quarta-feira, 9 de maio de 2012
Bispos bolivianos contra o desmatamento e as plantações de coca
"O cultivo de coca e o desmatamento devem cessar imediatamente", conclama a Conferência Episcopal Boliviana diante da produção desenfreada desta planta no país, com suas consequências nefastas. Para discutir a questão, uma delegação da organização Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) visitou a Bolívia e se encontrou com o arcebispo coadjutor de Santa Cruz de la Sierra, dom Sergio Alfredo Gualberti.
O cultivo da coca nas nações andinas é restrito, mas o presidente boliviano Evo Morales, que já foi um dos maiores produtores da planta, vem defendendo a expansão das plantações. Reeleito em dezembro de 2009, o ex-"cocalero" ligado a Hugo Chávez levou seus planos adiante, apesar das críticas da comunidade internacional e do mundo católico. Estas críticas, por sinal, não favoreceram a melhora das relações entre o episcopado e o governo boliviano, que se tornaram especialmente complicadas em 2009 com a promulgação da nova constituição: o texto tirou do catolicismo o status de religião oficial e estabeleceu limites mais rígidos entre a Igreja e o Estado.
O bispo disse à AIS que Morales está prestes a aprovar novos desmatamentos para construir uma rodovia no coração de uma reserva natural. "A estrada chegaria até o Brasil, destruindo grande parte do Parque Nacional Isiboro, região reconhecida oficialmente como território indígena". A construção inevitável de estruturas ao longo da rodovia, segundo dom Gualberti, promoveria um desmatamento e destruição ambiental maiores ainda. "É por isso que nós, bispos bolivianos, escrevemos uma carta pastoral em defesa do meio ambiente, da justiça e do desenvolvimento".
O texto dos bispos, intitulado "O universo, um dom de Deus para a vida", também denuncia a "perda dos valores espirituais e humanos e dos princípios éticos e morais que fizeram e fazem parte da nossa identidade". Embora mais de três quartos dos dez milhões de bolivianos sejam católicos, a prática da fé está se enfraquecendo muito no país. O compromisso da Igreja é, portanto, reforçar o trabalho de evangelização. "Intensificar o ministério e promover a formação de catequistas e seminaristas são as nossas prioridades atuais".
Estas prioridades são apoiadas pela Ajuda à Igreja que Sofre, que em 2010 doou para a Igreja na Bolívia mais de 350 mil euros. Entre os projetos financiados, estão o XXIX Encontro Nacional e Internacional da Juventude da Bolívia, a formação de seminaristas e noviças, a construção de instalações para a paróquia de Nossa Senhora da Misericórdia, na diocese de Potosí, e a restauração do convento das irmãs carmelitas de Cochabamba.
Fonte: Zenit.
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