O angustiante questionamento do Rei Lear, “Quem é que pode me dizer quem eu sou?”, dá título à palestra de abertura do novo ano acadêmico da Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação Auxilium, de Roma. O palestrante é Francesco D'Agostino, professor de Filosofia do Direito na Universidade Tor Vergata, também da capital italiana.
O evento faz parte de uma série de encontros que a faculdade tem organizado para debater a complexa “questão de gênero”, um dos grandes temas da atualidade, que tem sérias implicações na educação, na universidade e no futuro dos jovens. O objetivo é estudar e apontar critérios interpretativos para identificar caminhos de crescimento na construção do masculino e do feminino.
A palestra de D'Agostino parte de duas perguntas básicas que todos nós fazemos diante de um bebê: “É menino ou menina? Qual é o nome dele/dela?”.
“São perguntas que se fundem e se confundem, porque é a partir delas e através delas que se constrói o mistério da identidade pessoal”. Ao mesmo tempo, “quando nos perguntam ‘quem é você?’, recorremos, mesmo que não nos demos conta, ao outro e à sua ajuda providencial”, diz D'Agostino, “e não porque a palavra do outro seja infalível, mas porque o ato de ouvi-lo aciona em nós a consciência de que é essencial que a resposta seja dada de acordo com a verdade e não de acordo com a nossa arbitrariedade”.
A partir dessas questões, D'Agostino percorre os diferentes níveis em que pode ser tratada a questão da identidade, da orientação sexual e da identidade de gênero, as perspectivas resultantes do problema que, em última instância, não surgem apenas do jurídico e do social, mas do antropológico, "já que questionam a nossa capacidade de compreensão pessoal própria". O palestrante conclui, por exemplo, que "somos homens ou somos mulheres porque respondemos, com a nossa identidade sexual, e desde o nascimento, às provocações (pró-vocações) que nos vêm do sexo oposto, pró-vocações que, essencialmente, nos pedem reconhecer na alteridade sexual o limite constitutivo da nossa subjetividade".
Dirigida há mais de cinquenta anos pelas Filhas de Maria Auxiliadora, a faculdade tem a sua missão cultural caracterizada pela internacionalidade e pela interculturalidade, como experiência consolidada e vivida, mas também como objetivo do ensino universitário a fim de construir identidades fortes em uma sociedade cada vez mais multiétnica e multicultural, bem como pela formação de profissionais educadores na atenção constantes às transformações da sociedade contemporânea, que afetam todas as profissões, das mais tradicionais às mais recentes e inovadoras.
É a mesma missão que Bento XVI chamou de "serviço da caridade intelectual", concretizada na formação das novas gerações de educadores e profissionais da educação.
Fonte: Zenit.
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