Leituras de hoje: Is 52, 13-53, 12; Heb 4, 14-16; 5, 7-9; Jo 18, 1-19, 42
Ideia principal: “Vós que passais pelo caminho, olhai e vede se existe dor como a dor que me atormenta, com a qual o Senhor me afligiu no dia da sua ardente ira” (Lamentações 1, 12). Hoje contemplamos um fato histórico terrível que esconde um mistério divino que devemos viver no “hoje” desde a fé. Fato histórico: “Cristo morreu verdadeiramente” e mistério divino “pelos nossos pecados e para a nossa justificação”. Ambos, fato histórico e mistério, vão juntos.
Resumo da mensagem: Hoje, Sexta-feira Santa, o sacramento cala para dar lugar ao evento e acontecimento histórico (leitura da paixão de são João), isto é, a contemplação do fato do qual nasceram todos os sacramentos. E tudo para nos introduzir no mistério: para a nossa justificação e salvação dos nossos pecados (primeira e segunda leitura).
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, detenhamo-nos no acontecimento histórico terrível deste dia: agonia, flagelação, paixão no corpo e na alma, e morte de cruz. Golpeado, ferido, humilhado, triturado, vencido e derrotado. Sem essa visão da historia, a visão do mistério: “Deus o fez pecado por nós” (2 Cor. 5, 21) estaria suspendida no vazio, desancorada; seria teoria ou ideologia; seria um sistema de doutrinas religiosas, como existiam naquele tempo entre os gregos e como existem agora. Sem a realidade dos fatos ocorridos, a nossa fé estaria vazia, diz Paulo (1 Cor 15,14 ). Por tanto, a historia é essencial para a nossa fé no mistério que hoje celebramos. O fato histórico é mencionado até mesmo pelo historiador romano Tácito: “Condenado ao suplicio por Poncio Pilatos” (Anais, livro XV, 44).
Em segundo lugar, olhemos agora o mistério que está detrás deste acontecimento histórico. Sobre os seus ombros pesava o pecado, o sofrimento, a miséria do mundo inteiro, porque Ele tinha aceitado ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Por que teve que morrer desse jeito? Temos que meditar a paixão de Cristo, e a sua Cruz. A Cruz é a nossa âncora de base para alcançar a salvação, uma salvação que sem Ela, assumida com amor não seria possível conseguir. Uma Cruz que é a ponte, o caminho, a escada que nos permite ser redimidos e nos unir a Deus, a um Deus do qual emana A SAÙDE, que foi o primeiro em pegá-la, colocá-la sobre as suas costas e levá-la até o final: “Pela Cruz à Luz”. Uma Cruz que se assemelha à porta do Céu, o caminho mais reto para a Gloria e o meio mais útil e eficaz para consegui-la. Nós já conhecemos todas as variedades da dor, porém esta dor é diferente. É a dor de um Deus; é uma dor livre, aceitada, desejada: “oferecendo-se livremente à sua paixão”. Nenhuma dor conhecida por nós é assim: isto é, tudo e só dor, sem pegada de necessidade. Não resulta fácil de acreditar, sob a ótica do materialismo, que alguém fosse capaz de imolar-se, sem pedir nada em troca.
Finalmente, perguntemo-nos, o que farei diante deste fato histórico que esconde um mistério vivido no eterno “hoje”? Acompanhar a Cristo na sua cruz, levando com amor a nossa cruz, que é a participação da Sua. A Cruz é sinal de contradição, sempre foi. Loucura e escândalo para os judeus, pois constituía um meio que provocava a tortura, a humilhação e a morte destinada aos piores criminais alheios à cidadania romana; ser Rei com esse trono, é loucura. E é, também, necessidade para os gentios, para os pagãos. Que bobagem era essa de se imolar numa Cruz; o que é isso de morrer para salvar. Devemos, como São Francisco de Assis, submergir-nos, adentrar-nos na meditação deste mistério, deixar-nos “impressionar” pelos estigmas do Salvador. Convertamos cada uma das nossas lágrimas que caíram, caem e cairão dos nossos olhos num elo de uma corrente, em degraus de uma escada que, sem solução de continuidade, nos levem até a Gloria, vendo nelas uma oportunidade única para nos aproximar do perdão e dum CRISTO que nos dá a alegria da Redenção.
Para refletir: dado que a cruz é algo que acompanha a própria natureza e essência do homem e que não existe vida humana sem cruz, perguntemo-nos: queremos uma vida sem padecimento, sem sofrimento? E dado que no final é certo que “todos os olhos choram, embora não o façam ao mesmo tempo”, que todos choraram, choram e chorarão, pensamos fugir da cruz? Quais são as nossas cruzes? Por caso são mais pesadas que a de Cristo?
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste email:
arivero@legionaries.org
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