pela pressão e o medo de perder inclusive a vida.
De fato, muitos sacerdotes e religiosos foram assassinados. Igrejas e mosteiros queimaram e foram destroçados.
“Numericamente diminuíram muito”, explicou, após visitar a diocese de Sarajevo e Banja Lunka, convidado pelo cardeal Vinko Puljic.
Em Sarajevo, cidade de 600 mil habitantes, há apenas 17 mil católicos; na diocese de Banja Luka, antes da guerra de 1991 a 1995, havia 150 mil católicos, agora restam 35 mil”, disse.
No entanto, o cardeal Rodé afirma que não encontrou pessimismo nem desânimo nas comunidades católicas.
Ao contrário, os católicos querem permanecer ali e oferecer seus serviços eclesiais, especialmente os sociais, de educação e formação, para todos, católicos, ortodoxos e muçulmanos.
Por exemplo, em Banja Luka, Dom Franjo Komarica planeja uma universidade católica que se distinga pelo diálogo inter-religioso.
“A Igreja que encontrei na Bósnia-Herzegóvina, ainda que numericamente seja reduzida, é uma Igreja viva, cheia de esperança”, assegurou.
Acrescentou que é “uma Igreja muito motivada e sobretudo à qual não faltam vocações sacerdotais e religiosas”.
Política de identificação
Mais de 100 mesquitas foram construídas nos últimos anos, inclusive em povoados nos quais nunca tinha existido uma mesquita.
“Existe, de fato, uma vontade de islamizar a região de Sarajevo”, assinalou, assim como “uma vontade de fazer da República Sérvia um país ortodoxo”.
Neste outro país da antiga Iugoslávia, “o governo constrói igrejas ortodoxas –alguma delas muito bonitas–, mas é uma política de identificação”, disse.
“Os sérvios, também aqueles que atualmente estão no poder e no início eram membros do partido comunista, são hoje tranquila e abertamente ortodoxos”, acrescentou,
O cardeal Rodé expressou sua esperança em que na Bósnia-Herzigóvina vivam-se relações de tolerância e respeito e, se possível, também de simpatia, e de colaboração, por exemplo, no campo social”.
Fonte: Zenit.
Papa lança encíclica diante da crise econômica
Apesar de a assinatura estar marcada para o próximo dia 29, a nova encíclica só será publicada no dia 6 ou 7 de julho. Na ocasião, o papa estará em Castel Gandolfo, na sua residência oficial de verão, longe do calor do Vaticano, apesar dos jardins que o rodeiam.
Caritas in Veritate será a terceira encíclica do pontificado de Ratzinger e a primeira dedicada à economia e ao vasto universo do trabalho.
Não haverá ataque à globalização, mas a conclusão de que ela precisa ser governada, com novas regras.
Governada por quem?
A resposta está dada na encíclica. Pelo que já se sabe, o papa frisa que não seria um governo por meio de um megaestado nem pela ONU. Ratzinger propõe, consoante adiantado pela assessoria de imprensa vaticana, um modelo internacional de governo da globalização com uma “autoridade”. E essa autoridade “deverá (1) ser regrada pelo direito, (2) ater-se de modo coerente ao princípio da solidariedade, (3) ser dirigida à realização do bem comum e (4) empenhar-se na promoção de um autêntico e integral desenvolvimento humano, este inspirado nos valores da caridade e da verdade”.
Dois outros pontífices, Paulo VI e João Paulo II, já haviam feito incursões nessas áreas, respectivamente, na Populorum Progressio (1967) e Sollicitudo rei Socialis (1987).
Desde a última viagem de Ratzinger ao Oriente, já se falava que trabalhava numa nova encíclica, mas não havia notícia de que fosse restrita à área econômica, em razão da crise gerada nos EUA e que abateu o mundo.
Apostava-se em temas econômicos em razão da crise e de o papa Bento XVI ter trocado correspondência e tido vários encontros com grandes e conhecidos economistas. Pelos corredores da administração vaticana, até o nome de Delfim Netto foi ventilado.
O papa Ratzinger, na encíclica, em fase de revisão final feita pelo próprio autor, usa frases de muita força e efeito: “É necessária uma revisão aprofundada sobre o modelo de desenvolvimento”. Mais ainda, advertiu: “No novo contexto internacional é preciso ser reavaliado o papel do poder dos Estados”. Está concluído, também, que “uma abertura moralmente responsável à vida representa uma riqueza”.
PANO RÁPIDO. Muitos jornais europeus informam que, antes da crise global, o Estado do Vaticano andava economicamente mal das pernas.
Nada se sabe sobre o agravamento da situação vaticana nos dias atuais.
Empresários italianos do ramo de hotelaria reclamam da exploração, por ordens religiosas, de serviços de hotelaria, sem pagamento de tributos ao governo italiano e a estabelecer concorrência desleal: muitas ordens abriram as portas — dos seus anexos às igrejas, de mosteiros etc. — para atender turistas, com pagamento de diária baixa.
Espera-se que a contribuição do papa Ratzinger — nas encíclicas não é inspirado pelo Espírito Santo (só nas questões de fé) — seja de utilidade. Em breve, darei um telefonema ao Delfim Netto, que em matéria de economia também é papa.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO
Mt 16, 13-19
“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”
Hoje a Igreja celebra a festa dos dois grandes apóstolos, Pedro e Paulo, e encerra a celebração do Ano Paulino. Como evangelho do dia, escolheu-se a história do caminho de Cesaréia de Felipe. O relato mais antigo está no Evangelho de Marcos, Cap. 8, o qual se tornou o pivô de todo o Evangelho. A estrutura de Mateus é diferente; mas, o relato tem a mesma finalidade, ou seja, clarificar quem é Jesus e o que significa ser discípulo d’Ele.
A pedagogia do relato é interessante. Primeiro, Jesus faz uma pergunta bastante inócua: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” Assim, vem muita resposta, pois essa pergunta não compromete, - é o “diz que”. Mas, a segunda pergunta traz a facada: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Agora não vem muitas respostas, pois quem responde em nome pessoal, e não dos outros, se compromete! Somente Pedro se arrisca e proclama a verdade sobre Jesus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Aparentemente Pedro acertou, e realmente, em Mateus, Jesus confirma a verdade do que proclamou! Afirmou que foi através de uma revelação do Pai que Pedro fez a sua profissão de fé. Mas, para que entendamos bem o trecho, é necessário que continuemos a leitura pelo menos até v. 25. Pois o assunto é mais complicado do que possa parecer.
Pois, após afirmar que Pedro tinha falado a verdade, Jesus logo explica o que quer dizer ser o Messias. Não era ser glorioso, triunfante e poderoso, conforme os critérios deste mundo. Muito pelo contrário, era ser fiel à sua vocação como Servo de Javé, era ser preso, torturado e assassinado, era dar a vida em favor de muitos. Jesus confirmou que era o Messias, mas não o Messias que Pedro esperava e queria. Ele, conforme as expectativas do povo do seu tempo, queria um Messias forte e dominador, não um que pudesse ir, e levar os seus seguidores também, até a Cruz! Por isso, Pedro reluta com Jesus, pedindo que nada disso acontecesse. Como recompensa, ganha uma das frases mais duras da Bíblia: “Afasta-se de mim, satanás, você é uma pedra de tropeço para mim, pois não pensa as coisas de Deus, mas dos homens!” (v. 23). Pedro, cuja proclamação de fé mereceu ser chamado a pedra fundamental da Igreja (v. 18), é agora chamado de satanás - o Tentador por excelência - e “pedra de tropeço” para Jesus! Pedro usava o título certo, mas tinha a prática errada! Usando os nossos termos de hoje, de uma forma um tanto anacrônica, podemos dizer que ele tinha ortodoxia, mas não, ortopraxis!
Assim, Jesus usa o equívoco de Pedro para explicar o que significa ser seguidor d’Ele: “Se alguém quer me seguir, renuncie a se mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (v. 24). Ter fé em Jesus não é em primeiro lugar um exercício intelectual ou teológico, mas uma prática, o seguimento d’Ele na construção do seu projeto, até às últimas consequências.
Hoje, enquanto celebramos os nossos dois grandes missionários, a pergunta de Jesus ressoa forte, - a segunda pergunta. Para nós, quem é Jesus? Não para o catecismo, não para o papa ou o bispo, mas para cada de nós, pessoalmente? No fundo, a resposta se dá, não com palavras, mas pela maneira em que vivemos e nos comprometemos com o projeto de Jesus - ele que veio para que todos tivessem a vida e a vida plenamente!(Jo 10, 10). Cuidemos para que não caiamos na tentação do equívoco de Pedro, a de termos a doutrina certa, mas a prática errada!
Fonte: Tomas Hughes, SVD
Óbolo de São Pedro torna caridade do Papa possível
O dinheiro recolhido não é destinado aos gastos da Santa Sé, já que para isso existem outras coletas ou entradas; este valor é dedicado às obras de ajuda a favor dos mais pobres.
O Óbolo de São Pedro compreende também as contribuições procedentes dos institutos de vida consagrada, sociedades de vida apostólica e fundações, assim como de doações de fiéis particulares.
Segundo os últimos dados disponíveis que Zenit pôde ver, o Óbolo de São Pedro recolheu em 2007 quase 80 milhões de dólares, enquanto no ano anterior havia sido cerca de 100 milhões. Nos próximos dias, serão divulgados os dados relativos a 2008.
A generosidade dos católicos dos Estados Unidos, segundo o informe, representa 28,29% deste valor, em particular com 18.725.327 dólares. Depois vem a Itália, que contribuiu com 13,04% (8.632.171), Alemanha com 6,08% (4.026.308 dólares), Espanha com 4,10% (2.715.524 dólares), França com 3,68% (2.436.935 dólares), Irlanda com 3,33% (2.205.917 dólares), Brasil com 2,18% (1.441.987 dólares), República da Coreia com 1,60% (1.055.701 dólares).
No último ano, estas ajudas foram destinadas a paliar a situação de populações atingidas por catástrofes naturais (terremotos, inundações) ou pela violência (como o caso da doação que o Papa deu a Gaza após a guerra de janeiro), através do Conselho Pontifício Cor Unum.
O Óbolo de São Pedro permitiu, além disso, ajudar a Cidade dos Meninos “Nazaré” da Ruanda (Nazareth Boys Town, de Mbare), que acolhe órfãos, com frequência vítimas do genocídio e da guerra civil.
Da mesma forma, o Óbolo permitiu destinar ajudas através da Fundação Populorum Progressio, para os camponeses e indígenas da América Latina, e através da Fundação João Paulo II para o Sahel, que apoia projetos de desenvolvimento na África Subsaariana, especialmente onde se dá o risco da desertização.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Obama visitará Papa no dia 10 de julho
Será o primeiro encontro face a face entre o presidente dos EUA e o Santo Padre, que se realizará por ocasião da visita que o presidente fará à Itália para participar da cúpula do Grupo dos Sete países mais desenvolvidos e a Rússia (G8), que será realizada de 8 a 10 de julho na cidade italiana de L’Aquila.
O Pe. Federico Lombardi, SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, assegurou, em declarações aos jornalistas, que “Bento XVI está disponível para encontrar o presidente dos Estados Unidos no dia 10 de julho”.
A decisão de programar o encontro para a tarde – o que foge do habitual protocolo – se deve à apertada agenda do presidente.
A visita acontecerá depois da polêmica suscitada pela universidade católica de Notre Dame de oferecer o título de Doutor Honoris Causa a Obama, apesar de que em sua carreira de legislador, e agora como presidente, ele tenha se destacado pelo apoio a medidas que favorecem o aborto e a supressão de embriões.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Delegação do patriarca de Constantinopla em Roma para festa do Papa
Segundo explica uma nota do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, este gesto já se converteu em uma tradição, que começou em 1969, com o cardeal Johannes Willebrands, que era presidente do que então se chamava Secretariado para a Unidade dos Cristãos.
A delegação do patriarca Bartolomeu I é guiada este ano pelo metropolita da França, Emmanuel, diretor do Escritório da Igreja Ortodoxa na União Europeia, e está composta pelo bispo de Sinope, Athenagoras, assistente do metropolita da Bélgica, e pelo diácono Ioakim Billis, de El Fanar.
Os visitantes participarão das Vésperas, no dia 28 de junho, presididas pelo Papa Bento XVI em São Paulo Fora dos Muros, com as que clausurará o Ano Paulino. No ano passado, na inauguração, nesta mesma basílica, esteve presente o próprio patriarca Bartolomeu I.
A delegação participará da Celebração Eucarística que o Papa presidirá na Basílica Vaticana, na qual entregará o pálio aos arcebispos metropolitanos nomeados este ano. Também terá reuniões com o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos e será recebida por Bento XVI em audiência privada.
Últimos dias da exposição sobre pastorinho Francisco
Até à presente data, a exposição, inaugurada a 4 de abril pelo bispo de Leiria-Fátima, teve mais de 110.000 visitantes.
Em continuidade ao programa de visitas guiadas a esta exposição, pelo responsável da sessão de Arte e Patrimônio do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte, a última visita guiada está agendada para a próxima quinta-feira, dia 25 de junho, pelas 15 horas.
Alguns dos objetos em exposição integram o espólio do Santuário de Fátima, outros foram gentilmente dispensados por várias instituições religiosas.
Em alguns expositores estão relíquias que nunca antes estiveram expostas, entres as quais um núcleo de peças ligadas à trasladação de Francisco Marto do Cemitério de Fátima para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima, em 1952.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Caráter ontológico da dignidade humana, condição para democracia
A dignidade humana deve-se entender a partir de seu caráter ontológico para que exista uma verdadeira democracia.
Foi o que assinalou o presidente honorário da Academia Pontifícia para Vida, Dom Elio Sgreccia, em uma mesa-redonda celebrada no dia 18 de junho na Universidade CEU San Pablo, em Madri.
Pada Dom Sgreccia, a dignidade baseada na ética ontológica “apresenta-se como algo universal”, o que não acontece “na ética dos direitos que hoje prevalece”; informou a sala de imprensa da Universidade.
Segundo o prelado, o que prevalece muitas vezes hoje é uma ética da utilidade, em que o reconhecimento dos direitos não está sujeito à aceitação de sua realidade intrínseca, mas a valorações externas de tipo social.
O prelado referiu-se a duas realidades que derivam desse conceito equivocado da dignidade humana: a prática da eutanásia e do aborto.
Esse conceito desvirtuado modela uma visão da dignidade pessoa “em que se discute se é pessoa um homem que perdeu suas faculdades”, por exemplo.
A dignidade de um filho não deve depender de que seja “aceito por seus pais ou esteja em plenas condições”, assinalou.
O prelado opôs-se à perspectiva que identifica dignidade com “percepção do bem-estar pessoal”.
Sgreccia proclamou que “a dignidade está ligada ao fato de existir”, e não a uma “capacidade biológica, psicológica ou qualquer outra avaliação social”.
“Disso depende a igualdade –assinalou. Apenas se a dignidade da pessoa for entendida sob essa perspectiva, é possível uma verdadeira democracia, que deve implicar que todos têm valor, até o mais frágil”.
Na opinião de Dom Sgreccia, urge “valorizar o verdadeiro peso da dignidade”. Sobretudo quando em nome dela “se suspende a ajuda ao neonato com deficiências ou a ajuda a enfermos terminais”, ou “quando se interroga sobre as condições de vida digna do enfermo terminal”.
“A dignidade do homem não aceita gradação”, argumentou, razão pela qual “o embrião tem desde o começo a dignidade própria de uma pessoa”.
Dom Sgreccia referiu-se à instrução Dignitas Personae e recordou que as técnicas de fecundação são admissíveis quando ajudam a plena realização do ato conjugal e não o substituem.
Fonte: Zenit.
Papa propõe modelo de De Gasperi a políticos
O Papa destacou assim esta figura ao receber em audiência os membros da Fundação Alcide De Gasperi no sábado passado, 20 de junho, em presença da filha do político, Maria Romana De Gasperi, e do senador vitalício Giulio Andreotti, íntimo colaborador seu durante anos.
O pontífice elogiou sua “reconhecida retidão moral” e sua fina “sensibilidade religiosa”, baseada em “sua indiscutível fidelidade aos valores humanos e cristãos”, segundo informou a Sala de Imprensa da Santa Sé através de um comunicado divulgado no sábado.
“Formado na escola do Evangelho, De Gasperi foi capaz de plasmar em atos concretos e coerentes a fé que professava”, afirmou.
“Espiritualidade e política foram, de fato, duas dimensões que convergiram em sua pessoa e caracterizaram seu empenho social e espiritual”, destacou.
O Santo Padre constatou que é verdade que “em alguns momentos, não faltaram dificuldades e inclusive incompreensões por parte do mundo eclesiástico, mas De Gasperi não vacilou em sua adesão à Igreja”.
“Dócil e obediente à Igreja – reconheceu o pontífice –, foi autônomo e responsável em suas opções políticas, sem usar a Igreja para fins políticos e sem ceder jamais nos compromissos com sua reta consciência.”
Tanto é assim que, “no ocaso de seus dias, ele pôde dizer: ‘Fiz tudo o que estava em minhas mãos, minha consciência está em paz’”.
Ao concluir, Bento XVI desejou “que a lembrança de sua experiência de governo e do seu testemunho cristão seja alento e estímulo para todos os que hoje dirigem os destinos da Itália e de outras populações, especialmente para os que se inspiram no Evangelho”.
A Fundação Alcide De Gasperi, constituída em 1982, é uma instituição cultural de inspiração cristã e atua nos âmbitos nacional e internacional para o fortalecimento da democracia, a difusão da liberdade e o aprofundamento nas questões de política internacional.
Através da organização de eventos e conferências, da concessão de prêmios, da realização de projetos de formação universitária e pós-graduação e da atividade jornalística e editorial, a Fundação procura também promover a unidade europeia e a paz entre as nações.
Alcide De Gasperi foi um político que, junto a Konrad Adenauer, Robert Schuman e Jean Monnet, é considerado como “pai da Europa unida”, pois contribuiu decisivamente para a criação das Comunidades Europeias.
Ele foi ministro de Relações Exteriores e primeiro-ministro da Itália, assim como fundador da Democracia Cristã (Itália) e último secretário do Partido Popular Italiano. Está em curso seu processo de beatificação.
Bispos do Brasil discutirão Palavra de Deus em assembleia em 2010
A reunião episcopal, que acontecerá em Brasília por ocasião do Congresso Eucarístico Nacional, está agendada para os dias 3 a 10 de maio, enfocando “Discípulos e servidores da Palavra de Deus e a missão da Igreja no mundo”; informa a Sala de Imprensa da CNBB. O organismo discutirá ainda uma Mobilização Bíblica Nacional.
O tema foi aprovado pelo Conselho Permanente da CNBB, que se reuniu na semana passada.
Campanha da Fraternidade
Na reunião dos responsáveis da CNBB também se definiu o tema da Campanha da Fraternidade da Igreja no Brasil em 2011. Será “Fraternidade e a vida no planeta” e o lema “A criação geme em dores de parto”. Na edição de 2010, a Campanha será ecumênica e terá como tema “Economia e vida” e lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”, escolhido no ano passado.
O secretário executivo da CF, padre José Adalberto Vanzella, explicou que, após a escolha dos temas, o próximo passo será a realização de um seminário em Brasília. O evento acontecerá nos dias 10 e 11 de setembro, na sede da CNBB. Discutirá as estruturas para a Campanha de 2011, que serão apresentadas para aprovação dos bispos.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Erasmo e seu amigo Thomas More
Em 1440, a imprensa distribuiu ao mundo, em massa, livros que transformariam e enriqueceriam a vida do homem para sempre. Isso deu origem aos impressos avulsos, sendo os primeiros jornais. E, nessa linha, o ensaio (artigo de opinião) nasceu sob a forma de panfleto.
Os intelectuais renascentistas tinham muito a escrever. No turbulento período da Reforma, muitas pessoas perderam seus líderes espirituais e se voltaram para a leitura das sofisticadas obras literárias desses experts.
A heresia apareceu lado a lado com a sã doutrina, e a confusão estava completamente espalhada. As pessoas podiam ler Calvino um dia e “A Defesa dos Sete Sacramentos” no outro. Como a Igreja foi desafiada na essência de seus ensinamentos, os fiéis sentiram-se à deriva e inseguros, e certos intelectuais viram a oportunidade de fazer nome envolvendo-se em questões do momento, sem promover verdadeiramente em debate teológico.
Erasmo de Rotterdam foi um desses. Embora ele fosse reconhecido como católico durante toda a Reforma, suas escritas e sátiras causaram muitas incertezas, ao ponto em que a renovação católica da geração seguinte o culpou por ter causado danos que eclodiram na Reforma.
Este ano marca o 500° aniversário da sátira mais célebre de Erasmo, "Elogio da loucura", onde ele empresta sua caneta para registrar as queixas dos reformadores, expondo a figura de papas, teólogos e religiosos (entre muitos outros) ao ridículo. O livro é escrito pela Loucura, em primeira pessoa (uma mulher, claro), exultando seu domínio e suas vitórias.
Erasmo, abençoado com uma excelente formação humanística, mobilizou seu excelente latim e seu dom em ser ágil para dar respostas prontas em assuntos polêmicos. Apesar dos problemas enfrentados pela fé católica e em um tempo no qual os protestantes clamam pela "mudança", ele desmotivou e desencorajou muitos de seus companheiros católicos.
O tratamento de Erasmo pelo Magistério Papal como uma consideração secundária desempenha um papel crucial em enfraquecer a autoridade do papado. Firme nas suas próprias razões e em sua genialidade, nunca ocorreu ao Erasmo procurar conselhos de Roma a fim de saber como seus escritos poderiam afetar aqueles que estavam em confronto contra as forças do protestantismo. Lendo seu trabalho, alguns católicos desavisados pensavam que aquela crítica explícita à Igreja era a ordem do dia.
O legado de Erasmo ilustra os perigos de reduzir a doutrina na abordagem das grandes questões do dia. Embora a Eucaristia estivesse sendo rejeitada e profanada a partir de uma extremidade à outra da Europa, Erasmo se divertiu com aqueles que tentaram explicar a transubstanciação. Deixando de lado o papel da teologia na Igreja, ele se jogou diretamente nas mãos dos dissidentes protestantes, que o consideraram um dos seus.
Esse tipo de “loucura” conduziu a trágicas conseqüências, no caso de Erasmo. Em 1535, seu amigo e antigo correspondente, Sir Thomas More, foi decapitado na Inglaterra. Os dois colegas tinham chegado a uma encruzilhada. O Rei Enrique VIII tentou coagir Thomas More a agir contra sua fé e consciência, negando o Magistério. Thomas não podia. Erasmo ficou quieto.
A caneta rápida de Erasmo ficou sem tinta durante o julgamento, a prisão e o assassinato de seu amigo Thomas More. Paralisada por covardia ou ideal, deve ter sido doloroso.
Sem dúvida, com a sua perspicácia e brilhantismo, Erasmo esperava desempenhar um papel crucial nos marcos históricos de seu tempo. Mas ele não tinha a clareza de consciência e de desejo de verdade que caracterizou o seu amigo Thomas More.
Erasmo se confortou por ter escrito aquela “loucura” e tomou um caminho fácil para o perdão, lançando culpas em erros e insensatez da juventude. Mas, enquanto São Thomas More irá ser homenageado nos altares em sua festa de 6 de julho, Erasmo será sempre lembrado como aquele que rabiscava enquanto Roma queimava.
[Elizabeth Lev ensina arte cristã e arquitetura no campus Italiano da Universidade de Duquesne e no programa de estudos católico da Universidade de St. Thomas]
Fonte: Zenit.
domingo, 21 de junho de 2009
Papa à Igreja Católica síria: Eucaristia como caminho da unidade
“Encontrai na Eucaristia, sacramento da unidade e da comunhão, a força para superar as dificuldades que vossa Igreja experimentou nos últimos anos para achar os caminhos do perdão, da reconciliação e da comunhão”, disse aos representantes de milhares de católicos que vivem no Iraque, na Turquia e na Síria.
“É a Eucaristia que funde nossas diversas tradições na unidade do único Espírito, fazendo delas uma riqueza para todo o povo de Deus”, assegurou.
“A Eucaristia é o pão de vida que nutre vossas comunidades e as faz crescer na unidade e na caridade”, continuou.
“Que a celebração da Eucaristia, fonte e cume da vida eclesial, vos mantenha ancorados na antiga tradição síria, que reivindica a possessão da mesma língua do Senhor Jesus e ao mesmo tempo abre diante de vós o horizonte da universalidade eclesial”, acrescentou.
Bento XVI expressou sua “profunda preocupação pelos vossos problemas eclesiais” e desejou que a participação na Eucaristia “vos torne atentos cada dia ao que o Espírito sugere às Igrejas”.
Também “que abra vosso coração para que possais discernir os sinais dos tempos à luz do Evangelho e que saibais aceitar as expectativas e as esperanças da humanidade, respondendo às necessidades dos que vivem em condições de extrema pobreza”.
“Acompanho com satisfação a retomada da plena atividade do vosso sínodo”, indicou, depois de destacar a fidelidade da Igreja Católica síria ao Papa e à sua tradição oriental.
“Alento vossos esforços por favorecer a unidade, a compreensão e o perdão, que cada dia deveis considerar como objetivos prioritários para a construção da Igreja de Deus”, destacou.
E garantiu: “Rezo pela paz no Oriente Médio, especialmente pelos cristãos que estão no Iraque”.
O pontífice lhes pediu que mantenham seu olhar fixo em Jesus e compartilhou com eles outra de suas principais preocupações: a vida espiritual dos sacerdotes.
Neste sentido, desejou que o Ano Sacerdotal que ele inaugurou nesta tarde “seja uma oportunidade fecunda para toda a Igreja”.
A audiência se realizou um dia depois da cerimônia oficial de concessão da comunhão eclesiástica ao novo patriarca, segundo o previsto nos sagrados cânones, em presença do representante papal, o cardeal Leonardo Sandri, na Basílica de Santa Maria a Maior, em Roma.
O primeiro sínodo católico sírio presidido pelo novo patriarca aconteceu no mosteiro de Nossa Senhora da Salvação, em Charfé (Líbano), de 9 a 13 de junho.
Os católicos sírios são hoje cerca de 150 mil no mundo. Vivem praticamente no Iraque (42 mil), na Síria (26 mil), na Turquia e aproximadamente 55 mil na diáspora.
sábado, 20 de junho de 2009
Sagrado Coração: devoção ao coração humano e divino de Jesus
A história desta devoção tem mais de 800 anos. Seus inícios se deram com a mística alemã da Alta Idade Média Matilde Magdeburgo (1207 - 1282), seguida por Matilde de Hackenborn (1241 - 1299) e por Getrudes de Helfta (1266 - 1302).
Depois, foram vários os santos que continuaram promovendo o culto ao Sagrado Coração. Entres eles está São Boaventura, Santo Alberto Magno, Santa Gertrudes, Santa Catarina de Sena, o beato Henrique Suso, São Pedro Canísio e São Francisco de Sales.
São João Eudes foi o autor do primeiro ofício litúrgico em honra do Sagrado Coração de Jesus, cuja festa solene se celebrou pela primeira vez no dia 20 de outubro de 1672.
O marco desta celebração está ligado a Santa Margarida Maria Alacoque, religiosa da Ordem da Visitação, quem recebeu várias revelações do próprio Senhor Jesus para que impulsionasse mais esta devoção. Tais revelações depois foram difundidas pelo seu conselheiro espiritual, o jesuíta São Claudio de la Colombière.
O Papa Pio XII assegurava que esta devoção pode levar os homens, “em um voo sublime e doce ao mesmo tempo, até a meditação e adoração do Amor divino do Verbo Encarnado”.
Devoção ou idolatria?
Mas adorar um coração não é idolatria? Esta devoção não pode diminuir no crente o fervor com relação a Deus Pai? Os católicos adoram um coração mais metafórico e menos real?
Segundo informações oferecidas a Zenit na Basílica do Sagrado Coração de Roma, que recentemente organizou um congresso sobre o culto ao Sagrado Coração, no século 13 houve um forte debate sobre o objeto deste culto, qualificado por muitos fiéis justamente como um ato de idolatria.
Para esclarecer qualquer distorção, em 1765, a Congregação Vaticana para os Ritos afirmou que o coração de carne seria símbolo de amor. Em 1794, o Papa Pio VI, na bula Auctorem fidei, confirmou esta declaração dizendo que se adora o coração “indispensavelmente unido à pessoa do Verbo”.
Pio IX estendeu a festa do Sagrado Coração a toda a Igreja no dia 23 de agosto de 1856 e no calendário pós-conciliar ela permaneceu como solenidade.
Três encíclicas se centraram propriamente em falar sobre esta devoção: Annum Sacrum, do Papa Leão XIII, quem consagrou a humanidade inteira ao Sagrado Coração, Miserentissimus Redemptor, de Pio XI, e Haurietis aquas, de Pio XII.
“Aquele que conhece Cristo, mas descuida de sua lei e de seus preceitos, ainda pode ganhar do seu Sagrado Coração a chama da caridade”, dizia Leão XIII na encíclica Annum Sacrum.
“Ele cumprirá sua vontade sobre todos os homens pela salvação de uns e o castigo de outros, mas também em sua vida mortal, dando fé e santidade. Que eles, por estas virtudes, se esforcem por honrar a Deus como deveriam e ganhar a felicidade eterna no céu”, dizia o pontífice.
Por sua parte, o Papa Pio XI fala, em sua encíclica Miserentissimus Redemptor, sobre a união de amor dos homens com o coração humano e divino de Jesus: “Uma alma realmente amante de Deus, quando olha para o tempo passado, vê Jesus Cristo trabalhando, sofrendo duríssimas penas ‘por nós, os homens, e pela nossa salvação’, tristeza, angústias, opróbrios, ‘trespassado por nossas culpas’ e curando-nos com suas feridas”.
Adorar o Sagrado Coração
Assim, a Igreja, durante séculos, meditou sobre esta devoção e expôs sobre ela três postulados principais. O primeiro indica que, assim como todo edifício deve ter sua base firme, a base do cristão deve ser o amor. Este ponto recorda aos cristãos que Deus nos amou primeiro.
O segundo fala da reparação como compromisso: a alma tem a virtude e a necessidade do amor que quer demonstrar-se e ser compartilhado nos sofrimentos que Cristo padeceu em Getsêmani.
Por último, fala da imitação como aspiração: tomar a familiaridade com Cristo no mistério pascal e abraçá-la, e na Eucaristia também. Isso induz a incorporar as virtudes para que possamos dizer, como Jesus, “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mateus 11, 28).
Assim, pois, o Papa Pio XII sintetiza em sua encíclica dedicada a este culto: “Que homenagem religiosa mais nobre e mais suave que este culto, que se dirige inteiro à própria caridade de Deus?”.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Católicos e hindus abordam dificuldades dos cristãos na Índia
Foi o que afirmou o presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, o cardeal Jean-Louis Tauran, hoje, aos microfones de Rádio Vaticano, após participar, em Bombaim, no dia 12 de junho, em uma reunião de líderes católicos e hindus.
“Há uma região em que se estão construindo 160 igrejas; é evidente que não são igrejas católicas, mas edifícios de sedes protestantes”, explicou, confirmando a crescente presença de comunidades evangélicas no país.
“Então tive de explicar a um dos principais líderes religiosos hindus a diferença ente um católico e um protestante e devo confessar que ele não tinha ideias muito claras neste sentido”, acrescentou.
No encontro, os líderes trataram o tema das conversões, e o cardeal Tauran reiterou que para a Igreja Católica as conversões forçadas não têm nenhum valor.
“Nossa reunião teve a grande vantagem de esclarecer alguns pontos importantes e sobretudo de escutar que os hindus não têm nada contra os católicos”, afirmou.
De todos as maneiras, os que enfrentam os cristãos com violência na Índia são apenas alguns grupos fundamentalistas.
Em referência aos recentes focos de violência em Orissa e outras zonas da Índia, os líderes hindus asseguraram na reunião: “não nos reconhecemos nesses ataques, porque isso não é a Índia; nós somos um povo pacífico”.
As duas delegações que participaram da reunião compartilharam sua preocupação com a violência perpetrada em nome da religião e pediram respeito a todas as religiões como única maneira de garantir a harmonia na multirreligiosa sociedade indiana.
Além da conversação e troca de pontos de vista, os católicos presenciaram uma oração hindu no templo; já os hindus, a oração das vésperas na catedral de Bombaim.
O dia transcorreu em um clima de amizade que, para o cardeal, é o primeiro passo necessário no diálogo inter-religioso.
Na opinião do cardeal Tauran, a reunião de 12 de junho “abriu um novo capítulo nas relações entre o catolicismo e o hinduísmo”, e agora são as comunidades locais que devem manter vivo o diálogo.
Neste sentido, destacou o grande trabalho realizado na Índia pelos Focolares e uma Universidade fundada por um indiano que se encarrega do ensino do diálogo inter-religioso.
O cardeal convidou os cristãos que vivem na Índia a “não ter medo de se mostrar como cristãos, porque os cristãos da Índia foram plantados nessa Terra de Deus para levar-lhe flores”.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Implicações da fé para o empresário cristão
“Em uma atmosfera de recolhimento e alegria”, os cerca de 60 participantes contaram com a orientação do pe. Fernández, decano da Facultade de Teologia da Universidade Católica e assessor doutrinal da USEC.
O retiro consistiu em duas palestras, seguidas de reflexão pessoal dos participantes e depois reflexão em grupo.
Na primeira palestra falou-se da crise econômica, fazendo alusão ao vazio espiritual que se registar hoje, que tem profundas consequências no comportamento das pessoas. Assinalou-se que as crises não seriam um parênteses na vida, mas “o estado natural em que nos encontramos”.
“Não podemos viver apenas esperando que haja um tempo melhor, um período de paz e bonança que possibilite que façamos aquilo que sempre quisemos e postergamos; esta visão é infrutífera e pouco realista.”
Referiu-se às dificuldades como instâncias que ajudam o homem a incrementar sua fé, que ampliam e completam sua perspectiva.
“Para explicar a atual crise, o olhar técnico é necessário, mas parcial; deve ser complementado pelo olhar mais profundo da fé, a partir das causas mais profundas que jazem no coração do ser humano. O olhar espiritual ou de fé traz o conhecimento do sentido último das coisas, sem nos tirar da realidade concreta, mas dando maior profundidade a sua análise. A fé tem consequências muito práticas para a vida de um profissional, tanto no campo pessoal como no laboral”, sublinhou.
Na segunda palestra traçou-se uma perspectiva acerca de como a liberdade é historicamente o grande elo da humanidade, e que, a partir do Iluminismo, tomou a forma de um “desligar-se” da autoridade, da Igreja e das normas.
“Hoje ser livre é não ter ataduras de nenhum tipo, o que debilita os compromissos com todas as pessoas e instituições com as que nos relacionamos. Esta definição de liberdade, do fazer somente o que me apraz, é absolutamente contrária à liberdade evangélica. Para a Igreja, trata-se mais de um fracasso ou degradação da liberdade”, afirmou o palestrante.
Baseado em um texto escrito por Bento XVI, referiu-se ao fato de que para o cristão, já desde Paulo, a liberdade apresentanta-se como um paradoxo. Já que, baseados no exemplo de Jesus, o ser verdadeiramente livre equivale a “fazer-se servidor” do próximo.
“Sou mais livre quanto mais me ‘entrego’ aos demais. É evidente a contradição com o que hoje se concebe como liberdade, inclusive dentro do atual modelo econômico. É que não somos seres absolutos, nossa liberdade não pode ser absoluta. Nosso critério não pode transformar-se na medida de todas as coisas”, assinalou.
Partilhando a frase do beato padre Alberto Hurtado: "Mais vale gastar-se que oxidar-se", o conferencista assinalou que a “autodoação e a capacidade de serviço, sobretudo se se tem uma posição de privilégio, é aquilo que levará a pessoa a sentir-se possuidora de uma liberdade que ninguém lhe pode tirar. Conhecer a verdade de si mesmo é condição para ser livres, o que, por sua vez, é condição para ser felizes”, concluiu.
Padre assessor da CNBB é assassinado
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) comunicou na tarde de hoje o assassinato do padre Gisley Azevedo Gomes, CSS, assessor nacional do Setor Juventude do organismo episcopal, ocorrido ontem, 15 de junho.
“Profundamente consternada” com o episódio, a CNBB divulgou nota em que afirma que o crime está sendo investigado pela Polícia com o acompanhamento dos advogados da Conferência e da Congregação dos Sagrados Estigmas (Estigmatinos) à qual padre Gisley pertencia. Na nota, a CNBB não dá mais detalhes sobre o crime.
Ordenado em 29 de maio de 2005, padre Gisley estava na assessoria do Setor Juventude da CNBB há pouco mais de dois anos.
“Comprometido com a vida da juventude, organizava, juntamente com as Pastorais da Juventude do Brasil, a Campanha Nacional contra o Extermínio da Juventude que tem como lema ‘Juventude em marcha contra a violência’. Lamentavelmente ele foi vítima da violência que ansiava combater”, afirma a nota assinada pelo presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio.
“Esperamos confiantes que o crime seja apurado com eficiência e os culpados punidos com justiça. Lembrando a Campanha da Fraternidade que realizamos sobre a Segurança Pública, reafirmamos a urgência de toda a sociedade se mobilizar para por fim à violência que ceifa vidas tão precocemente.”
Aos familiares e amigos do padre Gisley, à Congregação dos Estigmatinos, às Pastorais da Juventude do Brasil e aos Movimentos Juvenis a CNBB “manifesta seu pesar e sua solidariedade”.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Ingratidão
Já diz muito...muito triste,
Por quem a sente, sentimos dó,
Dó, porque esta palavra existe!
É tão triste, é tão penosa,
Esta palavra "ingratidão",
É como facada dolorosa
Certeira ao coração!
Não é fácil de a dizer,
Mais difícil é de a sentir,
É preferível morrer
Antes de a "ingratidão" sentir!
Não rima com Amor
Não rima com alegria,
Só nos faz sentir tanta dor,
Esta palavra triste...e vazia!
Ingratos são os filhos com os pais,
Desde a mais nova geração,
Não se lembram que mais tarde
Irão sentir essa mesma "ingratidão"!
Os amigos ingratos são
Para quem os ama e estima,
Esquecendo que a "ingratidão",
É o que de pior há na vida!
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Direitos humanos na China
O fluxo constante da mídia incidiu sobre os direitos civis e políticos. Mas a negação do direito das famílias de escolherem quantos filhos querem continua a oprimir muitos chineses.
Em 7 de maio o site LifeNews.com publicou um relatório detalhando os resultados de um inquérito secreto realizado por Colin Mason na China.
As multas por ter um filho agora são de três a cinco vezes a renda da família, LifeNews relatou. Não surpreendentemente, quando os casais são confrontados com a perspectiva de tal multa, muitos consentem no aborto ou na esterilização.
De acordo com Mason, na província Guangxi, bebês nascidos fora dos limites do governo são tomados em custódia por funcionários do governo, que permanecem com as crianças até que os pais sejam capazes de pagar as enormes multas.
Em 15 de fevereiro, o jornal Times de Londres relatou que as severas restrições do governo estão provocando protestos generalizados.
Segundo o relatório, comentaristas da internet e da mídia chinesa estão quebrando as restrições para relatar os abusos no controle de natalidade.
Entre os abusos, o Times mencionou que as mulheres que já têm um filho enfrentam testes regulares de gravidez, bem como a pressão para serem esterilizadas. Os meios utilizados para obrigar as mulheres vão de sanções financeiras à ameaça de serem demitidas de seus empregos.
Aborto Forçado
Um caso que o Times mencionou foi o de Zhang Linla, que cometeu o erro de ficar grávida quando ela já tinha dado à luz uma filha. Apenas seis dias antes da data em que deveria dar à luz, ela foi submetida a um aborto forçado.
O artigo citou outros exemplos envolvendo esterilizações forçadas e bebês vivos deixados para morrer.
Em 17 de novembro, o Web site Christian Post informou sobre o caso de Arzigul Tursun, uma mulher muçulmana uighur que enfrentou a ameaça de um aborto forçado.
Até o momento do artigo, ela estava há mais de seis meses grávida e estava sendo pressionada pelas autoridades para abortar, já que tinha dois filhos.
Em 5 de outubro o jornal South China Morning Post publicou um longo artigo com crônicas sobre medidas coercivas enfrentadas pelos casais que não respeitam as rigorosas leis de planejamento familiar.
O artigo detalhou a natureza invasiva das restrições sobre as famílias. Todo casal constituído tem de responder à Comissão de Planejamento Familiar e População Nacional. Todas as aldeias e todas as ruas das cidades são monitoradas por uma clínica de planejamento familiar controlada por essa Comissão.
Segundo o jornal, existem oficialmente 650.000 pessoas empregadas para fazer cumprir as leis de planejamento familiar. No entanto, as estimativas não oficiais dizem que o número real é superior a um milhão.
O South China Morning Post deu o exemplo de Jin Yani, que foi submetida a um aborto forçado, devido à sua violação aos limites estritos. O aborto foi realizado de uma forma tão brutal que ela esteve em perigo de morte e posteriormente ficou 44 dias no hospital. Como resultado do que aconteceu, ela nunca será capaz de engravidar novamente.
Segundo o artigo, as autoridades são capazes de agir sem controle em zonas rurais, e que empregam métodos brutais, incluindo a destruição de casas e esterilizações forçadas.
O jornal citou Mark Allison, pesquisador do Leste Asiático para a Anistia Internacional, que disse que abortos forçados continuam sendo comuns.
Sanções
Em 22 de maio, a South China Morning Post informou que as autoridades governamentais têm renovado a sua determinação em fazer aplicar estritamente os limites de planejamento familiar. Entre as recentes medidas anunciadas estão a distribuição gratuita de contraceptivos para os trabalhadores migrantes, e o aumento das sanções para crianças extras.
Regulamentações revisadas do planejamento familiar liberadas pelo Conselho de Estado anunciaram que multas cobradas dos trabalhadores migrantes que violarem a política de filho único seriam avaliadas com base no que poderiam ganhar no lugar em que estejam trabalhando, em vez do nível de rendimento das suas cidades de origem.
A fixação do valor da multa por quebrar a regra de planejamento familiar na cidade onde estão vivendo resultará em maiores penas.
Incentivos para seguir as restrições oficiais incluem férias extras para aqueles que esperarem até que eles estejam mais velhos para procriar, ou que voluntariamente se submetam à esterilização. Casais complacentes também receberão tratamento preferencial das autoridades quando se trata de gerir as suas próprias empresas ou receber benefícios sociais.
Estas restrições vão contra o que a maioria das mulheres chinesas quer, como até mesmo os funcionários do governo admitem. De acordo com um relatório da BBC do dia 16 de janeiro, funcionários chineses do planejamento familiar dizem que a pesquisa mostra que 70% das mulheres querem ter dois ou mais bebês.
Segundo a BBC, a pesquisa foi conduzida em 2006, mas só foi liberado agora. A maioria das mulheres - 83% - quer um filho e uma filha, segundo a pesquisa.
Meninas desaparecidas
Além dos abusos cometidos pelas autoridades, um outro problema grave é uma lacuna perigosa no número de meninos e meninas sendo gerados. A combinação da tradicional preferência por ter, pelo menos, uma criança do sexo masculino, além das restrições sobre nascimentos, significa que milhões de meninas foram abortadas.
De acordo com um relatório de 10 abril da Associated Press, os últimos dados revelam que a China tem 32 milhões de meninos a mais do que meninas.
A estimativa vem de um relatório publicado no British Medical Journal. Além disso, o desequilíbrio é esperado a se agravar nos próximos anos.
O estudo descobriu que a China tem 119 homens nascidos para cada 100 meninas, em comparação com 107 a 100 para os países industrializados.
O estudo descobriu que o maior desequilíbrio entre meninos e meninas é no grupo de 1 a 4 anos de idade, significando que a China terá de enfrentar os efeitos disso quando essas crianças atingem idade reprodutiva daqui a 15 ou 20 anos.
Embora o governo tenha proibido o uso de exames de ultrassom para determinar o sexo de um feto, ainda são comumente feitos.
As conseqüências da falta meninas já está sendo sentida, como o Sunday Times relatou em 31 de maio. O jornal Times, de Londres publicou o nível crescente de seqüestros de jovens meninas. As garotas são raptadas para serem, eventualmente, noivas de homens, nas regiões onde existe uma grave escassez no nascimento de meninas.
O artigo dizia que o Ministério da Segurança Pública admite que entre 2.000 e 3.000 crianças e jovens mulheres são seqüestradas todos os anos, mas a mídia eleva estes números a 20.000.
Um site criado para os pais colocarem detalhes de suas crianças desaparecidas tem informações de mais de 2.000 famílias. As esperanças de solucionar estes seqüestros são, no entanto, desanimadoras. Após dois anos o local teve apenas sete casos resolvidos com sucesso.
Princípios essenciais
O aniversário de Tiananmen ocorre pouco depois das Nações Unidas comemorarem o 60° aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
O arcebispo Silvano Tomasi, observador permanente da Santa Sé nos escritórios da ONU em Genebra, abordou o tema dos direitos humanos, em um discurso proferido em 12 de dezembro.
"Ao falar do direito à vida, de respeito pela família, do casamento como a união entre um homem e uma mulher, da liberdade de religião e de consciência, dos limites da autoridade do Estado diante de valores fundamentais e direitos, nada novo ou revolucionário é dito”, comentou.
Os direitos humanos não são apenas o direito a privilégios, o representante do Vaticano destacou. Infelizmente, na China e em outros países, os direitos fundamentais da família ainda não são respeitados, uma situação que clama para ser corrigida.
domingo, 14 de junho de 2009
Décimo Primeiro Domingo Comum
O texto de hoje traz à tona dois elementos muito importantes para o estudo dos Evangelhos - “o Reino de Deus” e “as parábolas”. Antes de olhar o texto mais de perto, convém comentar algo sobre esses dois termos ou conceitos.Existe um consenso entre estudiosos modernos, sejam católicos ou protestantes, que existem dois termos nos textos evangélicos que provém do próprio Jesus e que não dependem da reflexão posterior das comunidades, ou seja, “Reino” e Abbá”. Estamos tão acostumados de ter Jesus como “objeto” da pregação que esquecemos que Ele não pregou a si mesmo mas o “Reino de Deus” (geralmente citado em Mateus como o Reino dos Céus, para evitar o uso do nome de Deus). Toda a vida de Jesus foi dedicada ao serviço desse Reino, que ele nunca define, pois é uma realidade dinâmica, mas que ele descreve por comparações, usando parábolas. “Parábola” é um tipo de comparação, usando símbolos e imagens conhecidos na vida dos ouvintes, e que os leva a tirar as suas próprias conclusões (de fato, várias vezes temos a explicação de uma parábola nos evangelhos, mas, essa nasceu da catequese da comunidade e não teria feito parte da parábola original). O Capítulo 13 de Mateus talvez seja o melhor exemplo do uso de parábolas para clarificar a natureza do Reino - ou Reinado - de Deus.No tempo de Jesus e das primeiras comunidades cristãs, os diversos grupos religiosos judaicos esperavam a chegada do Reino de Deus e achavam que poderiam apressar a sua chegada - os fariseus através da observância da Lei, os essênios através da pureza ritual, os zelotas, através de uma revolta armada. O texto de hoje nos adverte que não é nem possível nem preciso tentar apressar a chegada ou o crescimento do Reino de Deus, pois ele possui uma dinâmica interna de crescimento própria. Como a semente semeada cresce, independente do semeador e sem que ele saiba como, assim o Reino cresce onde plantado, pois também tem a sua própria força interna que, passo por passo, vai levá-lo à maturidade. Assim, o texto nos ensina o que Paulo vai ensinar de uma maneira diferente aos coríntios, quando, referindo-se ao trabalho de evangelização desenvolvido por ele, Apolo e outros/as missionários/as; ele afirma “Paulo planta, Apolo rega, mas é Deus que faz crescer” (I Cor 3, 6).Uma das imagens que Jesus usa para caracterizar o Reino é a do grão de mostarda. Embora a semente seja minúscula, ela cresce até se tornar um arbusto frondoso. Assim Jesus quer que a gente relembre que é importante começar com ações pequenas e singelas, pois, pela ação do Espírito Santo, elas poderão dar frutos grandes. Esta parábola é um lembrete para que não caiamos na tentação de olhar as coisas com os olhos da sociedade dominante, que valoriza muito a prepotência, o poder, a aparência externa. A nossa vocação é plantar e regar, nunca perdendo uma oportunidade de semear o Reinado de Deus - ou seja, criar situações onde realmente reine o projeto do Pai, projeto de solidariedade e amor, partilha e justiça, começando com sementes minúsculas, para que, não através do nosso esforço, mas da graça de Deus, eventualmente cresça uma árvore frondosa que abriga muitos. O desafio do texto é de que valorizemos o gesto pequeno, as duas moedas da viúva, a semente de mostarda, não nos preocupando com os resultados, mas, confiantes no poder transformador da semente, plantar e regar, para que Deus possa ter a colheita!
sábado, 13 de junho de 2009
Religiosas: rede mundial contra tráfico de pessoa
O encontro acadêmico, organizado pela União Internacional das Superioras Gerais (UIG) e pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), procura avaliar os conteúdos da declaração final da primeira versão deste congresso, realizado em 2007, assim como ver quais podem ser as ações para o futuro.
“Deunciamos que o tráfico de pessoas é um crime que representa uma grave ofensa contra a dignidade da pessoa e uma séria violação dos direitos humanos”, foi a síntese da declaração final da primeira edição deste encontro.
O compromisso pela luta contra o tráfico de pessoas surgiu na reunião plenária de 2001 das superioras gerais, que representam 1 milhão de membros de congregações religiosas católicas do mundo inteiro.
Segundo informou Stefano Volpicelli, da OIM, na coletiva de imprensa, “apesar de não haver cifras precisas, calcula-se que milhões de pessoas se convertem, cada ano, em vítimas deste fenômeno. Seriam 2,5 milhões segundo os dados da Direção de Justiça da Comissão da União Europeia, publicados em 2007, dos quais 500 mil são europeus”.
Nova forma de pobreza
Por sua parte, a Irmã Bernardette Sangma, religiosa salesiana e coordenadora deste evento, apresentou uma análise da complexidade do fenômeno da exploração sexual e trabalhista sofrida por milhares de pessoas, enganadas e levadas a outros países, que carecem das mínimas condições de dignidade humana.
Indicou que as causas desta problemática se encontram tanto nos países de origem como nos de trânsito e destino.
Muitas vezes, as redes de tráfico de pessoas, denunciou, estão “em conivência com autoridades locais e políticas, que devastam as regiões mais pobres e indefesas da sociedade em todas as partes do planeta”.
E indicou que este flagelo “acontece atrás das nossas ruas, dos nossos bairros e afeta nossos conhecidos, nossas amigas e amigos, as crianças das nossas escolas e paróquias”.
Insistiu, por isso, na necessidade de organizar-se para prevenir e aliviar este fenômeno: “Os grupos criminais que depravam as mulheres e as crianças estão muito bem organizados e comunicados entre si, nas diferentes partes do mundo”.
“A lógica do mercado nos diz que não existe oferta sem demanda. Lamentavelmente e com tristeza, notamos que grande parte da demanda provém também de esposos e pais de família que se dizem cristãos praticantes”, observou a religiosa.
A Igreja não pode ficar à margem
O Pe. Hernández indicou que, como tarefa preventiva, é necessário “trabalhar muito na formação dos jovens, nas escolas e nas paróquias, para construir neles o valor do respeito da pessoa, cuja dignidade nunca pode ser comercializada”.
“A repressão e o castigo não servem se não formamos as consciências nos verdadeiros valores humanos e cristãos”, disse o sacerdote.
Por sua parte, a Irmã Bernadette destacou a importância de que as comunidades religiosas se comprometam a “opor-se a esta realidade” por meio de “uma estratégia multidimensional, capaz de abarcar muitos aspectos para remover as causas a partir de diversos enfoques, para aliviar e acompanhar o caminho da reconstrução da vida daqueles que estão envolvidos e feridos no profundo do seu ser e para procurar criar um campo humano nas políticas de tomada de decisões em todos os níveis”.
Indicou o fato de que muitas comunidades devem ser conscientes da necessidade de trabalhar “para que nenhuma mulher, nenhuma menina ou menino vivam tal decadência humana”.
“No campo da recuperação e da reconstrução da vida ferida, a força transformadora do amor e um ambiente repleto de calor humano são capazes de ajudar a recuperar a fé e a voltar a projetar o caminho da própria vida”, sublinhou.
A presença das religiosas junto às vítimas, “dia a dia, na fatigosa e árdua reconquista da própria personalidade, converte-se no reflexo do rosto compassivo de Deus, que gradualmente cura as feridas e nos dá esperança”, concluiu a Irmã Bernadette.
O Pe. Hernández destacou o trabalho das pessoas que “se inclinam com misericórdia diante dos irmãos e irmãs que mais sofrem, porque suas vidas foram destruídas e privadas do bem mais precioso: a dignidade própria do ser humano”, e que “sem estas ‘samaritanas’, a humanidade seria mais pobre e mais triste”.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
PAPA ALERTA PARA ESVAZIAMENTO DE RITUAIS
Contra crise, Santa Sé pede defesa do emprego
A posição vaticana foi exposta pelo arcebispo Silvano Maria Tomasi, C.S., observador permanente nas Nações Unidas em Genebra, ao intervir quarta-feira na conferência anual da Organização Internacional do Trabalho, que de 3 a 19 de junho reúne 4 mil delegados de governo e representantes do mundo empresarial e do trabalho.
“A atual crise econômica e financeira impõe medidas concretas para orientar e mudar comportamentos, regras e avaliações equivocadas”, disse o núncio apostólico.
Em declarações à Rádio Vaticano, posteriores a sua intervenção, o prelado italiano explicou que “a crise não é simplesmente o resultado de uma falha na engrenagem do mecanismo econômico; sua raiz foi a falta de valores éticos”.
“A gula e a avareza de alguns managers construiu uma economia que não se baseia na produtividade real, mas em uma espécie de economia digital, que acumulava dinheiro mas não oferecia serviço social e material, segundo as exigências das pessoas e do bem comum”, disse.
O arcebispo sublinhou também a importância da solidariedade “neste momento difícil”, “elemento importante para sair da crise”.
Mas sobretudo o bispo considera que a solução passa por “manter o emprego das pessoas, por manter os postos de trabalho, e isso se pode fazer ajudando não apenas os grandes bancos ou as grandes empresas, mas as pequenas e médias empresas, que dão trabalho tanto nos países desenvolvidos como nos pobres à grande maioria das pessoas”.
Neste contexto, o representante do Papa pediu a redescoberta do valor do trabalho. “O trabalho tem valor porque é produzido por uma pessoa que tem capacidade criativa, cujo talento, pequeno ou grande, é colocado ao serviço do bem comum”, disse.
Tomasi explicou que é muito importante esta dimensão “perante o risco de que 50 milhões de pessoas fiquem sem trabalho como consequência desta crise”.
“Os jovens têm grandes dificuldades para entrar no mercado de trabalho. Não se coloca ao serviço da comunidade e da produtividade real toda a sua energia, toda a sua criatividade, de maneira que eles possam facilitar a solução da crise”, afirmou.
Autêntica autoridade é racionável, explica Papa
O bispo de Roma aprofundou neste aspecto da vida cristã ao ilustrar a figura de um dos maiores filósofos e teólogos do século IX, João Escoto Erígena, nome que faz referência à sua origem irlandesa.
Ao continuar com suas intervenções sobre as grandes figuras da história da Igreja, o pontífice recolheu ideias do pensamento de Escoto que, segundo disse, “poderiam sugerir interessantes aprofundamentos, inclusive para teólogos contemporâneos”.
Em particular, referiu-se ao “dever de exercer um discernimento apropriado sobre o que se apresenta como a verdadeira autoridade”.
O sucessor de Pedro sublinhou que “dado que Deus só diz a verdade, Escoto Erígena está convencido de que a autoridade e a razão nunca podem estar em contraposição”.
“Ele está certo de que a verdadeira religião e a verdadeira filosofia coincidem”, continuou esclarecendo, ao sintetizar o pensamento do filósofo do renascimento carolíngio.
O Papa citou esta significativa frase de João Escoto: “Qualquer tipo de autoridade que não estiver confirmada por uma verdadeira razão, deveria ser considerada como fraca... Só é verdadeira autoridade aquela que coincide com a verdade descoberta em virtude da razão, ainda que se trate de uma autoridade recomendada e transmitida para utilidade das posteriores gerações pelos santos padres”.
A intervenção do Papa esteve continuamente salpicada por atualíssimas mensagens escritas por um autor do século IX, como, por exemplo, esta: “Que nenhuma autoridade o atemorize ou o distraia do que lhe faz compreender a persuasão obtida graças a uma reta contemplação racional. De fato, a autêntica autoridade não contradiz nunca a reta razão, e esta última nunca contradiz uma verdadeira autoridade. Uma e outra procedem sem dúvida da mesma fonte, que é a sabedoria divina”.
“Vemos aqui uma valente afirmação do valor da razão, fundada sobre a certeza de que a verdadeira autoridade é razoável, pois Deus é a razão criadora”, afirmou Bento XVI.
O Papa concluiu com outro pensamento de João Escoto, capaz de iluminar a oração de todo crente: “Só se pode desejar a alegria da verdade, que é Cristo, e só se pode evitar a ausência d’Ele. É preciso considerar que esta é a única causa de total e eterna tristeza. Tire Cristo de mim e não me restará nenhum bem e não há nada que me aterrorizará tanto como sua ausência. O pior tormento de uma criatura racional são as privações e a ausência d’Ele”.
Esta foi uma audiência geral repleta de cores, não só pelas imagens de flores compostas na escadaria da Praça de São Pedro por ocasião do Corpus Christi – que no Vaticano se celebra nesta quinta-feira –, mas também pela presença do Variétés Club.
Trata-se de uma associação de famosos antigos jogadores de futebol e jornalistas esportivos da França, que organizam jogos com objetivos benéficos.
O Variétés Club se encontrava em Roma para participar à tarde de uma partida de futebol na qual, entre outras antigas glórias, deveria brilhar Karembeu, contra o time da Guarda Suíça Pontifícia. O árbitro do jogo era o bispo francês de Saint-Etienne, Dom Dominique Lebrun.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Religiões: capazes do melhor e do pior, indica cardeal Tauran
Segundo informou a Rádio Vaticano, o cardeal Tauran se referiu, em sua conferência, a todas as pessoas que dizem perpetrar ações terroristas por motivos religiosos. Denunciou que isso alimenta o “paradoxo de que as religiões sejam percebidas como perigosas”.
Ao falar do islã, afirmou que “tudo isso não se refere ao verdadeiro islã, praticado pela grande maioria dos fiéis desta religião”.
Atualmente, “a questão de Deus emerge de maneira mais forte que nunca – indicou o cardeal francês – e assistimos a um retorno do fato religioso, a um renascimento do sagrado”.
“A religião se converteu em um fator capital na vida cultural, política, econômica e também no ensino”, na formação da pessoa, destacou.
O cardeal Tauran sinalizou a importância do “conhecimento sério da própria tradição religiosa” para ter clara a própria identidade.
Também explicou que “a Igreja está aberta ao mundo” e considerou “o diálogo com os crentes de outras confissões como uma fonte de enriquecimento para todos”.
Mas advertiu que o diálogo inter-religioso não significa dizer que “todas as religiões ensinam mais ou menos a mesma coisa”.
Significa, sobretudo, que “todas as pessoas que buscam Deus têm a mesma dignidade”, disse.
É necessário “fazer todo o possível para compreender o ponto de vista do outro”, destacou, e sublinhou também a importância da dignidade da pessoa e do caráter sagrado da vida.
O purpurado concluiu citando Bento XVI, para assegurar que “a busca e o diálogo inter-religioso não são uma opção a mais, e sim uma necessidade para o nosso tempo”.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Quando a ideologia de gênero se opõe à mulher
Por Gilberto Hernández García
SANTIAGO DO CHILE, domingo, 7 de junho de 2009 (El Observador).- O tema da ideologia de gênero – em sua vertente mais difundida de “equidade de gênero” – ganhou muitas posições no cenário social e na agenda política; contudo, continua sendo um tópico difícil de se tratar visto que em muitos aspectos e em suas origens aponta em sentido contrário à essência da família.
A doutora Ana María Yévenez Ramírez, socióloga chilena e especialista em temas da família, faz uma análise da ideologia de gênero desde as ciências sociais e particularmente a partir da análise cultural. Esclarece que não pretende “demonizar absolutamente nada”, o que não significa a ausência de uma visão crítica.
–O gênero é uma “construção” social?
–Ana María Yévenes Ramírez: A ideologia de gênero tem suas raízes nos movimentos feministas radicais dos anos sessenta, já que alguns autores que iniciaram esta ideologia dizem que o gênero é uma construção cultural, por conseguinte não é resultado do sexo, nem tão aparentemente fixo como o próprio sexo. Ao teorizar sobre isto, o gênero vem a ser como um artifício livre de ataduras; em consequência, homem e masculino poderiam significar tanto um corpo feminino como um masculino; mulher e feminino, tanto um corpo masculino como um feminino.
Estas ideias estiveram presentes dentro do debate que se fez tanto na opinião pública como nas discussões da IV Conferência da Mulher, patrocinada pela ONU em Pequim em 1995: As feministas de gênero manifestaram a urgência de desconstruir os papéis sociais de homem e mulher porque esta socialização afetava a mulher negativa e injustamente. O homem-marido, desde esta perspectiva, então aparece como um opressor, e passamos aqui do que é o conceito de luta de classes ao que podemos chamar luta de sexos.
Assim, o matrimônio e a família podem ser vistos quase como uma seita, e a maternidade como um estorvo. Toda diferença entre o homem e a mulher, sob esta visão, é construção social e portanto pode ser mudada. Já não existem, desta forma, dois sexo, mas muitas orientações sexuais.
–Como uma ideologia tão distante do normal teve tanta acolhida?
–Ana María Yévenes Ramírez: Porque abordou um problema real, a situação desvalorizada da mulher. Desta forma, a ideologia de gênero faz surgir o conceito de tomada de poder político, econômico, trabalhista e na relação com o casal. Deve-se ter em conta que as linhas originais sofreram grandes mudanças. Não chega às pessoas o que é a ideologia de gênero, digamos, de maneira quimicamente pura, como acontecem com todas as coisas. Particularmente na América Latina, vivemos processos de individuação e mestiçagem. Por exemplo, fala-se do combate do machismo, como bandeira de luta tão presente no México. No Chile, há muitas mulheres que participaram de programas dos diferentes governos no tema da igualdade de gênero, mas quando se lhes propõem estes outros temas, a visão da família, a visão da maternidade, não concordam com isso.
O que hoje se aplica como equidade de gênero não é o que originalmente se aplicava a este pensamento; este processo de mestiçagem é parte da mudança cultural mais profunda que se produz em nossa sociedade. Basta lembrar que a mudança se inicia em como usamos nossas palavras, na linguagem que utilizamos. Junto com a crítica que se dirige a esta ideologia, devemos fazer-nos uma autocrítica como Igreja Católica: que resposta nós demos a esta problemática de fundo? Sinto que muito do que aconteceu é nossa responsabilidade por nosso silêncio, por não termos respondido a essa necessidade que havia dentro da cultura.
–A ideologia de gênero oferece alguma contribuição positiva?
–Ana María Yévenes Ramírez: Primeiramente, colocar a mulher no foco porque objetivamente a mulher estava sendo de alguma forma ignorada: parte disso é porque o tema do trabalho remunerado considerava o trabalho doméstico muito distante. Também a ideologia de gênero trouxe melhoras substanciais em matéria de saúde da mulher; maior cuidado físico, por exemplo na detenção de alguns tipos de câncer; uma maior preocupação pelo corpo; trouxe também uma maior proteção à mulher quanto ao tema da violência familiar; ou em matéria trabalhista. Permitiu melhorar o acesso a uma maior educação formal da mulher.
–E negativa?
–Ana María Yévenes Ramírez: A ideologia de gênero fomentou uma tomada de poder antagônica da mulher contra o homem. Na prática, transformou a mulher em um objeto que era exatamente o que se pretendia combater. Digo um objeto, porque segundo muitos textos dos estudos que estão sendo desenvolvidos sobre esta matéria, se privilegia a dimensão econômica, do desenvolvimento, do trabalho acima do desenvolvimento humano e próprio da mulher, consequência precisamente do anterior é que o desenvolvimento integral da mulher está se tornando um obstáculo, e com isso a mulher está sendo privada da felicidade.
–Finalmente, quais são as repercussões na família?
–Ana María Yévenes Ramírez: Não é um mistério para ninguém como aumentou o número de mulheres assassinadas por seus companheiros porque não se trabalhou com os homens na mesma velocidade com que se trabalhou com as mulheres. Também causou impacto no tema do testemunho, porque ao final nossos jovens se entusiasmam pelo matrimônio pelo testemunho que recebem, testemunho de amor, de companheirismo. E mais, está-se colocando em cheque o desenvolvimento dos povos.
Fonte: Zenit.
Israel revoga sequestro de fundos da Igreja na Terra Santa
Segundo havia informado a agência missionária AsiaNews em 20 de maio passado, poucos dias depois da visita de Bento XVI à Terra Santa, o chefe arrecadador do Ministério das Finanças de Israel, Iezekel Abrahamov, havia comunicado as instituições da Igreja em Israel que havia sequestrado seus fundos para obrigar-lhes a submeter-se a todas as exigências fiscais que considerava obrigatórias.
Este gesto acontecia quando avançavam as negociações entre a Santa Sé e o Estado de Israel sobre questões que envolvem, entre outras coisas, o estatuto fiscal da Igreja em Israel e de suas instituições educativas e caritativas, em virtude do Acordo Fundamental que ambos firmaram ao estabelecer as relações diplomáticas em 1994.
Esta medida, contudo, parecia anunciar uma mudança de posição no governo israelense com respeito às últimas reuniões mantidas com a Santa Sé e as promessas feitas ao Papa em sua visita a Israel.
Um comunicado de imprensa enviado nesta segunda-feira voltava atrás e confirmava que não se aplicará o anunciado sequestro destas propriedades.
“A embaixada de Israel na Santa Sé informa que o sequestro de fundos do Ministério da Educação destinados a algumas instituições educativas da Igreja Católica em Israel não será efetuado e que a situação permanece inalterada”, explica o comunicado recebido por ZENIT.
O delegado da Custódia da Terra Santa em Roma, o padre franciscano David Jaeger, em declarações à AsiaNews expressou sua satisfação ao ver a mudança de posição de Israel.
“Acredito que as negociações entre a Santa Sé e o Estado de Israel possam continuar em um clima de serenidade, e seguindo o compromisso compartilhado, várias vezes anunciado, de chegar ao Acordo o quanto antes possível”, afirmou o sacerdote.