Realizados esses esclarecimentos, passa-se a apontar uma série de três questões que envolvem a proposta de reforma política.
Primeira, de fato necessita-se de uma reforma política no Brasil. Uma reforma que desburocratize as relações entre o Congresso nacional e o cidadão. Uma reforma que, dentre outras coisas, possibilite que os projetos de lei sejam analisados e aprovados de forma mais ágil, que seja possível punir políticos e partidos políticos de forma mais eficaz, que seja possível a criação de novos e dinâmicos partidos políticos, incluindo os partidos regionais.
Segunda, o grande tema que atualmente se fala nos debates em torno da reforma política é o financiamento público, estatal das campanhas eleitorais. É preciso ter em mente que o Estado, como um organismo social, pode participar do pleito eleitoral. No entanto, reivindicar apenas o financiamento público de campanhas eleitorais é uma espécie de golpe financeiro sofisticado. É colocar nas mãos do Estado e, por conseguinte, do contribuinte, o financiamento de partidos e de políticos. Essa proposta é a velha fórmula brasileira de colocar os custos financeiros nas mãos do Estado. Na prática, isso só faz aumentar a corrupção, retirar o poder do cidadão e dos partidos políticos e dar mais poder ao Estado. Numa época em que se fala em ampliação da democracia, pensar em financiamento estatal da política é fazer o caminho inverso, ou seja, o caminho do autoritarismo.
Terceira, é preciso pensar em quem são os grupos sociais e os líderes políticos que estão a frente da luta pela reforma política no Brasil. O problema é que quem anda a frente dessa luta, dando palestras nas universidades, entrevistas na grande mídia e coisas semelhantes; são minoritárias sociais e líderes políticos que historicamente se colocam contra os cristãos, que veem os cristãos como uma estrutura social atrasada, medieval, e até mesmo repulsiva. Atualmente quem propõe a reforma política são estruturas políticas que historicamente defendem, por exemplo, a legalização do aborto, da eutanásia e das drogas. São estruturas políticas que abertamente defendem que os cristãos não devem e não podem dar opiniões dentro da vida política do país, que os cristãos devem se contentar em ficar em casa, com suas orações noturnas, e irem aos templos religiosos aos finais de semana. Esses líderes políticos defendem, entre outras coisas, uma espécie de ditadura secular, onde os símbolos religiosos serão retirados e banidos da vida pública, onde o ensino religioso será proibido e onde a prática da experiência religiosa será apenas uma vaga lembrança da história.
Numa verdadeira democracia tem que haver espaço para grupos que defendem posições políticas extremistas, como é o caso da legalização do aborto, mas não se pode negar o acesso da maioria da população ao debate política, inclusive se essa maioria for cristã ou de outra religião.
Da forma como a atual proposta de reforma política está sendo colocada, parece até que se trata de uma espécie de golpe de Estado com apoio popular, pois o que se deseja, dentro dos discursos oficiais, é fazer, por meio da simples mudança na legislação, tudo aquilo que uma minoria deseja impor ao resto da população e, essa mesma população, de forma democrática, rejeita.
Por fim, afirma-se que realmente o Brasil precisa passar por uma reforma política, uma reforma que desburocratize as relações entre o cidadão e o Congresso nacional, que coloque o cidadão mais próximo do Congresso e da formulação das leis. No entanto, da forma como vem sendo conduzido o debate em torno da reforma política, essa reforma pode se transformar em uma grande armadilha para os cristãos, uma armadilha que pode trazer, para dentro da sociedade brasileira, que é majoritariamente cristã, o autoritarismo e algum nível de perseguição antirreligiosa.
Fonte: Zenit.
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