Apresentamos a seguir uma seleção de dez frases dentre as mais marcantes da viagem apostólica do papa Francisco a Cuba.
“O mundo precisa de reconciliação neste clima de terceira guerra mundial por etapas que estamos vivendo”
(19 de setembro de 2015. Aeroporto de Havana).
“Servir nunca é ideológico”
(20 de setembro de 2015. Missa em Havana, Praça da Revolução).
“O cristão é sempre convidado a deixar de lado as suas buscas, afãs, desejos de onipotência diante do olhar concreto dos mais frágeis”
(20 de setembro de 2015. Missa em Havana, Praça da Revolução).
“Não podemos permitir outro fracasso da paz na Colômbia”
(20 de setembro de 2015. Ângelus em Havana, Praça da Revolução).
“Pobreza e misericórdia, porque nelas está Jesus”
(20 de setembro de 2015. Vésperas com o clero, religiosos, religiosas e seminaristas).
“Sonhem que o mundo com vocês pode ser diferente”
(20 de setembro de 2015. Encontro com os jovens em Havana).
“Seu olhar transforma o nosso olhar, seu coração transforma o nosso coração”
(21 de setembro de 2015. Missa em Holguín, Praça da Revolução).
“Queremos ser uma Igreja que saia de casa para construir pontes, derrubar muros, semear reconciliação”
(22 de setembro de 2015. Missa no Santuário da Virgem do Cobre, Santiago de Cuba).
“No calor do lar, a fé empapa cada canto”
(22 de setembro de 2015. Encontro com as famílias, catedral de Santiago de Cuba).
“É em casa que aprendemos a fraternidade, aprendemos a solidariedade, aprendemos a não ser avassaladores”
(22 de setembro de 2015. Encontro com as famílias, catedral de Santiago de Cuba).
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
terça-feira, 29 de setembro de 2015
CNBB promove Encontro Brasileiro dos Universitários Cristãos
III Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos (Ebruc) e III Fórum Brasileiro de Cultura acontecerá de 10 a 12 de outubro, em Colatina (ES).
A iniciativa do Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem a missão de favorecer o intercâmbio de experiências e reflexões acerca de questões pertinentes à vida universitária, entre os membros da Pastoral Universitária e as mais diversas formas de presença da Igreja nas Instituições de Ensino Superior.
Estão convidados a participar do Ebruc os universitários, professores, funcionários do Ensino Superior, pesquisadores, coordenadores diocesanos e agentes de Pastoral Universitária, além de movimentos e congregações que atuam no âmbito das universidades.
O lema do evento, “Tecendo a vida com arte. A rede da Pastoral Universitária na cultura e sociedade”, também conduzirá aprofundamentos sobre os pontos de divergência e convergência entre universidade e sociedade e a presença da Pastoral Universitária na sociedade, iluminando ações.
A programação conta ainda com atividades culturais, palestras, mesa-redonda, oficinas, dinâmicas de integração, celebrações e oportunidades para a partilha de experiências.
De forma articulada ao Ebruc, o Fórum Brasileiro de Cultura será realizado também em Colatina, dias 11 e 12 de outubro. Com o tema “Hospitalidade e comensalidade”, propõe analisar a questão como ações culturais, que inculturam valores universais no cotidiano dos moradores da cidade.
Também promovido pelo Setor Universidades da CNBB, o Fórum de Cultura é um encontro de atores, projetos e riquezas culturais das diversas regiões do Brasil, com a finalidade de favorecer a troca de experiências, o intercâmbio de produtos e o estabelecimento de parcerias em níveis regionais e nacional.
Podem participar do fórum os membros da Pastoral da Cultura e pessoas interessadas
O evento contará com atividades culturais, experiências gastronômicas, feira de cultura, concerto, show, palestras e oficinas. Haverá também a presença da Orquestra de Câmara da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC PR), do professor Roberto da Mata e de outros conferencistas para as mesas temáticas.
Para outras informações e inscrições para o evento, clique aqui.
(Com informações da CNBB)
A iniciativa do Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem a missão de favorecer o intercâmbio de experiências e reflexões acerca de questões pertinentes à vida universitária, entre os membros da Pastoral Universitária e as mais diversas formas de presença da Igreja nas Instituições de Ensino Superior.
Estão convidados a participar do Ebruc os universitários, professores, funcionários do Ensino Superior, pesquisadores, coordenadores diocesanos e agentes de Pastoral Universitária, além de movimentos e congregações que atuam no âmbito das universidades.
O lema do evento, “Tecendo a vida com arte. A rede da Pastoral Universitária na cultura e sociedade”, também conduzirá aprofundamentos sobre os pontos de divergência e convergência entre universidade e sociedade e a presença da Pastoral Universitária na sociedade, iluminando ações.
A programação conta ainda com atividades culturais, palestras, mesa-redonda, oficinas, dinâmicas de integração, celebrações e oportunidades para a partilha de experiências.
De forma articulada ao Ebruc, o Fórum Brasileiro de Cultura será realizado também em Colatina, dias 11 e 12 de outubro. Com o tema “Hospitalidade e comensalidade”, propõe analisar a questão como ações culturais, que inculturam valores universais no cotidiano dos moradores da cidade.
Também promovido pelo Setor Universidades da CNBB, o Fórum de Cultura é um encontro de atores, projetos e riquezas culturais das diversas regiões do Brasil, com a finalidade de favorecer a troca de experiências, o intercâmbio de produtos e o estabelecimento de parcerias em níveis regionais e nacional.
Podem participar do fórum os membros da Pastoral da Cultura e pessoas interessadas
O evento contará com atividades culturais, experiências gastronômicas, feira de cultura, concerto, show, palestras e oficinas. Haverá também a presença da Orquestra de Câmara da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC PR), do professor Roberto da Mata e de outros conferencistas para as mesas temáticas.
Para outras informações e inscrições para o evento, clique aqui.
(Com informações da CNBB)
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Homilia do Papa na Santa Missa no Benjamim Franklin Parkway
Hoje, a Palavra de Deus surpreende-nos com uma linguagem alegórica forte, que nos faz pensar; imagens vigorosas, que questionam as nossas reflexões. Uma linguagem alegórica que nos interpela, mas que anima o nosso entusiasmo.
Na primeira Leitura, Josué diz a Moisés que dois membros do povo estão a profetizar, anunciando a palavra de Deus sem qualquer mandato. No Evangelho, João diz a Jesus que os discípulos impediram uma pessoa de expulsar os espíritos malignos em nome d’Ele. E aqui aparece a surpresa: Moisés e Jesus censuram estes colaboradores por serem de mente tão fechada. Oxalá fossem todos profetas da Palavra de Deus! Oxalá cada um fosse capaz de fazer milagres em nome do Senhor!
Por sua vez, Jesus encontra hostilidade nas pessoas que não aceitaram aquilo que fazia e dizia. Para elas, a abertura de Jesus à fé honesta e sincera de muitas pessoas, que não faziam parte do povo eleito de Deus, parecia intolerável. Entretanto os discípulos estavam a agir em boa-fé; mas a tentação de serem escandalizados pela liberdade de Deus, que faz chover tanto sobre os justos como sobre os injustos (cf. Mt 5, 45), ultrapassando a burocracia, o oficial e os círculos restritos, ameaça a autenticidade da fé e, por isso, deve ser vigorosamente rejeitada.
Quando nos damos conta disto, podemos entender por que motivo as palavras de Jesus sobre o escândalo são tão duras. Para Jesus, o escândalo intolerável consiste em tudo aquilo que destrói e corrompe a nossa confiança no modo de agir do Espírito.
Deus, nosso Pai, não Se deixa vencer em generosidade, e semeia. Semeia a sua presença no nosso mundo, porque «é nisto que está o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou» primeiro (1 Jo 4, 10). Aquele amor dá-nos uma certeza profunda: somos procurados por Ele, Ele está à nossa espera. É esta confiança que leva o discípulo a estimular, acompanhar e fazer crescer todas as boas iniciativas que existem ao seu redor. Deus quer que todos os seus filhos tomem parte na festa do Evangelho. Não ponhais obstáculo ao que é bom – diz Jesus –, antes pelo contrário, ajudai-o a crescer. Pôr em dúvida a obra do Espírito, dar a impressão de que a mesma não tem nada a ver com aqueles que não são «do nosso grupo», que não são «como nós», é uma tentação perigosa. Não só bloqueia a conversão à fé, mas constitui uma perversão da fé.
A fé abre a «janela» à presença operante do Espírito e demonstra-nos que a santidade, tal como a felicidade, está sempre ligada aos pequenos gestos. «Seja quem for que vos der a beber um copo de água por serdes de Cristo, (…) não perderá a sua recompensa», diz Jesus (Mc 9, 41). São gestos mínimos, que uma pessoa aprende em casa; gestos de família que se perdem no anonimato da vida diária, mas que fazem cada dia diferente do outro. São gestos de mãe, de avó, de pai, de avô, de filho. São gestos de ternura, de afeto, de compaixão. Gestos como o prato quente de quem espera para jantar, como o café da manhã de quem sabe acompanhar o levantar na alvorada. São gestos familiares. É a bênção antes de dormir, e o abraço ao regressar duma jornada de trabalho. O amor exprime-se em pequenas coisas, na atenção aos detalhes de cada dia que fazem com que a vida tenha sempre sabor de casa. A fé cresce, quando é vivida e plasmada pelo amor. Por isso, as nossas famílias, as nossas casas são autênticas igrejas domésticas: são o lugar ideal onde a fé se torna vida e a vida se torna fé.
Jesus convida-nos a não obstaculizar estes pequenos gestos miraculosos; antes, quer que os provoquemos, que os façamos crescer, que acompanhemos a vida como ela se nos apresenta, ajudando a suscitar todos os pequenos gestos de amor, sinais da sua presença viva e operante no nosso mundo.
Este comportamento a que somos convidados leva-nos a perguntar: Como estamos a trabalhar para viver esta lógica nas nossas famílias e nas nossas sociedades? Que tipo de mundo queremos deixar aos nossos filhos (cf.Laudato si’, 160)? Não podemos responder, sozinhos, a estas perguntas. É o Espírito que nos chama e desafia a responder a elas com a grande família humana. A nossa casa comum não pode mais tolerar divisões estéreis. O desafio urgente de proteger a nossa casa inclui o esforço de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar (cf. ibid., 13). Que os nossos filhos encontrem em nós pontos de referência para a comunhão! Que os nossos filhos encontrem em nós pessoas capazes de se associarem com outras para fazer florir todo o bem que o Pai semeou.
Sem meias palavras mas com afeto, Jesus diz-nos: «Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem?» (Lc 11, 13). Quanta sabedoria há nestas palavras! De fato nós, seres humanos, quanto a bondade e pureza de coração não temos muito de que nos vangloriarmos; mas Jesus sabe que, relativamente aos filhos, somos capazes de uma generosidade sem limites. Por isso nos encoraja: se tivermos fé, o Pai dar-nos-á o seu Espírito.
Nós cristãos, discípulos do Senhor, pedimos às famílias do mundo que nos ajudem. Somos tantos a participar nesta celebração e isto, em si mesmo, já é algo de profético, uma espécie de milagre no mundo de hoje. Quem dera que fôssemos todos profetas! Quem dera que cada um de nós se abrisse aos milagres do amor a bem de todas as famílias do mundo, para assim podermos superar o escândalo dum amor mesquinho e desconfiado, fechado em si mesmo, sem paciência com os outros!
Como seria bom se por todo o lado, mesmo para além das nossas fronteiras, pudéssemos encorajar e apreciar esta profecia e este milagre! Renovemos a nossa fé na palavra do Senhor, que convida as nossas famílias para esta abertura; que convida todos a participarem na profecia da aliança entre um homem e uma mulher, que gera vida e revela Deus.
Toda a pessoa que desejar formar, neste mundo, uma família que ensine os filhos a alegrar-se com cada ação que se proponha vencer o mal – uma família que mostre que o Espírito está vivo e operante –, encontrará a nossa gratidão e a nossa estima, independentemente do povo, região ou religião a que pertença.
Que Deus nos conceda a todos, como discípulos do Senhor, a graça de ser dignos desta pureza de coração que não se escandaliza do Evangelho.
(Canção Nova)
Na primeira Leitura, Josué diz a Moisés que dois membros do povo estão a profetizar, anunciando a palavra de Deus sem qualquer mandato. No Evangelho, João diz a Jesus que os discípulos impediram uma pessoa de expulsar os espíritos malignos em nome d’Ele. E aqui aparece a surpresa: Moisés e Jesus censuram estes colaboradores por serem de mente tão fechada. Oxalá fossem todos profetas da Palavra de Deus! Oxalá cada um fosse capaz de fazer milagres em nome do Senhor!
Por sua vez, Jesus encontra hostilidade nas pessoas que não aceitaram aquilo que fazia e dizia. Para elas, a abertura de Jesus à fé honesta e sincera de muitas pessoas, que não faziam parte do povo eleito de Deus, parecia intolerável. Entretanto os discípulos estavam a agir em boa-fé; mas a tentação de serem escandalizados pela liberdade de Deus, que faz chover tanto sobre os justos como sobre os injustos (cf. Mt 5, 45), ultrapassando a burocracia, o oficial e os círculos restritos, ameaça a autenticidade da fé e, por isso, deve ser vigorosamente rejeitada.
Quando nos damos conta disto, podemos entender por que motivo as palavras de Jesus sobre o escândalo são tão duras. Para Jesus, o escândalo intolerável consiste em tudo aquilo que destrói e corrompe a nossa confiança no modo de agir do Espírito.
Deus, nosso Pai, não Se deixa vencer em generosidade, e semeia. Semeia a sua presença no nosso mundo, porque «é nisto que está o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou» primeiro (1 Jo 4, 10). Aquele amor dá-nos uma certeza profunda: somos procurados por Ele, Ele está à nossa espera. É esta confiança que leva o discípulo a estimular, acompanhar e fazer crescer todas as boas iniciativas que existem ao seu redor. Deus quer que todos os seus filhos tomem parte na festa do Evangelho. Não ponhais obstáculo ao que é bom – diz Jesus –, antes pelo contrário, ajudai-o a crescer. Pôr em dúvida a obra do Espírito, dar a impressão de que a mesma não tem nada a ver com aqueles que não são «do nosso grupo», que não são «como nós», é uma tentação perigosa. Não só bloqueia a conversão à fé, mas constitui uma perversão da fé.
A fé abre a «janela» à presença operante do Espírito e demonstra-nos que a santidade, tal como a felicidade, está sempre ligada aos pequenos gestos. «Seja quem for que vos der a beber um copo de água por serdes de Cristo, (…) não perderá a sua recompensa», diz Jesus (Mc 9, 41). São gestos mínimos, que uma pessoa aprende em casa; gestos de família que se perdem no anonimato da vida diária, mas que fazem cada dia diferente do outro. São gestos de mãe, de avó, de pai, de avô, de filho. São gestos de ternura, de afeto, de compaixão. Gestos como o prato quente de quem espera para jantar, como o café da manhã de quem sabe acompanhar o levantar na alvorada. São gestos familiares. É a bênção antes de dormir, e o abraço ao regressar duma jornada de trabalho. O amor exprime-se em pequenas coisas, na atenção aos detalhes de cada dia que fazem com que a vida tenha sempre sabor de casa. A fé cresce, quando é vivida e plasmada pelo amor. Por isso, as nossas famílias, as nossas casas são autênticas igrejas domésticas: são o lugar ideal onde a fé se torna vida e a vida se torna fé.
Jesus convida-nos a não obstaculizar estes pequenos gestos miraculosos; antes, quer que os provoquemos, que os façamos crescer, que acompanhemos a vida como ela se nos apresenta, ajudando a suscitar todos os pequenos gestos de amor, sinais da sua presença viva e operante no nosso mundo.
Este comportamento a que somos convidados leva-nos a perguntar: Como estamos a trabalhar para viver esta lógica nas nossas famílias e nas nossas sociedades? Que tipo de mundo queremos deixar aos nossos filhos (cf.Laudato si’, 160)? Não podemos responder, sozinhos, a estas perguntas. É o Espírito que nos chama e desafia a responder a elas com a grande família humana. A nossa casa comum não pode mais tolerar divisões estéreis. O desafio urgente de proteger a nossa casa inclui o esforço de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar (cf. ibid., 13). Que os nossos filhos encontrem em nós pontos de referência para a comunhão! Que os nossos filhos encontrem em nós pessoas capazes de se associarem com outras para fazer florir todo o bem que o Pai semeou.
Sem meias palavras mas com afeto, Jesus diz-nos: «Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem?» (Lc 11, 13). Quanta sabedoria há nestas palavras! De fato nós, seres humanos, quanto a bondade e pureza de coração não temos muito de que nos vangloriarmos; mas Jesus sabe que, relativamente aos filhos, somos capazes de uma generosidade sem limites. Por isso nos encoraja: se tivermos fé, o Pai dar-nos-á o seu Espírito.
Nós cristãos, discípulos do Senhor, pedimos às famílias do mundo que nos ajudem. Somos tantos a participar nesta celebração e isto, em si mesmo, já é algo de profético, uma espécie de milagre no mundo de hoje. Quem dera que fôssemos todos profetas! Quem dera que cada um de nós se abrisse aos milagres do amor a bem de todas as famílias do mundo, para assim podermos superar o escândalo dum amor mesquinho e desconfiado, fechado em si mesmo, sem paciência com os outros!
Como seria bom se por todo o lado, mesmo para além das nossas fronteiras, pudéssemos encorajar e apreciar esta profecia e este milagre! Renovemos a nossa fé na palavra do Senhor, que convida as nossas famílias para esta abertura; que convida todos a participarem na profecia da aliança entre um homem e uma mulher, que gera vida e revela Deus.
Toda a pessoa que desejar formar, neste mundo, uma família que ensine os filhos a alegrar-se com cada ação que se proponha vencer o mal – uma família que mostre que o Espírito está vivo e operante –, encontrará a nossa gratidão e a nossa estima, independentemente do povo, região ou religião a que pertença.
Que Deus nos conceda a todos, como discípulos do Senhor, a graça de ser dignos desta pureza de coração que não se escandaliza do Evangelho.
(Canção Nova)
domingo, 27 de setembro de 2015
Papa nos Estados Unidos: Programa deste domingo 27
Papa nos Estados Unidos: Programa deste domingo 27
Último dia da 10ª Viagem Apostólica do Papa Francisco
10h05 – Capela do Seminário S. Carlo Borromeo – Encontro com os bispos
11h50 – Visita aos detentos – Instituto de Correção Curran-Fromhold de Filadélfia
16h50 – Santa Missa
20h50 – Aeroporto Internacional de Filadélfia – Despedida – Saudação ao Comitê organizador, voluntários e benfeitores.
Fonte: Zenit.
sábado, 26 de setembro de 2015
O sabor amargo dos doces de Cosme e Damião
Nos deparamos mais uma vez com a discussão acerca de São Cosme e Damião e a falaciosa relação dos santos católicos com a entrega de doces que é fruto da umbanda impulsionada pelo sincretismo religioso.
Em meio a tantos textos sem contextos, percebemos muitos pretextos que tiram nossos olhos da verdade e do sagrado. Vamos aos fatos:
Catolicismo
São Cosme e Damião são santos mártires da Igreja Católica, cuja memória é celebrada no dia 26 de setembro. Cosme e Damião eram irmãos gêmeos e exerciam a profissão de médicos. Eram chamados de "Anaryroi" ou seja “os sem dinheiro” por causa dos seus serviços de caridade. Diversas curas e milagres foram realizados através deles. Com a terrível perseguição imposta pelo imperador Diocleciano, os irmãos foram presos e acusados de usar de feitiçaria, bruxismo e meios satânicos para realizar as curas.
Ao serem interrogados, diante da acusação responderam: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!”. Foram então forçados a adorar os deuses sob pena de serem cruelmente torturados, ao que eles responderam: "Teus deuses nenhum poder têm; adoramos o Criador do céu e da terra".
Sofreram severas torturas, mas milagrosamente não pareciam sentir nada dos cruéis flagelos que lhes eram impostos. Diante do fato foram então decapitados. Após o culto à Cosme e Damião se espalhar, o Papa Félix construiu por volta do ano 526 uma basílica dedicada a eles em Roma. A solenidade aconteceu então no dia 26 de setembro que ficou fixado como data da memória dos santos.
Umbanda
O primeiro aspecto que difere da celebração dos santos Cosme e Damião é o dia. Na Umbanda são celebrados dia 27 que no catolicismo é dia de São Vicente de Paula.
Segundo, são caracterizados apenas no nome, mas na realidade são "Ibejí" ou "Ibejís" que são os Orixás que protegem as crianças e são os Orixás de amor e alegria. São filhos gêmeos de Xangô e Iansã. O nome "Ibeji" é uma junção dos termos "iorubas" que quer dizer "nascimento", e "eji", que quer dizer "dois".
Na própria Umbanda existe uma forte confusão por tudo isso, pois os "Ibejís" confundem-se com os "Erês" que provem do Candomblé. Os primeiros são espíritos muito fortes que, depois de Oxalá, são os únicos que dominam totalmente a magia. Os segundos são os intermediários entre a pessoa e seu Orixá. A palavra "Eré" significa "brincadeira, divertimento".
Por serem divindades atribuídas a crianças, o dualismo entre eles próprios cria a confusão. Segundo a Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e do Entorno, “os Ibejis são celebrados com cultos próprios durante todo o ano, já que estão ligados a ideia de “criação" e são cultuados em todos os rituais”. A Umbanda celebra Cosme e Damião e não os Ibejis, na mesma data.
“Quando os escravos foram trazidos da África para o Brasil acabaram criando a Umbanda e, para realizar seus cultos, associaram seus deuses aos do catolicismo. Mas o princípio é o mesmo”, informa a Federação.
A grande cerimônia dedicada às divindades, acontece no dia 27 de setembro, como forma de agradecimento e como forma de devolver a proteção dispensada. É nesta ocasião que comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos frequentadores dos terreiros. E cultiva-se também o costume de distribuir-se tais doces na noite desta celebração.
Nos deparamos então com um profundo sincretismo religioso que esvazia, relativiza e deturpa o sentido religioso e sagrado da verdadeira devoção aos santos mártires São Cosme e São Damião.
Sobre este sincretismo o Papa Bento XVI nos alertou na Caritas in Veritate: "O mundo actual regista a presença de algumas culturas de matiz religioso que não empenham o homem na comunhão, mas isolam-no na busca do bem-estar individual, limitando-se a satisfazer os seus anseios psicológicos. Também uma certa proliferação de percursos religiosos de pequenos grupos ou mesmo de pessoas individuais e o sincretismo religioso podem ser factores de dispersão e de apatia. Um possível efeito negativo do processo de globalização é a tendência a favorecer tal sincretismo, alimentando formas de « religião » que, em vez de fazer as pessoas encontrarem-se, alheiam-nas umas das outras e afastam-nas da realidade”.
Em um encontro com bispos do Brasil no vaticano, o Papa Bento XVI exortou: "o culto não pode nascer de nossa fantasia".
Com relação a recepção dos tais "doces", devemos estar atentos às obras das trevas e não ter parte com elas. Alguns definem não haver nenhum problema se for por pura filantropia e caridade, mas fica a pergunta: "Como definir quando, onde e quem está promovendo uma coisa ou outra?".
Ficamos portanto com aquilo que nos ensina a Palavra de Deus em Ef 5, 8-13: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz."
São Cosme e São Damião, rogai por nós!
Em meio a tantos textos sem contextos, percebemos muitos pretextos que tiram nossos olhos da verdade e do sagrado. Vamos aos fatos:
Catolicismo
São Cosme e Damião são santos mártires da Igreja Católica, cuja memória é celebrada no dia 26 de setembro. Cosme e Damião eram irmãos gêmeos e exerciam a profissão de médicos. Eram chamados de "Anaryroi" ou seja “os sem dinheiro” por causa dos seus serviços de caridade. Diversas curas e milagres foram realizados através deles. Com a terrível perseguição imposta pelo imperador Diocleciano, os irmãos foram presos e acusados de usar de feitiçaria, bruxismo e meios satânicos para realizar as curas.
Ao serem interrogados, diante da acusação responderam: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!”. Foram então forçados a adorar os deuses sob pena de serem cruelmente torturados, ao que eles responderam: "Teus deuses nenhum poder têm; adoramos o Criador do céu e da terra".
Sofreram severas torturas, mas milagrosamente não pareciam sentir nada dos cruéis flagelos que lhes eram impostos. Diante do fato foram então decapitados. Após o culto à Cosme e Damião se espalhar, o Papa Félix construiu por volta do ano 526 uma basílica dedicada a eles em Roma. A solenidade aconteceu então no dia 26 de setembro que ficou fixado como data da memória dos santos.
Umbanda
O primeiro aspecto que difere da celebração dos santos Cosme e Damião é o dia. Na Umbanda são celebrados dia 27 que no catolicismo é dia de São Vicente de Paula.
Segundo, são caracterizados apenas no nome, mas na realidade são "Ibejí" ou "Ibejís" que são os Orixás que protegem as crianças e são os Orixás de amor e alegria. São filhos gêmeos de Xangô e Iansã. O nome "Ibeji" é uma junção dos termos "iorubas" que quer dizer "nascimento", e "eji", que quer dizer "dois".
Na própria Umbanda existe uma forte confusão por tudo isso, pois os "Ibejís" confundem-se com os "Erês" que provem do Candomblé. Os primeiros são espíritos muito fortes que, depois de Oxalá, são os únicos que dominam totalmente a magia. Os segundos são os intermediários entre a pessoa e seu Orixá. A palavra "Eré" significa "brincadeira, divertimento".
Por serem divindades atribuídas a crianças, o dualismo entre eles próprios cria a confusão. Segundo a Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e do Entorno, “os Ibejis são celebrados com cultos próprios durante todo o ano, já que estão ligados a ideia de “criação" e são cultuados em todos os rituais”. A Umbanda celebra Cosme e Damião e não os Ibejis, na mesma data.
“Quando os escravos foram trazidos da África para o Brasil acabaram criando a Umbanda e, para realizar seus cultos, associaram seus deuses aos do catolicismo. Mas o princípio é o mesmo”, informa a Federação.
A grande cerimônia dedicada às divindades, acontece no dia 27 de setembro, como forma de agradecimento e como forma de devolver a proteção dispensada. É nesta ocasião que comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos frequentadores dos terreiros. E cultiva-se também o costume de distribuir-se tais doces na noite desta celebração.
Nos deparamos então com um profundo sincretismo religioso que esvazia, relativiza e deturpa o sentido religioso e sagrado da verdadeira devoção aos santos mártires São Cosme e São Damião.
Sobre este sincretismo o Papa Bento XVI nos alertou na Caritas in Veritate: "O mundo actual regista a presença de algumas culturas de matiz religioso que não empenham o homem na comunhão, mas isolam-no na busca do bem-estar individual, limitando-se a satisfazer os seus anseios psicológicos. Também uma certa proliferação de percursos religiosos de pequenos grupos ou mesmo de pessoas individuais e o sincretismo religioso podem ser factores de dispersão e de apatia. Um possível efeito negativo do processo de globalização é a tendência a favorecer tal sincretismo, alimentando formas de « religião » que, em vez de fazer as pessoas encontrarem-se, alheiam-nas umas das outras e afastam-nas da realidade”.
Em um encontro com bispos do Brasil no vaticano, o Papa Bento XVI exortou: "o culto não pode nascer de nossa fantasia".
Com relação a recepção dos tais "doces", devemos estar atentos às obras das trevas e não ter parte com elas. Alguns definem não haver nenhum problema se for por pura filantropia e caridade, mas fica a pergunta: "Como definir quando, onde e quem está promovendo uma coisa ou outra?".
Ficamos portanto com aquilo que nos ensina a Palavra de Deus em Ef 5, 8-13: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz."
São Cosme e São Damião, rogai por nós!
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Francisco aos bispos dos EUA: que nunca mais haja crimes de abusos
O Santo Padre se reuniu nesta quarta-feira com seus irmãos no episcopado dos Estados Unidos na catedral de São Mateus Apóstolo, de Washington, e dedicou a eles um discurso extenso, pouco habitual de parte de Francisco. São 457 os bispos da Conferência Episcopal dos EUA, a segunda mais numerosa do mundo, depois da brasileira.
Francisco pediu que “nenhum membro do Corpo de Cristo e da nação americana se sinta excluído do abraço do papa” e afirmou que, “quando derem a mão para fazer o bem”, saibam que “o papa os acompanha e ajuda e também dá a mão junto com eles, uma mão velha e enrugada, mas, graças a Deus, ainda capaz de apoiar e encorajar”.
O Santo Padre não deixou passar a ocasião para falar dos casos de abuso contra menores, que golpearam com força a Igreja do país. Francisco sabe “o quanto os fez sofrer a ferida dos últimos anos. Acompanhei de perto o seu generoso esforço para cuidar das vítimas, consciente de que, quando as curamos, também somos curados, e para continuar trabalhando para que esses crimes não se repitam nunca mais”.
O papa recordou também as vítimas inocentes do aborto, as crianças que morrem de fome ou bombardeadas, os imigrantes se afogam na procura de um futuro, os idosos e os enfermos de quem se quer prescindir, as vítimas do terrorismo, das guerras, da violência e do tráfico de drogas, o meio ambiente devastado por uma relação predatória do homem com a natureza: “Em tudo isto, está sempre em jogo o dom de Deus, do qual somos administradores nobres, mas não donos. Não é lícito eludir estas questões ou silenciá-las”. Não menos importante, é claro, é o anúncio do Evangelho da família.
Francisco destacou ainda que “a nossa maior alegria é ser pastores e nada mais que pastores, com um coração indiviso e uma entrega pessoal irreversível”. Por isso, pediu que eles “custodiem esta alegria” e enfatizou que “a essência da nossa identidade deve ser buscada na oração assídua, na pregação e no apascentar”.
O pontífice pediu aos bispos que “estejam atentos para que a grei encontre sempre no coração do pastor a reserva de eternidade que ansiosamente se busca em vão nas coisas do mundo” e lembrou que “somos artífices da cultura do encontro”: “o diálogo é nosso método”, não “por astuta estratégia”, mas por fidelidade a Jesus. “A linguagem dura e belicosa da divisão não é própria do pastor, não tem direito de cidadania em seu coração e, embora pareça durante algum tempo assegurar uma hegemonia aparente, só o atrativo duradouro da bondade e do amor é realmente convincente”. Por isso, o Santo Padre convidou os presentes a aprenderem a ser como Jesus, “manso e humilde”, alicerçando assim a unidade.
Francisco também desejou que o Ano Santo da Misericórdia “seja para todos uma ocasião privilegiada para reforçar a comunhão, aperfeiçoar a unidade, reconciliar as diferenças, perdoar-nos uns aos outros e superar toda divisão”.
O Santo Padre assegurou aos bispos “que uma parte essencial da sua missão é oferecer aos Estados Unidos da América a levedura humilde e poderosa da comunhão”.
Antes de terminar o longo discurso, o papa fez duas últimas recomendações.
A primeira: “Sejam pastores próximos das pessoas; de modo especial, dos seus sacerdotes”. Não devemos "cair na tentação de ser notários e burocratas", mas ser "expressão da maternidade da Igreja que gera e faz crescerem os seus filhos”.
A segunda se referiu aos imigrantes. “A Igreja nos Estados Unidos conhece como ninguém as esperanças do coração dos imigrantes. Vocês sempre aprenderam o seu idioma, apoiaram a sua causa, integraram as suas contribuições, defenderam seus direitos, promoveram sua busca de prosperidade, mantendo acesa a chama da sua fé. Mesmo hoje, nenhuma instituição estadunidense faz mais pelos imigrantes do que as suas comunidades cristãs”. Por tudo isto, o papa lhes agradeceu e os incentivou a acolher os imigrantes sem medo, oferecendo a eles “o calor do amor de Cristo”.
Fonte: Zenit.
Francisco pediu que “nenhum membro do Corpo de Cristo e da nação americana se sinta excluído do abraço do papa” e afirmou que, “quando derem a mão para fazer o bem”, saibam que “o papa os acompanha e ajuda e também dá a mão junto com eles, uma mão velha e enrugada, mas, graças a Deus, ainda capaz de apoiar e encorajar”.
O Santo Padre não deixou passar a ocasião para falar dos casos de abuso contra menores, que golpearam com força a Igreja do país. Francisco sabe “o quanto os fez sofrer a ferida dos últimos anos. Acompanhei de perto o seu generoso esforço para cuidar das vítimas, consciente de que, quando as curamos, também somos curados, e para continuar trabalhando para que esses crimes não se repitam nunca mais”.
O papa recordou também as vítimas inocentes do aborto, as crianças que morrem de fome ou bombardeadas, os imigrantes se afogam na procura de um futuro, os idosos e os enfermos de quem se quer prescindir, as vítimas do terrorismo, das guerras, da violência e do tráfico de drogas, o meio ambiente devastado por uma relação predatória do homem com a natureza: “Em tudo isto, está sempre em jogo o dom de Deus, do qual somos administradores nobres, mas não donos. Não é lícito eludir estas questões ou silenciá-las”. Não menos importante, é claro, é o anúncio do Evangelho da família.
Francisco destacou ainda que “a nossa maior alegria é ser pastores e nada mais que pastores, com um coração indiviso e uma entrega pessoal irreversível”. Por isso, pediu que eles “custodiem esta alegria” e enfatizou que “a essência da nossa identidade deve ser buscada na oração assídua, na pregação e no apascentar”.
O pontífice pediu aos bispos que “estejam atentos para que a grei encontre sempre no coração do pastor a reserva de eternidade que ansiosamente se busca em vão nas coisas do mundo” e lembrou que “somos artífices da cultura do encontro”: “o diálogo é nosso método”, não “por astuta estratégia”, mas por fidelidade a Jesus. “A linguagem dura e belicosa da divisão não é própria do pastor, não tem direito de cidadania em seu coração e, embora pareça durante algum tempo assegurar uma hegemonia aparente, só o atrativo duradouro da bondade e do amor é realmente convincente”. Por isso, o Santo Padre convidou os presentes a aprenderem a ser como Jesus, “manso e humilde”, alicerçando assim a unidade.
Francisco também desejou que o Ano Santo da Misericórdia “seja para todos uma ocasião privilegiada para reforçar a comunhão, aperfeiçoar a unidade, reconciliar as diferenças, perdoar-nos uns aos outros e superar toda divisão”.
O Santo Padre assegurou aos bispos “que uma parte essencial da sua missão é oferecer aos Estados Unidos da América a levedura humilde e poderosa da comunhão”.
Antes de terminar o longo discurso, o papa fez duas últimas recomendações.
A primeira: “Sejam pastores próximos das pessoas; de modo especial, dos seus sacerdotes”. Não devemos "cair na tentação de ser notários e burocratas", mas ser "expressão da maternidade da Igreja que gera e faz crescerem os seus filhos”.
A segunda se referiu aos imigrantes. “A Igreja nos Estados Unidos conhece como ninguém as esperanças do coração dos imigrantes. Vocês sempre aprenderam o seu idioma, apoiaram a sua causa, integraram as suas contribuições, defenderam seus direitos, promoveram sua busca de prosperidade, mantendo acesa a chama da sua fé. Mesmo hoje, nenhuma instituição estadunidense faz mais pelos imigrantes do que as suas comunidades cristãs”. Por tudo isto, o papa lhes agradeceu e os incentivou a acolher os imigrantes sem medo, oferecendo a eles “o calor do amor de Cristo”.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Francisco: "Eu não sou um anticristo nem um antipapa. Se você quiserem, posso rezar o Credo...".
"Vocês me perguntam se eu sou católico? Se precisar, eu posso rezar o Credo... ", disse ele, saltando imediatamente para as manchetes de várias agências e redes sociais. Com seu humor típico, o papa argentino também respondeu a outras acusações, como a de ser "comunista" e até um "anticristo" e um "antipapa" (!)
"Um amigo cardeal me disse que uma senhora foi falar com ele, muito preocupada, muito católica, um pouco rígida, mas boa pessoa. E perguntou se era verdade que a Bíblia falava de um anticristo. Ele explicou que o Apocalipse fala disso. Depois, a senhora perguntou se também era mencionado um antipapa. O cardeal quis saber: por que você me pergunta isso? Ela respondeu: Tenho certeza de que Francisco é o antipapa. E por quê? Porque ele não usa os sapatos vermelhos!", contou Francisco.
Quanto às denúncias do papa contra o sistema econômico mundial e as decorrentes acusações de que ele é “comunista”, Francisco declarou: "Sobre ser comunista ou não comunista: eu tenho certeza de que não disse nada mais do que aquilo que está na Doutrina Social da Igreja". E acrescentou: "Durante outro voo, uma colega de vocês me perguntou sobre o meu discurso para os movimentos populares: 'Mas a Igreja vai segui-lo?'. Eu respondi: 'Sou eu que sigo a Igreja', e sobre isso acho que não me engano. As coisas podem ser explicadas, talvez algo tenha dado uma impressão um pouco mais ‘esquerdista’, mas seria um erro de interpretação. A minha doutrina sobre tudo isso, a Laudato Si’ e sobre o imperialismo econômico estão no ensinamento social da Igreja. E se é necessário que eu reze o Credo, estou disposto a fazê-lo...".
Em seguida, a entrevista se concentrou nos três dias passados em Cuba. A primeira questão, claro, foi sobre o embargo dos Estados Unidos. O papa disse que "o problema do embargo faz parte da negociação entre os EUA e Cuba. Os dois presidentes se referiram a isso, é uma coisa pública e vai na direção das boas relações que estão sendo promovidas". A esperança do papa é que "se chegue em breve a um acordo que satisfaça as partes". "Eu não vou falar especificamente sobre esta questão [no congresso dos EUA], mas vou acenar em geral aos acordos como um sinal de progresso na convivência".
Quanto a não ter havido o encontro do papa com 50 dissidentes bloqueados pela polícia cubana, Francisco afirmou não ter nenhuma notícia das prisões. "O senhor queria encontrá-los? O que teria dito a eles?", pressionou o repórter. “São perguntas ‘futuríveis’”, disse o papa. “Eu gosto de encontrar a todos, todos são filhos de Deus, todo encontro enriquece. Era claro que eu não ia ter audiências, não só com os dissidentes, mas com ninguém, nem com alguns chefes de Estado. Eu estava visitando um país, não havia previsão de nenhuma audiência. Da nunciatura, foram feitos telefonemas para algumas pessoas que estão nesse grupo de dissidentes, para dizer que, na minha chegada à catedral, com prazer as saudaria. Mas ninguém se identificou como dissidente na saudação. Não sei se estavam lá... Cumprimentei todos os que estavam. Se eu os encontrasse, não sei o que teria dito, porque diria o que me viesse no momento".
E o que ele disse a Fidel Castro? Francisco recordou que a Igreja em Cuba, nas décadas de Castro no poder, sofreu muito. "Ele pareceu um pouco arrependido?", perguntou um jornalista. "O arrependimento é uma coisa muito íntima, uma coisa de consciência", disse Bergoglio, explicando que, na reunião com Fidel, falou-se "dos jesuítas que ele conheceu" e que "o fizeram trabalhar" - porque Francisco lhe "deu de presente um livro e um CD do padre Llorente e dois livros do padre Pronzato, que ele certamente vai apreciar". Também falaram da Laudato Si’, dado o interesse do ex-revolucionário de quase 90 anos pela ecologia. "Foi um encontro não tão formal, mas espontâneo. A família dele estava presente, assim como os meus acompanhantes, meu motorista, mas nós estávamos um pouco separados, eles não podiam ouvir".
O Santo Padre recordou ainda que, por ocasião da sua visita, a Igreja cubana trabalhou para compilar listas de prisioneiros aos quais indultar – o indulto foi concedido a mais de três mil detentos. "Ainda existem outros casos em estudo. Alguém me disse que seria ótimo eliminar a prisão perpétua! É quase uma pena de morte disfarçada, você fica lá morrendo todos os dias sem a esperança de libertação. Outra hipótese é que haja indultos gerais a cada um ou dois anos. Mas a Igreja está trabalhando e tem trabalhado... Não estou dizendo que todos estes três mil estavam nas listas apresentadas pela Igreja, não. Mas a Igreja compilou listas, pediu indultos e continuará a fazê-lo".
Por que, em poucos anos, houve três visitas papais a Cuba? O Santo Padre respondeu: "A primeira visita de João Paulo II foi histórica, mas normal: ele visitou muitos países agressivos contra a Igreja. A segunda visita foi a de Bento e ela também foi normal. A minha foi um pouco casual, porque, inicialmente, eu pensei em chegar aos Estados Unidos pela fronteira do México, de Ciudad Juárez. Mas ir ao México sem visitar a Virgem de Guadalupe não se podia...".
Houve depois o anúncio do "degelo", em 17 de dezembro, após um processo de quase um ano, "e então eu disse: vamos aos Estados Unidos por Cuba. Não porque Cuba tenha ‘males especiais’ que outros países não tenham... Eu visitei o Brasil, por exemplo, João Paulo II o visitou três ou quatro vezes e o Brasil não tinha uma ‘doença’ especial. Estou contente por ter visitado Cuba".
Um mal de que a nação caribenha tem sofrido, porém, é o sistema comunista, que, como observou um repórter, o papa criticou de modo muito mais “leve” do que as críticas que fez ao sistema capitalista durante a viagem de julho à América Latina. Francisco respondeu enfatizando a natureza "pastoral" da viagem: "Nos discursos que fiz em Cuba – que, aliás, eram homilias – eu sempre fiz alusão à doutrina social da Igreja. Mas as coisas que devem ser corrigidas eu as disse claramente, não de modo ‘perfumado’. Quanto ao capitalismo selvagem, eu não disse mais do que escrevi na Evangelii Gaudium e na encíclica Laudato Si’. O que escrevi é o bastante".
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
EUA: uma visita pastoral cheia de expectativas
A visita do papa Francisco a Cuba e sua chegada iminente aos Estados Unidos têm atraído inevitavelmente a atenção da imprensa internacional, incluindo a anglo-saxã. O site do jornal britânico The Guardian destaca a "grande, mas não enorme" participação popular na missa celebrada pelo papa Francisco na Praça da Revolução, em Havana, e salienta que a mensagem do papa foi dirigida "aos fiéis, mas não só a eles". O artigo assinado por Jonathan Watts destaca os comentários e sentimentos das pessoas que participaram da celebração.
O sentimento dominante é de alegria com o que parece ser uma reconciliação talvez definitiva entre o governo cubano e a Igreja católica, num país em que, após a revolução castrista, a religião certamente não era incentivada.
Muitos dos cubanos presentes falam de Francisco como "um papa para o mundo, que ajuda os pobres e promove a paz". Eles esperam que a sua ação alimente o diálogo recém-reaberto entre Cuba e os Estados Unidos.
A revista The Economist aponta que nenhuma visita papal aos Estados Unidos levantou antes tantas expectativas. O artigo descreve a Igreja católica dos EUA como "necessitada do efeito Francisco" para reabilitar a imagem manchada "pelos escândalos financeiros e de pedofilia". Uma Igreja em que, segundo recente pesquisa do Instituto Pew, "para cada americano convertido, há seis que abandonam o catolicismo".
Mas a visita do papa, de acordo com o semanário britânico, pode indiretamente ter alguma influência no cenário político dos EUA, onde "um terço da Câmara dos Deputados é católico, incluindo o líder republicano John Boehner", sem esquecer o vice-presidente Joe Biden e o republicano Jeb Bush, ambos envolvidos nas primárias para a Casa Branca.
O eleitorado católico republicano se divide entre "uma ala conservadora, focada principalmente na liberdade religiosa e no combate ao aborto, e uma ala liberal mais atenta à justiça social". Para The Economist, Francisco não vai influenciar a próxima eleição presidencial, mas, sendo um papa "defensor das razões dos imigrantes pobres e um crítico do capitalismo, embora, ao mesmo tempo, não tenha revisto muito dos ensinamentos sociais da Igreja, ele tem algo para ambas as ‘almas’ do catolicismo norte-americano". E as duas partes o "querem do seu lado".
Já o site do Washington Post destaca a visita do pontífice a Holguín, a "quarta maior cidade cubana", localizada "na parte oriental da ilha em uma região profundamente ligada tanto ao catolicismo quanto à revolução de Fidel Castro". O texto de David Montgomery destaca que Francisco chamou a atenção para a "falta de igrejas e sacerdotes em algumas áreas" de Cuba, onde os obstáculos para a livre prática da religião católica estão hoje bastante reduzidos. "Eu sei dos esforços e sacrifícios da Igreja cubana também nas áreas mais remotas", disse o papa, referindo-se em particular às "casas de missão" que compensaram a "escassez de sacerdotes e locais de culto". O jornal norte-americano fala da viagem de Francisco a Cuba e aos Estados Unidos como um possível momento-chave na aproximação entre os dois países.
No New York Times, um artigo de Jim Yardley e Azam Ahmed descreve um pontífice hábil em não criticar diretamente o governo de Castro, mas, ao mesmo tempo, bem claro na sua mensagem, com palavras fortes como "Nós servimos às pessoas, não às ideologias". O papa é "cauteloso ao evitar parecer muito político e ao abordar as questões internas de Cuba", mas cujo papel fundamental na reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos não deve ser esquecido nem subestimado. Francisco é um pontífice "cuja missão já vai além da pregação do catolicismo às massas".
Fonte: Zenit.
O sentimento dominante é de alegria com o que parece ser uma reconciliação talvez definitiva entre o governo cubano e a Igreja católica, num país em que, após a revolução castrista, a religião certamente não era incentivada.
Muitos dos cubanos presentes falam de Francisco como "um papa para o mundo, que ajuda os pobres e promove a paz". Eles esperam que a sua ação alimente o diálogo recém-reaberto entre Cuba e os Estados Unidos.
A revista The Economist aponta que nenhuma visita papal aos Estados Unidos levantou antes tantas expectativas. O artigo descreve a Igreja católica dos EUA como "necessitada do efeito Francisco" para reabilitar a imagem manchada "pelos escândalos financeiros e de pedofilia". Uma Igreja em que, segundo recente pesquisa do Instituto Pew, "para cada americano convertido, há seis que abandonam o catolicismo".
Mas a visita do papa, de acordo com o semanário britânico, pode indiretamente ter alguma influência no cenário político dos EUA, onde "um terço da Câmara dos Deputados é católico, incluindo o líder republicano John Boehner", sem esquecer o vice-presidente Joe Biden e o republicano Jeb Bush, ambos envolvidos nas primárias para a Casa Branca.
O eleitorado católico republicano se divide entre "uma ala conservadora, focada principalmente na liberdade religiosa e no combate ao aborto, e uma ala liberal mais atenta à justiça social". Para The Economist, Francisco não vai influenciar a próxima eleição presidencial, mas, sendo um papa "defensor das razões dos imigrantes pobres e um crítico do capitalismo, embora, ao mesmo tempo, não tenha revisto muito dos ensinamentos sociais da Igreja, ele tem algo para ambas as ‘almas’ do catolicismo norte-americano". E as duas partes o "querem do seu lado".
Já o site do Washington Post destaca a visita do pontífice a Holguín, a "quarta maior cidade cubana", localizada "na parte oriental da ilha em uma região profundamente ligada tanto ao catolicismo quanto à revolução de Fidel Castro". O texto de David Montgomery destaca que Francisco chamou a atenção para a "falta de igrejas e sacerdotes em algumas áreas" de Cuba, onde os obstáculos para a livre prática da religião católica estão hoje bastante reduzidos. "Eu sei dos esforços e sacrifícios da Igreja cubana também nas áreas mais remotas", disse o papa, referindo-se em particular às "casas de missão" que compensaram a "escassez de sacerdotes e locais de culto". O jornal norte-americano fala da viagem de Francisco a Cuba e aos Estados Unidos como um possível momento-chave na aproximação entre os dois países.
No New York Times, um artigo de Jim Yardley e Azam Ahmed descreve um pontífice hábil em não criticar diretamente o governo de Castro, mas, ao mesmo tempo, bem claro na sua mensagem, com palavras fortes como "Nós servimos às pessoas, não às ideologias". O papa é "cauteloso ao evitar parecer muito político e ao abordar as questões internas de Cuba", mas cujo papel fundamental na reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos não deve ser esquecido nem subestimado. Francisco é um pontífice "cuja missão já vai além da pregação do catolicismo às massas".
Fonte: Zenit.
terça-feira, 22 de setembro de 2015
A ONU hasteará pela primeira vez a bandeira da Santa Sé
As Nações Unidas hastearão pela primeira vez a bandeira da Santa Sé. O evento, após consultas com o Vaticano, acontecerá na manhã de 25 de Setembro, para que a bandeira esteja exposta quando o papa Francisco chegar à sede das Nações Unidas. Segundo a representação vaticana junto à ONU em Nova Iorque, a Santa Sé e a Secretaria das Nações Unidas concordaram em içar a bandeira sem nenhuma cerimônia especial. O pessoal da ONU a hasteará naquele dia juntamente com todas as outras bandeiras.
A bandeira da Santa Sé tem duas faixas verticais, uma amarela e outra branca. Na parte branca, são retratadas duas chaves cruzadas, uma de ouro e a outra de prata, unidas por uma corda vermelha e encimadas por uma tiara, sobre a qual, por sua vez, há uma cruz. As chaves (cf. Mt 16,19) e tiara são símbolos tradicionais do papado. Esta é a bandeira oficial da Santa Sé desde 1929.
Fonte: Zenit.
A bandeira da Santa Sé tem duas faixas verticais, uma amarela e outra branca. Na parte branca, são retratadas duas chaves cruzadas, uma de ouro e a outra de prata, unidas por uma corda vermelha e encimadas por uma tiara, sobre a qual, por sua vez, há uma cruz. As chaves (cf. Mt 16,19) e tiara são símbolos tradicionais do papado. Esta é a bandeira oficial da Santa Sé desde 1929.
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Não servimos a ideias, mas a pessoas
O Evangelho apresenta-nos Jesus fazendo aos seus discípulos uma pergunta aparentemente indiscreta: «Que discutíeis pelo caminho?» (Mc 9, 33). Uma pergunta que Ele nos pode fazer também hoje: De que é que falais diariamente? Quais são as vossas aspirações? Eles «ficaram em silêncio – diz o Evangelho – porque, no caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior». Os discípulos tinham vergonha de dizer a Jesus aquilo de que estavam a falar. Nos discípulos de ontem, como em nós hoje, pode-se encontrar a mesma discussão: Quem é o mais importante?
Jesus não insiste com a pergunta, não os obriga a dizer-Lhe o assunto de que falavam pelo caminho; e todavia a pergunta permanece, não só na mente, mas também no coração dos discípulos.
Quem é o mais importante? Uma pergunta que nos acompanhará toda a vida e à qual somos chamados a responder nas diferentes fases da existência. Não podemos fugir a esta pergunta; está gravada no coração. Mais do que uma vez ouvi, em reuniões de família, perguntar aos filhos: De quem gostas mais, do pai ou da mãe? É como se vos perguntassem: Quem é mais importante para vós? Será que esta pergunta é simplesmente um jogo de crianças? A história da humanidade está marcada pelo modo como se respondeu a esta pergunta.
Jesus não teme as perguntas dos homens; não tem medo da humanidade, nem das várias questões que a mesma coloca. Pelo contrário, Ele conhece os «recônditos» do coração humano e, como bom pedagogo, está sempre disposto a acompanhar-nos. Fiel ao seu estilo, assume os nossos interrogativos, aspirações, conferindo-lhes um novo horizonte. Fiel ao seu estilo, consegue dar uma resposta capaz de propor novos desafios, descartando «as respostas esperadas» ou aquilo que aparentemente já estava estabelecido. Fiel ao seu estilo, Jesus sempre propõe a lógica do amor; uma lógica capaz de ser vivida por todos, porque é para todos.
Longe de qualquer tipo de elitismo, Jesus não propõe um horizonte para poucos privilegiados, capazes de chegar ao «conhecimento desejado» ou a altos níveis de espiritualidade. O horizonte de Jesus é sempre uma proposta para a vida diária, mesmo aqui na «nossa ilha»; uma proposta que faz com que o dia a dia tenha sempre o sabor da eternidade.
Quem é o mais importante? Jesus é simples na sua resposta: «Se alguém quiser ser o primeiro, há de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Quem quiser ser grande, sirva os outros e não se sirva dos outros.
Aqui temos o grande paradoxo de Jesus. Os discípulos discutiam sobre quem deveria ocupar o lugar mais importante, quem seria selecionado como o privilegiado, quem seria isento da lei comum, da norma geral, para se pôr em evidência com um desejo de superioridade sobre os demais. Quem subiria mais rapidamente, ocupando os cargos que dariam certas vantagens.
Jesus transtorna a sua lógica, dizendo-lhes simplesmente que a vida autêntica se vive no compromisso concreto com o próximo.
O convite ao serviço apresenta uma peculiaridade a que devemos estar atentos. Servir significa, em grande parte, cuidar da fragilidade. Cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo. São os rostos sofredores, indefesos e angustiados que Jesus nos propõe olhar e convida concretamente a amar. Amor que se concretiza em ações e decisões. Amor que se manifesta nas diferentes tarefas que somos chamados, como cidadãos, a realizar. As pessoas de carne e osso, com a sua vida, a sua história e especialmente com a sua fragilidade, são aquelas que Jesus nos convida a defender, assistir, servir. Porque ser cristão comporta servir a dignidade dos irmãos, lutar pela dignidade dos irmãos e viver para a dignificação dos irmãos. Por isso, à vista concreta dos mais frágeis, o cristão é sempre convidado a pôr de lado as suas exigências, expectativas, desejos de onipotência.
Há um «serviço» que serve; mas devemos guardar-nos do outro serviço, da tentação do «serviço» que «se» serve. Há uma forma de exercer o serviço cujo interesse é beneficiar os «meus», em nome do «nosso». Este serviço deixa sempre os «teus» de fora, gerando uma dinâmica de exclusão.
Todos estamos chamados, por vocação cristã, ao serviço que serve e a ajudar-nos mutuamente a não cair nas tentações do «serviço que que se serve». Todos somos convidados, encorajados por Jesus a cuidar uns dos outros por amor. E isto sem olhar em redor, para ver o que o vizinho faz ou deixou de fazer. Jesus diz: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Não diz: Se o teu vizinho quiser ser o primeiro, que sirva. Devemos evitar os juízos temerários e animar-nos a crer no olhar transformador a que Jesus nos convida.
Este cuidar por amor não se reduz a uma atitude de servilismo; simplesmente põe, no centro do caso, o irmão: o serviço fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até «padece» com ela e procura a sua promoção. Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não servimos a ideias, mas a pessoas.
O santo povo fiel de Deus, que caminha em Cuba, é um povo que ama a festa, a amizade, as coisas belas. É um povo que caminha, que canta e louva. É um povo que, apesar das feridas que tem como qualquer povo, sabe abrir os braços, caminhar com esperança, porque se sente chamado para a grandeza. Hoje convido-vos a cuidar desta vocação, a cuidar destes dons que Deus vos deu, mas sobretudo quero convidar-vos a cuidar e servir, de modo especial, a fragilidade dos vossos irmãos. Não os transcureis por causa de projetos que podem parecer sedutores, mas desinteressam-se do rosto de quem está ao teu lado. Nós conhecemos, somos testemunhas da «força imparável» da ressurreição, que «produz por toda a parte, gerando rebentos de um mundo novo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 276.278).
Não nos esqueçamos da Boa Notícia de hoje: a importância dum povo, duma nação, a importância duma pessoa sempre se baseia no modo como serve a fragilidade dos seus irmãos. Nisto, encontramos um dos frutos da verdadeira humanidade.
«Quem não vive para servir, não serve para viver».
Fonte: Canção Nova
Jesus não insiste com a pergunta, não os obriga a dizer-Lhe o assunto de que falavam pelo caminho; e todavia a pergunta permanece, não só na mente, mas também no coração dos discípulos.
Quem é o mais importante? Uma pergunta que nos acompanhará toda a vida e à qual somos chamados a responder nas diferentes fases da existência. Não podemos fugir a esta pergunta; está gravada no coração. Mais do que uma vez ouvi, em reuniões de família, perguntar aos filhos: De quem gostas mais, do pai ou da mãe? É como se vos perguntassem: Quem é mais importante para vós? Será que esta pergunta é simplesmente um jogo de crianças? A história da humanidade está marcada pelo modo como se respondeu a esta pergunta.
Jesus não teme as perguntas dos homens; não tem medo da humanidade, nem das várias questões que a mesma coloca. Pelo contrário, Ele conhece os «recônditos» do coração humano e, como bom pedagogo, está sempre disposto a acompanhar-nos. Fiel ao seu estilo, assume os nossos interrogativos, aspirações, conferindo-lhes um novo horizonte. Fiel ao seu estilo, consegue dar uma resposta capaz de propor novos desafios, descartando «as respostas esperadas» ou aquilo que aparentemente já estava estabelecido. Fiel ao seu estilo, Jesus sempre propõe a lógica do amor; uma lógica capaz de ser vivida por todos, porque é para todos.
Longe de qualquer tipo de elitismo, Jesus não propõe um horizonte para poucos privilegiados, capazes de chegar ao «conhecimento desejado» ou a altos níveis de espiritualidade. O horizonte de Jesus é sempre uma proposta para a vida diária, mesmo aqui na «nossa ilha»; uma proposta que faz com que o dia a dia tenha sempre o sabor da eternidade.
Quem é o mais importante? Jesus é simples na sua resposta: «Se alguém quiser ser o primeiro, há de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Quem quiser ser grande, sirva os outros e não se sirva dos outros.
Aqui temos o grande paradoxo de Jesus. Os discípulos discutiam sobre quem deveria ocupar o lugar mais importante, quem seria selecionado como o privilegiado, quem seria isento da lei comum, da norma geral, para se pôr em evidência com um desejo de superioridade sobre os demais. Quem subiria mais rapidamente, ocupando os cargos que dariam certas vantagens.
Jesus transtorna a sua lógica, dizendo-lhes simplesmente que a vida autêntica se vive no compromisso concreto com o próximo.
O convite ao serviço apresenta uma peculiaridade a que devemos estar atentos. Servir significa, em grande parte, cuidar da fragilidade. Cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo. São os rostos sofredores, indefesos e angustiados que Jesus nos propõe olhar e convida concretamente a amar. Amor que se concretiza em ações e decisões. Amor que se manifesta nas diferentes tarefas que somos chamados, como cidadãos, a realizar. As pessoas de carne e osso, com a sua vida, a sua história e especialmente com a sua fragilidade, são aquelas que Jesus nos convida a defender, assistir, servir. Porque ser cristão comporta servir a dignidade dos irmãos, lutar pela dignidade dos irmãos e viver para a dignificação dos irmãos. Por isso, à vista concreta dos mais frágeis, o cristão é sempre convidado a pôr de lado as suas exigências, expectativas, desejos de onipotência.
Há um «serviço» que serve; mas devemos guardar-nos do outro serviço, da tentação do «serviço» que «se» serve. Há uma forma de exercer o serviço cujo interesse é beneficiar os «meus», em nome do «nosso». Este serviço deixa sempre os «teus» de fora, gerando uma dinâmica de exclusão.
Todos estamos chamados, por vocação cristã, ao serviço que serve e a ajudar-nos mutuamente a não cair nas tentações do «serviço que que se serve». Todos somos convidados, encorajados por Jesus a cuidar uns dos outros por amor. E isto sem olhar em redor, para ver o que o vizinho faz ou deixou de fazer. Jesus diz: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Não diz: Se o teu vizinho quiser ser o primeiro, que sirva. Devemos evitar os juízos temerários e animar-nos a crer no olhar transformador a que Jesus nos convida.
Este cuidar por amor não se reduz a uma atitude de servilismo; simplesmente põe, no centro do caso, o irmão: o serviço fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até «padece» com ela e procura a sua promoção. Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não servimos a ideias, mas a pessoas.
O santo povo fiel de Deus, que caminha em Cuba, é um povo que ama a festa, a amizade, as coisas belas. É um povo que caminha, que canta e louva. É um povo que, apesar das feridas que tem como qualquer povo, sabe abrir os braços, caminhar com esperança, porque se sente chamado para a grandeza. Hoje convido-vos a cuidar desta vocação, a cuidar destes dons que Deus vos deu, mas sobretudo quero convidar-vos a cuidar e servir, de modo especial, a fragilidade dos vossos irmãos. Não os transcureis por causa de projetos que podem parecer sedutores, mas desinteressam-se do rosto de quem está ao teu lado. Nós conhecemos, somos testemunhas da «força imparável» da ressurreição, que «produz por toda a parte, gerando rebentos de um mundo novo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 276.278).
Não nos esqueçamos da Boa Notícia de hoje: a importância dum povo, duma nação, a importância duma pessoa sempre se baseia no modo como serve a fragilidade dos seus irmãos. Nisto, encontramos um dos frutos da verdadeira humanidade.
«Quem não vive para servir, não serve para viver».
Fonte: Canção Nova
domingo, 20 de setembro de 2015
É necessário voltar à Escola de Jesus, aprender o beabá do Evangelho
A escola com a qual Jesus formou seus discípulos acontece ao longo do caminho, aproveitando os encontros com as pessoas e as eventuais falhas e perguntas de seus escolhidos (Mc 9, 30-37). O ambiente é da Galileia, vizinhança do paganismo, lugar provocante e desafiador para todos. Os discípulos tinham sido chamados, em sua maior parte, dentre a população das pequenas aldeias da região, vários deles pescadores curtidos pelo vento, o sol e o trabalho, portadores de muitas esperanças, cultivadas por séculos por todo o povo de Deus. Eram alunos de uma escola, destinados a amadurecerem como discípulos e apóstolos.
O Mestre não quer propaganda, mas convivência respeitosa dos processos vividos pelo seu grupo de aprendizes de apostolado. Era tempo de cuidado especial com aqueles que escolhera. A eles, mais uma vez anuncia Jesus a dura realidade da paixão, morte e ressurreição. Era grande a dificuldade que para entender esta etapa da formação, pois o projeto que traziam na mente era diferente, pela situação de opressão e sofrimento vivida por todo o povo da época. Era, como dizemos hoje, um grande "sufoco" que aguardava uma saída, e eles eram homens do povo, embebidos da mentalidade corrente, que os levava a aguardar um libertador poderoso.
Sinal de que as pretensões incluíam um projeto de poder foi a discussão a respeito de quem era maior. Sabemos que os detalhes incluem um pedido de Tiago e João, acompanhados de uma mãe solícita, mas trazem consigo também o ciúme e a inveja do resto do grupo. Jesus lhes revela os critérios de seu Reino, com palavras diretas: "Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos, aquele que serve a todos" (Mc 9, 35). Era a inversão de tudo o que humanamente desejavam. De lá para cá, os discípulos de Jesus encontrarão sempre a oportunidade para mudar a mentalidade, o que se chama conversão!
"Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: 'Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, a mim acolhe. E quem me acolhe, acolhe, não a mim, mas Àquele que me enviou'" (Mc 9, 36-37). O Senhor aponta um novo e revolucionário critério, que inclui crianças, pobres, cegos, coxos e aleijados, surdos e mudos, pecadores, marginalizados em geral, como encontramos em outras etapas da formação dos discípulos.
Não é difícil encontrar as muitas lições a serem colhidas para a escola da vida a ser percorrida em nossos dias. Quando não se vive a Palavra de Deus, quando os critérios são pautados pelo egoísmo, ou a sociedade constrói casas e estradas baseadas na exploração dos mais pobres, com a vergonhosa situação de desigualdade existente em nosso tempo, o resultado não poderia ser outro além do que estamos assistindo. Se muitos dizem que o dinheiro sumiu, é hora de perguntar sobre o seu destino! Se todos mergulharam no engano do consumo proposto nos anos recentes, agora alguém (nós!) deve pagar a conta. Infelizmente não se veem sinais de humildade e reconhecimento das falhas da parte dos responsáveis pela situação de nosso país.
A Liturgia da Igreja nos oferece, neste final de semana, palavras muito fortes, vindas da boca e da experiência de um dos apóstolos do Senhor, São Tiago (3, 16-4,3) que parecem escritas para nossos dias: "Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. A sabedoria, porém, que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz. De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, precisamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais, fomentais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão por que não possuís está em que não pedis. Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois o que pedis, só quereis esbanjá-lo nos vossos prazeres".
As crises de toda ordem pelas quais passa nosso mundo foram plantadas pela liberdade humana, com as escolhas feitas no correr do tempo. Quando se planta egoísmo, os frutos não podem ser diferentes dos que estamos colhendo. Quando a sociedade se divide e apenas busca os culpados pelos problemas sempre do outro lado da rua, e não dentro da própria casa, as consequências vão sempre aparecer. Se nos assustam as cenas de centenas de milhares de refugiados que se movimentam hoje pela Europa, com países que precisam urgentemente acolher os mais sofredores, sabemos que os meios de comunicação mostram a cada momento um bem estar que atrai gente de toda parte. Não dá para expor ao mundo inteiro e continuar dizendo que só uns poucos continuam privilegiados. Vai continuar a invasão de povos chegados de outras regiões do mundo, trazendo seus hábitos, sua cultura, suas práticas religiosas! Os resultados vão aparecer nos próximos anos.
Pode soar ingênuo, da parte de nós cristãos, pensar ou dizer que a acirrada competição, em todos os níveis, tem gerado o quadro social de desigualdade terrível em nosso país, mas basta olhar ao redor, para identificar que as lições do caminho, oferecidas por Jesus, foram desprezadas ou esquecidas, em nome de um progresso, cujo nome é consumo, correria, prazer desenfreado, vícios de todos os tipos, liberação das drogas, corrupção deslavada, governantes irresponsáveis, que não assumem os erros cometidos. Pelo visto, a escola foi outra! E não haverá mudanças, senão naquele que é caminho, verdade e vida!
Os cristãos são chamados a acreditar na força de uma minoria feita fermento, sal e luz, e começar de novo, a cada dia! É necessário voltar à Escola de Jesus, aprender o beabá do Evangelho, começar a amar o próximo, escolher o serviço humilde, partilhar os bens, abrir-se à vida da Igreja, voltar à Comunidade Paroquial, retomar a oração diária. Receitas simples? São as lições do caminho, cheias de surpresas positivas!
Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
O Mestre não quer propaganda, mas convivência respeitosa dos processos vividos pelo seu grupo de aprendizes de apostolado. Era tempo de cuidado especial com aqueles que escolhera. A eles, mais uma vez anuncia Jesus a dura realidade da paixão, morte e ressurreição. Era grande a dificuldade que para entender esta etapa da formação, pois o projeto que traziam na mente era diferente, pela situação de opressão e sofrimento vivida por todo o povo da época. Era, como dizemos hoje, um grande "sufoco" que aguardava uma saída, e eles eram homens do povo, embebidos da mentalidade corrente, que os levava a aguardar um libertador poderoso.
Sinal de que as pretensões incluíam um projeto de poder foi a discussão a respeito de quem era maior. Sabemos que os detalhes incluem um pedido de Tiago e João, acompanhados de uma mãe solícita, mas trazem consigo também o ciúme e a inveja do resto do grupo. Jesus lhes revela os critérios de seu Reino, com palavras diretas: "Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos, aquele que serve a todos" (Mc 9, 35). Era a inversão de tudo o que humanamente desejavam. De lá para cá, os discípulos de Jesus encontrarão sempre a oportunidade para mudar a mentalidade, o que se chama conversão!
"Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: 'Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, a mim acolhe. E quem me acolhe, acolhe, não a mim, mas Àquele que me enviou'" (Mc 9, 36-37). O Senhor aponta um novo e revolucionário critério, que inclui crianças, pobres, cegos, coxos e aleijados, surdos e mudos, pecadores, marginalizados em geral, como encontramos em outras etapas da formação dos discípulos.
Não é difícil encontrar as muitas lições a serem colhidas para a escola da vida a ser percorrida em nossos dias. Quando não se vive a Palavra de Deus, quando os critérios são pautados pelo egoísmo, ou a sociedade constrói casas e estradas baseadas na exploração dos mais pobres, com a vergonhosa situação de desigualdade existente em nosso tempo, o resultado não poderia ser outro além do que estamos assistindo. Se muitos dizem que o dinheiro sumiu, é hora de perguntar sobre o seu destino! Se todos mergulharam no engano do consumo proposto nos anos recentes, agora alguém (nós!) deve pagar a conta. Infelizmente não se veem sinais de humildade e reconhecimento das falhas da parte dos responsáveis pela situação de nosso país.
A Liturgia da Igreja nos oferece, neste final de semana, palavras muito fortes, vindas da boca e da experiência de um dos apóstolos do Senhor, São Tiago (3, 16-4,3) que parecem escritas para nossos dias: "Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. A sabedoria, porém, que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz. De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, precisamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais, fomentais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão por que não possuís está em que não pedis. Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois o que pedis, só quereis esbanjá-lo nos vossos prazeres".
As crises de toda ordem pelas quais passa nosso mundo foram plantadas pela liberdade humana, com as escolhas feitas no correr do tempo. Quando se planta egoísmo, os frutos não podem ser diferentes dos que estamos colhendo. Quando a sociedade se divide e apenas busca os culpados pelos problemas sempre do outro lado da rua, e não dentro da própria casa, as consequências vão sempre aparecer. Se nos assustam as cenas de centenas de milhares de refugiados que se movimentam hoje pela Europa, com países que precisam urgentemente acolher os mais sofredores, sabemos que os meios de comunicação mostram a cada momento um bem estar que atrai gente de toda parte. Não dá para expor ao mundo inteiro e continuar dizendo que só uns poucos continuam privilegiados. Vai continuar a invasão de povos chegados de outras regiões do mundo, trazendo seus hábitos, sua cultura, suas práticas religiosas! Os resultados vão aparecer nos próximos anos.
Pode soar ingênuo, da parte de nós cristãos, pensar ou dizer que a acirrada competição, em todos os níveis, tem gerado o quadro social de desigualdade terrível em nosso país, mas basta olhar ao redor, para identificar que as lições do caminho, oferecidas por Jesus, foram desprezadas ou esquecidas, em nome de um progresso, cujo nome é consumo, correria, prazer desenfreado, vícios de todos os tipos, liberação das drogas, corrupção deslavada, governantes irresponsáveis, que não assumem os erros cometidos. Pelo visto, a escola foi outra! E não haverá mudanças, senão naquele que é caminho, verdade e vida!
Os cristãos são chamados a acreditar na força de uma minoria feita fermento, sal e luz, e começar de novo, a cada dia! É necessário voltar à Escola de Jesus, aprender o beabá do Evangelho, começar a amar o próximo, escolher o serviço humilde, partilhar os bens, abrir-se à vida da Igreja, voltar à Comunidade Paroquial, retomar a oração diária. Receitas simples? São as lições do caminho, cheias de surpresas positivas!
Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
sábado, 19 de setembro de 2015
Francisco: rumo a Cuba
Hoje dia 19 começa a viagem mais longa de Francisco. Dez dias entre Cuba e Estados Unidos. A primeira etapa será fácil. Na segunda terá mais dificuldades. Vejamos.
No final do histórico encontro vaticano entre Francisco e Raúl Castro, este declarou: "Se o Papa continua falando assim, lhes garanto que voltarei a rezar e voltarei à Igreja. E não digo em tom de brincadeira". Esta frase foi suprimida no jornal oficial Granma. Um indício da existência de duas linguagens na Cuba dos Castro: um para consumo externo, outro para consumo interno. É um dado que Francisco – a ponto de chegar em Cuba – deve ponderar para que as suas palavras sejam bem ouvidas nos areópagos midiáticos internacionais e nos canais internos do Partido.
Isto foi muito levado em conta por João Paulo II e Bento XVI, que prepararam Francisco para esta terceira viagem a Cuba de um Pontífice Romano. É mais uma mostra histórica do tema da continuidade do Papado. A primeira porta foi aberta com a viagem de João Paulo II. Parecia impossível; o Papa tinha mostrado diretamente o seu desejo, mas não chegava o convite de Castro. No final chegou. Não se sabia o que iria acontecer. Por isso enviou, três meses antes, o seu porta-voz, Joaquin Navarro-Valls, que teve uma longa entrevista de seis horas na residência do comandante Fidel Castro. "Na revolução cubana, disse-lhe entre outras coisas, não foi derramado sequer uma gota de sangue de um sacerdote católico”. Era possível ver o seu fundo cristão, embora escondido na sua ideologia marxista. O Papa chegou, disse exatamente o que quis, e Castro, além do seu encontro com João Paulo II, assistiu a missa que foi celebrada na Havana, na Praça da Revolução, sob uma silhueta do Che Guevara. Lá, muitas portas foram abertas: reconhecimento social da Igreja, entrada de alguns sacerdotes cubanos, etc, etc. Acaba de confirmar-se que também Francisco terá um encontro privado com Fidel.
Com Bento XVI a continuidade era evidente. Há uma anedota pouco conhecida. Fidel Castro, que já não era Presidente, quis ver o Papa e teve a delicadeza de ir pessoalmente à Nunciatura. Em um momento lhe perguntou: “O que você me recomendaria ler?” O Papa, muito no estilo Ratzinger, respondeu: "Deixe-me pensar e lhe responderei de Roma”. No primeiro correio diplomático lhe enviou cinco livros; dois deles escritos por Ratzinger: um volume do seu Jesus, e o livro Introdução ao Cristianismo. Segundo a sua filha, Alina (fugida de Cuba em 1993), após a grave doença de seu pai Fidel: "Aproximou-se da religião. Não sei se tem medo de morrer, mas estou convencida de que hoje está muito interessado no destino da sua alma”.
Seja ou não certa esta avaliação, é evidente que a Cuba que aguarda Francisco é a de um país rendido aos pés do Papa romano. Não somente como agradecimento ao papel que desempenhou na “diplomacia triangular” (Obama / Castro / Francisco), com o desanuviamento EUA / Cuba, mas também pelo alto índice de aprovação de Francisco entre o povo cubano (80 por centro, segundo Bendixen & Amandi). Especialmente se é levado em consideração que o próprio Raul Castro somente goza de um 47% de aprovação. Além disso, a comunidade de língua, sangue latino-americano e proximidade com a situação dos necessitados, faz desta primeira etapa da viagem de Francisco bastante mais fácil do que a continuação nos Estados Unidos.
E isso que o que Francisco encontrará em Cuba não é estritamente uma nação católica, embora, também não ateia. Que, por sinal, foi corrigido na reforma da Constituição cubana, que transformou o Estado oficialmente ateu em simplesmente “leigo”. Os católicos são, certamente, o 60,5% da população. Mas, em boa medida, é um catolicismo bem sincretista, no qual se misturam tradições cristãs e espiritualidade de origem africana.
Francisco, é claro, deve promover a emergência dos direitos humanos, em um país não muito acostumado. Certamente, deve ajudar a tirar o catolicismo das cavernas sociais. Mas, na minha humilde opinião, sua grande contribuição seria ajudar eficazmente na reconciliação entre cubanos. Ou seja, entre os partidários da Revolução e os partidários da liberdade. Não se trata tanto de “legitimar” o processo de restabelecimento das relações entre Cuba e os EUA, mas de “legitimar o processo interno de Cuba rumo à liberdade”. Trata-se de criar pontes entre o exílio de Miami e o exílio interior cubano, com os partidários da revolução castrista. A palavra “Pontífice” vem de “ponte” e ninguém melhor preparado para isso do que o Papa Francisco. Não se esqueça que o centro das relações entre Igreja e Estado são hoje os cidadãos implicados, não os interesses das cúpulas de mando.
Há um tempo atrás tive uma conversa interessante com refugiados cubanos. Nem todos apostavam pela “transição violenta”, a maioria queria uma transição pacífica, ao estilo da espanhola. Tenho a impressão de que entre os políticos jovens de um e outro setor isso é factível. Lástima que na generosa anistia que acaba de decretar Raúl Castro, tenham sido excluídos os delitos contra a segurança do estado. Teria sido um primeiro passo interessante.
--
Rafael Navarro-Valls
Acadêmico / Secretário-Geral da Academia Real de Jurisprudência e Legislação da Espanha.
No final do histórico encontro vaticano entre Francisco e Raúl Castro, este declarou: "Se o Papa continua falando assim, lhes garanto que voltarei a rezar e voltarei à Igreja. E não digo em tom de brincadeira". Esta frase foi suprimida no jornal oficial Granma. Um indício da existência de duas linguagens na Cuba dos Castro: um para consumo externo, outro para consumo interno. É um dado que Francisco – a ponto de chegar em Cuba – deve ponderar para que as suas palavras sejam bem ouvidas nos areópagos midiáticos internacionais e nos canais internos do Partido.
Isto foi muito levado em conta por João Paulo II e Bento XVI, que prepararam Francisco para esta terceira viagem a Cuba de um Pontífice Romano. É mais uma mostra histórica do tema da continuidade do Papado. A primeira porta foi aberta com a viagem de João Paulo II. Parecia impossível; o Papa tinha mostrado diretamente o seu desejo, mas não chegava o convite de Castro. No final chegou. Não se sabia o que iria acontecer. Por isso enviou, três meses antes, o seu porta-voz, Joaquin Navarro-Valls, que teve uma longa entrevista de seis horas na residência do comandante Fidel Castro. "Na revolução cubana, disse-lhe entre outras coisas, não foi derramado sequer uma gota de sangue de um sacerdote católico”. Era possível ver o seu fundo cristão, embora escondido na sua ideologia marxista. O Papa chegou, disse exatamente o que quis, e Castro, além do seu encontro com João Paulo II, assistiu a missa que foi celebrada na Havana, na Praça da Revolução, sob uma silhueta do Che Guevara. Lá, muitas portas foram abertas: reconhecimento social da Igreja, entrada de alguns sacerdotes cubanos, etc, etc. Acaba de confirmar-se que também Francisco terá um encontro privado com Fidel.
Com Bento XVI a continuidade era evidente. Há uma anedota pouco conhecida. Fidel Castro, que já não era Presidente, quis ver o Papa e teve a delicadeza de ir pessoalmente à Nunciatura. Em um momento lhe perguntou: “O que você me recomendaria ler?” O Papa, muito no estilo Ratzinger, respondeu: "Deixe-me pensar e lhe responderei de Roma”. No primeiro correio diplomático lhe enviou cinco livros; dois deles escritos por Ratzinger: um volume do seu Jesus, e o livro Introdução ao Cristianismo. Segundo a sua filha, Alina (fugida de Cuba em 1993), após a grave doença de seu pai Fidel: "Aproximou-se da religião. Não sei se tem medo de morrer, mas estou convencida de que hoje está muito interessado no destino da sua alma”.
Seja ou não certa esta avaliação, é evidente que a Cuba que aguarda Francisco é a de um país rendido aos pés do Papa romano. Não somente como agradecimento ao papel que desempenhou na “diplomacia triangular” (Obama / Castro / Francisco), com o desanuviamento EUA / Cuba, mas também pelo alto índice de aprovação de Francisco entre o povo cubano (80 por centro, segundo Bendixen & Amandi). Especialmente se é levado em consideração que o próprio Raul Castro somente goza de um 47% de aprovação. Além disso, a comunidade de língua, sangue latino-americano e proximidade com a situação dos necessitados, faz desta primeira etapa da viagem de Francisco bastante mais fácil do que a continuação nos Estados Unidos.
E isso que o que Francisco encontrará em Cuba não é estritamente uma nação católica, embora, também não ateia. Que, por sinal, foi corrigido na reforma da Constituição cubana, que transformou o Estado oficialmente ateu em simplesmente “leigo”. Os católicos são, certamente, o 60,5% da população. Mas, em boa medida, é um catolicismo bem sincretista, no qual se misturam tradições cristãs e espiritualidade de origem africana.
Francisco, é claro, deve promover a emergência dos direitos humanos, em um país não muito acostumado. Certamente, deve ajudar a tirar o catolicismo das cavernas sociais. Mas, na minha humilde opinião, sua grande contribuição seria ajudar eficazmente na reconciliação entre cubanos. Ou seja, entre os partidários da Revolução e os partidários da liberdade. Não se trata tanto de “legitimar” o processo de restabelecimento das relações entre Cuba e os EUA, mas de “legitimar o processo interno de Cuba rumo à liberdade”. Trata-se de criar pontes entre o exílio de Miami e o exílio interior cubano, com os partidários da revolução castrista. A palavra “Pontífice” vem de “ponte” e ninguém melhor preparado para isso do que o Papa Francisco. Não se esqueça que o centro das relações entre Igreja e Estado são hoje os cidadãos implicados, não os interesses das cúpulas de mando.
Há um tempo atrás tive uma conversa interessante com refugiados cubanos. Nem todos apostavam pela “transição violenta”, a maioria queria uma transição pacífica, ao estilo da espanhola. Tenho a impressão de que entre os políticos jovens de um e outro setor isso é factível. Lástima que na generosa anistia que acaba de decretar Raúl Castro, tenham sido excluídos os delitos contra a segurança do estado. Teria sido um primeiro passo interessante.
--
Rafael Navarro-Valls
Acadêmico / Secretário-Geral da Academia Real de Jurisprudência e Legislação da Espanha.
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Dom Audo: "Interesses internacionais por trás da destruição da Síria"
"A Europa não pode se contentar em fornecer ou proclamar acolhida aos refugiados, porque a maior parte deles quer permanecer na própria terra”. Palavras que Alessandro Monteduro, diretor de Ajuda a Igreja que Sofre Itália, pronunciou na manhã de ontem abrindo a conferência “Cristãos da Síria: ajudem-nos a permanecer”, organizada pela AIS na Associação de Imprensa Estrangeira. Palavras que resumem a mensagem deixada por mons. Antoine Audo, arcebispo caldeu de Aleppo, convidado a contar a situação que se vive no seu País devastado pela guerra.
Era o 2011, quando os primeiros sinais deste devastador conflito sugeriam aos cristãos sírios uma premonição terrível: “Esperemos que não acabemos como os cristãos do Iraque (que fugiram em massa de seu país após a guerra de 2003, ndr)". Hoje, quatro anos depois, aqueles pensamentos parecem estar acontecendo. Aleppo, que antes da guerra tinha 150 mil cristãos, hoje, embora seja impossível reunir estimativas precisas, tem cerca de 50 mil.
Essa situação de Aleppo tornou-se extremamente difícil dada as dificuldades que ocorrem durante algum tempo. "Por mais de um mês ou dois, estamos sem água e sem eletricidade, em uma cidade de 2 milhões e meio de habitantes", explica mons. Audo, e acrescenta: “Especialmente com o grande calor deste verão, vemos dia e noite jovens e crianças pelas ruas com garrafas vazias na mão, tentando encontrar um pouco de água”.
Pior ainda é quando os jovens são vistos em torno da cidade com metralhadoras na mão. Existem muitas gangues armadas. O arcebispo caldeu explica que Aleppo, hoje, está dividida em duas partes: uma nas mãos do exército regular e outra, a parte mais antiga, "sob o domínio dos terroristas”, que são dificilmente identificáveis, mas, segundo mons. Audo, trata-se mais provavelmente do al-Nusra do que do Isis.
São “pelo menos cinco os pontos” da cidade do qual partem os ataques contra os cristãos, acrescenta o arcebispo. Que não poupa acusações específicas contra países estrangeiros. Ele identifica a razão do drama que vive Aleppo na vizinhança na fronteira com a Turquia, porque “todos os ataques vêm da Turquia, que acolhe, treina e reabastece de armas grupos armados que estão destruindo a nossa região”.
Grupos armados que participam de uma jihad em solo sírio, mas que vêm de outros lugares. Além disso, acrescenta mons. Audo, “na tradição profunda da Síria não há perseguição religiosa", porque desde sempre o pluralismo confessional é uma particularidade deste "belo país, onde tem de tudo para se viver” Ou, pelo menos, no qual reinava a paz até que foi inteiramente governado pelo regime de Bashar al-Assad. Os cristãos têm saudades daqueles tempos. “Não existem dois cristãos que possam afirmar o contrário...”, glosa o arcebispo.
Questionado por ZENIT sobre o quanto pesa nessa crise o embargo imposto ao governo sírio pelos países ocidentais, mons. Audo afirma que “esta guerra tem o objetivo de destruir e depois dividir a Síria por interesses regionais e internacionais”. Trata-se – explica o arcebispo – “do comércio de armas e de interesses estratégicos”. Aqueles mesmos interesses estratégicos que levaram “à destruição do Iraque e da Líbia no passado e do Yemen nos dias de hoje”.
E, para completar a ruína de um País, o êxodo em massa de seus habitantes se torna funcional. É por isso que Mons. Audo fala sobre o seu compromisso, como pastor, de convencer os cristãos a não abandonarem a Síria: “Como bispo caldeu, conheço a experiência dos imigrantes cristãos que vieram do Iraque para a Síria. É uma experiência de morte, é uma experiência do fim da presença cristã. Portanto, hoje, faço de tudo para convencer as pessoas a permanecerem, mas compreendo quem foge porque não vê diante de si outra escolha...”. A falta de confiança no futuro – acrescenta o prelado – é devido às responsabilidades da comunidade internacional, que, há cinco anos, abdica de uma solução política e em vez disso mostra - reitera Mons. Audo - "determinação" para continuar a guerra "até a destruição da Síria".
Neste cenário, a mídia desempenha um papel importante, recordou, no final da conferência, Alfredo Mantovano, presidente de Ajuda a Igreja que Sofre Itália: "Parece, vendo as notícias, que só existe um problema na fronteira entre a Sérvia e a Hungria. Mas aquele problema existe ali porque, uma multidão, referindo-se só à Síria, mais de 10 milhões de pessoas não têm mais casa e foram obrigadas a fugir do próprio País”. As causas desta diáspora foram explicadas por mons. Audo.
Fonte: Zenit.
Era o 2011, quando os primeiros sinais deste devastador conflito sugeriam aos cristãos sírios uma premonição terrível: “Esperemos que não acabemos como os cristãos do Iraque (que fugiram em massa de seu país após a guerra de 2003, ndr)". Hoje, quatro anos depois, aqueles pensamentos parecem estar acontecendo. Aleppo, que antes da guerra tinha 150 mil cristãos, hoje, embora seja impossível reunir estimativas precisas, tem cerca de 50 mil.
Essa situação de Aleppo tornou-se extremamente difícil dada as dificuldades que ocorrem durante algum tempo. "Por mais de um mês ou dois, estamos sem água e sem eletricidade, em uma cidade de 2 milhões e meio de habitantes", explica mons. Audo, e acrescenta: “Especialmente com o grande calor deste verão, vemos dia e noite jovens e crianças pelas ruas com garrafas vazias na mão, tentando encontrar um pouco de água”.
Pior ainda é quando os jovens são vistos em torno da cidade com metralhadoras na mão. Existem muitas gangues armadas. O arcebispo caldeu explica que Aleppo, hoje, está dividida em duas partes: uma nas mãos do exército regular e outra, a parte mais antiga, "sob o domínio dos terroristas”, que são dificilmente identificáveis, mas, segundo mons. Audo, trata-se mais provavelmente do al-Nusra do que do Isis.
São “pelo menos cinco os pontos” da cidade do qual partem os ataques contra os cristãos, acrescenta o arcebispo. Que não poupa acusações específicas contra países estrangeiros. Ele identifica a razão do drama que vive Aleppo na vizinhança na fronteira com a Turquia, porque “todos os ataques vêm da Turquia, que acolhe, treina e reabastece de armas grupos armados que estão destruindo a nossa região”.
Grupos armados que participam de uma jihad em solo sírio, mas que vêm de outros lugares. Além disso, acrescenta mons. Audo, “na tradição profunda da Síria não há perseguição religiosa", porque desde sempre o pluralismo confessional é uma particularidade deste "belo país, onde tem de tudo para se viver” Ou, pelo menos, no qual reinava a paz até que foi inteiramente governado pelo regime de Bashar al-Assad. Os cristãos têm saudades daqueles tempos. “Não existem dois cristãos que possam afirmar o contrário...”, glosa o arcebispo.
Questionado por ZENIT sobre o quanto pesa nessa crise o embargo imposto ao governo sírio pelos países ocidentais, mons. Audo afirma que “esta guerra tem o objetivo de destruir e depois dividir a Síria por interesses regionais e internacionais”. Trata-se – explica o arcebispo – “do comércio de armas e de interesses estratégicos”. Aqueles mesmos interesses estratégicos que levaram “à destruição do Iraque e da Líbia no passado e do Yemen nos dias de hoje”.
E, para completar a ruína de um País, o êxodo em massa de seus habitantes se torna funcional. É por isso que Mons. Audo fala sobre o seu compromisso, como pastor, de convencer os cristãos a não abandonarem a Síria: “Como bispo caldeu, conheço a experiência dos imigrantes cristãos que vieram do Iraque para a Síria. É uma experiência de morte, é uma experiência do fim da presença cristã. Portanto, hoje, faço de tudo para convencer as pessoas a permanecerem, mas compreendo quem foge porque não vê diante de si outra escolha...”. A falta de confiança no futuro – acrescenta o prelado – é devido às responsabilidades da comunidade internacional, que, há cinco anos, abdica de uma solução política e em vez disso mostra - reitera Mons. Audo - "determinação" para continuar a guerra "até a destruição da Síria".
Neste cenário, a mídia desempenha um papel importante, recordou, no final da conferência, Alfredo Mantovano, presidente de Ajuda a Igreja que Sofre Itália: "Parece, vendo as notícias, que só existe um problema na fronteira entre a Sérvia e a Hungria. Mas aquele problema existe ali porque, uma multidão, referindo-se só à Síria, mais de 10 milhões de pessoas não têm mais casa e foram obrigadas a fugir do próprio País”. As causas desta diáspora foram explicadas por mons. Audo.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
O C9 estuda o processo de seleção de novos bispos
O Papa Francisco e o Conselho de Cardeais concluiu nesta quarta-feira a sua reunião de três dias para discutir os temas relativos à reforma da Cúria. Esta foi a 11ª vez que se reúnem desde que o Papa criou este grupo.
Em uma sessão informativa, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o padre Federico Lombardi explicou aos jornalistas que nestes dias tomou-se em consideração a proposta para uma nova Congregação que incluiria “leigos, família e vida”. Neste sentido, ouviu-se o cardeal Dionigi Tettamanzi, encomendado pelo Papa nos últimos meses para aprofundar sobre a viabilidade desta proposta. No final das reflexões, "o Conselho apresentou uma proposta sobre este assunto, visando a implementação do projeto".
Por outro lado abordaram a proposta de uma nova Congregação dedicada à “caridade, justiça e paz”, continuando com as reflexões, mas sem amadurecer uma proposta conclusiva do Conselho.
Um novo tema tratado durante a reunião desta semana, foi a nomeação de novos bispos, “mais especificamente sobre as qualidades e qualificações dos candidatos à luz das exigências do mundo de hoje, e sobre a relativa coleta de informações”. A este respeito, o Pe. Lombardi indicou que o tema “deverá ser aprofundado e desenvolvido em relação aos Dicastérios competentes interessados”.
Também foi uma oportunidade para ouvir o recém-nomeado prefeito da nova Secretaria para a Comunicação, que expôs os seus primeiros passos dados e, em particular, sobre a “nomeação de um grupo de elaboração dos Estatutos da própria Secretaria”. O grupo de trabalho – explicou o porta-voz da Santa Sé – foi constituído e já começou as atividades.
Além do mais, o Conselho de cardeais e o Papa retomou a temática proposta na sessão passada sobre a questão dos abusos de menores, “analisando a fundo o modo de implementar as propostas formuladas, especialmente a possibilidade de acelerar a gestão dos numerosos casos pendentes”, explicou o Pe. Lombardi.
Finalmente, tomou-se em consideração um rascunho de preâmbulo da nova Constituição.
A próxima sessão, anunciou o padre Lombardi, está prevista para os dias 10, 11 e 12 de dezembro.
Fonte: Zenit.
Em uma sessão informativa, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o padre Federico Lombardi explicou aos jornalistas que nestes dias tomou-se em consideração a proposta para uma nova Congregação que incluiria “leigos, família e vida”. Neste sentido, ouviu-se o cardeal Dionigi Tettamanzi, encomendado pelo Papa nos últimos meses para aprofundar sobre a viabilidade desta proposta. No final das reflexões, "o Conselho apresentou uma proposta sobre este assunto, visando a implementação do projeto".
Por outro lado abordaram a proposta de uma nova Congregação dedicada à “caridade, justiça e paz”, continuando com as reflexões, mas sem amadurecer uma proposta conclusiva do Conselho.
Um novo tema tratado durante a reunião desta semana, foi a nomeação de novos bispos, “mais especificamente sobre as qualidades e qualificações dos candidatos à luz das exigências do mundo de hoje, e sobre a relativa coleta de informações”. A este respeito, o Pe. Lombardi indicou que o tema “deverá ser aprofundado e desenvolvido em relação aos Dicastérios competentes interessados”.
Também foi uma oportunidade para ouvir o recém-nomeado prefeito da nova Secretaria para a Comunicação, que expôs os seus primeiros passos dados e, em particular, sobre a “nomeação de um grupo de elaboração dos Estatutos da própria Secretaria”. O grupo de trabalho – explicou o porta-voz da Santa Sé – foi constituído e já começou as atividades.
Além do mais, o Conselho de cardeais e o Papa retomou a temática proposta na sessão passada sobre a questão dos abusos de menores, “analisando a fundo o modo de implementar as propostas formuladas, especialmente a possibilidade de acelerar a gestão dos numerosos casos pendentes”, explicou o Pe. Lombardi.
Finalmente, tomou-se em consideração um rascunho de preâmbulo da nova Constituição.
A próxima sessão, anunciou o padre Lombardi, está prevista para os dias 10, 11 e 12 de dezembro.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Programa da viagem do Papa Francisco a Cuba e Estados Unidos
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou nesta terça-feira o programa completo da visita apostólica do Papa Francisco a Cuba e Estados Unidos. A seguir o programa:
Sábado, 19 setembro
- 10h15 Partida do Aeroporto Fiumicino de Roma
- 16:00 Chegada em Havana e cerimônia de boas-vindas no Aeroporto José Martí.
Domingo, 20 de setembro
- 09:00 Missa e Angelus na Praça da Revolução na Havana.
- 16:00 Visita ao Presidente de Cuba e ao Conselho de Ministros no Palácio da Revolução na Havana.
- 17:15 Celebração das Vésperas com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas na Catedral da Havana.
- 08:30 Encontro com jovens no Centro Cultural Padre Félix Varela.
Segunda-feira, 21 de setembro
- 08:00 Partida do aeroporto José Martí para Holguin.
- 09:20 Chegada ao aeroporto Frank País em Holguin.
- 10:30 Missa na Praça da Revolução em Holguin.
- 15:45 Francisco abençoa a cidade da Loma de la Cruz.
- 16:40 Parte do aeroporto de Frank País para Santiago de Cuba.
- 17:30 Chegada ao Aeroporto Antonio Maceo, em Santiago de Cuba.
- 19:00 Encontro com os Bispos no seminário de São Basílio Magno
- 19:45 Oração a Nossa Senhora da Caridade com os bispos e na basílica menor do Santuário de Nossa Senhora da Caridade, em Santiago.
Terça-feira, 22 de setembro
- 08:00 Missa na Basílica menor do Santuário de Nossa Senhora da Caridade.
- 11:00 Encontro com as famílias na Catedral de Nossa Senhora da Assunção e bênção da cidade de Santiago.
- 12:15 Cerimônia de despedida no aeroporto Antonio Maceo, e partida para Washington DC
- 16:00 Chegada em Washington DC e recepção na Força Aérea de Andrews.
Quarta – feira, 23 de setembro
- 09:15 Cerimônia de boas-vindas no Jardim Sul da Casa Branca. Francisco vai fazer um discurso e ter um encontro com o presidente Obama.
- 11:00 Encontro com os bispos dos EUA na Catedral de San Mateo.
- 16:15 Missa de canonização do Padre Junípero Serra no Santuário Nacional da Imaculada Conceição.
Quinta - feira, 24 de setembro
- 09:20 O Papa visita o Congresso dos Estados Unidos.
- 11:15 Encontro com pessoas sem teto no centro de caridade da paróquia de São Patrício.
- 16:00 Partida de Washington DC a Nova York.
- 17:00 Chegada ao aeroporto JFK, em Nova York.
- 18:45 Francisco celebra as Vésperas com os sacerdotes, religiosos e religiosas na Catedral de St. Patrick.
Sexta – feira, 25 setembro
- 8:30 Francisco discursa na sede das Nações Unidas em Nova York.
- 11:30 O Papa participa de um encontro inter-religioso no Memorial Ground Zero.
- 16:00 Francisco visita a escola Nossa Senhora Rainha dos Anjos e reúne-se com famílias de imigrantes em Harlem.
- 18:00 Missa no Madison Square Garden.
Sábado, 26 de setembro
- 08:40 Partida de Nova York a Filadélfia.
- 09:30 Chegada ao Aeroporto Internacional da Filadélfia.
- 10:10 Missa com os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas da Pensilvânia, na Catedral de São Pedro e São Paulo, na Filadélfia.
- 16:45 Encontro com a comunidade hispânica e outros imigrantes no Centro Comercial Independencia em Filadélfia.
- 19:30 Festa das Famílias e vigília de oração no B. Franklin Parkway, na Filadélfia.
Domingo, 27 de setembro
- 09:15 Encontro com os bispos convidados ao Encontro Mundial das Famílias em St. Charles Borromeo Seminary em Filadélfia.
- 11:00 Visita aos reclusos do Instituto Correcional Curran-Fromhold em Filadélfia.
- 16:00 Missa para fechar o oitavo Encontro Mundial das Famílias no B. Franklin Parkway, na Filadélfia.
- 19:00 Encontro com o Comitê Organizador, voluntários e benfeitores no Aeroporto Internacional da Filadélfia.
- 19:45 cerimônia de partida e regresso a Roma.
Segunda-feira, 28 setembro
- 10:00 Chegada ao Aeroporto de Ciampino, em Roma.
Fonte: Zenit.
Sábado, 19 setembro
- 10h15 Partida do Aeroporto Fiumicino de Roma
- 16:00 Chegada em Havana e cerimônia de boas-vindas no Aeroporto José Martí.
Domingo, 20 de setembro
- 09:00 Missa e Angelus na Praça da Revolução na Havana.
- 16:00 Visita ao Presidente de Cuba e ao Conselho de Ministros no Palácio da Revolução na Havana.
- 17:15 Celebração das Vésperas com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas na Catedral da Havana.
- 08:30 Encontro com jovens no Centro Cultural Padre Félix Varela.
Segunda-feira, 21 de setembro
- 08:00 Partida do aeroporto José Martí para Holguin.
- 09:20 Chegada ao aeroporto Frank País em Holguin.
- 10:30 Missa na Praça da Revolução em Holguin.
- 15:45 Francisco abençoa a cidade da Loma de la Cruz.
- 16:40 Parte do aeroporto de Frank País para Santiago de Cuba.
- 17:30 Chegada ao Aeroporto Antonio Maceo, em Santiago de Cuba.
- 19:00 Encontro com os Bispos no seminário de São Basílio Magno
- 19:45 Oração a Nossa Senhora da Caridade com os bispos e na basílica menor do Santuário de Nossa Senhora da Caridade, em Santiago.
Terça-feira, 22 de setembro
- 08:00 Missa na Basílica menor do Santuário de Nossa Senhora da Caridade.
- 11:00 Encontro com as famílias na Catedral de Nossa Senhora da Assunção e bênção da cidade de Santiago.
- 12:15 Cerimônia de despedida no aeroporto Antonio Maceo, e partida para Washington DC
- 16:00 Chegada em Washington DC e recepção na Força Aérea de Andrews.
Quarta – feira, 23 de setembro
- 09:15 Cerimônia de boas-vindas no Jardim Sul da Casa Branca. Francisco vai fazer um discurso e ter um encontro com o presidente Obama.
- 11:00 Encontro com os bispos dos EUA na Catedral de San Mateo.
- 16:15 Missa de canonização do Padre Junípero Serra no Santuário Nacional da Imaculada Conceição.
Quinta - feira, 24 de setembro
- 09:20 O Papa visita o Congresso dos Estados Unidos.
- 11:15 Encontro com pessoas sem teto no centro de caridade da paróquia de São Patrício.
- 16:00 Partida de Washington DC a Nova York.
- 17:00 Chegada ao aeroporto JFK, em Nova York.
- 18:45 Francisco celebra as Vésperas com os sacerdotes, religiosos e religiosas na Catedral de St. Patrick.
Sexta – feira, 25 setembro
- 8:30 Francisco discursa na sede das Nações Unidas em Nova York.
- 11:30 O Papa participa de um encontro inter-religioso no Memorial Ground Zero.
- 16:00 Francisco visita a escola Nossa Senhora Rainha dos Anjos e reúne-se com famílias de imigrantes em Harlem.
- 18:00 Missa no Madison Square Garden.
Sábado, 26 de setembro
- 08:40 Partida de Nova York a Filadélfia.
- 09:30 Chegada ao Aeroporto Internacional da Filadélfia.
- 10:10 Missa com os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas da Pensilvânia, na Catedral de São Pedro e São Paulo, na Filadélfia.
- 16:45 Encontro com a comunidade hispânica e outros imigrantes no Centro Comercial Independencia em Filadélfia.
- 19:30 Festa das Famílias e vigília de oração no B. Franklin Parkway, na Filadélfia.
Domingo, 27 de setembro
- 09:15 Encontro com os bispos convidados ao Encontro Mundial das Famílias em St. Charles Borromeo Seminary em Filadélfia.
- 11:00 Visita aos reclusos do Instituto Correcional Curran-Fromhold em Filadélfia.
- 16:00 Missa para fechar o oitavo Encontro Mundial das Famílias no B. Franklin Parkway, na Filadélfia.
- 19:00 Encontro com o Comitê Organizador, voluntários e benfeitores no Aeroporto Internacional da Filadélfia.
- 19:45 cerimônia de partida e regresso a Roma.
Segunda-feira, 28 setembro
- 10:00 Chegada ao Aeroporto de Ciampino, em Roma.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
As confissões de um Papa popular. Francisco na “Rádio Renascença”
Dura uma hora, mas segue um ritmo forte a entrevista que o Papa Francisco concedeu à emissora portuguesa, Rádio Renascença. A conversa foi ao ar hoje, 14 de setembro, segunda-feira, mas foi gravada no dia 8 de setembro, por ocasião da visita ‘ad limina’ dos bispos portugueses, graças também à ‘insistêntica’ da vaticanista Aura Miguel que gentilmente ‘perseguiu’ Bergoglio durante os vôos papais para lhe pedir que diga uma palavra também ao público de Portugal. E Francisco ouviu o desejo, centrando grande parte da sua entrevista sobre a situação social e espiritual do povo português.
"Que a catequese não seja teórica. Que os jovens falem a linguagem do coração, da cabeça e das mãos”
Em particular, o Papa expressou as duas principais preocupações, já expressadas aos bipos ‘ad limina’, ou seja, os jovens e as catequeses. Duas áreas que, de acordo com o Santo Padre, é necessário fazer crescer e que é necessário acompanhar “com prudência, falando no momento oportuno”. É importante, acrescentou o Papa, que a catequese não seja “puramente teórica”: ela “é uma doutrina para a vida e, portanto, deve ter três linguagens: a da cabeça, do coração e das mãos”, de tal forma que os jovens “pensem e saibam qual é a fé mas, ao mesmo tempo, sintam nos seus corações o queé a fé e, consequentemente, façam coisas concretas”.
Celebrações pelas aparições de Fátima. "Maria nos convida a rezar"
Esses mesmos jovens, juntamente com outros fiéis de Portugal, esperam o Papa para celebrar o centenário das aparições de Nossa Senhora. Francisco, em muitas ocasiões, expressou o desejo de visitar o célebre santuário e rezar à Nossa Senhora. “Nossa Senhora – diz na entrevista – nos pede sempre oração, cuidado da família, observar os mandamentos”. Ela “é Mãe” e “se manifesta às crianças, busca sempre as almas simples”.
Emergências migrantes. “Ponta de um iceberg. Ir às causas”
Não falta, na entrevista, um olhar para o fenômeno da migração que atingiu a Europa, despertando grande preocupação. Para o Papa trata-se da "ponta do iceberg": "Vejamos estes refugiados, estas pobres pessoas que fogem da guerra, da fome... mas, na base tem uma causa: um sistema socioeconômico mau, injusto". Injusto porque "descentralizou a pessoa, colocando no centro o deus dinheiro, é o ídolo da moda". A pessoa deve ser, em vez disso, uma prioridade para todo sistema social, econômico e político, destaca o Santo Padre.
Que exorta, portanto, a ir às raízes dos problemas que forçam populações inteiras ao êxodo desesperado. Aquelas da África e Oriente Médio, como também dos Rohingya. "É preciso ir às causas – afirma – . Aonde a causa é a fome, criar fontes de trabalho, investir. Onda a causa é a guerra, procurar a paz e trabalhar para a paz”. Especialmente a paz, evidencia Bergoglio, porque “hoje o mundo está em guerra contra si mesmo”: uma guerra combatida "em partes" que está gradualmente destruindo nossa "casa comum".
"Acolher a todos. Também eu sou filho de migrantes. Se não há espaço na casa paroquial, pelo menos, encontra um cantinho”
É necessário recuperar, então, uma dimensão de comunidade, começando com a acolhida das pessoas “assim como são”. Eu mesmo – lembra Francisco – “sou filho de emigrados na Argentina”, nação que soube abrir as portas para todas as pessoas provenientes de países europeus e não só.
Com relação à acolhida, perguntado pela jornalista, o Papa relança o apelo expresso no Angelus do 6 de setembro passado dirigido às paróquias, conventos e mosteiros para hospedarem uma família de imigrantes. Um pedido que tinha gerado um incômodo em algumas comunidades religiosas. Por isso o Papa Francisco procurou esclarecer: “quando falo que uma paróquia deve acolher uma família, não quero dizer que, forçosamente, devam ir morar na casa paroquial, mas que a comunidade paroquial procure um lugar, um cantinho para fazer um pequeno apartamento ou, no pior dos casos, se organize para alugar um apartamento modesto para aquela família, mas que tenham um teto, que sejam acolhidas e sejam inseridas na comunidade”.
Jovens desempregados, idosos sozinhos, crianças não nascidas: culpa da “cultura do bem-estar”
Este é um bom exercício, em primeiro lugar, para combater a "tentação do deus dinheiro", em que muitas vezes incorrem também as congregações religiosas. E, depois, para sair daquela casca de "individualismo" que permeia o tempo presente. "Se ganha-se na acolhida é necessário pagar os impostos", diz o Papa. Aponta o dedo contra aquela “cultura do bem-estar” que, em vários países europeus levou a um grande declínio demográfico; Itália, Portugal e Espanha, em primeiro lugar, onde há anos se encontram índices de natalidade realmente baixos.
"Quando há uma lacuna - observa - as pessoas tentam preenchê-lo. Se em um país não nascem mais filhos, os imigrantes vêm para tomar seu lugar. Não querer filhos é resultado da cultura do bem-estar ". Isto afeta particularmente os idosos, que "permanecem sozinhos”, e os jovens sempre mais oprimidos pelo flagelo do desemprego. "É urgente - assim diz Francisco – que especialmente as congregações religiosas que têm como carisma a educação, mas também os leigos, os educadores leigos, criem pequenos cursos, ‘escolas de emergência’ onde os jovens possam aprender os ofícios que consintam encontrar depois um trabalho, também ocasião”. Em suma, que sigam o exemplo de Dom Bosco e do seu sistema educativo inovador.
Europa: "Ainda não está morta. Que volte a ser mãe e não avó...”
Para Bergoglio, todas estas questões devem estar dentro da agenda da Europa, cujo principal desafio - diz ele - é o de "voltar a ser uma mãe e não avó... avó Europa". O velho continente tem, de fato, "uma grande cultura", o resultado de séculos, e uma forte identidade que tira a sua seiva vital das suas raízes cristãs, embora se, por vezes, estas são esquecidas ou não reconhecidas. "A Europa cometeu um erro. Não lhe jogo na cara, só lhe recordo”, diz o Papa; ela deve, portanto, reconquistar a sua liderança no concerto das nações”, ou seja, voltar a ser “A Europa que indica o caminho” porque tem os meios para fazê-lo.
"A Europa ainda não está morta", diz ainda o Santo Padre; alguns países como a Albânia e a Bósnia Herzegovina, que ele próprio visitou, prova isso: saídos da guerra souberam renascer das próprias cinzas e se tornaram um farol para outros países. O problema real é a “corrupção em todos os níveis”, observa Bergoglio, que diz que está confiante, portanto, nas novas gerações de políticos.
É melhor uma Igreja “acidentada” do que “doente”
Para contribuir para este renascimento está a Igreja. É verdade: também ela está sujeita a riscos, mas “saindo” é normal ter alguns acidentes de percurso, observa o Pontífice. “Viver fechados em si mesmos pode causar a enfermidade, pode-se gerar uma Igreja raquítica, com normas fixas, sem criatividade, segura, mas não segura”. No entanto, “é melhor uma Igreja acidentada” do que “doente”, porque, pelo menos, significa que é “uma Igreja em saída”.
As expectativas para o Jubileu da Misericórdia
Justamente essa é a imagem de Igreja que o Papa gostaria de trazer para fora durante o Jubileu da Misericórdia que será aberto no próximo dia 8 de dezembro. “quem venham todos, que venham e sintam o amor e o perdão de Deus” é o desejo do Santo Padre, que reafirma também as recomendações contidas na carta a mons. Fisichella, na qual se recomendava o perdão também de pecados como o aborto, e os dois Motu Proprio sobre as declarações de nulidade matrimonial. Dois documentos, diz, nascidos “para simplificar, facilitar a fé das pessoas para que a Igreja seja mãe”, também em vista do próximo Sínodo para o qual pede orações.
"Por que fui eleito? Pergunte ao Espírito Santo"
A ideia de Igreja "acidentada”, mas misericordiosa, além do mais, é aquela que o cardeal Bergoglio havia apresentado no seu relatório para as Congregações Gerais pré-conclave, captando a atenção de grande parte do Colégio dos Cardeais. Miguel, de fato, pergunta: “por isso foi eleito Papa?". Uma pergunta para a qual o Bispo de Roma responde com um sorriso, reenviando a resposta ao Espírito Santo: "Pergunte a ele."
No início de 2013, lembra a entrevistadora, a intenção do arcebispo de Buenos Aires era de “aposentar-se”, agora, porém, encontra-se como “um dos homens mais famosos do mundo”. “Como vive esta situação?”. “Nunca perdi a paz” explica o Santo Padre, “é um dom” que “Deus me deu, algo que nem sequer imaginava, também pela minha idade”. “Eu já tinha organizado a minha volta, acrescenta, falando que deixou pronta a homilia do Domingo de Ramos sobre a sua mesa...
"Sinto falta de sair pelas ruas!"
A eleição para a Cátedra de Pedro foi, portanto, um evento que fez uma reviravolta no cardeal de então 76 anos, com tudo o que seguiu. Como, a falta de liberdade. A este respeito, Francisco confessa que sente “necessidade de sair” pelas ruas como acontecia em Buenos Aires. "Os tempos ainda não estão maduros - diz ele - mas eu tenho contato com pessoas quarta-feira e isso me ajuda muito."
"Eu popular? Jesus também era. Depois acabou na cruz...
Ainda sobre sua popularidade e sobre o amor que o mundo inteiro lhe demonstra, Miguel recorda a admoestação de Jesus: "E sereis odiados por causa do meu nome". O Papa Francisco replica o tom: “às vezes me pergunto como será a minha cruz... e também Jesus, em um momento, era muito popular, mas terminou como terminou. Ou seja, ninguém pode comprar a felicidade mundana. Eu, a única coisa que peço ao Senhor é que me conserve a paz do coração e que me conserve a Sua graça, porque até o último momento se é pecador e pode renegar a Sua graça. Me consola uma coisa: São Pedro cometeu um pecado grave: renegar Jesus. Posteriormente, no entanto, o fizeram Papa". Assim, "o Senhor vai cuidar de mim como cuidou de Pedro".
"Como você gostaria de morrer?". "Como Deus quiser. Deve ser ótimo encontrar o Senhor"
No entanto, por precaução, Francisco continua a confessar-se a cada 15-20 dias. E à pergunta sobre como e onde gostaria de morrer, responde: “Onde Deus quiser, sério, onde Deus quiser”. Até porque a sua ideia de eternidade mudou ao longo do tempo: “Quando eu era mais jovem, imaginava mais chato. Agora, penso que é um Mistério de Encontro. É quase inimaginável, mas deve ser muito bonito encontrar o Senhor”.
Fonte: Zenit.
"Que a catequese não seja teórica. Que os jovens falem a linguagem do coração, da cabeça e das mãos”
Em particular, o Papa expressou as duas principais preocupações, já expressadas aos bipos ‘ad limina’, ou seja, os jovens e as catequeses. Duas áreas que, de acordo com o Santo Padre, é necessário fazer crescer e que é necessário acompanhar “com prudência, falando no momento oportuno”. É importante, acrescentou o Papa, que a catequese não seja “puramente teórica”: ela “é uma doutrina para a vida e, portanto, deve ter três linguagens: a da cabeça, do coração e das mãos”, de tal forma que os jovens “pensem e saibam qual é a fé mas, ao mesmo tempo, sintam nos seus corações o queé a fé e, consequentemente, façam coisas concretas”.
Celebrações pelas aparições de Fátima. "Maria nos convida a rezar"
Esses mesmos jovens, juntamente com outros fiéis de Portugal, esperam o Papa para celebrar o centenário das aparições de Nossa Senhora. Francisco, em muitas ocasiões, expressou o desejo de visitar o célebre santuário e rezar à Nossa Senhora. “Nossa Senhora – diz na entrevista – nos pede sempre oração, cuidado da família, observar os mandamentos”. Ela “é Mãe” e “se manifesta às crianças, busca sempre as almas simples”.
Emergências migrantes. “Ponta de um iceberg. Ir às causas”
Não falta, na entrevista, um olhar para o fenômeno da migração que atingiu a Europa, despertando grande preocupação. Para o Papa trata-se da "ponta do iceberg": "Vejamos estes refugiados, estas pobres pessoas que fogem da guerra, da fome... mas, na base tem uma causa: um sistema socioeconômico mau, injusto". Injusto porque "descentralizou a pessoa, colocando no centro o deus dinheiro, é o ídolo da moda". A pessoa deve ser, em vez disso, uma prioridade para todo sistema social, econômico e político, destaca o Santo Padre.
Que exorta, portanto, a ir às raízes dos problemas que forçam populações inteiras ao êxodo desesperado. Aquelas da África e Oriente Médio, como também dos Rohingya. "É preciso ir às causas – afirma – . Aonde a causa é a fome, criar fontes de trabalho, investir. Onda a causa é a guerra, procurar a paz e trabalhar para a paz”. Especialmente a paz, evidencia Bergoglio, porque “hoje o mundo está em guerra contra si mesmo”: uma guerra combatida "em partes" que está gradualmente destruindo nossa "casa comum".
"Acolher a todos. Também eu sou filho de migrantes. Se não há espaço na casa paroquial, pelo menos, encontra um cantinho”
É necessário recuperar, então, uma dimensão de comunidade, começando com a acolhida das pessoas “assim como são”. Eu mesmo – lembra Francisco – “sou filho de emigrados na Argentina”, nação que soube abrir as portas para todas as pessoas provenientes de países europeus e não só.
Com relação à acolhida, perguntado pela jornalista, o Papa relança o apelo expresso no Angelus do 6 de setembro passado dirigido às paróquias, conventos e mosteiros para hospedarem uma família de imigrantes. Um pedido que tinha gerado um incômodo em algumas comunidades religiosas. Por isso o Papa Francisco procurou esclarecer: “quando falo que uma paróquia deve acolher uma família, não quero dizer que, forçosamente, devam ir morar na casa paroquial, mas que a comunidade paroquial procure um lugar, um cantinho para fazer um pequeno apartamento ou, no pior dos casos, se organize para alugar um apartamento modesto para aquela família, mas que tenham um teto, que sejam acolhidas e sejam inseridas na comunidade”.
Jovens desempregados, idosos sozinhos, crianças não nascidas: culpa da “cultura do bem-estar”
Este é um bom exercício, em primeiro lugar, para combater a "tentação do deus dinheiro", em que muitas vezes incorrem também as congregações religiosas. E, depois, para sair daquela casca de "individualismo" que permeia o tempo presente. "Se ganha-se na acolhida é necessário pagar os impostos", diz o Papa. Aponta o dedo contra aquela “cultura do bem-estar” que, em vários países europeus levou a um grande declínio demográfico; Itália, Portugal e Espanha, em primeiro lugar, onde há anos se encontram índices de natalidade realmente baixos.
"Quando há uma lacuna - observa - as pessoas tentam preenchê-lo. Se em um país não nascem mais filhos, os imigrantes vêm para tomar seu lugar. Não querer filhos é resultado da cultura do bem-estar ". Isto afeta particularmente os idosos, que "permanecem sozinhos”, e os jovens sempre mais oprimidos pelo flagelo do desemprego. "É urgente - assim diz Francisco – que especialmente as congregações religiosas que têm como carisma a educação, mas também os leigos, os educadores leigos, criem pequenos cursos, ‘escolas de emergência’ onde os jovens possam aprender os ofícios que consintam encontrar depois um trabalho, também ocasião”. Em suma, que sigam o exemplo de Dom Bosco e do seu sistema educativo inovador.
Europa: "Ainda não está morta. Que volte a ser mãe e não avó...”
Para Bergoglio, todas estas questões devem estar dentro da agenda da Europa, cujo principal desafio - diz ele - é o de "voltar a ser uma mãe e não avó... avó Europa". O velho continente tem, de fato, "uma grande cultura", o resultado de séculos, e uma forte identidade que tira a sua seiva vital das suas raízes cristãs, embora se, por vezes, estas são esquecidas ou não reconhecidas. "A Europa cometeu um erro. Não lhe jogo na cara, só lhe recordo”, diz o Papa; ela deve, portanto, reconquistar a sua liderança no concerto das nações”, ou seja, voltar a ser “A Europa que indica o caminho” porque tem os meios para fazê-lo.
"A Europa ainda não está morta", diz ainda o Santo Padre; alguns países como a Albânia e a Bósnia Herzegovina, que ele próprio visitou, prova isso: saídos da guerra souberam renascer das próprias cinzas e se tornaram um farol para outros países. O problema real é a “corrupção em todos os níveis”, observa Bergoglio, que diz que está confiante, portanto, nas novas gerações de políticos.
É melhor uma Igreja “acidentada” do que “doente”
Para contribuir para este renascimento está a Igreja. É verdade: também ela está sujeita a riscos, mas “saindo” é normal ter alguns acidentes de percurso, observa o Pontífice. “Viver fechados em si mesmos pode causar a enfermidade, pode-se gerar uma Igreja raquítica, com normas fixas, sem criatividade, segura, mas não segura”. No entanto, “é melhor uma Igreja acidentada” do que “doente”, porque, pelo menos, significa que é “uma Igreja em saída”.
As expectativas para o Jubileu da Misericórdia
Justamente essa é a imagem de Igreja que o Papa gostaria de trazer para fora durante o Jubileu da Misericórdia que será aberto no próximo dia 8 de dezembro. “quem venham todos, que venham e sintam o amor e o perdão de Deus” é o desejo do Santo Padre, que reafirma também as recomendações contidas na carta a mons. Fisichella, na qual se recomendava o perdão também de pecados como o aborto, e os dois Motu Proprio sobre as declarações de nulidade matrimonial. Dois documentos, diz, nascidos “para simplificar, facilitar a fé das pessoas para que a Igreja seja mãe”, também em vista do próximo Sínodo para o qual pede orações.
"Por que fui eleito? Pergunte ao Espírito Santo"
A ideia de Igreja "acidentada”, mas misericordiosa, além do mais, é aquela que o cardeal Bergoglio havia apresentado no seu relatório para as Congregações Gerais pré-conclave, captando a atenção de grande parte do Colégio dos Cardeais. Miguel, de fato, pergunta: “por isso foi eleito Papa?". Uma pergunta para a qual o Bispo de Roma responde com um sorriso, reenviando a resposta ao Espírito Santo: "Pergunte a ele."
No início de 2013, lembra a entrevistadora, a intenção do arcebispo de Buenos Aires era de “aposentar-se”, agora, porém, encontra-se como “um dos homens mais famosos do mundo”. “Como vive esta situação?”. “Nunca perdi a paz” explica o Santo Padre, “é um dom” que “Deus me deu, algo que nem sequer imaginava, também pela minha idade”. “Eu já tinha organizado a minha volta, acrescenta, falando que deixou pronta a homilia do Domingo de Ramos sobre a sua mesa...
"Sinto falta de sair pelas ruas!"
A eleição para a Cátedra de Pedro foi, portanto, um evento que fez uma reviravolta no cardeal de então 76 anos, com tudo o que seguiu. Como, a falta de liberdade. A este respeito, Francisco confessa que sente “necessidade de sair” pelas ruas como acontecia em Buenos Aires. "Os tempos ainda não estão maduros - diz ele - mas eu tenho contato com pessoas quarta-feira e isso me ajuda muito."
"Eu popular? Jesus também era. Depois acabou na cruz...
Ainda sobre sua popularidade e sobre o amor que o mundo inteiro lhe demonstra, Miguel recorda a admoestação de Jesus: "E sereis odiados por causa do meu nome". O Papa Francisco replica o tom: “às vezes me pergunto como será a minha cruz... e também Jesus, em um momento, era muito popular, mas terminou como terminou. Ou seja, ninguém pode comprar a felicidade mundana. Eu, a única coisa que peço ao Senhor é que me conserve a paz do coração e que me conserve a Sua graça, porque até o último momento se é pecador e pode renegar a Sua graça. Me consola uma coisa: São Pedro cometeu um pecado grave: renegar Jesus. Posteriormente, no entanto, o fizeram Papa". Assim, "o Senhor vai cuidar de mim como cuidou de Pedro".
"Como você gostaria de morrer?". "Como Deus quiser. Deve ser ótimo encontrar o Senhor"
No entanto, por precaução, Francisco continua a confessar-se a cada 15-20 dias. E à pergunta sobre como e onde gostaria de morrer, responde: “Onde Deus quiser, sério, onde Deus quiser”. Até porque a sua ideia de eternidade mudou ao longo do tempo: “Quando eu era mais jovem, imaginava mais chato. Agora, penso que é um Mistério de Encontro. É quase inimaginável, mas deve ser muito bonito encontrar o Senhor”.
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Papa Francisco: "O seguimento de Jesus significa pegar a própria cruz"
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje nos mostra Jesus que, no caminho para Cesaréia de Filipe, pergunta aos discípulos: "Quem dizem que eu sou?" (Mc 8, 27). Eles respondem o que as pessoas diziam: alguns acreditam que João Batista ressuscitou, outros Elias ou um dos grandes Profetas. As pessoas gostavam de Jesus, consideravam-no um "enviado de Deus", mas ainda não conseguiam reconhecê-lo como o Messias, aquele Messias anunciado e esperado por todos. Jesus olha para os apóstolos pergunta novamente: "Mas vós, quem dizeis que eu sou" (v. 29). Essa é a pergunta mais importante, com a qual Jesus fala diretamente com aqueles que o seguiam, para verificar a sua fé. Pedro, em nome de todos, diz sem rodeios: "Tu és o Cristo" (v. 29). Jesus fica impressionado com a fé de Pedro. Reconhece que é o resultado de graça, de uma graça especial de Deus Pai. E, então, revela abertamente aos discípulos o que o espera em Jerusalém, isto é, que "o Filho do Homem devia sofrer muitas coisas... e ser morto, e depois de três dias ressuscitar" (v. 31).
Ouvindo isso, o próprio Pedro, que acabou de professar a sua fé em Jesus como Messias, fica escandalizado. Toma a parte o Mestre e o repreende. E como Jesus reage? Por sua vez repreende a Pedro por isso, com palavras muito severas: “Aparta-te de mim, Satanás!” – lhe chama de Satanás! – “Porque não pensas como Deus, mas como os homens” (v. 33). Jesus percebe que em Pedro, como nos outros discípulos – também em cada um de nós! - à graça do Pai opõe-se à tentação do Maligno, que quer afastar-nos da vontade de Deus. Anunciando que deverá sofrer e ser condenado a morte para depois ressuscitar, Jesus quer dar a entender àqueles que o seguem que Ele é um Messias humilde e servo. É o servo obediente à palavra e à vontade do Pai, até o sacrifício completo da própria vida. Por isso, dirigindo-se a toda a multidão que estava ali, declara que quem quiser ser seu discípulo deve aceitar ser servo, como ele se fez servo, e adverte: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (v. 35).
O seguimento de Jesus significa tomar a sua cruz - todos nós a temos... - para acompanhá-lo em sua jornada, um caminho nada cômodo que não é o do sucesso, da glória passageira, mas que leva à verdadeira liberdade, a que nos liberta do egoísmo e do pecado. Trata-se de operar uma clara rejeição àquela mentalidade mundana que coloca o próprio “eu” e os próprios interesses no centro da existência: isso não é o que Jesus quer de nós! Pelo contrário, Jesus nos convida a perder a própria vida por Ele, pelo Evangelho, para recebe-la renovada, realizada e autêntica. Temos a certeza, graças a Jesus, que este caminho leva ao fim à ressurreição, à vida plena e definitiva com Deus. Decidir segui-Lo, ao nosso Mestre e Senhor que se fez Servo de todos, exige caminhar atrás Dele e ouvi-Lo atentamente na sua Palavra – lembrem-se: ler todos os dias uma passagem do Evangelho – e nos Sacramentos.
Há jovens aqui na praça: jovens e moças. Pergunto a vocês: já tiveram a vontade de seguir Jesus mais de perto? Pensem. Rezem. E deixem que o Senhor fale com vocês.
Que a Virgem Maria, que seguiu Jesus até o Calvário, nos ajude sempre a purificar a nossa fé das falsas imagens de Deus, para aderir plenamente a Cristo e ao seu Evangelho.
Depois do Ângelus
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje, na África do Sul, foi proclamado Beato Samuel Bento Daswa, pai de família, morto em 1990 – só 25 anos atrás – e morto por causa da sua fidelidade ao Evangelho. Na sua vida demonstrou sempre grande coerência, assumindo corajosamente atitudes cristãs e rejeitando atitudes mundanas e pagãs. Que o seu testemunho ajude especialmente as famílias a difundir a verdade e a caridade de Cristo. E o seu testemunho se junta ao testemunho de tantos irmãos e irmãs nossas, jovens, anciãos, moças, crianças, perseguidos, expulsos, mortos por professar Jesus Cristo. Todos estes mártires, Samuel Benedict Daswa e todos eles, agradecemos pelo seu testemunho e pedimos a eles que intercedam por nós.
Saúdo com afeto todos vós, romanos e peregrinos de diferentes países: famílias, grupos paroquiais, associações. Saúdo os fiéis da diocese de Friburgo, a associação "L’Albero di Zaccheo” de Aosta, os fiéis de Corte Franca e Orzinuovi, A Ação Católica jovens de Alpago e o grupo de motociclistas de Ravenna.
Saúdo os professores temporários que vieram de Sardenha, e espero que os problemas do mundo do trabalho sejam abordados tendo em conta a família e suas necessidades.
Desejo a todos um bom domingo. E por favor, não se esqueçam de orar por mim! Bom almoço e até mais!
Fonte: Zenit.
O Evangelho de hoje nos mostra Jesus que, no caminho para Cesaréia de Filipe, pergunta aos discípulos: "Quem dizem que eu sou?" (Mc 8, 27). Eles respondem o que as pessoas diziam: alguns acreditam que João Batista ressuscitou, outros Elias ou um dos grandes Profetas. As pessoas gostavam de Jesus, consideravam-no um "enviado de Deus", mas ainda não conseguiam reconhecê-lo como o Messias, aquele Messias anunciado e esperado por todos. Jesus olha para os apóstolos pergunta novamente: "Mas vós, quem dizeis que eu sou" (v. 29). Essa é a pergunta mais importante, com a qual Jesus fala diretamente com aqueles que o seguiam, para verificar a sua fé. Pedro, em nome de todos, diz sem rodeios: "Tu és o Cristo" (v. 29). Jesus fica impressionado com a fé de Pedro. Reconhece que é o resultado de graça, de uma graça especial de Deus Pai. E, então, revela abertamente aos discípulos o que o espera em Jerusalém, isto é, que "o Filho do Homem devia sofrer muitas coisas... e ser morto, e depois de três dias ressuscitar" (v. 31).
Ouvindo isso, o próprio Pedro, que acabou de professar a sua fé em Jesus como Messias, fica escandalizado. Toma a parte o Mestre e o repreende. E como Jesus reage? Por sua vez repreende a Pedro por isso, com palavras muito severas: “Aparta-te de mim, Satanás!” – lhe chama de Satanás! – “Porque não pensas como Deus, mas como os homens” (v. 33). Jesus percebe que em Pedro, como nos outros discípulos – também em cada um de nós! - à graça do Pai opõe-se à tentação do Maligno, que quer afastar-nos da vontade de Deus. Anunciando que deverá sofrer e ser condenado a morte para depois ressuscitar, Jesus quer dar a entender àqueles que o seguem que Ele é um Messias humilde e servo. É o servo obediente à palavra e à vontade do Pai, até o sacrifício completo da própria vida. Por isso, dirigindo-se a toda a multidão que estava ali, declara que quem quiser ser seu discípulo deve aceitar ser servo, como ele se fez servo, e adverte: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (v. 35).
O seguimento de Jesus significa tomar a sua cruz - todos nós a temos... - para acompanhá-lo em sua jornada, um caminho nada cômodo que não é o do sucesso, da glória passageira, mas que leva à verdadeira liberdade, a que nos liberta do egoísmo e do pecado. Trata-se de operar uma clara rejeição àquela mentalidade mundana que coloca o próprio “eu” e os próprios interesses no centro da existência: isso não é o que Jesus quer de nós! Pelo contrário, Jesus nos convida a perder a própria vida por Ele, pelo Evangelho, para recebe-la renovada, realizada e autêntica. Temos a certeza, graças a Jesus, que este caminho leva ao fim à ressurreição, à vida plena e definitiva com Deus. Decidir segui-Lo, ao nosso Mestre e Senhor que se fez Servo de todos, exige caminhar atrás Dele e ouvi-Lo atentamente na sua Palavra – lembrem-se: ler todos os dias uma passagem do Evangelho – e nos Sacramentos.
Há jovens aqui na praça: jovens e moças. Pergunto a vocês: já tiveram a vontade de seguir Jesus mais de perto? Pensem. Rezem. E deixem que o Senhor fale com vocês.
Que a Virgem Maria, que seguiu Jesus até o Calvário, nos ajude sempre a purificar a nossa fé das falsas imagens de Deus, para aderir plenamente a Cristo e ao seu Evangelho.
Depois do Ângelus
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje, na África do Sul, foi proclamado Beato Samuel Bento Daswa, pai de família, morto em 1990 – só 25 anos atrás – e morto por causa da sua fidelidade ao Evangelho. Na sua vida demonstrou sempre grande coerência, assumindo corajosamente atitudes cristãs e rejeitando atitudes mundanas e pagãs. Que o seu testemunho ajude especialmente as famílias a difundir a verdade e a caridade de Cristo. E o seu testemunho se junta ao testemunho de tantos irmãos e irmãs nossas, jovens, anciãos, moças, crianças, perseguidos, expulsos, mortos por professar Jesus Cristo. Todos estes mártires, Samuel Benedict Daswa e todos eles, agradecemos pelo seu testemunho e pedimos a eles que intercedam por nós.
Saúdo com afeto todos vós, romanos e peregrinos de diferentes países: famílias, grupos paroquiais, associações. Saúdo os fiéis da diocese de Friburgo, a associação "L’Albero di Zaccheo” de Aosta, os fiéis de Corte Franca e Orzinuovi, A Ação Católica jovens de Alpago e o grupo de motociclistas de Ravenna.
Saúdo os professores temporários que vieram de Sardenha, e espero que os problemas do mundo do trabalho sejam abordados tendo em conta a família e suas necessidades.
Desejo a todos um bom domingo. E por favor, não se esqueçam de orar por mim! Bom almoço e até mais!
Fonte: Zenit.
domingo, 13 de setembro de 2015
Cuba: anistia para 3.522 prisioneiros pela visita do Papa
O Governo de Cuba dará a anistia para 3.522 prisioneiros por ocasião da visita do Papa Francisco à ilha na próxima semana, uma medida já tomada pelo Conselho de Estado nas outras visitas apostólicas anteriores, de João Paulo II e Bento XVI.
Os prisioneiros agraciados foram escolhidos "considerando a natureza dos crimes, seu comportamento na prisão, o tempo de cumprimento da sanção e razões de saúde”, informou nesta quinta-feira à noite o jornal Granma. "Esta decisão entrará em vigor no prazo de 72 horas", acrescentou.
Entre aqueles que serão libertados destacam pessoas com mais de 60 anos de idade, jovens menores de 20 anos sem antecedentes criminais, doentes crônicos, mulheres, muitos que deveriam beneficiar-se da liberdade condicional no ano 2016, e uma parte daqueles que cumprem a pena e trabalham em condições abertas, bem como estrangeiros cujo país de origem garanta a sua repatriação, explicou o órgão do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (PCC).
"Com algumas exceções por razões humanitárias, não foram incluídos sancionados por delitos de assassinato, homicídio, estupro, pederastia com violência, corrupção de menores, roubo e abate ilegal de gado maior, tráfico de drogas, roubo com violência e intimidação contra pessoas em suas formas agravadas, nem aqueles por crimes contra a segurança do Estado", destacou o jornal cubano.
No caso dos estrangeiros, o jornal oficial do PCC destacou que "o Ministério das Relações Exteriores coordenará com as missões diplomáticas acreditadas em Cuba daqueles países cujos cidadãos foram beneficiados pelo perdão, as medidas a serem tomadas para a partida definitiva destes".
Também assegurou que "o Ministério do Interior vai coordenar com os ministérios do Trabalho e da Segurança Social e Saúde Pública, e com os respectivos conselhos de administração provinciais do Poder Popular e do Município Especial Isla de la Juventud as ações necessárias para a reinserção e a atenção médica dos perdoados que pedirem”.
A nota publicada no jornal Granma não esclarece se os nomes dos anistiados coincidem com as litas que promoveu a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), as petições da Igreja Católica em Cuba ou outras entidades da sociedade civil. Muito menos faz menção àqueles que estão presos sem terem sido julgados.
O Santo Padre vai viajar para Cuba entre o 19 e o 22 de setembro, em uma viagem que o levará depois aos Estados Unidos. O Pontífice visitará as cidades da Havana, Holguín e Santiago de Cuba, no oeste do país, uma viagem considerada histórica, já que o Papa Francisco interveio no processo de degelo entre Havana e Washington.
Fonte: Zenit.
Os prisioneiros agraciados foram escolhidos "considerando a natureza dos crimes, seu comportamento na prisão, o tempo de cumprimento da sanção e razões de saúde”, informou nesta quinta-feira à noite o jornal Granma. "Esta decisão entrará em vigor no prazo de 72 horas", acrescentou.
Entre aqueles que serão libertados destacam pessoas com mais de 60 anos de idade, jovens menores de 20 anos sem antecedentes criminais, doentes crônicos, mulheres, muitos que deveriam beneficiar-se da liberdade condicional no ano 2016, e uma parte daqueles que cumprem a pena e trabalham em condições abertas, bem como estrangeiros cujo país de origem garanta a sua repatriação, explicou o órgão do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (PCC).
"Com algumas exceções por razões humanitárias, não foram incluídos sancionados por delitos de assassinato, homicídio, estupro, pederastia com violência, corrupção de menores, roubo e abate ilegal de gado maior, tráfico de drogas, roubo com violência e intimidação contra pessoas em suas formas agravadas, nem aqueles por crimes contra a segurança do Estado", destacou o jornal cubano.
No caso dos estrangeiros, o jornal oficial do PCC destacou que "o Ministério das Relações Exteriores coordenará com as missões diplomáticas acreditadas em Cuba daqueles países cujos cidadãos foram beneficiados pelo perdão, as medidas a serem tomadas para a partida definitiva destes".
Também assegurou que "o Ministério do Interior vai coordenar com os ministérios do Trabalho e da Segurança Social e Saúde Pública, e com os respectivos conselhos de administração provinciais do Poder Popular e do Município Especial Isla de la Juventud as ações necessárias para a reinserção e a atenção médica dos perdoados que pedirem”.
A nota publicada no jornal Granma não esclarece se os nomes dos anistiados coincidem com as litas que promoveu a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), as petições da Igreja Católica em Cuba ou outras entidades da sociedade civil. Muito menos faz menção àqueles que estão presos sem terem sido julgados.
O Santo Padre vai viajar para Cuba entre o 19 e o 22 de setembro, em uma viagem que o levará depois aos Estados Unidos. O Pontífice visitará as cidades da Havana, Holguín e Santiago de Cuba, no oeste do país, uma viagem considerada histórica, já que o Papa Francisco interveio no processo de degelo entre Havana e Washington.
Fonte: Zenit.
sábado, 12 de setembro de 2015
É bonito dizer que Jesus é o Senhor, mais exigente é ouvir o que ele tem a dizer
O conhecimento progressivo de Jesus provocou muitas interrogações no coração de seus discípulos. Até hoje as opiniões se dividem em torno dele, na contínua procura do relacionamento com Deus. Mesmo as pessoas que não professam a fé são de algum modo tocadas pela sua presença e pela força de suas palavras. Os primeiros discípulos do Senhor, homens simples, vindos do mundo do trabalho, com suas expectativas interiores tantas vezes confusas inclusive pelos limites da própria prática religiosa, tiveram que aprender, pouco a pouco, para superar a visão de um messias triunfalista e acolher o Senhor que era enviado pelo Pai, cujo itinerário passava pelo mistério da dor, sempre presente e sempre incompreensível.
Depois do contato com multidões que os cercavam, chega a hora da verdade, com crises que se sucederam, através das quais Jesus os conduz ao aprofundamento do ato de fé (Cf. Mc 8, 27-35). Para alguns, cuja opinião os próprios discípulos recolheram e levaram a Jesus, este era João Batista ressurgido, quem sabe, Elias, ou algum dos profetas. Hoje ele é considerado sábio, revolucionário, até escritor, sem ter redigido um livro sequer! Jesus é por muitos acolhido na beleza de suas palavras testemunhadas pelos Evangelhos, mas o que se seguiu a ele, a Igreja, nem sempre encontra aceitação, talvez por culpa dos próprios cristãos. Mas é fato que Jesus Cristo intriga a todos que dele ouvem falar ou que se aproximam para conhecê-lo de perto. Pedro, em nome de seus irmãos, marcado pela própria história de fragilidades e incertezas, mas corajoso para dar o primeiro passo, proclama a verdade da fé: “Tu és o Messias”. Ele é chamado Cristo, Filho do Deus Vivo, é reconhecido como Senhor, Salvador, aquele que devia vir ao mundo.
O processo vivido por Pedro é muito semelhante ao nosso. É bonito dizer que Jesus é o Senhor, mais exigente é ouvir o que ele tem a dizer, quando escancara o coração, quem sabe, animado pela prontidão da resposta de Pedro: “E começou a ensinar-lhes que era necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar. Falava isso abertamente” (Mc 8, 31-32). Sofrimento, Cruz, incompreensões, perseguição e julgamento, enfermidades, incômodos de todo tipo, tudo fica à disposição de quem quiser! Não é necessário ser cristão para “topar” com estes muitos tropeços a cada dia. No entanto, justamente no mais profundo da experiência humana cotidiana, lá dentro do mistério da dor, é que Deus entra, dizendo que “é necessário”! É que você pode dar tantas coisas a Deus e ao próximo, começando de sua família, para chegar depois às situações mais dolorosas e absurdas desta terra. Só lá dentro da experiência da dor, quando, mais forte do que outras vozes, ressoa a voz de Deus e você consegue dizer sim, transformando a dor em amor. Ali, naquela que chamei “hora da verdade”, você se torna plenamente homem ou mulher, assume suas próprias responsabilidades, aceita não se apoiar nas muletas dos elogios ou do bom humor passageiro, numa palavra, amadurece! Você se transforma em discípulo verdadeiro, podendo repetir um dos cânticos do Servo Sofredor, e proclamar: “O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fiquei revoltado, para trás não andei. Apresentei as costas aos que me queriam bater, ofereci o queixo aos que me queriam arrancar a barba e nem desviei o rosto dos insultos e dos escarros. O Senhor Deus é o meu aliado por isso jamais ficarei derrotado, fico de rosto impassível, duro como pedra, porque sei que não vou me sentir um fracassado” (Is 50, 5-7).
Há opções a serem feitas pelo cristão diante dos desafios da vida. Vale começar pela disposição ao serviço. Aceitar ser servo, antes de pretender mandar em tudo e em todos, justamente num mundo que desgasta pela competição e pela corrida pelas primeiras posições, com os frutos que constatamos na crise em que nos encontramos. Ser servo significa tomar iniciativas de serviço e solidariedade, quando tudo mostra justamente o contrário, com pessoas que buscam a qualquer preço salvar a própria pele. Pedro, o apóstolo a que foi confiado o primado, quando Jesus começa a falar de cruz, assusta-se e precisa ser repreendido, por pensar as coisas de um modo tão humano que o afasta de Deus.
Chamar de Cruz, reconhecer a misteriosa presença do Senhor em todas as dificuldades, sem exceção, é ato da inteligência da fé de quem procura ver o rumo dos acontecimentos e não apenas o quadro limitado dos problemas, que parecem ser maiores do que nossa capacidade para enfrentá-los. Trata-se de não perder tempo, mas reconhecer sempre, logo e com alegria a presença misteriosa e fecunda de Jesus, na sua entrega até o abandono, experimentada na Cruz.
Diante da Cruz, descobri-la em seus dois sentidos, voltada para o alto e para a eternidade e aberta para acolher as outras pessoas. Dois amores devem se encontrar no coração de quem professa a fé cristã: amar a Deus com todas as forças, toda a inteligência e todo o afeto, amar o próximo com o amor que vem do próprio Deus, com a medida o amor de Cristo.
Estas escolhas exigentes foram expressas de modo profundo por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, numa meditação, que tenho a alegria de compartilhar: “Tenho um só esposo sobre a terra: Jesus crucificado e abandonado. Não tenho outro Deus senão Ele. Nele está todo o paraíso com a Trindade e toda a terra com a humanidade. Por isso, o que é seu é meu e nada mais. Sua é a dor universal, portanto é minha. Sairei pelo mundo buscando-o em cada instante da minha vida. O que me faz mal é meu. Minha é a dor que me perpassa no presente. Minha, a dor das almas ao meu lado. Meu tudo aquilo que não é paz, gáudio, belo, amável, sereno... Assim, pelos anos que me restam, sedenta de dores, de angústias, de desesperos, de separações, de exílios, de abandonos, de dilacerações... de tudo aquilo que é Ele, e Ele é a dor. Assim, enxugarei a água da tribulação em muitos corações vizinhos e, pela comunhão com meu esposo onipotente, nos corações distantes. Passarei como fogo que consome tudo o que deve cair e deixa em pé somente a Verdade. Mas é preciso ser como ele, Ser ele no momento presente da vida”.
Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
Fonte: Zenit.
Depois do contato com multidões que os cercavam, chega a hora da verdade, com crises que se sucederam, através das quais Jesus os conduz ao aprofundamento do ato de fé (Cf. Mc 8, 27-35). Para alguns, cuja opinião os próprios discípulos recolheram e levaram a Jesus, este era João Batista ressurgido, quem sabe, Elias, ou algum dos profetas. Hoje ele é considerado sábio, revolucionário, até escritor, sem ter redigido um livro sequer! Jesus é por muitos acolhido na beleza de suas palavras testemunhadas pelos Evangelhos, mas o que se seguiu a ele, a Igreja, nem sempre encontra aceitação, talvez por culpa dos próprios cristãos. Mas é fato que Jesus Cristo intriga a todos que dele ouvem falar ou que se aproximam para conhecê-lo de perto. Pedro, em nome de seus irmãos, marcado pela própria história de fragilidades e incertezas, mas corajoso para dar o primeiro passo, proclama a verdade da fé: “Tu és o Messias”. Ele é chamado Cristo, Filho do Deus Vivo, é reconhecido como Senhor, Salvador, aquele que devia vir ao mundo.
O processo vivido por Pedro é muito semelhante ao nosso. É bonito dizer que Jesus é o Senhor, mais exigente é ouvir o que ele tem a dizer, quando escancara o coração, quem sabe, animado pela prontidão da resposta de Pedro: “E começou a ensinar-lhes que era necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar. Falava isso abertamente” (Mc 8, 31-32). Sofrimento, Cruz, incompreensões, perseguição e julgamento, enfermidades, incômodos de todo tipo, tudo fica à disposição de quem quiser! Não é necessário ser cristão para “topar” com estes muitos tropeços a cada dia. No entanto, justamente no mais profundo da experiência humana cotidiana, lá dentro do mistério da dor, é que Deus entra, dizendo que “é necessário”! É que você pode dar tantas coisas a Deus e ao próximo, começando de sua família, para chegar depois às situações mais dolorosas e absurdas desta terra. Só lá dentro da experiência da dor, quando, mais forte do que outras vozes, ressoa a voz de Deus e você consegue dizer sim, transformando a dor em amor. Ali, naquela que chamei “hora da verdade”, você se torna plenamente homem ou mulher, assume suas próprias responsabilidades, aceita não se apoiar nas muletas dos elogios ou do bom humor passageiro, numa palavra, amadurece! Você se transforma em discípulo verdadeiro, podendo repetir um dos cânticos do Servo Sofredor, e proclamar: “O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fiquei revoltado, para trás não andei. Apresentei as costas aos que me queriam bater, ofereci o queixo aos que me queriam arrancar a barba e nem desviei o rosto dos insultos e dos escarros. O Senhor Deus é o meu aliado por isso jamais ficarei derrotado, fico de rosto impassível, duro como pedra, porque sei que não vou me sentir um fracassado” (Is 50, 5-7).
Há opções a serem feitas pelo cristão diante dos desafios da vida. Vale começar pela disposição ao serviço. Aceitar ser servo, antes de pretender mandar em tudo e em todos, justamente num mundo que desgasta pela competição e pela corrida pelas primeiras posições, com os frutos que constatamos na crise em que nos encontramos. Ser servo significa tomar iniciativas de serviço e solidariedade, quando tudo mostra justamente o contrário, com pessoas que buscam a qualquer preço salvar a própria pele. Pedro, o apóstolo a que foi confiado o primado, quando Jesus começa a falar de cruz, assusta-se e precisa ser repreendido, por pensar as coisas de um modo tão humano que o afasta de Deus.
Chamar de Cruz, reconhecer a misteriosa presença do Senhor em todas as dificuldades, sem exceção, é ato da inteligência da fé de quem procura ver o rumo dos acontecimentos e não apenas o quadro limitado dos problemas, que parecem ser maiores do que nossa capacidade para enfrentá-los. Trata-se de não perder tempo, mas reconhecer sempre, logo e com alegria a presença misteriosa e fecunda de Jesus, na sua entrega até o abandono, experimentada na Cruz.
Diante da Cruz, descobri-la em seus dois sentidos, voltada para o alto e para a eternidade e aberta para acolher as outras pessoas. Dois amores devem se encontrar no coração de quem professa a fé cristã: amar a Deus com todas as forças, toda a inteligência e todo o afeto, amar o próximo com o amor que vem do próprio Deus, com a medida o amor de Cristo.
Estas escolhas exigentes foram expressas de modo profundo por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, numa meditação, que tenho a alegria de compartilhar: “Tenho um só esposo sobre a terra: Jesus crucificado e abandonado. Não tenho outro Deus senão Ele. Nele está todo o paraíso com a Trindade e toda a terra com a humanidade. Por isso, o que é seu é meu e nada mais. Sua é a dor universal, portanto é minha. Sairei pelo mundo buscando-o em cada instante da minha vida. O que me faz mal é meu. Minha é a dor que me perpassa no presente. Minha, a dor das almas ao meu lado. Meu tudo aquilo que não é paz, gáudio, belo, amável, sereno... Assim, pelos anos que me restam, sedenta de dores, de angústias, de desesperos, de separações, de exílios, de abandonos, de dilacerações... de tudo aquilo que é Ele, e Ele é a dor. Assim, enxugarei a água da tribulação em muitos corações vizinhos e, pela comunhão com meu esposo onipotente, nos corações distantes. Passarei como fogo que consome tudo o que deve cair e deixa em pé somente a Verdade. Mas é preciso ser como ele, Ser ele no momento presente da vida”.
Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Arábia Saudita: censurada capa da "National Geographic" com foto do papa
"Razões de caráter cultural" foram a justificativa da Arábia Saudita para censurar a versão árabe da edição de agosto da revista National Geographic, cuja capa exibe a imagem do papa Francisco. Com uma breve mensagem postada na rede social Twitter, o diretor da edição saudita da revista pediu desculpas aos leitores e informou que o número foi barrado por essas razões culturais.
Segundo a Foreign Policy, o motivo da censura seria principalmente o título da capa: "O papa Francisco refaz o Vaticano". O anúncio seria "perigoso" para os wahabitas no poder, pois uma "revolução no Vaticano" mostraria que mesmo uma "monarquia absoluta" pode "adaptar" a fé aos tempos modernos.
A Arábia Saudita segue a sharia, a lei islâmica baseada na interpretação rígida do alcorão, que impõe a pena de morte em casos de assassinato, violência sexual, tráfico de drogas e bruxaria, por exemplo. Nesta visão ultraconservadora do islã, as mulheres são proibidas de dirigir e devem estar sempre acompanhadas por um homem ao qual sejam ligadas por laços estreitos de parentesco.
Fonte: Zenit.
Segundo a Foreign Policy, o motivo da censura seria principalmente o título da capa: "O papa Francisco refaz o Vaticano". O anúncio seria "perigoso" para os wahabitas no poder, pois uma "revolução no Vaticano" mostraria que mesmo uma "monarquia absoluta" pode "adaptar" a fé aos tempos modernos.
A Arábia Saudita segue a sharia, a lei islâmica baseada na interpretação rígida do alcorão, que impõe a pena de morte em casos de assassinato, violência sexual, tráfico de drogas e bruxaria, por exemplo. Nesta visão ultraconservadora do islã, as mulheres são proibidas de dirigir e devem estar sempre acompanhadas por um homem ao qual sejam ligadas por laços estreitos de parentesco.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
A reforma de Francisco sobre a nulidade do matrimônio: “Uma revolução pela salvação das pessoas”
A grande reforma de Francisco no processo canônico para as causas de nulidade matrimonial – apresentadas ontem por meio das duas cartas "Motu proprio" Mitis Iudex Dominus Iesus e Mitis et Misericors Iesus – pode se enquadrar nessa ideia do Pontífice argentino de uma “Igreja hospital de campo” que cura as feridas da humanidade.
Além das novidades ‘técnicas’ do processo breve e do bispo juiz, um aspecto marcante da ‘revolução’ de Bergoglio é, de fato, o desejo pastoral de tutelar a “salvação” das pessoas, especialmente daquelas deixadas de lado por causa dos fracassos matrimoniais ou que carregam muitas “feridas” de um sacramento que se revela nulo. Também eles são uma categoria de “pobres” que a Igreja não pode abandonar, dada a sua missão de não só “curar as feridas”, mas também de “prevenir a saúde”, como destacou mons. Alejandro Bunge, secretário da especial Comissão instituída pelo Pontífice em Agosto de 2014 para estudar as reformas sobre o processo de nulidade e avançar propostas a este respeito.
Bunge foi uma das seis pessoas "altamente qualificadas" que apresentaram os dois documentos ontem na Sala de Imprensa vaticana. Os outros eram o card. Francisco Coccopalmerio, presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Mons. Dimitrios Salachas, exarca apostólico de Atenas para os católicos gregos de rito bizantino, mons. Luis Francisco Ladaria Ferrer, jesuíta, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, Mons. Alejandro W. Bunge, prelado auditor da Rota Romana e o dominicano Nikolaus Schoech, promotor de Justiça Adjunto do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica. Todos membros da Comissão Especial.
Ambos "Motu proprio" trazem a data do 15 de agosto, Assunção de Maria, e, por vontade do Papa, foram apresentadas ontem, 8 de Setembro, outra data mariana da Festa da Natividade da Virgem. As novas regras entrarão em vigor mais no próximo dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada: um claro desejo do Santo Padre de confiar à Nossa Senhora esta questão assim tão delicada. Especialmente, porém, os dois documentos se colocam na vigília do Sínodo ordinário sobre a família, oferecendo sugestões para as discussões de outubro na Sala e reunindo os pedidos dos Padres da assembleia de 2014, os quais destacavam a necessidade de tornar mais ágeis e acessíveis – e totalmente gratuitos – os processos para o reconhecimento dos casos de nulidade.
Nos documentos convergem, de pois, as propostas da Comissão especial. Estas – explicou o presidente mons. Pio Vito Pinto, decano da Rota Romana – foram aprovadas por unanimidade pelos vários membros e, depois do placet do Papa, examinadas por quatro “grandes especialistas” cujo nome permanece porém desconhecidos. O Santo Padre – acrescentou – quis “acompanhar e ser periodicamente informado” do trabalho da equipe. “É ele quem decide a publicação”, decisão tomada “com gravidade”, mas também com “serenidade” de quem sabe perseguir “aquela que, para nós, é a máxima lei: a salvação das almas. Na substância, nos processos e nos tempos...”.
Sobre os trabalhos da Comissão, Pinto explicou que "é claro que é um ato de homens, portanto contingentes, porém honestos, que discutiram, votaram e aprovaram quase tudo por unanimidade”. Bergoglio “foi confortado por esta conclusão e, por último, quis ouvir os quatro grandes especialistas”, que, por sua vez, “ofereceram observações, encontraram que a substância e também a forma do documento podia deixar o Santo Padre tranquilo”.
A partir do presente o decano da Rota Romana olhou também para o passado, relevando como a reforma de Francisco se insere na veia traçada pelas históricas reformas dos Papas Bento XIV, em 1741, e de Pio X, em 1908, mas também das indicações do Vaticano II. Este expressa, de fato, “a fidelidade à teologia da colegialidade”: “O Papa investe na confiança dos bispos”, disse o prelado, recordando as palavras do Pontífice no final da assembleia extraordinária de outubro passado: "A Igreja não é Patrão, nem o Papa é patrão, mas a Igreja e o Papa são servos, e o Papa convidou os bispos a serem servos com ele”.
Justamente essa é a “ratio teológica fundamental” que motivou Bergoglio a decidir a publicação agora, e não depois do Sínodo, deste importante documento: o Papa “descobriu que a convergência dos Padres no Sínodo extraordinário fosse quase unânime, e agora o Sínodo ordinário pode ser um impulso para que esta reforma seja acolhida com amor”. De acordo com o prelado, de fato, não será fácil implementar este novo sistema: “Não se exclui que hajam resistências... o Santo Padre sabe bem, e sabemos todos, que não será fácil...”. Mas, a experiência unida a uma boa formação – apesar do tempo apertado – irão garantir que as novas disposições sejam “acolhidas” e que se evitem riscos de abuso.
Mais detalhada foi a intervenção do cardeal Coccopalmerio que imediatamente esclareceu o processo introduzido pelo Papa que “conduz à declaração da nulidade”, e, portanto, “em primeiro lugar a ver se um matrimônio é nulo e depois, em caso positivo, a declarar a sua nulidade. Não se trata, portanto, de um processo de conduz à nulidade do matrimônio”. “Nulidade é diferente de anulação”, precisou o prelado, recordando os múltiplos motivos que determinam a nulidade do sacramento. Por exemplo, a exclusão da indissolubilidade. Tudo isso “é doutrina e praxi recebida sem dificuldade”, acrescentou; o problema, de natureza pastoral, consiste, pelo contrário “no tornar mais velozes os processos de nulidade do matrimônio, ao ponto de servir mais solicitamente os fieis que se encontram em tais situações”. Sempre, naturalmente, “no pleno respeito da sua natureza de busca da verdade”.
Coccopalmerio, em seguida, expôs as principais alterações para o processo canônico. Em essência, o Bispo diocesano poderá julgar autonomamente ou, em alternativa, ladeado por um colégio de três membros todos clérigos (ou também por um só clérigo e outros leigos). Depois, a abolição da “dupla decisão”, ou seja, o recurso em apelo de ofício; por fim, o “processos brevior”, estrutura “mais ágil e rápida” que é introduzida quando os cônjuges estão, ambos, convencidos da nulidade do matrimônio e existem provas testemunhais ou documentais “evidentes”. A nulidade, neste último caso, será válida depois de 45 dias pela sentença, emanada pelo mesmo bispo diocesano.
O cardeal também quis dar a conhecer o trabalho que o seu Dicastério está realizando para a normativa canônica relativa a matrimônio e família. Um trabalho dividido em três setores, o primeiro dos quais diz respeito ao cânons sobre o matrimônio no Código Latina, para o qual parece necessário “dar espaço não só ao sacramento do matrimônio, mas sim também à família, à sua identidade, subjetividade e missão”. O segundo setor é “uma necessária harmonização” entre disciplina sobre matrimônio nos Códigos latino e oriental. O terceiro, o problema das novas normativas civis relativas a matrimônio e família, “muitas vezes incompatíveis com a doutrina e a disciplina da Igreja, mas de fato existentes”.
"Estas novas normativas civis terão inevitavelmente um impacto sobre a organização canônica", frisou Coccopalmerio, deixando em aberto o seu discurso com algumas perguntas: "Como reage tal normativa? Um só caso, entre os mais simples; nas legislações em que os casais homossexuais podem adotar, se um casal homossexual quer batizar a criança, como se deve proceder? Como, por exemplo, se regista o batismo?
Vivaz, então, a intervenção do exarca Salachas, que perguntou: "Por que dois 'Motu Proprio'?". A resposta está na imagem “poética” de João Paulo II no Codex canonum Ecclesiarum Orientalium de 1990: "Uma Igreja que respira com dois pulmões ... Uma única fé na diversidade de culturas e disciplinas canônicas". Para Salachas as alterações introduzidas pelo Pontífice - especialmente a de revestir o bispo com o papel de "juiz e médico" - é um ponto de viragem para as Igrejas Orientais, onde a maioria dos processos são em matéria de casamentos mistos entre católicos e ortodoxos, que compõem 90%. "Os fiéis ortodoxos não esperam anos e anos, mas vão embora. A parte católica, pelo contrário, permanece e espera 4-5 anos, a dupla sentença conforme, etc. Mas dessa forma perdemos muitos fiéis... ".
Finalmente Mons. Ladaria, que apontou que, embora os processos tenha que ser realizados nas várias dioceses, os procedimentos "são os mesmos para toda a Igreja". "É o Papa que, com a sua autoridade afirma e reforça a dos pastores das Igrejas particulares”, disse. “O poder das chaves de Pedro permanece sempre inalterado, também neste processo o apelo à Sé Apostólica fica aberto a todos para que se confirme o vínculo entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares”, que não estão absolutamente em competição umas com as outras.
Fonte: Zenit.
Além das novidades ‘técnicas’ do processo breve e do bispo juiz, um aspecto marcante da ‘revolução’ de Bergoglio é, de fato, o desejo pastoral de tutelar a “salvação” das pessoas, especialmente daquelas deixadas de lado por causa dos fracassos matrimoniais ou que carregam muitas “feridas” de um sacramento que se revela nulo. Também eles são uma categoria de “pobres” que a Igreja não pode abandonar, dada a sua missão de não só “curar as feridas”, mas também de “prevenir a saúde”, como destacou mons. Alejandro Bunge, secretário da especial Comissão instituída pelo Pontífice em Agosto de 2014 para estudar as reformas sobre o processo de nulidade e avançar propostas a este respeito.
Bunge foi uma das seis pessoas "altamente qualificadas" que apresentaram os dois documentos ontem na Sala de Imprensa vaticana. Os outros eram o card. Francisco Coccopalmerio, presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Mons. Dimitrios Salachas, exarca apostólico de Atenas para os católicos gregos de rito bizantino, mons. Luis Francisco Ladaria Ferrer, jesuíta, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, Mons. Alejandro W. Bunge, prelado auditor da Rota Romana e o dominicano Nikolaus Schoech, promotor de Justiça Adjunto do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica. Todos membros da Comissão Especial.
Ambos "Motu proprio" trazem a data do 15 de agosto, Assunção de Maria, e, por vontade do Papa, foram apresentadas ontem, 8 de Setembro, outra data mariana da Festa da Natividade da Virgem. As novas regras entrarão em vigor mais no próximo dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada: um claro desejo do Santo Padre de confiar à Nossa Senhora esta questão assim tão delicada. Especialmente, porém, os dois documentos se colocam na vigília do Sínodo ordinário sobre a família, oferecendo sugestões para as discussões de outubro na Sala e reunindo os pedidos dos Padres da assembleia de 2014, os quais destacavam a necessidade de tornar mais ágeis e acessíveis – e totalmente gratuitos – os processos para o reconhecimento dos casos de nulidade.
Nos documentos convergem, de pois, as propostas da Comissão especial. Estas – explicou o presidente mons. Pio Vito Pinto, decano da Rota Romana – foram aprovadas por unanimidade pelos vários membros e, depois do placet do Papa, examinadas por quatro “grandes especialistas” cujo nome permanece porém desconhecidos. O Santo Padre – acrescentou – quis “acompanhar e ser periodicamente informado” do trabalho da equipe. “É ele quem decide a publicação”, decisão tomada “com gravidade”, mas também com “serenidade” de quem sabe perseguir “aquela que, para nós, é a máxima lei: a salvação das almas. Na substância, nos processos e nos tempos...”.
Sobre os trabalhos da Comissão, Pinto explicou que "é claro que é um ato de homens, portanto contingentes, porém honestos, que discutiram, votaram e aprovaram quase tudo por unanimidade”. Bergoglio “foi confortado por esta conclusão e, por último, quis ouvir os quatro grandes especialistas”, que, por sua vez, “ofereceram observações, encontraram que a substância e também a forma do documento podia deixar o Santo Padre tranquilo”.
A partir do presente o decano da Rota Romana olhou também para o passado, relevando como a reforma de Francisco se insere na veia traçada pelas históricas reformas dos Papas Bento XIV, em 1741, e de Pio X, em 1908, mas também das indicações do Vaticano II. Este expressa, de fato, “a fidelidade à teologia da colegialidade”: “O Papa investe na confiança dos bispos”, disse o prelado, recordando as palavras do Pontífice no final da assembleia extraordinária de outubro passado: "A Igreja não é Patrão, nem o Papa é patrão, mas a Igreja e o Papa são servos, e o Papa convidou os bispos a serem servos com ele”.
Justamente essa é a “ratio teológica fundamental” que motivou Bergoglio a decidir a publicação agora, e não depois do Sínodo, deste importante documento: o Papa “descobriu que a convergência dos Padres no Sínodo extraordinário fosse quase unânime, e agora o Sínodo ordinário pode ser um impulso para que esta reforma seja acolhida com amor”. De acordo com o prelado, de fato, não será fácil implementar este novo sistema: “Não se exclui que hajam resistências... o Santo Padre sabe bem, e sabemos todos, que não será fácil...”. Mas, a experiência unida a uma boa formação – apesar do tempo apertado – irão garantir que as novas disposições sejam “acolhidas” e que se evitem riscos de abuso.
Mais detalhada foi a intervenção do cardeal Coccopalmerio que imediatamente esclareceu o processo introduzido pelo Papa que “conduz à declaração da nulidade”, e, portanto, “em primeiro lugar a ver se um matrimônio é nulo e depois, em caso positivo, a declarar a sua nulidade. Não se trata, portanto, de um processo de conduz à nulidade do matrimônio”. “Nulidade é diferente de anulação”, precisou o prelado, recordando os múltiplos motivos que determinam a nulidade do sacramento. Por exemplo, a exclusão da indissolubilidade. Tudo isso “é doutrina e praxi recebida sem dificuldade”, acrescentou; o problema, de natureza pastoral, consiste, pelo contrário “no tornar mais velozes os processos de nulidade do matrimônio, ao ponto de servir mais solicitamente os fieis que se encontram em tais situações”. Sempre, naturalmente, “no pleno respeito da sua natureza de busca da verdade”.
Coccopalmerio, em seguida, expôs as principais alterações para o processo canônico. Em essência, o Bispo diocesano poderá julgar autonomamente ou, em alternativa, ladeado por um colégio de três membros todos clérigos (ou também por um só clérigo e outros leigos). Depois, a abolição da “dupla decisão”, ou seja, o recurso em apelo de ofício; por fim, o “processos brevior”, estrutura “mais ágil e rápida” que é introduzida quando os cônjuges estão, ambos, convencidos da nulidade do matrimônio e existem provas testemunhais ou documentais “evidentes”. A nulidade, neste último caso, será válida depois de 45 dias pela sentença, emanada pelo mesmo bispo diocesano.
O cardeal também quis dar a conhecer o trabalho que o seu Dicastério está realizando para a normativa canônica relativa a matrimônio e família. Um trabalho dividido em três setores, o primeiro dos quais diz respeito ao cânons sobre o matrimônio no Código Latina, para o qual parece necessário “dar espaço não só ao sacramento do matrimônio, mas sim também à família, à sua identidade, subjetividade e missão”. O segundo setor é “uma necessária harmonização” entre disciplina sobre matrimônio nos Códigos latino e oriental. O terceiro, o problema das novas normativas civis relativas a matrimônio e família, “muitas vezes incompatíveis com a doutrina e a disciplina da Igreja, mas de fato existentes”.
"Estas novas normativas civis terão inevitavelmente um impacto sobre a organização canônica", frisou Coccopalmerio, deixando em aberto o seu discurso com algumas perguntas: "Como reage tal normativa? Um só caso, entre os mais simples; nas legislações em que os casais homossexuais podem adotar, se um casal homossexual quer batizar a criança, como se deve proceder? Como, por exemplo, se regista o batismo?
Vivaz, então, a intervenção do exarca Salachas, que perguntou: "Por que dois 'Motu Proprio'?". A resposta está na imagem “poética” de João Paulo II no Codex canonum Ecclesiarum Orientalium de 1990: "Uma Igreja que respira com dois pulmões ... Uma única fé na diversidade de culturas e disciplinas canônicas". Para Salachas as alterações introduzidas pelo Pontífice - especialmente a de revestir o bispo com o papel de "juiz e médico" - é um ponto de viragem para as Igrejas Orientais, onde a maioria dos processos são em matéria de casamentos mistos entre católicos e ortodoxos, que compõem 90%. "Os fiéis ortodoxos não esperam anos e anos, mas vão embora. A parte católica, pelo contrário, permanece e espera 4-5 anos, a dupla sentença conforme, etc. Mas dessa forma perdemos muitos fiéis... ".
Finalmente Mons. Ladaria, que apontou que, embora os processos tenha que ser realizados nas várias dioceses, os procedimentos "são os mesmos para toda a Igreja". "É o Papa que, com a sua autoridade afirma e reforça a dos pastores das Igrejas particulares”, disse. “O poder das chaves de Pedro permanece sempre inalterado, também neste processo o apelo à Sé Apostólica fica aberto a todos para que se confirme o vínculo entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares”, que não estão absolutamente em competição umas com as outras.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
Patriarca Sako: "Não permaneçamos prisioneiros do passado"
"A paz no Iraque é possível: o único caminho é a reconciliação fundamentada na cidadania de todos, encarnada politicamente". Este foi o apelo do patriarca da Babilônia dos Caldeus, dom Luis Raphael I Sako, na mesa-redonda sobre o Iraque realizada hoje em Tirana, durante a reunião internacional “A paz é sempre possível”, organizada pela Comunidade de Santo Egídio.
Na presença de expoentes das diversas religiões do país, o patriarca pediu que "não fiquemos presos ao passado", porque "não é tempo para acusações mútuas e sim para encontrar soluções juntos".
Dom Sako pediu o compromisso de todos para construir a paz e fez votos de que a preocupação de todos com o sofrimento da população civil se transforme em responsabilidade
Fonte: Zenit.
Na presença de expoentes das diversas religiões do país, o patriarca pediu que "não fiquemos presos ao passado", porque "não é tempo para acusações mútuas e sim para encontrar soluções juntos".
Dom Sako pediu o compromisso de todos para construir a paz e fez votos de que a preocupação de todos com o sofrimento da população civil se transforme em responsabilidade
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
"Por favor, não abandonem a Síria" é a suplica o Patriarca Gregorios III
Um dos líderes católicos da Síria lançou um apelo lancinante aos jovens, classificando a emigração da juventude como um “tsunami” e implorando-lhes que fiquem. A informação veio da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre.
Referindo-se a “uma onda quase colectiva de emigração da juventude” o Patriarca greco-católico melquita, Gregorios III, disse que o êxodo era tão grave que colocava sérias questões sobre o futuro da Igreja na Síria.
Numa carta aberta à juventude, cuja cópia foi enviada para a Fundação AIS, o prelado, sediado em Damasco, afirmou que a emigração da juventude cristã era especialmente grave na Síria, mas também consistia uma grande preocupação noutras regiões do Médio Oriente.
Nas suas palavras: “A quase colectiva onda de emigração da juventude, especialmente na Síria mas também no Líbano e no Iraque, é um golpe mortal que me parte o coração, ferindo-me profundamente.
Devido a este tsunami de emigração… que futuro está reservado à Igreja? O que será da nossa pátria? O que acontecerá às nossas paróquias e instituições?”
Reconhecendo os imensos problemas da vida na Síria hoje em dia, o Patriarca disse que queria “implorar” aos jovens que ficassem.
E disse: “… Apesar de todo o vosso sofrimento, fiquem! Tenham paciência! Não emigrem! Fiquem por causa da Igreja, pela vossa pátria, pela Síria e pelo seu futuro! Fiquem! Fiquem, por favor!”
Devido ao êxodo da Síria, não há números precisos disponíveis relativamente à população cristã do país.
Mas, de acordo com estimativas prudentes, da população cristã da Síria até 2011, que rondava o 1.17 milhão, 450 mil pessoas são hoje deslocados internos ou refugiados noutros países.
A população cristã sofreu de forma crítica na medida em que as cidades, com uma elevada concentração de fiéis, incluindo Aleppo e Homs, assistiram aos piores conflitos e revoltas.
Os analistas do Médio Oriente têm alertado para o fato da Síria estar vivendo uma repetição da crise no Iraque, onde o número de cristãos desceu brutalmente de 1 milhão para menos de 300 mil durante os últimos dez a quinze anos.
Para encorajar a juventude cristã da Síria a perseverar na sua pátria, o Patriarca Gregorios assinalou episódios do passado em que a Igreja recuperou rapidamente após surtos de perseguição.
Sublinhou também a revolução na Síria, em 1860, que envolveu a morte de milhares de cristãos e a destruição de muitas igrejas na antiga cidade de Damasco e acrescentou:
“Os nossos antepassados passaram por muitas dificuldades, mas praticaram a virtude da paciência e, assim, a Igreja permaneceu, o Cristianismo permaneceu e o número de cristãos até aumentou depois de 1860.”
Em Fevereiro de 2015, a AIS divulgou vinte e dois novos projetos de ajuda, num total de mais de 2,3 milhões de Euros, a fim de apoiar os Cristãos na Síria a reconstruir as suas vidas, dando prioridade aos lugares mais afetados pela guerra, incluindo Aleppo, Homs e Damasco. Os projetos apoiados pela AIS irão beneficiar os milhares de famílias que permanecem na Síria, através de alimentos, medicamentos, aluguel de casas, bem como aquecimento e electricidade.
Fonte: Zenit.
Referindo-se a “uma onda quase colectiva de emigração da juventude” o Patriarca greco-católico melquita, Gregorios III, disse que o êxodo era tão grave que colocava sérias questões sobre o futuro da Igreja na Síria.
Numa carta aberta à juventude, cuja cópia foi enviada para a Fundação AIS, o prelado, sediado em Damasco, afirmou que a emigração da juventude cristã era especialmente grave na Síria, mas também consistia uma grande preocupação noutras regiões do Médio Oriente.
Nas suas palavras: “A quase colectiva onda de emigração da juventude, especialmente na Síria mas também no Líbano e no Iraque, é um golpe mortal que me parte o coração, ferindo-me profundamente.
Devido a este tsunami de emigração… que futuro está reservado à Igreja? O que será da nossa pátria? O que acontecerá às nossas paróquias e instituições?”
Reconhecendo os imensos problemas da vida na Síria hoje em dia, o Patriarca disse que queria “implorar” aos jovens que ficassem.
E disse: “… Apesar de todo o vosso sofrimento, fiquem! Tenham paciência! Não emigrem! Fiquem por causa da Igreja, pela vossa pátria, pela Síria e pelo seu futuro! Fiquem! Fiquem, por favor!”
Devido ao êxodo da Síria, não há números precisos disponíveis relativamente à população cristã do país.
Mas, de acordo com estimativas prudentes, da população cristã da Síria até 2011, que rondava o 1.17 milhão, 450 mil pessoas são hoje deslocados internos ou refugiados noutros países.
A população cristã sofreu de forma crítica na medida em que as cidades, com uma elevada concentração de fiéis, incluindo Aleppo e Homs, assistiram aos piores conflitos e revoltas.
Os analistas do Médio Oriente têm alertado para o fato da Síria estar vivendo uma repetição da crise no Iraque, onde o número de cristãos desceu brutalmente de 1 milhão para menos de 300 mil durante os últimos dez a quinze anos.
Para encorajar a juventude cristã da Síria a perseverar na sua pátria, o Patriarca Gregorios assinalou episódios do passado em que a Igreja recuperou rapidamente após surtos de perseguição.
Sublinhou também a revolução na Síria, em 1860, que envolveu a morte de milhares de cristãos e a destruição de muitas igrejas na antiga cidade de Damasco e acrescentou:
“Os nossos antepassados passaram por muitas dificuldades, mas praticaram a virtude da paciência e, assim, a Igreja permaneceu, o Cristianismo permaneceu e o número de cristãos até aumentou depois de 1860.”
Em Fevereiro de 2015, a AIS divulgou vinte e dois novos projetos de ajuda, num total de mais de 2,3 milhões de Euros, a fim de apoiar os Cristãos na Síria a reconstruir as suas vidas, dando prioridade aos lugares mais afetados pela guerra, incluindo Aleppo, Homs e Damasco. Os projetos apoiados pela AIS irão beneficiar os milhares de famílias que permanecem na Síria, através de alimentos, medicamentos, aluguel de casas, bem como aquecimento e electricidade.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Cantalamessa: "A criação foi feita para ser contemplada e não possuída"
O “domínio” do homem sobre as criaturas de Deus não é "destinado a seu próprio interesse", mas "ao das criaturas que ele cria e conserva”. Disse o o Pe. Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia, em sua homilia durante a Liturgia da Palavra, celebrada ontem à tarde na basílica de São Pedro, por ocasião da Jornada Mundial para o Cuidado da Criação.
"Para a Bíblia, o modelo final do dominus, do senhor, não é o soberano político que explora seus súditos, mas o próprio Deus, Senhor e Pai", disse Cantalamessa, acrescentando que "a fé em um Deus criador e no homem feito à imagem de Deus, não é, portanto, uma ameaça, mas sim uma garantia para a criação, e a mais forte de todas”.
Não só o homem não é o "senhor absoluto das outras criaturas", mas deve "dar conta" dos talentos recebidos, antes de todos, a "terra".
A Bíblia não incentiva “o abuso do homem sobre a criação”. Tanto é assim que “o mapa da poluição não coincide com o da difusão da religião bíblica ou de outras religiões, mas coincide com a de uma industrialização selvagem, que busca só o lucro, e com aquela corrupção que fecha a boca de todos os protestos e resiste a todos os poderes”, continuou o Pregador da Casa Pontifícia.
O que, pelo contrário, afirma a Escritura é a "hierarquia da vida", segundo a qual os minerais nutrem os vegetais, estes, os animais, e, por fim, “todos os três servem à criatura racional, que é o homem”.
Esta hierarquia, reiterou Cantalamessa, é "para a vida, não contra ela" e é alterada, por exemplo, "quando se fazem despesas loucas com os animais”, deixando “morrer de fome e de doença milhões de crianças sob os próprios olhos”.
O Pregador da Casa Pontifícia, portanto, criticou aquela "ecologia profunda", que gostaria de “abolir totalmente a hierarquia entre os seres, colocada pela Bíblia e inerente à natureza” e que leva até mesmo a “desejar um universo futuro sem mais a presença da espécie humana, vista como nociva para o resto da criação”.
As Escrituras (Salmo 8 e Mt 6,25-34) sugerem que Deus provê às necessidades materiais do homem. Ao mesmo tempo, no entanto, é intolerável que o homem não se preocupe com as necessidades de seus semelhantes, que se entregue ao desperdício dos recursos ou que procure uma “riqueza desonesta”.
De acordo com o pregador da Casa Pontifícia, "o pecado de fundo contra a criação, que está por acima de todos os demais, é o de não escutar a sua voz, condená-la irremediavelmente, diria São Paulo, à vaidade, à insignificância (cfr. Rom 8:18 seq.)".
Pelo contrário, todos os homens devem ser "parteiras" da glória de Deus, que - tal como sugerido pelas Escrituras - estão "grávidos" os céus e a terra. São Francisco nos mostra uma “mudança radical no nosso relacionamento com a criação” que consiste em "substituir a posse pela contemplação”.
Note-se que Francisco compôs o seu Cântico “quando já não conseguia enxergar nenhuma delas e, mais, a simples luz do sol ou do fogo causava-lhe profundas dores! A posse exclui, a contemplação inclui; a posse divide, a contemplação multiplica”, comentou o Cantalamessa.
"Só se pode possuir um lago, um parque, e assim todos os outros são excluídos; milhares podem contemplar aquele mesmo lago ou parque, e todos apreciam sem tirá-lo de ninguém", exemplificou o pregador, observando: "Quantos latifundiários pararam para admirar uma flor dos seus campos ou para acariciar uma espiga dos seus grãos? A contemplação permite possuir as coisas sem monopolizá-las”.
Antecipando certas intuições ambientalistas de hoje, Francisco convida a não ser "ladrões de recursos, usando-os mais do que o necessário e tirando-o, assim, daqueles que virão depois de mim”.
E a proteção da criação não é responsabilidade só dos poderosos, empresários ou industriais, mas, como também observou o papa Bergoglio, deve começar de “si próprio”. Além disso, como afirmava um representante ortodoxo da Assembleia Ecumênica Ortodoxa de Basileia de 1989, sobre Justiça, Paz e Integridade da Criação, “sem uma mudança do coração humano, a ecologia não tem esperança de sucesso".
No final da homilia, Cantalamessa sugeriu um hipotético fim para o Cântico: “Louvado sejas, meu Senhor, por todos aqueles que trabalham para proteger a nossa irmã Terra, cientistas, políticos, chefes de todas as religiões e homens de boa vontade. Louvado Sejas, meu Senhor, por todos aqueles que, junto com o meu nome, tomaram também a minha mensagem e a estão levando hoje a todo o mundo!”.
Fonte: Zenit.
"Para a Bíblia, o modelo final do dominus, do senhor, não é o soberano político que explora seus súditos, mas o próprio Deus, Senhor e Pai", disse Cantalamessa, acrescentando que "a fé em um Deus criador e no homem feito à imagem de Deus, não é, portanto, uma ameaça, mas sim uma garantia para a criação, e a mais forte de todas”.
Não só o homem não é o "senhor absoluto das outras criaturas", mas deve "dar conta" dos talentos recebidos, antes de todos, a "terra".
A Bíblia não incentiva “o abuso do homem sobre a criação”. Tanto é assim que “o mapa da poluição não coincide com o da difusão da religião bíblica ou de outras religiões, mas coincide com a de uma industrialização selvagem, que busca só o lucro, e com aquela corrupção que fecha a boca de todos os protestos e resiste a todos os poderes”, continuou o Pregador da Casa Pontifícia.
O que, pelo contrário, afirma a Escritura é a "hierarquia da vida", segundo a qual os minerais nutrem os vegetais, estes, os animais, e, por fim, “todos os três servem à criatura racional, que é o homem”.
Esta hierarquia, reiterou Cantalamessa, é "para a vida, não contra ela" e é alterada, por exemplo, "quando se fazem despesas loucas com os animais”, deixando “morrer de fome e de doença milhões de crianças sob os próprios olhos”.
O Pregador da Casa Pontifícia, portanto, criticou aquela "ecologia profunda", que gostaria de “abolir totalmente a hierarquia entre os seres, colocada pela Bíblia e inerente à natureza” e que leva até mesmo a “desejar um universo futuro sem mais a presença da espécie humana, vista como nociva para o resto da criação”.
As Escrituras (Salmo 8 e Mt 6,25-34) sugerem que Deus provê às necessidades materiais do homem. Ao mesmo tempo, no entanto, é intolerável que o homem não se preocupe com as necessidades de seus semelhantes, que se entregue ao desperdício dos recursos ou que procure uma “riqueza desonesta”.
De acordo com o pregador da Casa Pontifícia, "o pecado de fundo contra a criação, que está por acima de todos os demais, é o de não escutar a sua voz, condená-la irremediavelmente, diria São Paulo, à vaidade, à insignificância (cfr. Rom 8:18 seq.)".
Pelo contrário, todos os homens devem ser "parteiras" da glória de Deus, que - tal como sugerido pelas Escrituras - estão "grávidos" os céus e a terra. São Francisco nos mostra uma “mudança radical no nosso relacionamento com a criação” que consiste em "substituir a posse pela contemplação”.
Note-se que Francisco compôs o seu Cântico “quando já não conseguia enxergar nenhuma delas e, mais, a simples luz do sol ou do fogo causava-lhe profundas dores! A posse exclui, a contemplação inclui; a posse divide, a contemplação multiplica”, comentou o Cantalamessa.
"Só se pode possuir um lago, um parque, e assim todos os outros são excluídos; milhares podem contemplar aquele mesmo lago ou parque, e todos apreciam sem tirá-lo de ninguém", exemplificou o pregador, observando: "Quantos latifundiários pararam para admirar uma flor dos seus campos ou para acariciar uma espiga dos seus grãos? A contemplação permite possuir as coisas sem monopolizá-las”.
Antecipando certas intuições ambientalistas de hoje, Francisco convida a não ser "ladrões de recursos, usando-os mais do que o necessário e tirando-o, assim, daqueles que virão depois de mim”.
E a proteção da criação não é responsabilidade só dos poderosos, empresários ou industriais, mas, como também observou o papa Bergoglio, deve começar de “si próprio”. Além disso, como afirmava um representante ortodoxo da Assembleia Ecumênica Ortodoxa de Basileia de 1989, sobre Justiça, Paz e Integridade da Criação, “sem uma mudança do coração humano, a ecologia não tem esperança de sucesso".
No final da homilia, Cantalamessa sugeriu um hipotético fim para o Cântico: “Louvado sejas, meu Senhor, por todos aqueles que trabalham para proteger a nossa irmã Terra, cientistas, políticos, chefes de todas as religiões e homens de boa vontade. Louvado Sejas, meu Senhor, por todos aqueles que, junto com o meu nome, tomaram também a minha mensagem e a estão levando hoje a todo o mundo!”.
Fonte: Zenit.
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