quarta-feira, 23 de setembro de 2015

EUA: uma visita pastoral cheia de expectativas

A visita do papa Francisco a Cuba e sua chegada iminente aos Estados Unidos têm atraído inevitavelmente a atenção da imprensa internacional, incluindo a anglo-saxã. O site do jornal britânico The Guardian destaca a "grande, mas não enorme" participação popular na missa celebrada pelo papa Francisco na Praça da Revolução, em Havana, e salienta que a mensagem do papa foi dirigida "aos fiéis, mas não só a eles". O artigo assinado por Jonathan Watts destaca os comentários e sentimentos das pessoas que participaram da celebração.

O sentimento dominante é de alegria com o que parece ser uma reconciliação talvez definitiva entre o governo cubano e a Igreja católica, num país em que, após a revolução castrista, a religião certamente não era incentivada.

Muitos dos cubanos presentes falam de Francisco como "um papa para o mundo, que ajuda os pobres e promove a paz". Eles esperam que a sua ação alimente o diálogo recém-reaberto entre Cuba e os Estados Unidos.

A revista The Economist aponta que nenhuma visita papal aos Estados Unidos levantou antes tantas expectativas. O artigo descreve a Igreja católica dos EUA como "necessitada do efeito Francisco" para reabilitar a imagem manchada "pelos escândalos financeiros e de pedofilia". Uma Igreja em que, segundo recente pesquisa do Instituto Pew, "para cada americano convertido, há seis que abandonam o catolicismo".

Mas a visita do papa, de acordo com o semanário britânico, pode indiretamente ter alguma influência no cenário político dos EUA, onde "um terço da Câmara dos Deputados é católico, incluindo o líder republicano John Boehner", sem esquecer o vice-presidente Joe Biden e o republicano Jeb Bush, ambos envolvidos nas primárias para a Casa Branca.

O eleitorado católico republicano se divide entre "uma ala conservadora, focada principalmente na liberdade religiosa e no combate ao aborto, e uma ala liberal mais atenta à justiça social". Para The Economist, Francisco não vai influenciar a próxima eleição presidencial, mas, sendo um papa "defensor das razões dos imigrantes pobres e um crítico do capitalismo, embora, ao mesmo tempo, não tenha revisto muito dos ensinamentos sociais da Igreja, ele tem algo para ambas as ‘almas’ do catolicismo norte-americano". E as duas partes o "querem do seu lado".

Já o site do Washington Post destaca a visita do pontífice a Holguín, a "quarta maior cidade cubana", localizada "na parte oriental da ilha em uma região profundamente ligada tanto ao catolicismo quanto à revolução de Fidel Castro". O texto de David Montgomery destaca que Francisco chamou a atenção para a "falta de igrejas e sacerdotes em algumas áreas" de Cuba, onde os obstáculos para a livre prática da religião católica estão hoje bastante reduzidos. "Eu sei dos esforços e sacrifícios da Igreja cubana também nas áreas mais remotas", disse o papa, referindo-se em particular às "casas de missão" que compensaram a "escassez de sacerdotes e locais de culto". O jornal norte-americano fala da viagem de Francisco a Cuba e aos Estados Unidos como um possível momento-chave na aproximação entre os dois países.

No New York Times, um artigo de Jim Yardley e Azam Ahmed descreve um pontífice hábil em não criticar diretamente o governo de Castro, mas, ao mesmo tempo, bem claro na sua mensagem, com palavras fortes como "Nós servimos às pessoas, não às ideologias". O papa é "cauteloso ao evitar parecer muito político e ao abordar as questões internas de Cuba", mas cujo papel fundamental na reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos não deve ser esquecido nem subestimado. Francisco é um pontífice "cuja missão já vai além da pregação do catolicismo às massas".

Fonte: Zenit.

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