Dom Piero Marini, mestre das celebrações litúrgicas pontifícias de João Paulo II, afirma que começou a refletir sobre a santidade do papa polonês em sua beatificação, uma santidade da vida cotidiana: à qual o Senhor o chamou, primeiro em Cracóvia e depois, como bispo de toda a Igreja durante seu pontificado. “Ele fazia de forma extraordinária as coisas ordinárias da vida!" Assim relatou Marini em entrevista à Rádio Vaticana, por ocasião do lançamento do livro "João Paulo II - O homem, o Papa, o santo”. O volume, que foi produzido pelo grupo editorial Utet Grandi Opere – Fmr em colaboração com o Pontifício Conselho para a Cultura, inclui, entre outros, o testemunho de Monsenhor Marini, atual presidente do Comitê Pontifício para os Congressos Eucarísticos internacionais.
Sobre a santidade de João Paulo II, o mestre de cerimonias conta na entrevista à Rádio Vaticana que "a reflexão sobre a santidade, pelo menos na minha experiência, veio durante a sua vida, sobretudo, quando o via tão comprometido com a oração, antes da celebração e, especialmente, durante e depois da celebração". Mas, continua ele, o “pensamento sobre sua santidade veio, pela primeira vez, refletindo precisamente sobre a sua vida por ocasião da beatificação: percorrendo novamente o seu modo de ser, seu modo de ser em relação às pessoas, com o povo". E recorda que, no início de seu pontificado, quando no fim da missa o Papa caminhava em direção à multidão, o mestre de cerimônias tentava impedi-lo. Para Monsenhor Marini a beatificação "foi uma oportunidade de refletir sobre sua vida, também pensar novamente no Concílio, quando lembrou a todos os padres, bispos, que não se torna santo fazendo coisas extraordinárias, mas fazendo bem o seu dever". E, assim, Marini explicou que começou a refletir que a santidade de João Paulo II “não era a santidade dos primatas, mas a santidade da vida cotidiana: à qual o Senhor lhe havia chamado primeiro em Cracóvia e depois, como bispo de toda a Igreja durante o seu pontificado. Ele realizou de forma extraordinária as coisas ordinárias da vida!”
Marini narra o que mais lhe comovia na dimensão orante de João Paulo II: "ele acreditava no que fazia! Quando rezava, rezava porque acreditava em sua oração. Não tinha medo de rezar em público, fazia gestos que talvez outros teriam tido alguma dificuldade para fazer". Ele era "um homem autêntico, tinha seus momentos de intimidade, de conversa com Deus”. O mestre de cerimonias afirma que esta era a “impressão que ele tinha” e que ainda hoje o “edifica quando pensa nos momentos de oração que começavam na sacristia". Uma “oração que era pessoal, mas também simples e comum a cada um de nós, como a oração do Rosário e, às vezes, durante a viagem, ele fazia parar o carro para celebrar a Liturgia das Horas (...)era um homem que realmente dava à oração o primeiro lugar!”.
Para finalizar a entrevista, recordou o episódio de João Paulo II em Agrigento e o seu grito contra a máfia. Monsenhor Marini afirma que este momento também mostra um traço da santidade de Wojtyla, “tinha a valentia de um homem ‘convicto’". E lembrou que o papa polonês, por vezes, disse: "Eu sou um Papa bom, próximo, amável na vida e nos relacionamentos com os outros, mas eu me transformo quando se trata de defender os princípios!" E para concluir, citou o apelo do Papa em Agrigento "com tanta convicção, coragem, que quase assustava. Lembro-me da mesma forma quando em Varsóvia, durante um evento, ele defendia a vida no ventre da mãe. Eram momentos em que emergia toda a convicção que estava dentro e que era a base de seu comportamento de cada dia".
(Trad.:MEM) - Fonte: Zenit.
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