É necessário assegurar o mais rapidamente possível, em cada país, uma governança abrangente e coerente dos recursos hídricos, adotando um quadro normativo que garanta a sua gestão integrada. O bom gerenciamento da água não é apenas um pilar fundamental do uso sustentável dos recursos naturais, mas também um elemento decisivo para o bem-estar social e para o crescimento econômico.
Estas questões foram discutidas durante o encontro “Misteriosa é a água”, realizado no último sábado na 36ª edição do Encontro da Amizade entre os Povos, mais conhecido como o “Meeting de Rímini”, na Itália.
Participaram do debate profissionais como o engenheiro Mario Gargantini, que falou da gestão da água como recurso e enfatizou a abordagem integrada dessa gestão, superando a comum tripartição "defesa das águas e do solo", "objetivos de qualidade da água" e "gestão dos serviços hídricos". A este propósito, é significativo que as mais recentes políticas ambientais da União Europeia ponham grande ênfase na coordenação das estratégias e objetivos relacionados aos recursos hídricos, em contraste com as anteriores políticas de diretivas isoladas, focadas em questões específicas.
No caso da Itália, foram destacados dois fatores fundamentais de pressão: por um lado, a mudança climática e ambiental; por outro, a crescente exigência de água para o desenvolvimento econômico e industrial. De acordo com os estudos mais recentes, as mudanças climáticas fazem com que toda a região mediterrânea se veja diante de uma perspectiva de redução dos recursos hídricos e de variabilidade no acesso a eles, por causa de eventos extremos mais intensos e frequentes, como chuvas excessivas ou secas prolongadas. Ao mesmo tempo, a demanda de água aumentará não só nos países da margem norte do Mediterrâneo, mas também nas costas do sul, onde a disponibilidade de água já é escassa: a piora no acesso à água deverá fomentar ainda mais a migração para os países europeus.
Neste contexto de transformação do clima e dos cenários de desenvolvimento, o recente Fórum Mundial de Marselha reiterou a necessidade imprescindível da gestão integrada dos recursos hídricos na Europa.
Paralelamente aos desafios, no entanto, há também oportunidades para melhorar a segurança territorial e social e a eficiência dos processos produtivos, em especial na utilização eficiente dos recursos naturais, incluindo (e enfatizando) os hídricos.
Durante as discussões, Manuela Kron, da Nestlé Itália, relatou que a empresa reduziu o seu consumo de água em cerca de 25% durante o ano de 2014, além de contratar 1.000 profissionais das áreas de agricultura, agrimensura e agronomia para implementar uma política de agricultura sustentável e de economia de água.
Maurizio Carvelli, da Fundação CEUR, encerrou os debates observando que as mudanças climáticas exigem urgentes planos de adaptação e prevenção para enfrentar os desafios, entre os quais ele cita a desertificação, a degradação dos solos e as secas mais frequentes. Gerir a água também significa compreender o seu papel no desenvolvimento humano: uma gestão coordenada reduziria, inclusive, potenciais conflitos pelo controle da água em regiões áridas, promovendo um melhor uso social e econômico deste recurso vital.
Fonte: Zenit.
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