"A visita do Bispo de Roma ao Patriarcado Ecumênico e o novo encontro entre o Patriarca Bartolomeu e minha pessoa serão sinais da profunda ligação que une a sede de Roma e de Constantinopla e do desejo de superar, no amor e na verdade, as barreiras que ainda nos separam".
Com estas palavras, e com a mente já voltada à sua próxima viagem à Turquia em novembro, o Papa Francisco recebeu na manhã de hoje, na Sala dos Papas, uma delegação de membros da Orientale Lumen Foundation da América, participantes na peregrinação ecumênica liderada pelo Metropolita Kallistos de Diokleia.
A próxima etapa da viagem será exatamente o Phanar, onde a delegação se reunirá com Bartolomeu I. "Por favor, transmitam as minhas saudações cordiais e fraternas com a certeza do meu afeto e da minha estima", disse o Papa.
Em seguida, lembrou que "toda peregrinação cristã não é somente uma jornada geográfica, mas especialmente a ocasião de um caminho de renovação interior para ir cada vez mais a Cristo Senhor, ‘aquele que dá origem à fé e a leva à realização’”. Dimensões “absolutamente essenciais para proceder também ao longo da estrada que leva à reconciliação e à plena comunhão entre todos os crentes em Cristo". "Não há um verdadeiro diálogo ecumênico sem a disponibilidade de uma renovação interior e buscando uma maior fidelidade a Cristo e à Sua vontade", disse Francisco.
Disse que está "feliz" ao saber que a peregrinação quer recordar os Papas João XXIII e João Paulo II, canonizados em abril passado. Uma escolha que "enfatiza a grande contribuição que deram para o desenvolvimento de relações sempre mais estreitas entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas", diz o Santo Padre. O exemplo dos dois Papas santos - acrescentou - é, definitivamente, "esclarecedor para todos nós", porque "eles sempre testemunharam uma paixão ardente pela unidade dos cristãos, surgida da dócil escuta da vontade do Senhor, que na última ceia orou para Pai para que os seus discípulos ‘fossem um’”.
Um exemplo é o fato de que São João XXIII, quando anunciou a convocação do Concílio Vaticano II, apontou entre os objetivos justamente o da unidade dos cristãos. Ou também o impulso notável dado por São João Paulo II ao compromisso ecumênico da Igreja Católica na Carta Encíclica Ut Unum Sint.
Aos dois papas, Francisco, então, confia o prosseguimento da viagem da Orientale Lumen Foundation. Antes da despedida pede, como de costume, oração para si, para que “com a intercessão destes dois santos, meus antecessores, possa desempenhar o meu ministério de Bispo de Roma a serviço da comunhão e da unidade da Igreja, seguindo em tudo a vontade do Senhor".
Fonte: Zenit.
sábado, 25 de outubro de 2014
Halloween: não brinquemos com fogo!
A ingenuidade é muitas vezes a causa de muitos males do nosso tempo. Muitas pessoas, de boa fé, são influenciadas por modismos e encontram-se brincando com fogo. Não percebem os riscos que poderiam se esconder atrás de situações aparentemente inócuas.
Um exemplo óbvio desta ingenuidade é a participação de muitos pais, crianças e jovens na festa de Halloween.
Há alguns anos atrás, este evento só poderia ser conhecido através de alguns filmes ou quadrinhos norte-americanos. Mas hoje o mundo mudou. O advento da Internet e a proliferação dos meios de comunicação contribuem facilmente para a disseminação de modas.
E assim, o Dia das Bruxas atravessou as fronteiras e se espalhou em muitos outros países.
Para dar-se conta do fenômeno basta olhar para as vitrines de restaurantes e lojas de brinquedos. Foram invadidas por objetos, figurinos e bonecos relacionados a este evento.
O símbolo do Halloween é uma abóbora esculpida com os olhos, nariz e boca, iluminada por uma vela colocada dentro. Na noite entre o 31 de outubro e 1 de novembro, as crianças americanas têm o costume de vestir-se como fantasmas, vampiros ou monstrinhos. Batem nas portas das casas com um saquinho na mão, pedindo doces e balas.
Alguém pode dizer: "O que há de errado? Por que não podemos fazer o mesmo? Afinal de contas, o Halloween é uma espécie de carnaval! Uma maneira de se divertir e brincar um pouco'!”. E é essa ingenuidade, a falta de profundidade, que leva muitos pais a não entenderem os possíveis riscos que se escondem por trás de certas modas.
Tentemos refletir sobre a realidade dos fatos. Vamos perceber, também, que Halloween não é apenas uma espécie de carnaval, mas algo mais. É uma moda que, muitas vezes, tem raíz na superficialidade com que se vive a fé cristã em certas famílias.
Muitos pais batizam seus filhos, os levam ao Catecismo e os fazem fazer a sua primeira comunhão. Mas depois se esquecem de leva-los à Missa, porque dizem que têm muitos compromissos no domingo. Depois das suntuosas festas de primeira comunhão as igrejas se esvaziam.
O batismo e a Primeira Comunhão parecem ter se tornado rituais com base na aparência, onde as pessoas se vestem bem e fazem grandes refeições no restaurante com parentes e amigos. Mas poucos pais, depois, se comprometem seriamente em acompanhar os filhos em um caminho de fé.
A participação ingênua no Halloween é um dos frutos dessa falta de compromisso. Em vez de vestir as crianças de monstros, os pais deveriam ensiná-las a orar. Deveriam contar-lhes as fascinantes histórias da vida dos Santos, tendo em vista o primeiro de novembro.
Em quantas famílias se reza hoje? Em um tempo as crianças recitavam uma oraçãozinha antes de ir dormir. Quantas o fazem ainda hoje? Talvez os pais estejam ocupados demais em disfarçar seus filhos de vampiros e não têm tempo para educá-los ao conhecimento das nossas tradições autênticas.
Em torno do Halloween se desencadeou também um fenômeno comercial que toca os jovens e os adolescentes: a dos "rave" e das festa na discoteca cheias de mau gosto. Representam uma verdadeira e real exaltação do macabro, em que as pessoas vestem trajes horríveis e irreverentes, muitas vezes ofensivos para a religião.
Em certas festas com temas esotéricos, além de dança, há o risco de se deparar com "mágos" e ocultistas que se aproveitam da ocasião para introduzir os jovens nas práticas mágicas e supersticiosas.
Halloween se transformou em uma ocasião a mais para chegar tarde e frequentar ambientes questionáveis. A moda acaba por distrair a atenção dos jovens em um período do ano que, por tradição, sempre foi reservado à memória de todos os santos e à comemoração dos mortos.
A memória dos santos e dos mortos foi substituída pela vulgaridade de certos costumes. Os momentos de meditação e oração foram trocados pelos volume ensurdecedor da discoteca.
É por isso que o Dia das Bruxas não pode ser considerado simplesmente um segundo Carnaval. Por trás das abóboras, fantasias e festas, aparentemente inofensivas, poderia esconder-se algumas armadilhas.
É preciso estimular um maior senso crítico nos jovens, ajudando-os a não beber passivamente as mensagens enganosas que estão associados a esta festa. Começa como uma brincadeira, aceitando o convite de um "mago" na discoteca para ler o futuro nas cartas, e depois corre-se o risco de se tornarem escravos do ocultismo.
Não esqueçamos as nossas tradições! Não precisa ter medo de lembrar aos rapazes o significado da época do ano em que nos encontramos. Será uma oportunidade preciosa para redescobrir a riqueza espiritual das nossas raízes cristãs.
Os jovens precisam de uma cultura nova, alternativa e contra-corrente, que substitua o som de certos fenômenos de massa com a intimidade e os silêncios de uma fé viva, vivida na beleza da sua jornada diária.
Fonte: Zenit.
Um exemplo óbvio desta ingenuidade é a participação de muitos pais, crianças e jovens na festa de Halloween.
Há alguns anos atrás, este evento só poderia ser conhecido através de alguns filmes ou quadrinhos norte-americanos. Mas hoje o mundo mudou. O advento da Internet e a proliferação dos meios de comunicação contribuem facilmente para a disseminação de modas.
E assim, o Dia das Bruxas atravessou as fronteiras e se espalhou em muitos outros países.
Para dar-se conta do fenômeno basta olhar para as vitrines de restaurantes e lojas de brinquedos. Foram invadidas por objetos, figurinos e bonecos relacionados a este evento.
O símbolo do Halloween é uma abóbora esculpida com os olhos, nariz e boca, iluminada por uma vela colocada dentro. Na noite entre o 31 de outubro e 1 de novembro, as crianças americanas têm o costume de vestir-se como fantasmas, vampiros ou monstrinhos. Batem nas portas das casas com um saquinho na mão, pedindo doces e balas.
Alguém pode dizer: "O que há de errado? Por que não podemos fazer o mesmo? Afinal de contas, o Halloween é uma espécie de carnaval! Uma maneira de se divertir e brincar um pouco'!”. E é essa ingenuidade, a falta de profundidade, que leva muitos pais a não entenderem os possíveis riscos que se escondem por trás de certas modas.
Tentemos refletir sobre a realidade dos fatos. Vamos perceber, também, que Halloween não é apenas uma espécie de carnaval, mas algo mais. É uma moda que, muitas vezes, tem raíz na superficialidade com que se vive a fé cristã em certas famílias.
Muitos pais batizam seus filhos, os levam ao Catecismo e os fazem fazer a sua primeira comunhão. Mas depois se esquecem de leva-los à Missa, porque dizem que têm muitos compromissos no domingo. Depois das suntuosas festas de primeira comunhão as igrejas se esvaziam.
O batismo e a Primeira Comunhão parecem ter se tornado rituais com base na aparência, onde as pessoas se vestem bem e fazem grandes refeições no restaurante com parentes e amigos. Mas poucos pais, depois, se comprometem seriamente em acompanhar os filhos em um caminho de fé.
A participação ingênua no Halloween é um dos frutos dessa falta de compromisso. Em vez de vestir as crianças de monstros, os pais deveriam ensiná-las a orar. Deveriam contar-lhes as fascinantes histórias da vida dos Santos, tendo em vista o primeiro de novembro.
Em quantas famílias se reza hoje? Em um tempo as crianças recitavam uma oraçãozinha antes de ir dormir. Quantas o fazem ainda hoje? Talvez os pais estejam ocupados demais em disfarçar seus filhos de vampiros e não têm tempo para educá-los ao conhecimento das nossas tradições autênticas.
Em torno do Halloween se desencadeou também um fenômeno comercial que toca os jovens e os adolescentes: a dos "rave" e das festa na discoteca cheias de mau gosto. Representam uma verdadeira e real exaltação do macabro, em que as pessoas vestem trajes horríveis e irreverentes, muitas vezes ofensivos para a religião.
Em certas festas com temas esotéricos, além de dança, há o risco de se deparar com "mágos" e ocultistas que se aproveitam da ocasião para introduzir os jovens nas práticas mágicas e supersticiosas.
Halloween se transformou em uma ocasião a mais para chegar tarde e frequentar ambientes questionáveis. A moda acaba por distrair a atenção dos jovens em um período do ano que, por tradição, sempre foi reservado à memória de todos os santos e à comemoração dos mortos.
A memória dos santos e dos mortos foi substituída pela vulgaridade de certos costumes. Os momentos de meditação e oração foram trocados pelos volume ensurdecedor da discoteca.
É por isso que o Dia das Bruxas não pode ser considerado simplesmente um segundo Carnaval. Por trás das abóboras, fantasias e festas, aparentemente inofensivas, poderia esconder-se algumas armadilhas.
É preciso estimular um maior senso crítico nos jovens, ajudando-os a não beber passivamente as mensagens enganosas que estão associados a esta festa. Começa como uma brincadeira, aceitando o convite de um "mago" na discoteca para ler o futuro nas cartas, e depois corre-se o risco de se tornarem escravos do ocultismo.
Não esqueçamos as nossas tradições! Não precisa ter medo de lembrar aos rapazes o significado da época do ano em que nos encontramos. Será uma oportunidade preciosa para redescobrir a riqueza espiritual das nossas raízes cristãs.
Os jovens precisam de uma cultura nova, alternativa e contra-corrente, que substitua o som de certos fenômenos de massa com a intimidade e os silêncios de uma fé viva, vivida na beleza da sua jornada diária.
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Espanha: Vigília de oração por Asia Bibi
Ontem quinta-feira, às 19 horas (hora local), foi realizada em frente à embaixada do Paquistão em Madrid uma vigília de oração por Asia Bibi, a mulher católica paquistanesa condenada à forca. À convocação, organizada pelo MasLibres.org, participarão pessoas de diferentes denominações cristãs.
Esta humilde camponesa foi acusada de blasfêmia em 19 de Junho de 2009 pela muçulmana Qari Muhammad Salam, e denunciada à polícia da cidade de Nankana Sahib. Depois do julgamento perante o Tribunal de Nankana Sahib, Asia Bibi foi condenada à morte em 8 de novembro de 2010.
O recurso foi apresentado no Tribunal Superior de Lahore em 11 de novembro de 2010, mas por razões de calendário, do contexto, das pressões políticas e religiosas, apenas quatro anos depois foi levado em consideração e inserido no calendário da Corte.
Após cinco adiamentos da audiência que deveria rever a sentença à forca, a corte de apelação de Lahore confirmou a sentença à morte no dia 16. Agora os advogados de defesa, recorrem em última instância à Suprema Corte do país.
Ao saber da decisão do tribunal, fontes próximas à mulher expressaram neste site o seguinte apelo em favor da liberdade religiosa: "Por favor, mantenham suas orações e apoio para salvar a vida de Asia Bibi enquanto temos força”.
Em todos esses anos de cativeiro, MasLibres.org demonstrou apoio à mãe de cinco filhos, acompanhando sua família, sustentando sua defesa jurídica, bem como realizando um intenso trabalho de coordenação com o Ministério das Relações Exteriores da Espanha. Além disso, impulsionou um novo pedido de clemência ao presidente do Paquistão, Mamnoon Hussain, que já conta com mais de 15.000 pessoas na internet.
Este caso é um símbolo da luta mundial contra a "lei da blasfêmia" em vigor no Paquistão e uma das formas mais nefastas de discriminação e perseguição de cristãos no país.
Embora a evidência seja altamente duvidosa, a pressão islâmica sobre os tribunais e defensores de Asia Bibi (dois deles foram mortos) impediram um julgamento justo. Somente a pressão internacional poderá impedir a execução e que o Supremo Tribunal anule a sentença.
Fonte: Zenit.
Esta humilde camponesa foi acusada de blasfêmia em 19 de Junho de 2009 pela muçulmana Qari Muhammad Salam, e denunciada à polícia da cidade de Nankana Sahib. Depois do julgamento perante o Tribunal de Nankana Sahib, Asia Bibi foi condenada à morte em 8 de novembro de 2010.
O recurso foi apresentado no Tribunal Superior de Lahore em 11 de novembro de 2010, mas por razões de calendário, do contexto, das pressões políticas e religiosas, apenas quatro anos depois foi levado em consideração e inserido no calendário da Corte.
Após cinco adiamentos da audiência que deveria rever a sentença à forca, a corte de apelação de Lahore confirmou a sentença à morte no dia 16. Agora os advogados de defesa, recorrem em última instância à Suprema Corte do país.
Ao saber da decisão do tribunal, fontes próximas à mulher expressaram neste site o seguinte apelo em favor da liberdade religiosa: "Por favor, mantenham suas orações e apoio para salvar a vida de Asia Bibi enquanto temos força”.
Em todos esses anos de cativeiro, MasLibres.org demonstrou apoio à mãe de cinco filhos, acompanhando sua família, sustentando sua defesa jurídica, bem como realizando um intenso trabalho de coordenação com o Ministério das Relações Exteriores da Espanha. Além disso, impulsionou um novo pedido de clemência ao presidente do Paquistão, Mamnoon Hussain, que já conta com mais de 15.000 pessoas na internet.
Este caso é um símbolo da luta mundial contra a "lei da blasfêmia" em vigor no Paquistão e uma das formas mais nefastas de discriminação e perseguição de cristãos no país.
Embora a evidência seja altamente duvidosa, a pressão islâmica sobre os tribunais e defensores de Asia Bibi (dois deles foram mortos) impediram um julgamento justo. Somente a pressão internacional poderá impedir a execução e que o Supremo Tribunal anule a sentença.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
"A esperança da família": reflexão pós-sinodal na Universidade Europeia
A primeira fase do Sínodo terminou e agora é o momento das reflexões pós-sinodal, cuja tarefa é traduzir no tecido vivo da comunidade dos fiéis as instancias que emergiram durante a assembleia religiosa.
Testemunho da fecundidade das idéias que emergiram do Sínodo foi a mesa redonda "A esperança da família - O Sínodo e depois", realizada em 21 de outubro, na UER- Universidade Europeia de Roma-, no âmbito dos encontros organizados pelos "Círculos Culturais João Paulo II".
A mesa redonda foi introduzida por Antonio Gaspari, diretor editorial de Zenit, que, após as saudações habituais, apresentou os renomados palestrantes: Cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé; Dom Luigi Negri, Arcebispo de Ferrara-Comacchio, presidente da Fundação Internacional João Paulo II para o Magistério da Igreja; Dom Livio Melina, presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e a Família. A única presença leiga feminina foi Miriano Constance, jornalista e escritora.
O encontro nasceu do livro-entrevista com o Cardeal Müller, intitulado "A esperança da família", publicado pela Edizioni Ares, que vai além da necessidade de esclarecer mal-entendidos que rodearam o Sínodo.
"Um dos pontos centrais do texto – explicou o cardeal - é o tema da Fé. Vivemos em uma época de secularismo e incredulidade que têm enfraquecido a noção sacramental." O cardeal citou a encíclica Lumen Fidei do Papa Francisco, dedicada ao tema da Fé e a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, um dos documentos mais importantes do Concílio Vaticano II, que trata, entre outras coisas, da questão da dignidade do matrimônio e da família.
O cardeal leu uma passagem do prefácio de seu livro, escrito pelo Cardeal Fernando Sebastián: "No sacramento do matrimônio os fiéis cristãos, homens e mulheres, celebram com a Igreja a fé no amor de Deus presente e operante neles como membros da Igreja e colaboradores de Deus na multiplicação da humanidade e da Igreja de salvação."
Ao intervir, a jornalista Constance Miriano começou com uma afirmação relacionada à sua experiência como mãe e suas crenças católicas: "Tudo bem misericórdia para com os divorciados, mas é preciso dá-la também às crianças. Deles se fala pouco, mas são as primeiras vítimas quando os pais seguem caminhos diferentes."
A escritora explicou que a sua atividade a leva a encontrar muitas famílias, e isso reforçou sua crença de que "a moral cristã não é comparável a burguesa"; esta última constrói sua "catequese" baseada em modelos de televisão e filme: modelos que geram decepção. "O verdadeiro amor é fundado em Cristo e a 'realfabetização' do amor pertence à Igreja."
Depois, tomou a palavra Dom Melina, que agradeceu Müller pelo livro e pela coragem que demonstrou, e lembrou um conceito do bem-aventurado Papa Paulo VI: a Igreja não inventa sua doutrina, mas é sua intérprete e guardiã. "A quem nos chama a reconsiderar os princípios da fé para torná-la mais adaptável aos nossos tempos - disse o prelado - a Igreja só pode responder: "Non possumus”. "Nós não podemos!"
"O Cardeal Müller- continuou- argumenta o vínculo indissociável entre a verdade e a prática. A doutrina se tornaria abstrata e prática arbitrária, se a Igreja fizesse a temporada de desconto”. "A misericórdia não pode ser uma ferramenta para resolver as dificuldades contingentes: os pais se preocupam em educar, mesmo que às vezes obrigados a dizer coisas que, naquele momento, não agradam os filhos”.
Dom Luigi Negri agradeceu ao cardeal pelo livro, que descreveu como "sugestivo e propositivo para o futuro”. "A crise do nosso tempo - disse - coincide com a crise da família, que expressa a crise do homem contemporâneo: A fragmentação inexorável da vida num contexto de conflitos de opinião. Diminuindo o empenho do homem contra seus instintos, a realidade é reduzida a um conjunto de objetos manipulados de acordo com as regras de natureza tecnológica, desaparecendo o sentido do mistério". O bispo citou o filósofo Jacques Maritain, segundo o qual "a modernidade é a luta desmotivada e ideológica entre a razão e o mistério."
Dom Negri continuou, afirmando que o "novo" de hoje é baseado em um conceito já falido, em uma revolução antropológica que, tendo demonstrado a sua inconsistência, não pode ser tomado como uma ferramenta para a inovação. No livro de Müller, a experiência do matrimônio é, ao invés, uma autêntica experiência de vida nova, onde o amor cristão é a expressão de um amor humano baseado na “gratuidade" e não na "conveniência" (e aqui Dom Negri citou Caritas in Veritate de Bento XVI para um repensar do sistema econômico global).
"A semente de uma vida nova - concluiu o Arcebispo de Ferrara - deve ser educada sobre a base da fé de acordo com o pensamento de Deus e não do mundo. O futuro é nosso, na medida em que somos capazes de ler a vocação cristã em sua profundidade."
Para finalizar a noite, o Reitor da Universidade Luca Gallizia L.C expressou seu especial agradecimento por esta oportunidade de reflexão: "Uma reflexão que vai continuar ao longo do ano. Enquanto a nossa primeira tarefa continua sendo a oração a fim que o Espírito Santo conduza a Igreja."
Cardeal Müller, Dom Negri, Dom Melina e Constance Miriano juntos na mesa redonda organizada pela Universidade para falar sobre família, fé e matrimônio.
Fonte: Zenit.
Testemunho da fecundidade das idéias que emergiram do Sínodo foi a mesa redonda "A esperança da família - O Sínodo e depois", realizada em 21 de outubro, na UER- Universidade Europeia de Roma-, no âmbito dos encontros organizados pelos "Círculos Culturais João Paulo II".
A mesa redonda foi introduzida por Antonio Gaspari, diretor editorial de Zenit, que, após as saudações habituais, apresentou os renomados palestrantes: Cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé; Dom Luigi Negri, Arcebispo de Ferrara-Comacchio, presidente da Fundação Internacional João Paulo II para o Magistério da Igreja; Dom Livio Melina, presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e a Família. A única presença leiga feminina foi Miriano Constance, jornalista e escritora.
O encontro nasceu do livro-entrevista com o Cardeal Müller, intitulado "A esperança da família", publicado pela Edizioni Ares, que vai além da necessidade de esclarecer mal-entendidos que rodearam o Sínodo.
"Um dos pontos centrais do texto – explicou o cardeal - é o tema da Fé. Vivemos em uma época de secularismo e incredulidade que têm enfraquecido a noção sacramental." O cardeal citou a encíclica Lumen Fidei do Papa Francisco, dedicada ao tema da Fé e a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, um dos documentos mais importantes do Concílio Vaticano II, que trata, entre outras coisas, da questão da dignidade do matrimônio e da família.
O cardeal leu uma passagem do prefácio de seu livro, escrito pelo Cardeal Fernando Sebastián: "No sacramento do matrimônio os fiéis cristãos, homens e mulheres, celebram com a Igreja a fé no amor de Deus presente e operante neles como membros da Igreja e colaboradores de Deus na multiplicação da humanidade e da Igreja de salvação."
Ao intervir, a jornalista Constance Miriano começou com uma afirmação relacionada à sua experiência como mãe e suas crenças católicas: "Tudo bem misericórdia para com os divorciados, mas é preciso dá-la também às crianças. Deles se fala pouco, mas são as primeiras vítimas quando os pais seguem caminhos diferentes."
A escritora explicou que a sua atividade a leva a encontrar muitas famílias, e isso reforçou sua crença de que "a moral cristã não é comparável a burguesa"; esta última constrói sua "catequese" baseada em modelos de televisão e filme: modelos que geram decepção. "O verdadeiro amor é fundado em Cristo e a 'realfabetização' do amor pertence à Igreja."
Depois, tomou a palavra Dom Melina, que agradeceu Müller pelo livro e pela coragem que demonstrou, e lembrou um conceito do bem-aventurado Papa Paulo VI: a Igreja não inventa sua doutrina, mas é sua intérprete e guardiã. "A quem nos chama a reconsiderar os princípios da fé para torná-la mais adaptável aos nossos tempos - disse o prelado - a Igreja só pode responder: "Non possumus”. "Nós não podemos!"
"O Cardeal Müller- continuou- argumenta o vínculo indissociável entre a verdade e a prática. A doutrina se tornaria abstrata e prática arbitrária, se a Igreja fizesse a temporada de desconto”. "A misericórdia não pode ser uma ferramenta para resolver as dificuldades contingentes: os pais se preocupam em educar, mesmo que às vezes obrigados a dizer coisas que, naquele momento, não agradam os filhos”.
Dom Luigi Negri agradeceu ao cardeal pelo livro, que descreveu como "sugestivo e propositivo para o futuro”. "A crise do nosso tempo - disse - coincide com a crise da família, que expressa a crise do homem contemporâneo: A fragmentação inexorável da vida num contexto de conflitos de opinião. Diminuindo o empenho do homem contra seus instintos, a realidade é reduzida a um conjunto de objetos manipulados de acordo com as regras de natureza tecnológica, desaparecendo o sentido do mistério". O bispo citou o filósofo Jacques Maritain, segundo o qual "a modernidade é a luta desmotivada e ideológica entre a razão e o mistério."
Dom Negri continuou, afirmando que o "novo" de hoje é baseado em um conceito já falido, em uma revolução antropológica que, tendo demonstrado a sua inconsistência, não pode ser tomado como uma ferramenta para a inovação. No livro de Müller, a experiência do matrimônio é, ao invés, uma autêntica experiência de vida nova, onde o amor cristão é a expressão de um amor humano baseado na “gratuidade" e não na "conveniência" (e aqui Dom Negri citou Caritas in Veritate de Bento XVI para um repensar do sistema econômico global).
"A semente de uma vida nova - concluiu o Arcebispo de Ferrara - deve ser educada sobre a base da fé de acordo com o pensamento de Deus e não do mundo. O futuro é nosso, na medida em que somos capazes de ler a vocação cristã em sua profundidade."
Para finalizar a noite, o Reitor da Universidade Luca Gallizia L.C expressou seu especial agradecimento por esta oportunidade de reflexão: "Uma reflexão que vai continuar ao longo do ano. Enquanto a nossa primeira tarefa continua sendo a oração a fim que o Espírito Santo conduza a Igreja."
Cardeal Müller, Dom Negri, Dom Melina e Constance Miriano juntos na mesa redonda organizada pela Universidade para falar sobre família, fé e matrimônio.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Ideologia de gênero e pessoa: "Quem é que pode me dizer quem eu sou?"
O angustiante questionamento do Rei Lear, “Quem é que pode me dizer quem eu sou?”, dá título à palestra de abertura do novo ano acadêmico da Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação Auxilium, de Roma. O palestrante é Francesco D'Agostino, professor de Filosofia do Direito na Universidade Tor Vergata, também da capital italiana.
O evento faz parte de uma série de encontros que a faculdade tem organizado para debater a complexa “questão de gênero”, um dos grandes temas da atualidade, que tem sérias implicações na educação, na universidade e no futuro dos jovens. O objetivo é estudar e apontar critérios interpretativos para identificar caminhos de crescimento na construção do masculino e do feminino.
A palestra de D'Agostino parte de duas perguntas básicas que todos nós fazemos diante de um bebê: “É menino ou menina? Qual é o nome dele/dela?”.
“São perguntas que se fundem e se confundem, porque é a partir delas e através delas que se constrói o mistério da identidade pessoal”. Ao mesmo tempo, “quando nos perguntam ‘quem é você?’, recorremos, mesmo que não nos demos conta, ao outro e à sua ajuda providencial”, diz D'Agostino, “e não porque a palavra do outro seja infalível, mas porque o ato de ouvi-lo aciona em nós a consciência de que é essencial que a resposta seja dada de acordo com a verdade e não de acordo com a nossa arbitrariedade”.
A partir dessas questões, D'Agostino percorre os diferentes níveis em que pode ser tratada a questão da identidade, da orientação sexual e da identidade de gênero, as perspectivas resultantes do problema que, em última instância, não surgem apenas do jurídico e do social, mas do antropológico, "já que questionam a nossa capacidade de compreensão pessoal própria". O palestrante conclui, por exemplo, que "somos homens ou somos mulheres porque respondemos, com a nossa identidade sexual, e desde o nascimento, às provocações (pró-vocações) que nos vêm do sexo oposto, pró-vocações que, essencialmente, nos pedem reconhecer na alteridade sexual o limite constitutivo da nossa subjetividade".
Dirigida há mais de cinquenta anos pelas Filhas de Maria Auxiliadora, a faculdade tem a sua missão cultural caracterizada pela internacionalidade e pela interculturalidade, como experiência consolidada e vivida, mas também como objetivo do ensino universitário a fim de construir identidades fortes em uma sociedade cada vez mais multiétnica e multicultural, bem como pela formação de profissionais educadores na atenção constantes às transformações da sociedade contemporânea, que afetam todas as profissões, das mais tradicionais às mais recentes e inovadoras.
É a mesma missão que Bento XVI chamou de "serviço da caridade intelectual", concretizada na formação das novas gerações de educadores e profissionais da educação.
Fonte: Zenit.
O evento faz parte de uma série de encontros que a faculdade tem organizado para debater a complexa “questão de gênero”, um dos grandes temas da atualidade, que tem sérias implicações na educação, na universidade e no futuro dos jovens. O objetivo é estudar e apontar critérios interpretativos para identificar caminhos de crescimento na construção do masculino e do feminino.
A palestra de D'Agostino parte de duas perguntas básicas que todos nós fazemos diante de um bebê: “É menino ou menina? Qual é o nome dele/dela?”.
“São perguntas que se fundem e se confundem, porque é a partir delas e através delas que se constrói o mistério da identidade pessoal”. Ao mesmo tempo, “quando nos perguntam ‘quem é você?’, recorremos, mesmo que não nos demos conta, ao outro e à sua ajuda providencial”, diz D'Agostino, “e não porque a palavra do outro seja infalível, mas porque o ato de ouvi-lo aciona em nós a consciência de que é essencial que a resposta seja dada de acordo com a verdade e não de acordo com a nossa arbitrariedade”.
A partir dessas questões, D'Agostino percorre os diferentes níveis em que pode ser tratada a questão da identidade, da orientação sexual e da identidade de gênero, as perspectivas resultantes do problema que, em última instância, não surgem apenas do jurídico e do social, mas do antropológico, "já que questionam a nossa capacidade de compreensão pessoal própria". O palestrante conclui, por exemplo, que "somos homens ou somos mulheres porque respondemos, com a nossa identidade sexual, e desde o nascimento, às provocações (pró-vocações) que nos vêm do sexo oposto, pró-vocações que, essencialmente, nos pedem reconhecer na alteridade sexual o limite constitutivo da nossa subjetividade".
Dirigida há mais de cinquenta anos pelas Filhas de Maria Auxiliadora, a faculdade tem a sua missão cultural caracterizada pela internacionalidade e pela interculturalidade, como experiência consolidada e vivida, mas também como objetivo do ensino universitário a fim de construir identidades fortes em uma sociedade cada vez mais multiétnica e multicultural, bem como pela formação de profissionais educadores na atenção constantes às transformações da sociedade contemporânea, que afetam todas as profissões, das mais tradicionais às mais recentes e inovadoras.
É a mesma missão que Bento XVI chamou de "serviço da caridade intelectual", concretizada na formação das novas gerações de educadores e profissionais da educação.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 21 de outubro de 2014
Hindus e cristãos unidos para promover a cultura da inclusão
Os seguidores do hinduísmo celebram neste dia 23 de outubro o Deepavali, a festa da luz. Pela ocasião, o cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, enviou a mensagem "Cristãos e hindus: juntos para promover a cultura da inclusão".
O texto recorda que a globalização abriu muitas fronteiras inovadoras e ofereceu novas oportunidades para o desenvolvimento, mas, por outro lado, não conseguiu o seu objetivo principal de integrar as populações locais na comunidade global. "A globalização repercutiu consideravelmente em muitos povos, levando-os a perder a sua identidade sócio-cultural, econômica e política".
"Os efeitos nocivos da globalização podem ser notados em todo o mundo, inclusive nas comunidades religiosas que estão estreitamente unidas às culturas circundantes". A globalização contribuiu para fragmentar a sociedade e para aumentar o relativismo e o sincretismo, assim como a “privatização” da religião. "O fundamentalismo religioso, a violência étnica, tribal e sectária em várias partes do mundo são amplas manifestações de descontentamento, de incerteza e de insegurança, especialmente entre os mais pobres e os excluídos dos benefícios da globalização".
Outras consequências negativas da globalização, como a propagação do materialismo e do consumismo, tornaram as pessoas mais egocêntricas, famintas de poder e indiferentes aos direitos, necessidades e sofrimentos dos outros. A este propósito, o texto menciona as palavras do papa Francisco ao comentar que isto "desembocou na globalização da indiferença que nos leva lentamente a nos acostumarmos com o sofrimento do outro, fechando-nos em nós mesmos". Esta indiferença gera a cultura da exclusão, que nega os direitos dos pobres, dos marginalizados e dos indefesos, assim como as oportunidades e os recursos que estão à disposição de outros membros da sociedade. Deste modo, a mensagem afirma que, em muitos sentidos, "a exploração de crianças e mulheres, o abandono dos idosos, dos enfermos, dos deficientes, dos migrantes e dos refugiados, assim como a perseguição das minorias, são indicadores evidentes desta cultura da exclusão".
Por isso, o dicastério para o diálogo inter-religioso afirma que "construir uma cultura de inclusão se torna um chamado comum e uma responsabilidade compartilhada, que devemos assumir com urgência". É um projeto que envolve todos os que se preocupam com a saúde e com a sobrevivência da família humana aqui na terra e que é preciso realizar no meio das forças que perpetuam a cultura da exclusão (e apesar delas).
Ao encerrar a mensagem, o dicastério assegura que, "como pessoas arraigadas em nossas respectivas tradições religiosas e com convicções em comum, nós, hindus e cristãos, podemos nos unir aos seguidores de outras religiões e a pessoas de boa vontade para promover a cultura da inclusão, com o objetivo de construir uma sociedade justa e pacífica".
Fonte: Zenit.
O texto recorda que a globalização abriu muitas fronteiras inovadoras e ofereceu novas oportunidades para o desenvolvimento, mas, por outro lado, não conseguiu o seu objetivo principal de integrar as populações locais na comunidade global. "A globalização repercutiu consideravelmente em muitos povos, levando-os a perder a sua identidade sócio-cultural, econômica e política".
"Os efeitos nocivos da globalização podem ser notados em todo o mundo, inclusive nas comunidades religiosas que estão estreitamente unidas às culturas circundantes". A globalização contribuiu para fragmentar a sociedade e para aumentar o relativismo e o sincretismo, assim como a “privatização” da religião. "O fundamentalismo religioso, a violência étnica, tribal e sectária em várias partes do mundo são amplas manifestações de descontentamento, de incerteza e de insegurança, especialmente entre os mais pobres e os excluídos dos benefícios da globalização".
Outras consequências negativas da globalização, como a propagação do materialismo e do consumismo, tornaram as pessoas mais egocêntricas, famintas de poder e indiferentes aos direitos, necessidades e sofrimentos dos outros. A este propósito, o texto menciona as palavras do papa Francisco ao comentar que isto "desembocou na globalização da indiferença que nos leva lentamente a nos acostumarmos com o sofrimento do outro, fechando-nos em nós mesmos". Esta indiferença gera a cultura da exclusão, que nega os direitos dos pobres, dos marginalizados e dos indefesos, assim como as oportunidades e os recursos que estão à disposição de outros membros da sociedade. Deste modo, a mensagem afirma que, em muitos sentidos, "a exploração de crianças e mulheres, o abandono dos idosos, dos enfermos, dos deficientes, dos migrantes e dos refugiados, assim como a perseguição das minorias, são indicadores evidentes desta cultura da exclusão".
Por isso, o dicastério para o diálogo inter-religioso afirma que "construir uma cultura de inclusão se torna um chamado comum e uma responsabilidade compartilhada, que devemos assumir com urgência". É um projeto que envolve todos os que se preocupam com a saúde e com a sobrevivência da família humana aqui na terra e que é preciso realizar no meio das forças que perpetuam a cultura da exclusão (e apesar delas).
Ao encerrar a mensagem, o dicastério assegura que, "como pessoas arraigadas em nossas respectivas tradições religiosas e com convicções em comum, nós, hindus e cristãos, podemos nos unir aos seguidores de outras religiões e a pessoas de boa vontade para promover a cultura da inclusão, com o objetivo de construir uma sociedade justa e pacífica".
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Paulo VI soube «dar a Deus o que é de Deus»
Apresentamos a homilia do Papa Francisco na Santa Missa de encerramento do Sínodo Extraordinário sobre a Família e beatificação do Servo de Deus Papa Paulo VI realizada neste domingo, 19 de Outubro de 2014, na Praça de São Pedro.
Acabamos de ouvir uma das frases mais célebres de todo o Evangelho: «Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» (Mt 22, 21).
À provocação dos fariseus, que queriam, por assim dizer, fazer-Lhe o exame de religião e induzi-Lo em erro, Jesus responde com esta frase irónica e genial. É uma resposta útil que o Senhor dá a todos aqueles que sentem problemas de consciência, sobretudo quando estão em jogo as suas conveniências, as suas riquezas, o seu prestígio, o seu poder e a sua fama. E isto acontece em todos os tempos e desde sempre.
A acentuação de Jesus recai certamente sobre a segunda parte da frase: «E [dai] a Deus o que é de Deus». Isto significa reconhecer e professar – diante de qualquer tipo de poder – que só Deus é o Senhor do homem, e não há outro. Esta é a novidade perene que é preciso redescobrir cada dia, vencendo o temor que muitas vezes sentimos perante as surpresas de Deus.
Ele não tem medo das novidades! Por isso nos surpreende continuamente, abrindo-nos e levando-nos para caminhos inesperados. Ele renova-nos, isto é, faz-nos «novos» continuamente. Um cristão que vive o Evangelho é «a novidade de Deus» na Igreja e no mundo. E Deus ama tanto esta «novidade»!
«Dar a Deus o que é de Deus» significa abrir-se à sua vontade e dedicar-Lhe a nossa vida, cooperando para o seu Reino de misericórdia, amor e paz.
Aqui está a nossa verdadeira força, o fermento que faz levedar e o sal que dá sabor a todo o esforço humano contra o pessimismo predominante que o mundo nos propõe. Aqui está a nossa esperança, porque a esperança em Deus não é uma fuga da realidade, não é um álibi: é restituir diligentemente a Deus aquilo que Lhe pertence. É por isso que o cristão fixa o olhar na realidade futura, a realidade de Deus, para viver plenamente a existência – com os pés bem fincados na terra – e responder, com coragem, aos inúmeros desafios novos.
Vimo-lo, nestes dias, durante o Sínodo Extraordinário dos Bispos: «sínodo» significa «caminhar juntos». E, na realidade, pastores e leigos de todo o mundo trouxeram aqui a Roma a voz das suas Igrejas particulares para ajudar as famílias de hoje a caminharem pela estrada do Evangelho, com o olhar fixo em Jesus. Foi uma grande experiência, na qual vivemos a sinodalidade e a colegialidade e sentimos a força do Espírito Santo que sempre guia e renova a Igreja, chamada sem demora a cuidar das feridas que sangram e a reacender a esperança para tantas pessoas sem esperança.
Pelo dom deste Sínodo e pelo espírito construtivo concedido a todos, – com o apóstolo Paulo – «damos continuamente graças a Deus por todos vós, recordando-vos sem cessar nas nossas orações» (1 Tes 1, 2). E o Espírito Santo, que nos concedeu, nestes dias laboriosos, trabalhar generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade, continue a acompanhar o caminho que nos prepara, nas Igrejas de toda a terra, para o Sínodo Ordinário dos Bispos no próximo Outubro de 2015. Semeámos e continuaremos a semear, com paciência e perseverança, na certeza de que é o Senhor que faz crescer tudo o que semeámos (cf. 1 Cor 3, 6).
Neste dia da beatificação do Papa Paulo VI, voltam-me à mente estas palavras com que ele instituiu o Sínodo dos Bispos: «Ao perscrutar atentamente os sinais dos tempos, procuramos adaptar os métodos (...) às múltiplas necessidades dos nossos dias e às novas características da sociedade» (Carta ap. Motu próprio Apostolica sollicitudo).
A respeito deste grande Papa, deste cristão corajoso, deste apóstolo incansável, diante de Deus hoje só podemos dizer uma palavra tão simples como sincera e importante: Obrigado! Obrigado, nosso querido e amado Papa Paulo VI! Obrigado pelo teu humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja!
No seu diário pessoal, depois do encerramento da Assembleia Conciliar, o grande timoneiro do Concílio deixou anotado: «Talvez o Senhor me tenha chamado e me mantenha neste serviço não tanto por qualquer aptidão que eu possua ou para que eu governe e salve a Igreja das suas dificuldades actuais, mas para que eu sofra algo pela Igreja e fique claro que Ele, e mais ninguém, a guia e salva» (P. Macchi, Paolo VI nella sua parola, Brescia 2001, pp. 120-121). Nesta humildade, resplandece a grandeza do Beato Paulo VI, que soube, quando se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, reger com clarividente sabedoria – e às vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca perder a alegria e a confiança no Senhor.
Verdadeiramente Paulo VI soube «dar a Deus o que é de Deus», dedicando toda a sua vida a este «dever sacro, solene e gravíssimo: continuar no tempo e dilatar sobre a terra a missão de Cristo» (Homilia no Rito da sua Coroação, Insegnamenti, I, (1963), 26), amando a Igreja e guiando-a para ser «ao mesmo tempo mãe amorosa de todos os homens e medianeira de salvação» (Carta enc. Ecclesiam suam, prólogo).
Fonte: Zenit.
À provocação dos fariseus, que queriam, por assim dizer, fazer-Lhe o exame de religião e induzi-Lo em erro, Jesus responde com esta frase irónica e genial. É uma resposta útil que o Senhor dá a todos aqueles que sentem problemas de consciência, sobretudo quando estão em jogo as suas conveniências, as suas riquezas, o seu prestígio, o seu poder e a sua fama. E isto acontece em todos os tempos e desde sempre.
A acentuação de Jesus recai certamente sobre a segunda parte da frase: «E [dai] a Deus o que é de Deus». Isto significa reconhecer e professar – diante de qualquer tipo de poder – que só Deus é o Senhor do homem, e não há outro. Esta é a novidade perene que é preciso redescobrir cada dia, vencendo o temor que muitas vezes sentimos perante as surpresas de Deus.
Ele não tem medo das novidades! Por isso nos surpreende continuamente, abrindo-nos e levando-nos para caminhos inesperados. Ele renova-nos, isto é, faz-nos «novos» continuamente. Um cristão que vive o Evangelho é «a novidade de Deus» na Igreja e no mundo. E Deus ama tanto esta «novidade»!
«Dar a Deus o que é de Deus» significa abrir-se à sua vontade e dedicar-Lhe a nossa vida, cooperando para o seu Reino de misericórdia, amor e paz.
Aqui está a nossa verdadeira força, o fermento que faz levedar e o sal que dá sabor a todo o esforço humano contra o pessimismo predominante que o mundo nos propõe. Aqui está a nossa esperança, porque a esperança em Deus não é uma fuga da realidade, não é um álibi: é restituir diligentemente a Deus aquilo que Lhe pertence. É por isso que o cristão fixa o olhar na realidade futura, a realidade de Deus, para viver plenamente a existência – com os pés bem fincados na terra – e responder, com coragem, aos inúmeros desafios novos.
Vimo-lo, nestes dias, durante o Sínodo Extraordinário dos Bispos: «sínodo» significa «caminhar juntos». E, na realidade, pastores e leigos de todo o mundo trouxeram aqui a Roma a voz das suas Igrejas particulares para ajudar as famílias de hoje a caminharem pela estrada do Evangelho, com o olhar fixo em Jesus. Foi uma grande experiência, na qual vivemos a sinodalidade e a colegialidade e sentimos a força do Espírito Santo que sempre guia e renova a Igreja, chamada sem demora a cuidar das feridas que sangram e a reacender a esperança para tantas pessoas sem esperança.
Pelo dom deste Sínodo e pelo espírito construtivo concedido a todos, – com o apóstolo Paulo – «damos continuamente graças a Deus por todos vós, recordando-vos sem cessar nas nossas orações» (1 Tes 1, 2). E o Espírito Santo, que nos concedeu, nestes dias laboriosos, trabalhar generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade, continue a acompanhar o caminho que nos prepara, nas Igrejas de toda a terra, para o Sínodo Ordinário dos Bispos no próximo Outubro de 2015. Semeámos e continuaremos a semear, com paciência e perseverança, na certeza de que é o Senhor que faz crescer tudo o que semeámos (cf. 1 Cor 3, 6).
Neste dia da beatificação do Papa Paulo VI, voltam-me à mente estas palavras com que ele instituiu o Sínodo dos Bispos: «Ao perscrutar atentamente os sinais dos tempos, procuramos adaptar os métodos (...) às múltiplas necessidades dos nossos dias e às novas características da sociedade» (Carta ap. Motu próprio Apostolica sollicitudo).
A respeito deste grande Papa, deste cristão corajoso, deste apóstolo incansável, diante de Deus hoje só podemos dizer uma palavra tão simples como sincera e importante: Obrigado! Obrigado, nosso querido e amado Papa Paulo VI! Obrigado pelo teu humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja!
No seu diário pessoal, depois do encerramento da Assembleia Conciliar, o grande timoneiro do Concílio deixou anotado: «Talvez o Senhor me tenha chamado e me mantenha neste serviço não tanto por qualquer aptidão que eu possua ou para que eu governe e salve a Igreja das suas dificuldades actuais, mas para que eu sofra algo pela Igreja e fique claro que Ele, e mais ninguém, a guia e salva» (P. Macchi, Paolo VI nella sua parola, Brescia 2001, pp. 120-121). Nesta humildade, resplandece a grandeza do Beato Paulo VI, que soube, quando se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, reger com clarividente sabedoria – e às vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca perder a alegria e a confiança no Senhor.
Verdadeiramente Paulo VI soube «dar a Deus o que é de Deus», dedicando toda a sua vida a este «dever sacro, solene e gravíssimo: continuar no tempo e dilatar sobre a terra a missão de Cristo» (Homilia no Rito da sua Coroação, Insegnamenti, I, (1963), 26), amando a Igreja e guiando-a para ser «ao mesmo tempo mãe amorosa de todos os homens e medianeira de salvação» (Carta enc. Ecclesiam suam, prólogo).
Fonte: Zenit.
domingo, 19 de outubro de 2014
Famílias e Políticas
A partir de temas importantes da atualidade e da consideração de diferentes campos - político, acadêmico, econômico e religioso - a Igreja Católica, por convocação do Papa Francisco, debate e estuda a situação da família humana. A 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma, sobre esse tema, congrega representantes de todo o mundo. Contribui para o avanço e compreensão de aspectos cruciais de tudo o que se refere à família na contemporaneidade. O Sínodo indica a preocupação central da Igreja sobre a vida familiar. Sua organização começou há muito tempo e, certamente, esse significativo processo de escuta e reflexão deve continuar até a sessão ordinária do Sínodo dos Bispos, a ser realizada em outubro de 2015.
Família humana é tema central, emoldurado por grande complexidade, principalmente quando se considera aspectos do presente e do futuro da sociedade. A atenção às famílias, sua compreensão e a definição de políticas emancipatórias em seu favor não podem se reduzir a aportes financeiros mínimos, de caráter compensatório. É preciso avançar na direção da justiça, além de compreender melhor o significado humanístico e o sentido ético-moral de família, uma insubstituível escola de humanidade. Trata-se de ambiente onde cada pessoa vive as experiências mais determinantes em sua trajetória. O sucesso de outras escolas tem íntima relação com as significativas experiências familiares. E as lacunas nestas experiências provocam prejuízos, atrasam processos e inviabilizam avanços culturais.
A família tem um evangelho próprio, que é sua maior riqueza. Compreendê-la inclui, pois, não apenas as definições sobre sua dimensão funcional e de sua sustentabilidade. Assim, quando se pensa a família, explicita-se a exigência importante de não apenas tratá-la como adjetivação de programas sociais. Evidentemente, ao reconhecer o seu amplo papel, deve-se empenhar na criação de condições mínimas para sua sobrevivência. Mas, além disso, governantes e gestores são desafiados a construir, de modo criativo, estratégias capazes de configurar garantias mais amplas aos grupos familiares. Passou aquele tempo em que grande era o bombardeio contra a família, praticado por setores importantes da sociedade. Contudo, apesar de ter amainado a “guerra” contra essa instituição, continua desafiador o seu tratamento no atual contexto sociocultural, caracterizado por muitas nuances.
Exigente, pois, é a escuta e reflexão do evangelho da família, tesouro que guarda valores determinantes para a educação afetiva e humanística de cada pessoa, fonte do insubstituível sentido moral que a consciência cidadã não pode dispensar. Abdicar-se dessa tarefa é contribuir para processos degradantes, como a desumanização, que pode ser até irreversível. Sem dúvida, o ideal de família é um horizonte inspirador.
A compreensão de família cristã, por exemplo, inclui o balizamento de um desígnio de Deus. Constitui um complexo de relações interpessoais, em referência à vida conjugal, paternidade, maternidade, fraternidade, filiação, configurando a “pertença” à família humana e à família de Deus. Esta compreensão tem o seu nascimento no sacramento do Matrimônio. O contexto sociocultural, no entanto, desafia entendimentos e distinções que apontam no sentido de se considerar muitas exigências e necessidades humanitárias. O certo é que a importância global da família não dispensa, visando seu bem maior e a fecundidade de sua insubstituível tarefa na vida da sociedade, a abordagem das dimensões espiritual, humanística, educativa e social. Nesse sentido, as Igrejas têm, no seu serviço à família humana, uma tarefa própria. Também possuem atribuições nesse âmbito as diferentes instituições e instâncias da sociedade pluralista.
É pertinente, por exemplo, que empresas, ao definirem suas políticas de responsabilidade social, considerem investir nas famílias que sofrem com a miséria, falta de moradia, educação e saúde. No campo político, por que não instituir uma legislação, semelhante a que já existe, para incentivar projetos culturais, que estimule as empresas a investirem no amparo às famílias mais pobres? Talvez fosse um caminho para superar a dependência de alguns grupos familiares das ajudas esporádicas, com alcance muito limitado. No calor dos debates e programas eleitorais, entre outros anseios, espera-se dos candidatos a apresentação de propostas mais ousadas, com força de comprometimento social e político, para as famílias, especialmente as que necessitam de moradia, educação, saúde, lazer e tudo que represente um direito de todos. Não basta apenas dizer “que vai continuar” ou “dar uma melhorada” no que já é feito.
O momento eleitoral decisivo de agora não requer propagandas e debates caracterizados pelos ataques pessoais e promessas sem a indicação dos caminhos para sua concretização. É hora de escolher quem, de fato, é propositivo, capaz de mostrar o caminho real das mudanças. Exige-se um perfil com a competência para articular, em rede, a educação, a saúde, a segurança, o respeito aos direitos fundamentais, indo além de questões meramente partidárias. Especialmente, almeja-se que inovadoras políticas voltadas para a família sejam construídas, reconhecendo sempre a centralidade da instituição familiar para a vida em sociedade.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Fonte: Zenit.
Família humana é tema central, emoldurado por grande complexidade, principalmente quando se considera aspectos do presente e do futuro da sociedade. A atenção às famílias, sua compreensão e a definição de políticas emancipatórias em seu favor não podem se reduzir a aportes financeiros mínimos, de caráter compensatório. É preciso avançar na direção da justiça, além de compreender melhor o significado humanístico e o sentido ético-moral de família, uma insubstituível escola de humanidade. Trata-se de ambiente onde cada pessoa vive as experiências mais determinantes em sua trajetória. O sucesso de outras escolas tem íntima relação com as significativas experiências familiares. E as lacunas nestas experiências provocam prejuízos, atrasam processos e inviabilizam avanços culturais.
A família tem um evangelho próprio, que é sua maior riqueza. Compreendê-la inclui, pois, não apenas as definições sobre sua dimensão funcional e de sua sustentabilidade. Assim, quando se pensa a família, explicita-se a exigência importante de não apenas tratá-la como adjetivação de programas sociais. Evidentemente, ao reconhecer o seu amplo papel, deve-se empenhar na criação de condições mínimas para sua sobrevivência. Mas, além disso, governantes e gestores são desafiados a construir, de modo criativo, estratégias capazes de configurar garantias mais amplas aos grupos familiares. Passou aquele tempo em que grande era o bombardeio contra a família, praticado por setores importantes da sociedade. Contudo, apesar de ter amainado a “guerra” contra essa instituição, continua desafiador o seu tratamento no atual contexto sociocultural, caracterizado por muitas nuances.
Exigente, pois, é a escuta e reflexão do evangelho da família, tesouro que guarda valores determinantes para a educação afetiva e humanística de cada pessoa, fonte do insubstituível sentido moral que a consciência cidadã não pode dispensar. Abdicar-se dessa tarefa é contribuir para processos degradantes, como a desumanização, que pode ser até irreversível. Sem dúvida, o ideal de família é um horizonte inspirador.
A compreensão de família cristã, por exemplo, inclui o balizamento de um desígnio de Deus. Constitui um complexo de relações interpessoais, em referência à vida conjugal, paternidade, maternidade, fraternidade, filiação, configurando a “pertença” à família humana e à família de Deus. Esta compreensão tem o seu nascimento no sacramento do Matrimônio. O contexto sociocultural, no entanto, desafia entendimentos e distinções que apontam no sentido de se considerar muitas exigências e necessidades humanitárias. O certo é que a importância global da família não dispensa, visando seu bem maior e a fecundidade de sua insubstituível tarefa na vida da sociedade, a abordagem das dimensões espiritual, humanística, educativa e social. Nesse sentido, as Igrejas têm, no seu serviço à família humana, uma tarefa própria. Também possuem atribuições nesse âmbito as diferentes instituições e instâncias da sociedade pluralista.
É pertinente, por exemplo, que empresas, ao definirem suas políticas de responsabilidade social, considerem investir nas famílias que sofrem com a miséria, falta de moradia, educação e saúde. No campo político, por que não instituir uma legislação, semelhante a que já existe, para incentivar projetos culturais, que estimule as empresas a investirem no amparo às famílias mais pobres? Talvez fosse um caminho para superar a dependência de alguns grupos familiares das ajudas esporádicas, com alcance muito limitado. No calor dos debates e programas eleitorais, entre outros anseios, espera-se dos candidatos a apresentação de propostas mais ousadas, com força de comprometimento social e político, para as famílias, especialmente as que necessitam de moradia, educação, saúde, lazer e tudo que represente um direito de todos. Não basta apenas dizer “que vai continuar” ou “dar uma melhorada” no que já é feito.
O momento eleitoral decisivo de agora não requer propagandas e debates caracterizados pelos ataques pessoais e promessas sem a indicação dos caminhos para sua concretização. É hora de escolher quem, de fato, é propositivo, capaz de mostrar o caminho real das mudanças. Exige-se um perfil com a competência para articular, em rede, a educação, a saúde, a segurança, o respeito aos direitos fundamentais, indo além de questões meramente partidárias. Especialmente, almeja-se que inovadoras políticas voltadas para a família sejam construídas, reconhecendo sempre a centralidade da instituição familiar para a vida em sociedade.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Fonte: Zenit.
sábado, 18 de outubro de 2014
"Não beatificamos um papa, beatificamos Giovanni Battista Montini"
O primeiro papa a pegar um avião, o primeiro a fazer uma viagem apostólica à Terra Santa (seis meses após a sua eleição para o papado e com o Concílio em curso) o primeiro papa a tirar a tiara, foi ele, Paulo VI.
O Cardeal Giovanni Battista Re, prefeito emérito da Congregação para os Bispos, recordou alguns gestos do testemunho de Paulo VI, durante o briefing esta manhã na sala de imprensa do Vaticano, em preparação para o grande evento da beatificação.
"Era para mostrar ao mundo que a autoridade do papa não está vinculada a um poder temporal e humano", o gesto de tirar a tiara. Paulo VI queria que fosse vendida, e a receita dada aos pobres; a tiara em vez acabou em um museu, e o valor arrecadado foi doado a Madre Teresa durante uma viagem apostólica à Índia.
"O Papa Montini aboliu o tribunal pontifício, reformou a Cúria e prosseguiu o diálogo com os ortodoxos que foi inaugurado pelo Papa João XXIII", acrescentou o prelado, descrevendo os pequenos e grandes gestos que correspondiam a profunda riqueza espiritual do Pontífice, que se explica da seguinte maneira: "À minha mãe eu devo o sentido do recolhimento e da oração, da oração que é meditação e da meditação que e oração."
"Ele dizia que era um papa indeciso, na verdade, mais do que duvidosa, sua vontade era de aprofundar", recorda o cardeal; "queria ouvir as diferentes vozes, aprofundar os argumentos dos outros e, então, decidir”. "Revelou-se como um grande homem de diálogo, percebeu que a maioria das pessoas no mundo não eram católicas, por isso a atitude da Igreja deveria ser de um diálogo respeitoso e de anuncio do amor."
"Rico em espiritualidade, aguçado nas análises, genial em encontrar soluções, sensível às expectativas do povo da época", a ele o mérito de ter conduzido o Concílio Vaticano II com mão firme, incluindo sua aplicação: "quase sobre-humano o modo pelo qual Paulo VI conduziu o Concílio", disse em certa ocasião, Bento XVI. Para Papa Francisco se revelou como "luz em sua juventude"; Papa Luciani no funeral afirmou que "o legado de Paulo VI não deveria permanecer trancado em seu túmulo"; João Paulo II disse: "foi o meu verdadeiro pai", "um grande dom para a Igreja, mas também um grande dom para a humanidade."
De fato, o Papa Montini entrou para a história como um homem de cultura, que apreciava as descobertas de seu tempo. Que ele não era um papa "triste" também dá testemunho a imagem da tapeçaria que será colocada na Praça de São Pedro, no próximo domingo, para a beatificação: "Nós queríamos quebrar a lógica do “meio busto”, disse o vice-postulador, Padre Antonio Marrazzo. O pontífice é retratado em pé, o corpo completo em um fundo de pedras, "para dar a imagem de um pastor que liderou a Igreja nas estradas do mundo". "A gestualidade de Paulo VI", alegre, de braços abertos “evoca o encontro, o acolhimento, o diálogo".
"Nós não beatificamos um papa, nós beatificamos Montini em toda a sua pessoa, não um papel, mas um modelo de vida cristã vivível para todos", especificou o postulador, que contou o milagre pelo qual, em 2001, graças à intercessão do próximo beato, teve lugar nos Estados Unidos: a cura inexplicável de um feto. “Uma vida que ainda não tinha florescido na história": agora aquele feto tem treze anos e nunca teve quaisquer problemas de saúde desde o nascimento.
Um milagre que reflete a atenção de todo o pontificado de Montini aos mais fracos, se pensarmos nas últimas palavras da homilia profética que ele fez antes de sua morte: "Neste empenho generoso e repleto de sofrimento de magistério à serviço e na defesa da verdade, consideramos imprescindível a defesa da vida humana. O Concílio Vaticano II recordou com seríssimas palavras que "Deus, que é o Senhor da vida, confiou aos homens o nobre encargo de preservar a vida"! E nós, que consideramos entrega concreta nossa absoluta fidelidade aos ensinamentos do Concílio, fizemos programa de nosso pontificado a defesa da vida em todas suas formas sob as quais pode ser ameaça, consternada e até mesmo suprimida.
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Paquistão: confirmada sentença de morte para Asia Bibi
A notícia chegou na manhã de ontem, depois de uma série interminável de adiamentos. A audiência de apelo de Asia Bibi resultou na confirmação de sua sentença à morte. A mulher cristã paquistanesa acusada de blasfêmia, foi condenado à morte em primeiro grau em 2010.
Assim que saiu do Tribunal de Recursos de Lahore, tribunal de segunda instância que responde pelo caso, um de seus advogados, o cristão Naeem Shakir Christian, confirmou à Agência Fides que o recurso apresentado foi rejeitado.
Não serviu para nada, na audiência realizada esta manhã, a defesa baseada em argumentos escritos que desmontavam as testemunhas de acusação, contradizendo os testemunhos menos credíveis e a evidente construção de falsas acusações.
"O juiz considerou válidas e credíveis as acusações das mulheres muçulmanas (duas irmãs) que testemunharam sobre a suposta blasfêmia cometida por Ásia Bibi. Trata-se das duas mulheres com as quais Ásia tinha tido uma alteração da qual resultou o caso", disse Shakir, manifestando amargura e desilusão.
De acordo com o advogado, "a justiça está cada vez mais nas mãos dos extremistas", anunciando que, de acordo com o marido de Ásia, vai-se recorrer ao Supremo Tribunal, o terceiro e último nível de justiça no Paquistão.
Fonte: Zenit.
Assim que saiu do Tribunal de Recursos de Lahore, tribunal de segunda instância que responde pelo caso, um de seus advogados, o cristão Naeem Shakir Christian, confirmou à Agência Fides que o recurso apresentado foi rejeitado.
Não serviu para nada, na audiência realizada esta manhã, a defesa baseada em argumentos escritos que desmontavam as testemunhas de acusação, contradizendo os testemunhos menos credíveis e a evidente construção de falsas acusações.
"O juiz considerou válidas e credíveis as acusações das mulheres muçulmanas (duas irmãs) que testemunharam sobre a suposta blasfêmia cometida por Ásia Bibi. Trata-se das duas mulheres com as quais Ásia tinha tido uma alteração da qual resultou o caso", disse Shakir, manifestando amargura e desilusão.
De acordo com o advogado, "a justiça está cada vez mais nas mãos dos extremistas", anunciando que, de acordo com o marido de Ásia, vai-se recorrer ao Supremo Tribunal, o terceiro e último nível de justiça no Paquistão.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Paquistão: famílias "despedaçadas" pela lei da blasfêmia
Fala-se muito no Sínodo, no Vaticano, sobre as "famílias que sofrem". Pois bem, o "protótipo" pode ser encontrado no Paquistão, onde famílias são "despedaçadas" por causa da "injustiça e da intolerância". Dom Joseph Coutss, presente no Sínodo dos Bispos, apresentou ao Vatican Insider esta realidade que o Paquistão conhece bem.
O prelado dirige o pensamento “a todas as famílias paquistanesas marcadas pelo sofrimento e pela tragédia da divisão: todas as pessoas, tanto cristãos como muçulmanos, acusados injustamente de blasfêmia". Vítima conhecida desta instrumentalização da lei no Paquistão é Asia Bibi. Amanhã, 16 de outubro, a Alta Corte de Lahore marcou uma audiência após uma série interminável de adiamentos.
"Estou convencido de que, se a Corte decidir se pronunciar com base nos princípios estabelecidos pela justiça criminal e não influenciada pelas pressões de grupos sectários e extremistas, teremos uma absolvição", comentou o advogado Naeem Shakir dias atrás à Agência Fides.
"A todas as famílias do Paquistão que vivem um tempo de provação, sofrendo injustamente, dirijo o apoio da Igreja e de muitas ONGs. Expressemos a nossa solidariedade, tentemos ajudá-los, prestando assistência jurídica e apoio com todos os meios possíveis", destacou o bispo.
Fazendo uma análise histórica e social de seu país, Dom Coutts observou que a intolerância tem crescido constantemente. "Ao longo das últimas duas décadas alimentou-se no Paquistão uma mentalidade de ódio e preconceito contra o Ocidente cristão, que se reflete nos cristãos paquistaneses - explica -. Esta visão tem influenciado os muçulmanos e ainda é alimentada pela pregação de muitas mesquitas, que é o combustível para os extremistas".
Um bom sinal é dado pelo povo, não apenas cristãos, empenhado na sociedade civil pela defesa "dos direitos humanos e da harmonia". Neste âmbito encontra-se Malala Yousafzai, a jovem muçulmana que se opôs aos muçulmanos e que recentemente recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Um evento que "estimula a consciência", de acordo com Dom Coutts, que acrescenta ainda que "se as crianças e os jovens forem educados segundo valores de respeito, diálogo e amizade, a vida do país vai melhorar."
Fonte: Zenit.
O prelado dirige o pensamento “a todas as famílias paquistanesas marcadas pelo sofrimento e pela tragédia da divisão: todas as pessoas, tanto cristãos como muçulmanos, acusados injustamente de blasfêmia". Vítima conhecida desta instrumentalização da lei no Paquistão é Asia Bibi. Amanhã, 16 de outubro, a Alta Corte de Lahore marcou uma audiência após uma série interminável de adiamentos.
"Estou convencido de que, se a Corte decidir se pronunciar com base nos princípios estabelecidos pela justiça criminal e não influenciada pelas pressões de grupos sectários e extremistas, teremos uma absolvição", comentou o advogado Naeem Shakir dias atrás à Agência Fides.
"A todas as famílias do Paquistão que vivem um tempo de provação, sofrendo injustamente, dirijo o apoio da Igreja e de muitas ONGs. Expressemos a nossa solidariedade, tentemos ajudá-los, prestando assistência jurídica e apoio com todos os meios possíveis", destacou o bispo.
Fazendo uma análise histórica e social de seu país, Dom Coutts observou que a intolerância tem crescido constantemente. "Ao longo das últimas duas décadas alimentou-se no Paquistão uma mentalidade de ódio e preconceito contra o Ocidente cristão, que se reflete nos cristãos paquistaneses - explica -. Esta visão tem influenciado os muçulmanos e ainda é alimentada pela pregação de muitas mesquitas, que é o combustível para os extremistas".
Um bom sinal é dado pelo povo, não apenas cristãos, empenhado na sociedade civil pela defesa "dos direitos humanos e da harmonia". Neste âmbito encontra-se Malala Yousafzai, a jovem muçulmana que se opôs aos muçulmanos e que recentemente recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Um evento que "estimula a consciência", de acordo com Dom Coutts, que acrescenta ainda que "se as crianças e os jovens forem educados segundo valores de respeito, diálogo e amizade, a vida do país vai melhorar."
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Sínodo da família, dia 6: pastoral da misericórdia para as famílias machucadas
Fazer opções pastorais valentes: os 180 cardeais, bispos, auditores e especialistas do sínodo extraordinário sobre a família estão de acordo com este ponto. E a "relatio post disceptationem", lida nesta segunda-feira pelo cardeal Peter Erdö, relator geral, reafirma a fidelidade da Igreja ao evangelho, mas sem que falte uma atenção particular às fragilidades familiares.
Ao chegar a esta fase, o sínodo se concentra na misericórdia e na urgência atual de novos caminhos pastorais, porque as dificuldades das famílias "têm sido mais 'sofridas' do que escolhidas em plena liberdade".
O debate ainda está em processo: a relatio é uma síntese das discussões das congregações gerais na primeira semana do encontro. O cardeal Erdö deu a entender que, para as decisões mais concretas, é necessário esperar até o dia 19 de outubro, depois das discussões dos “circuli minores”, ou círculos menores, que começaram na sexta-feira à tarde e continuarão durante toda esta semana. Portanto, não se pode esperar um retumbante "sim" ou "não" à possibilidade de acesso aos sacramentos para pessoas em situações anômalas, como a dos divorciados recasados.
“Não é sábio pensar em soluções únicas ou inspiradas na lógica do tudo ou nada”, disse Erdö. Sobre este assunto, existem duas linhas: “Alguns argumentaram a favor da disciplina atual, em virtude do seu fundamento teológico; outros se expressaram em prol de uma abertura maior às condições particulares, às situações que não podem ser desfeitas sem que se determinem novas injustiças e sofrimentos”.
A “novidade” é uma proposta, feita por alguns, de que "o eventual acesso aos sacramentos seja precedido de um caminho penitencial, sob a responsabilidade do bispo diocesano, e com um compromisso claro em favor dos filhos". Para Erdö, seria uma possibilidade não generalizada, fruto de um discernimento caso a caso, feito gradualmente, distinguindo-se entre o estado de pecado, o estado de graça e as circunstâncias atenuantes.
Os critérios dos padres sinodais para trabalhar estas questões delicadas são três: escuta, olhar fixo em Cristo e discernimento "à luz do Senhor Jesus". A Igreja, "casa paterna" e "tocha em meio às pessoas", tem o trabalho de acompanhar com paciência, delicadeza, atenção e cuidado os seus filhos mais frágeis, "marcados pelo amor ferido e perdido".
Reconhece-se assim a necessidade de "uma palavra de esperança e de sentido" para estas pessoas, acolhendo-as com a sua existência concreta, sabendo-se "sustentar a busca, alentar o desejo de Deus e a vontade de fazer parte da Igreja plenamente, inclusive por parte de quem experimentou o fracasso ou está nas situações mais desesperadas".
Nesta linha, pede-se um discernimento espiritual "sobre as convivências, os casamentos civis e os divorciados recasados", porque "compete à Igreja reconhecer estas ‘sementes do Verbo’ dispersas para além dos seus confins visíveis e sacramentais".
"A Igreja se volta com respeito àqueles que participam da sua vida de modo incompleto e imperfeito, apreciando mais os valores positivos que eles guardam do que os seus limites e faltas".
Além de "curar as feridas" dos divorciados recasados, a Igreja é chamada também a acolher as pessoas homossexuais que "têm dons e qualidades para oferecer à comunidade cristã". A questão homossexual "nos interpela a uma reflexão séria sobre como elaborar caminhos realistas de crescimento afetivo e de maturidade humana e evangélica, integrando a dimensão sexual". Não fica nenhuma dúvida no ar quanto ao fato de que "as uniões entre pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparadas ao matrimônio entre um homem e uma mulher". Também "não é aceitável que se queiram exercer pressões sobre a atitude dos pastores ou que organismos internacionais condicionem ajudas financeiras à adoção de normas inspiradas pela ideologia de gênero". A Igreja, afirma a relatio, presta atenção especial às crianças que vivem com casais do mesmo sexo, reiterando que, em primeiro lugar, devem estar sempre as exigências e os direitos dos pequenos.
E pensando sempre nos pequenos, os padres sinodais invocam no documento o "respeito e amor" por cada família ferida, em especial por quem sofreu injustamente o abandono do cônjuge, evitando "atitudes discriminatórias" para com as crianças. "É indispensável encarar de maneira leal e construtiva as consequências da separação e do divórcio; os filhos não podem se tornar 'objetos' de briga; devem-se buscar as melhores formas para que eles possam superar o trauma da divisão familiar e crescer do modo mais sereno possível".
Os participantes do sínodo enfatizam a necessidade de uma "preparação adequada para o matrimônio cristão", que não é só "uma tradição cultural ou uma exigência social", mas "uma decisão vocacional". Não deve haver uma "complicação" dos ciclos de formação, mas um "aprofundamento", indo-se além de orientações gerais. Neste sentido, deve-se renovar também "a formação dos presbíteros" através de um envolvimento maior das famílias, "privilegiando o seu testemunho". Do mesmo modo, os casais devem ser acompanhados mesmo depois da celebração do matrimônio: um período "vital e delicado", cheio de alegrias, mas também de desafios que a Igreja deve ajudar os cônjuges a enfrentar.
Abordou-se também a simplificação dos procedimentos de reconhecimento da nulidade matrimonial. Entre as propostas, foram apontadas a superação da necessidade da dupla sentença de conformidade, a possibilidade de se determinar uma via administrativa sob a responsabilidade do bispo diocesano e um processo sumário a se realizar nos casos de nulidade notória. Também foi proposta a possibilidade de se dar relevância à fé dos noivos na avaliação da validade ou não do sacramento do matrimônio. Deve-se destacar que, em todos os casos, a questão é estabelecer a verdade sobre a validade do vínculo. Também se pede o aumento da responsabilidade do bispo diocesano, que, na sua diocese, poderia nomear um sacerdote devidamente preparado para aconselhar gratuitamente as partes sobre a validade do matrimônio.
Quanto aos leigos, o sínodo incentiva o seu compromisso no âmbito cultural e sócio-político para que fatores externos não obstaculizem a "autêntica vida familiar, determinando discriminações, pobreza, exclusões e violência". Não por acaso, o tema escolhido pelo papa para o próximo sínodo ordinário, de 4 a 25 de outubro de 2015, é "a vocação e a missão da família na Igreja no mundo contemporâneo". O tema foi anunciado nesta segunda-feira pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do sínodo, na abertura dos trabalhos e em presença do papa Francisco.
Fonte: Zenit.
Ao chegar a esta fase, o sínodo se concentra na misericórdia e na urgência atual de novos caminhos pastorais, porque as dificuldades das famílias "têm sido mais 'sofridas' do que escolhidas em plena liberdade".
O debate ainda está em processo: a relatio é uma síntese das discussões das congregações gerais na primeira semana do encontro. O cardeal Erdö deu a entender que, para as decisões mais concretas, é necessário esperar até o dia 19 de outubro, depois das discussões dos “circuli minores”, ou círculos menores, que começaram na sexta-feira à tarde e continuarão durante toda esta semana. Portanto, não se pode esperar um retumbante "sim" ou "não" à possibilidade de acesso aos sacramentos para pessoas em situações anômalas, como a dos divorciados recasados.
“Não é sábio pensar em soluções únicas ou inspiradas na lógica do tudo ou nada”, disse Erdö. Sobre este assunto, existem duas linhas: “Alguns argumentaram a favor da disciplina atual, em virtude do seu fundamento teológico; outros se expressaram em prol de uma abertura maior às condições particulares, às situações que não podem ser desfeitas sem que se determinem novas injustiças e sofrimentos”.
A “novidade” é uma proposta, feita por alguns, de que "o eventual acesso aos sacramentos seja precedido de um caminho penitencial, sob a responsabilidade do bispo diocesano, e com um compromisso claro em favor dos filhos". Para Erdö, seria uma possibilidade não generalizada, fruto de um discernimento caso a caso, feito gradualmente, distinguindo-se entre o estado de pecado, o estado de graça e as circunstâncias atenuantes.
Os critérios dos padres sinodais para trabalhar estas questões delicadas são três: escuta, olhar fixo em Cristo e discernimento "à luz do Senhor Jesus". A Igreja, "casa paterna" e "tocha em meio às pessoas", tem o trabalho de acompanhar com paciência, delicadeza, atenção e cuidado os seus filhos mais frágeis, "marcados pelo amor ferido e perdido".
Reconhece-se assim a necessidade de "uma palavra de esperança e de sentido" para estas pessoas, acolhendo-as com a sua existência concreta, sabendo-se "sustentar a busca, alentar o desejo de Deus e a vontade de fazer parte da Igreja plenamente, inclusive por parte de quem experimentou o fracasso ou está nas situações mais desesperadas".
Nesta linha, pede-se um discernimento espiritual "sobre as convivências, os casamentos civis e os divorciados recasados", porque "compete à Igreja reconhecer estas ‘sementes do Verbo’ dispersas para além dos seus confins visíveis e sacramentais".
"A Igreja se volta com respeito àqueles que participam da sua vida de modo incompleto e imperfeito, apreciando mais os valores positivos que eles guardam do que os seus limites e faltas".
Além de "curar as feridas" dos divorciados recasados, a Igreja é chamada também a acolher as pessoas homossexuais que "têm dons e qualidades para oferecer à comunidade cristã". A questão homossexual "nos interpela a uma reflexão séria sobre como elaborar caminhos realistas de crescimento afetivo e de maturidade humana e evangélica, integrando a dimensão sexual". Não fica nenhuma dúvida no ar quanto ao fato de que "as uniões entre pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparadas ao matrimônio entre um homem e uma mulher". Também "não é aceitável que se queiram exercer pressões sobre a atitude dos pastores ou que organismos internacionais condicionem ajudas financeiras à adoção de normas inspiradas pela ideologia de gênero". A Igreja, afirma a relatio, presta atenção especial às crianças que vivem com casais do mesmo sexo, reiterando que, em primeiro lugar, devem estar sempre as exigências e os direitos dos pequenos.
E pensando sempre nos pequenos, os padres sinodais invocam no documento o "respeito e amor" por cada família ferida, em especial por quem sofreu injustamente o abandono do cônjuge, evitando "atitudes discriminatórias" para com as crianças. "É indispensável encarar de maneira leal e construtiva as consequências da separação e do divórcio; os filhos não podem se tornar 'objetos' de briga; devem-se buscar as melhores formas para que eles possam superar o trauma da divisão familiar e crescer do modo mais sereno possível".
Os participantes do sínodo enfatizam a necessidade de uma "preparação adequada para o matrimônio cristão", que não é só "uma tradição cultural ou uma exigência social", mas "uma decisão vocacional". Não deve haver uma "complicação" dos ciclos de formação, mas um "aprofundamento", indo-se além de orientações gerais. Neste sentido, deve-se renovar também "a formação dos presbíteros" através de um envolvimento maior das famílias, "privilegiando o seu testemunho". Do mesmo modo, os casais devem ser acompanhados mesmo depois da celebração do matrimônio: um período "vital e delicado", cheio de alegrias, mas também de desafios que a Igreja deve ajudar os cônjuges a enfrentar.
Abordou-se também a simplificação dos procedimentos de reconhecimento da nulidade matrimonial. Entre as propostas, foram apontadas a superação da necessidade da dupla sentença de conformidade, a possibilidade de se determinar uma via administrativa sob a responsabilidade do bispo diocesano e um processo sumário a se realizar nos casos de nulidade notória. Também foi proposta a possibilidade de se dar relevância à fé dos noivos na avaliação da validade ou não do sacramento do matrimônio. Deve-se destacar que, em todos os casos, a questão é estabelecer a verdade sobre a validade do vínculo. Também se pede o aumento da responsabilidade do bispo diocesano, que, na sua diocese, poderia nomear um sacerdote devidamente preparado para aconselhar gratuitamente as partes sobre a validade do matrimônio.
Quanto aos leigos, o sínodo incentiva o seu compromisso no âmbito cultural e sócio-político para que fatores externos não obstaculizem a "autêntica vida familiar, determinando discriminações, pobreza, exclusões e violência". Não por acaso, o tema escolhido pelo papa para o próximo sínodo ordinário, de 4 a 25 de outubro de 2015, é "a vocação e a missão da família na Igreja no mundo contemporâneo". O tema foi anunciado nesta segunda-feira pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do sínodo, na abertura dos trabalhos e em presença do papa Francisco.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
Delegados de diversas confissões cristãs participam do sínodo
A décima congregação geral do sínodo sobre a família contou com a participação de sete “delegados fraternos”, representantes de diversas confissões cristãs não católicas romanas. O pronunciamento do oitavo delegado, o metropolita Hilarion, presidente do Departamento para as Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou, acontecerá nos próximos dias.
Em seus discursos, os delegados fraternos expressaram ao Santo Padre e aos padres sinodais a gratidão pelo convite a participar da assembleia. Em seguida, cada um apresentou a situação da família no âmbito da própria confissão cristã.
No conjunto, foram destacados os desafios e as esperanças do núcleo familiar que são comuns a todos os cristãos: a família é essencial para a sociedade e é a base fundamental da comunhão na justiça. As dificuldades, entretanto, também não faltam em todos os contextos, com maior ou menor intensidade conforme cada caso: crise econômica, meios de comunicação reduzindo os momentos de diálogo doméstico, modelos que induzem ao adultério, guerras, migrações, globalização, drama de doenças como aids e ebola, fundamentalismo islâmico especificamente em alguns países. Todos esses desafios põem continuamente em risco o bem da família.
Observou-se ainda que, entre os cristãos, é comum a necessidade de uma preparação adequada para o matrimônio e de uma reflexão adequada sobre o casamento entre crentes e não crentes.
Quanto aos divorciados recasados, afirmou-se que o seu acolhimento adequado por parte da Igreja pode trazer novas esperanças e mais inspiração para a vida familiar como base da sociedade. É essencial, portanto, escutar aqueles que se encontram em situações familiares difíceis, em cujas situações são necessárias a misericórdia e a compaixão, dado que as Igrejas sempre querem ser de ajuda para os que sofrem, aplicando a Sagrada Escritura aos problemas da contemporaneidade.
Manifestou-se também a vontade de ouvir e compreender, sem qualquer tipo de condenação, as pessoas homossexuais, mesmo reafirmando-se que o matrimônio consiste na união entre um homem e uma mulher. Dedicou-se atenção particular às crianças nascidas em contextos difíceis e às vítimas da violência, em especial as mulheres e os menores.
Outro tema central nos discursos dos delegados fraternos foi o anúncio do evangelho: a família é a primeira escola da fé, o lugar onde se aprende a conhecer e a difundir a Boa Notícia. Portanto, é essencial que os cristãos compartilhem a "alegria do evangelho", o “evangelii gaudium” ressaltado pelo papa Francisco.
Houve algumas diferenças de postura, por exemplo, quanto às políticas de controle dos nascimentos, destacando-se a liberdade de consciência dos crentes, sempre no respeito do amor e do matrimônio.
Os delegados fraternos das Igrejas presentes no Oriente Médio fizeram um agradecimento ao Santo Padre pela vigília de oração pela paz na Síria e no resto do mundo, celebrada em 7 de setembro de 2013. Neste contexto, reiterou-se a responsabilidade das famílias cristãs para com a evangelização nos ambientes de maioria islâmica.
Todas as intervenções se encerraram com o desejo de que o sínodo extraordinário sobre a família tenha êxito, inclusive em vista da assembleia ordinária programada para 2015.
Fonte: Zenit.
Em seus discursos, os delegados fraternos expressaram ao Santo Padre e aos padres sinodais a gratidão pelo convite a participar da assembleia. Em seguida, cada um apresentou a situação da família no âmbito da própria confissão cristã.
No conjunto, foram destacados os desafios e as esperanças do núcleo familiar que são comuns a todos os cristãos: a família é essencial para a sociedade e é a base fundamental da comunhão na justiça. As dificuldades, entretanto, também não faltam em todos os contextos, com maior ou menor intensidade conforme cada caso: crise econômica, meios de comunicação reduzindo os momentos de diálogo doméstico, modelos que induzem ao adultério, guerras, migrações, globalização, drama de doenças como aids e ebola, fundamentalismo islâmico especificamente em alguns países. Todos esses desafios põem continuamente em risco o bem da família.
Observou-se ainda que, entre os cristãos, é comum a necessidade de uma preparação adequada para o matrimônio e de uma reflexão adequada sobre o casamento entre crentes e não crentes.
Quanto aos divorciados recasados, afirmou-se que o seu acolhimento adequado por parte da Igreja pode trazer novas esperanças e mais inspiração para a vida familiar como base da sociedade. É essencial, portanto, escutar aqueles que se encontram em situações familiares difíceis, em cujas situações são necessárias a misericórdia e a compaixão, dado que as Igrejas sempre querem ser de ajuda para os que sofrem, aplicando a Sagrada Escritura aos problemas da contemporaneidade.
Manifestou-se também a vontade de ouvir e compreender, sem qualquer tipo de condenação, as pessoas homossexuais, mesmo reafirmando-se que o matrimônio consiste na união entre um homem e uma mulher. Dedicou-se atenção particular às crianças nascidas em contextos difíceis e às vítimas da violência, em especial as mulheres e os menores.
Outro tema central nos discursos dos delegados fraternos foi o anúncio do evangelho: a família é a primeira escola da fé, o lugar onde se aprende a conhecer e a difundir a Boa Notícia. Portanto, é essencial que os cristãos compartilhem a "alegria do evangelho", o “evangelii gaudium” ressaltado pelo papa Francisco.
Houve algumas diferenças de postura, por exemplo, quanto às políticas de controle dos nascimentos, destacando-se a liberdade de consciência dos crentes, sempre no respeito do amor e do matrimônio.
Os delegados fraternos das Igrejas presentes no Oriente Médio fizeram um agradecimento ao Santo Padre pela vigília de oração pela paz na Síria e no resto do mundo, celebrada em 7 de setembro de 2013. Neste contexto, reiterou-se a responsabilidade das famílias cristãs para com a evangelização nos ambientes de maioria islâmica.
Todas as intervenções se encerraram com o desejo de que o sínodo extraordinário sobre a família tenha êxito, inclusive em vista da assembleia ordinária programada para 2015.
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
A bondade de Deus não tem confins, não discrimina ninguém
Após a celebração da Eucaristia na Basílica de São Pedro em ação de graças pela canonização dos dois evangelizadores do Canadá, o Santo Padre apareceu à janela do Palácio Apóstólico para a oração mariana do Angelus. Eis o texto na íntegra:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia
No Evangelho deste domingo, Jesus nos fala sobre a resposta que é dada ao convite de Deus - representado por um rei - para participar de um banquete de núpcias (cf. Mt 22,1-14). O convite tem três características: a gratuidade, a extensão e a universalidade. Os convidados são muitos, mas algo surpreendente acontece: nenhum dos escolhidos concorda em participar da festa, dizem que têm mais o que fazer; na verdade, alguns demonstram indiferença, estranheza, até mesmo incomodo . Deus é bom para conosco, nos oferece gratuitamente sua amizade, nos oferece gratuitamente a sua alegria, a salvação, mas muitas vezes não acolhemos seus dons, colocamos nossas preocupações materiais em primeiro plano, os nossos interesses e também quando o Senhor nos chama, muitas vezes, parece nos incomodar.
Alguns convidados até maltratam e matam os servos que foram mandados para fazer convite. Mas, apesar da falta de adesão dos que foram convidados, o plano de Deus não é interrompido. Diante da recusa dos primeiros convidados, Ele não desanima, não suspende a festa, mas propõe novamente o convite estendendo-o indistintamente e envia seus servos para as praças e esquinas para reunir todos aqueles que encontram. São pessoas comuns, pobres, abandonados e carentes, bons e maus- mesmo os maus são convidados - sem distinção. E a sala se enche de "excluídos". O Evangelho rejeitado por alguns é inesperadamente acolhido em tantos outros corações.
A bondade de Deus não tem confins, não discrimina ninguém: por isso o banquete dos dons do Senhor são universais, são para todos. A todos é dado a possibilidade de responder ao seu convite, ao seu chamado; ninguém tem o direito de se sentir-se privilegiado ou pedir exclusividade. Tudo isso nos leva a superar o hábito de nos posicionar confortavelmente ao centro, como faziam os chefes dos sacerdotes e os fariseus. Isso não deve ser feito; devemos nos abrir às periferias, reconhecendo que mesmo aqueles que estão às margens, aqueles desprezados e rejeitados pela sociedade são objetos da generosidade de Deus. Todos nós somos chamados a não reduzir o Reino de Deus aos confins da "igrejinhas" – a nossa "igrejinha pequenina"- mas dilatar a Igreja à dimensão do reino de Deus. Mas há uma condição: vestir o habito nupcial, ou seja, testemunhar a caridade para com Deus e para com o próximo.
Confiemos à intercessão de Maria Santíssima os dramas e as esperanças de tantos irmãos e irmãs, excluídos, vulneráveis, fracos, rejeitados, desprezados, também aqueles que são perseguidos por causa da fé, e invoquemos a sua proteção para os trabalhos do Sínodo dos Bispos reunidos nestes dias no Vaticano.
Depois do Angelus
Queridos irmãos e irmãs,
esta manhã, em Sassari, foi proclamado Beato Padre Francis Zirano, da Ordem dos Frades Menores Conventuais: ele preferia ser morto do que negar a sua fé. Demos graças a Deus por este sacerdote e mártir, testemunha heróica do Evangelho. Sua fidelidade corajosa a Cristo é um ato de grande eloqüência, especialmente no atual contexto de perseguição contra os cristãos.
Neste momento, nossos pensamentos vão para a cidade de Gênova, mais uma vez duramente atingida por enchente. Garanto-vos a minha oração pelas vítimas e por aqueles que sofreram danos graves. Nossa Senhora da Guarda sustente o querido povo de Génova, nos esforços para superar a provação. Rezemos todos juntos a Nossa Senhora da Guarda: Ave Maria ... Nossa Senhora da Guarda proteja Genova!
Saúdo todos os peregrinos, especialmente as famílias e grupos paroquiais. Em particular, gostaria de saudar cordialmente o grupo de peregrinos canadenses que vieram a Roma para a Santa Missa de ação de graças pela canonização de François de Laval e Marie de l'Incarnation: dois santos que despertam nos corações dos jovens canadenses fervor apostólico.
Saúdo o grupo do office des persones handicapées, proveniente da França, as famílias do Colégio Reinado Corazón de Jesus, de Madrid, os fiéis de Segovia, os polacos aqui presentes e os que vieram promover obras de caridade por ocasião da “Jornada do Papa". Saúdo o grande grupo dos Amigos de São Colombano para a Europa, vindos por ocasião da abertura do XIV centenário da morte de São Colombano, grande evangelizador do continente europeu. Saúdo as Filhas de Maria Auxiliadora, participantes do Capítulo Geral, os fiéis da paróquia de Santa Maria Immacolata Carenno, e os representantes da diocese de Lodi reunidos em Roma para a ordenação episcopal do seu pastor, juntamente com os fiéis de Bergamo e Marne.
Desejo a todos um bom domingo. Por favor, peço que rezem por mim. Bom almoço e adeus!
Fonte: Zenit.
No Evangelho deste domingo, Jesus nos fala sobre a resposta que é dada ao convite de Deus - representado por um rei - para participar de um banquete de núpcias (cf. Mt 22,1-14). O convite tem três características: a gratuidade, a extensão e a universalidade. Os convidados são muitos, mas algo surpreendente acontece: nenhum dos escolhidos concorda em participar da festa, dizem que têm mais o que fazer; na verdade, alguns demonstram indiferença, estranheza, até mesmo incomodo . Deus é bom para conosco, nos oferece gratuitamente sua amizade, nos oferece gratuitamente a sua alegria, a salvação, mas muitas vezes não acolhemos seus dons, colocamos nossas preocupações materiais em primeiro plano, os nossos interesses e também quando o Senhor nos chama, muitas vezes, parece nos incomodar.
Alguns convidados até maltratam e matam os servos que foram mandados para fazer convite. Mas, apesar da falta de adesão dos que foram convidados, o plano de Deus não é interrompido. Diante da recusa dos primeiros convidados, Ele não desanima, não suspende a festa, mas propõe novamente o convite estendendo-o indistintamente e envia seus servos para as praças e esquinas para reunir todos aqueles que encontram. São pessoas comuns, pobres, abandonados e carentes, bons e maus- mesmo os maus são convidados - sem distinção. E a sala se enche de "excluídos". O Evangelho rejeitado por alguns é inesperadamente acolhido em tantos outros corações.
A bondade de Deus não tem confins, não discrimina ninguém: por isso o banquete dos dons do Senhor são universais, são para todos. A todos é dado a possibilidade de responder ao seu convite, ao seu chamado; ninguém tem o direito de se sentir-se privilegiado ou pedir exclusividade. Tudo isso nos leva a superar o hábito de nos posicionar confortavelmente ao centro, como faziam os chefes dos sacerdotes e os fariseus. Isso não deve ser feito; devemos nos abrir às periferias, reconhecendo que mesmo aqueles que estão às margens, aqueles desprezados e rejeitados pela sociedade são objetos da generosidade de Deus. Todos nós somos chamados a não reduzir o Reino de Deus aos confins da "igrejinhas" – a nossa "igrejinha pequenina"- mas dilatar a Igreja à dimensão do reino de Deus. Mas há uma condição: vestir o habito nupcial, ou seja, testemunhar a caridade para com Deus e para com o próximo.
Confiemos à intercessão de Maria Santíssima os dramas e as esperanças de tantos irmãos e irmãs, excluídos, vulneráveis, fracos, rejeitados, desprezados, também aqueles que são perseguidos por causa da fé, e invoquemos a sua proteção para os trabalhos do Sínodo dos Bispos reunidos nestes dias no Vaticano.
Depois do Angelus
Queridos irmãos e irmãs,
esta manhã, em Sassari, foi proclamado Beato Padre Francis Zirano, da Ordem dos Frades Menores Conventuais: ele preferia ser morto do que negar a sua fé. Demos graças a Deus por este sacerdote e mártir, testemunha heróica do Evangelho. Sua fidelidade corajosa a Cristo é um ato de grande eloqüência, especialmente no atual contexto de perseguição contra os cristãos.
Neste momento, nossos pensamentos vão para a cidade de Gênova, mais uma vez duramente atingida por enchente. Garanto-vos a minha oração pelas vítimas e por aqueles que sofreram danos graves. Nossa Senhora da Guarda sustente o querido povo de Génova, nos esforços para superar a provação. Rezemos todos juntos a Nossa Senhora da Guarda: Ave Maria ... Nossa Senhora da Guarda proteja Genova!
Saúdo todos os peregrinos, especialmente as famílias e grupos paroquiais. Em particular, gostaria de saudar cordialmente o grupo de peregrinos canadenses que vieram a Roma para a Santa Missa de ação de graças pela canonização de François de Laval e Marie de l'Incarnation: dois santos que despertam nos corações dos jovens canadenses fervor apostólico.
Saúdo o grupo do office des persones handicapées, proveniente da França, as famílias do Colégio Reinado Corazón de Jesus, de Madrid, os fiéis de Segovia, os polacos aqui presentes e os que vieram promover obras de caridade por ocasião da “Jornada do Papa". Saúdo o grande grupo dos Amigos de São Colombano para a Europa, vindos por ocasião da abertura do XIV centenário da morte de São Colombano, grande evangelizador do continente europeu. Saúdo as Filhas de Maria Auxiliadora, participantes do Capítulo Geral, os fiéis da paróquia de Santa Maria Immacolata Carenno, e os representantes da diocese de Lodi reunidos em Roma para a ordenação episcopal do seu pastor, juntamente com os fiéis de Bergamo e Marne.
Desejo a todos um bom domingo. Por favor, peço que rezem por mim. Bom almoço e adeus!
Fonte: Zenit.
domingo, 12 de outubro de 2014
O desafio que o islã precisa encarar
A estudiosa muçulmana Nayla Tabbara é especialista em Ciências da Religião pela Escola Prática de Altos Estudos de Paris, professora de Estudos Islâmicos na Universidade Saint-Joseph, de Beirute, e diretora do Departamento de Estudos Interculturais da Fundação Adyan, do Líbano.
Em entrevista ao jornal francês La Croix, feita por Anne-Bénédicte Hoffner, publicada em 6 de outubro e retomada pelo diário vaticano L'Osservatore Romano de hoje, ela destaca que não basta a simples condenação das atrocidades do Estado Islâmico no Oriente Médio: é necessária, por parte dos muçulmanos, a reinterpretação dos textos corânicos em conformidade com os valores humanos e fundamentais.
Pergunta: Alguns muçulmanos afirmam que o Estado Islâmico não faz parte do islã e, portanto, não se sentem envolvidos neste assunto. O que você pensa?
Nayla Tabbara: É verdade que o jihadismo cria uma verdadeira ruptura com a cultura e com a tradição muçulmana; essas pessoas não sabem nada do imenso trabalho feito pelos nossos estudiosos durante séculos. Mas só afirmar que isso “não é em meu nome”, como virou lema de alguns jovens britânicos, e dizer que as milícias do Estado Islâmico não estão agindo em nome da grande maioria dos muçulmanos, não é suficiente. Neste momento caótico e de tanto horror, é hora de reinterpretar os textos corânicos ou da tradição do Profeta, para não serem entendidos de maneira ambígua. É hora de promover um consenso sobre uma interpretação que esteja de acordo com os valores humanos fundamentais.
Pergunta: A carta aberta de cento e vinte eruditos muçulmanos de todo o mundo, que rejeitam as teses do Estado Islâmico, não é um primeiro passo neste sentido?
Nayla Tabbara: Esta carta mostra os evidentes desvios a respeito da tradição muçulmana. A nossa temática não tem que nos levar muito para fora, para o ocidente, visando nos absolver, mas sim para o interno, para os jovens muçulmanos de todo o mundo, para os nossos filhos, a fim de esclarecer as nossas posições. As autoridades religiosas muçulmanas no mundo inteiro têm que entrar em acordo para condenar o Estado Islâmico e produzir interpretações claras sobre a jihad, sobre o califado. Porque não basta falar; também é preciso se distinguir com atos de solidariedade. É impensável que o dinheiro dos países do Golfo não seja usado para ajudar todos aqueles refugiados.
Pergunta: Qual poderia ser a base desse trabalho?
Nayla Tabbara: Na Fundação Adyan, criada com o padre Fadi Daou e com outros libaneses cristãos e muçulmanos, nós realizamos um trabalho teológico sobre o lugar do outro no islã e no cristianismo. Em meu caso, eu retomei o estudo dos versos do alcorão sobre os “povos do livro", colocando-os na ordem cronológica da sua revelação. Três fases se distinguem. Depois da do meio, caracterizada por tensões e lutas, quando o profeta Maomé viveu em Medina, eu individuei uma frase no contexto seguinte ao retorno do profeta a Meca. Ela não é suficientemente valorizada e se distingue por um chamamento a aceitar a diversidade como uma riqueza querida por Deus, um chamado ao reconhecimento mútuo e à reconciliação. O convite final do alcorão é fazermos o bem juntos.
Pergunta: Qual é o eco deste trabalho?
Nayla Tabbara: A Fundação está muito empenhada na educação. Nós estamos trabalhando com o Ministério de Educação do Líbano em uma revisão dos programas de educação da escola, que vai da educação cívica (ensinada em todos os níveis) até a filosofia e a civilização (nos dois últimos anos do ensino médio). Assim, nós formamos jovens e educadores para uma cidadania intercultural.
Fonte: Zenit.
Em entrevista ao jornal francês La Croix, feita por Anne-Bénédicte Hoffner, publicada em 6 de outubro e retomada pelo diário vaticano L'Osservatore Romano de hoje, ela destaca que não basta a simples condenação das atrocidades do Estado Islâmico no Oriente Médio: é necessária, por parte dos muçulmanos, a reinterpretação dos textos corânicos em conformidade com os valores humanos e fundamentais.
Pergunta: Alguns muçulmanos afirmam que o Estado Islâmico não faz parte do islã e, portanto, não se sentem envolvidos neste assunto. O que você pensa?
Nayla Tabbara: É verdade que o jihadismo cria uma verdadeira ruptura com a cultura e com a tradição muçulmana; essas pessoas não sabem nada do imenso trabalho feito pelos nossos estudiosos durante séculos. Mas só afirmar que isso “não é em meu nome”, como virou lema de alguns jovens britânicos, e dizer que as milícias do Estado Islâmico não estão agindo em nome da grande maioria dos muçulmanos, não é suficiente. Neste momento caótico e de tanto horror, é hora de reinterpretar os textos corânicos ou da tradição do Profeta, para não serem entendidos de maneira ambígua. É hora de promover um consenso sobre uma interpretação que esteja de acordo com os valores humanos fundamentais.
Pergunta: A carta aberta de cento e vinte eruditos muçulmanos de todo o mundo, que rejeitam as teses do Estado Islâmico, não é um primeiro passo neste sentido?
Nayla Tabbara: Esta carta mostra os evidentes desvios a respeito da tradição muçulmana. A nossa temática não tem que nos levar muito para fora, para o ocidente, visando nos absolver, mas sim para o interno, para os jovens muçulmanos de todo o mundo, para os nossos filhos, a fim de esclarecer as nossas posições. As autoridades religiosas muçulmanas no mundo inteiro têm que entrar em acordo para condenar o Estado Islâmico e produzir interpretações claras sobre a jihad, sobre o califado. Porque não basta falar; também é preciso se distinguir com atos de solidariedade. É impensável que o dinheiro dos países do Golfo não seja usado para ajudar todos aqueles refugiados.
Pergunta: Qual poderia ser a base desse trabalho?
Nayla Tabbara: Na Fundação Adyan, criada com o padre Fadi Daou e com outros libaneses cristãos e muçulmanos, nós realizamos um trabalho teológico sobre o lugar do outro no islã e no cristianismo. Em meu caso, eu retomei o estudo dos versos do alcorão sobre os “povos do livro", colocando-os na ordem cronológica da sua revelação. Três fases se distinguem. Depois da do meio, caracterizada por tensões e lutas, quando o profeta Maomé viveu em Medina, eu individuei uma frase no contexto seguinte ao retorno do profeta a Meca. Ela não é suficientemente valorizada e se distingue por um chamamento a aceitar a diversidade como uma riqueza querida por Deus, um chamado ao reconhecimento mútuo e à reconciliação. O convite final do alcorão é fazermos o bem juntos.
Pergunta: Qual é o eco deste trabalho?
Nayla Tabbara: A Fundação está muito empenhada na educação. Nós estamos trabalhando com o Ministério de Educação do Líbano em uma revisão dos programas de educação da escola, que vai da educação cívica (ensinada em todos os níveis) até a filosofia e a civilização (nos dois últimos anos do ensino médio). Assim, nós formamos jovens e educadores para uma cidadania intercultural.
Fonte: Zenit.
sábado, 11 de outubro de 2014
"Cristo é nossa paz é o lema da Campanha para a Evangelização 2014
"Cristo é nossa paz” é o lema da Campanha para a Evangelização 2014, que completa 16 anos a serviço das atividades pastorais da Igreja. Este ano, a mobilização nacional buscará promover iniciativas que visem superar a violência e edificar a paz, além de articular gestos concretos na sociedade por meio das ações evangelizadoras da Igreja.
O lema escolhido também é apropriado para o tempo litúrgico do Advento. Neste período de preparação ao Natal, entre pessoas, famílias e na sociedade em geral, existe um clima de confraternização na busca pela paz. O material da Campanha está disponível no site da CNBB.
Criada em 1998 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a iniciativa busca mobilizar os católicos a assumir a responsabilidade de participar na sustentação das atividades pastorais da Igreja.
A Campanha para a Evangelização (CE) tem o slogan “Evangeli.Já”, que faz referência à palavra evangelizar e mostra a urgência da evangelização e da cooperação de todos. O ponto alto da Campanha será a coleta realizada nas missas e celebrações do domingo, 14 de dezembro.
A distribuição dos recursos é feita da seguinte forma: 45% permanecem na própria diocese; 20% são encaminhados para os regionais da CNBB; e os demais 35% para a CNBB Nacional. As doações, em caráter individual, também podem ser feitas pelo site: www.evangelija.com.
Fonte: Zenit.
O lema escolhido também é apropriado para o tempo litúrgico do Advento. Neste período de preparação ao Natal, entre pessoas, famílias e na sociedade em geral, existe um clima de confraternização na busca pela paz. O material da Campanha está disponível no site da CNBB.
Criada em 1998 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a iniciativa busca mobilizar os católicos a assumir a responsabilidade de participar na sustentação das atividades pastorais da Igreja.
A Campanha para a Evangelização (CE) tem o slogan “Evangeli.Já”, que faz referência à palavra evangelizar e mostra a urgência da evangelização e da cooperação de todos. O ponto alto da Campanha será a coleta realizada nas missas e celebrações do domingo, 14 de dezembro.
A distribuição dos recursos é feita da seguinte forma: 45% permanecem na própria diocese; 20% são encaminhados para os regionais da CNBB; e os demais 35% para a CNBB Nacional. As doações, em caráter individual, também podem ser feitas pelo site: www.evangelija.com.
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Misericórdia para com os pobres, contra a "cultura do descarte"
"A imagem de Deus" se reflete no olhar sofrido dos marginalizados e excluídos, por isso "nós somos chamados a ir para as ruas", àqueles que necessitam de assistência. Assim, o Papa Francisco falou, através de uma mensagem de vídeo em espanhol, aos participantes do encontro anual da Catholic Charities USA, fundação católica comprometida na luta contra a pobreza nos Estados Unidos. Setting the Pace: Changing the Course é o título do encontro, que foi realizado em Charlotte de 05 a 07 de outubro.
A tarefa do cristão - disse o Papa - é agir como o Bom Samaritano e o dono do albergue, duas figuras que aparecem no Evangelho de São Lucas como exemplos de compaixão. Uma tarefa que para ser implementada, exige uma boa dose de determinação, em oposição à cultura dominante que Francisco volta a chamar - citando a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – de “descarte".
"Demos início a cultura do descarte que, por vezes, é promovida", disse o Bispo de Roma. Segundo o Papa, "os excluídos não são explorados, mas descartados". Deve-se salientar que “ninguém deve ser descartado, ninguém deve ser excluído do amor de Deus e da nossa atenção".
Dirigindo-se aos membros da Catholic Charities, o Santo Padre disse: "Vocês são as mesmas mãos de Jesus no mundo. Seu testemunho ajuda a mudar o curso da vida de muitas pessoas, famílias e comunidades. Seu testemunho ajuda a mudar os corações". Uma parte do discurso do Papa foi reservado a visita feita por seu predecessor João Paulo II em 1987, durante a reunião anual realizada em San Antonio, Texas. Ocasião em que o Papa canonizado em abril exortou a fundação a “unir, transformar e servir" os necessitados com "ações diretas para aliviar suas ansiedades, para remover suas cargas, e, ao mesmo tempo, contribuir para conduzi-los à dignidade da auto-suficiência, da auto-gestão”.
"Servir os pobres - acrescentou o papa Francisco - também significa defendê-los e tentar reformar as estruturas que causam ou perpetuam a opressão”. O Santo Padre, em seguida, chamou a Catholica Charities de "motor da Igreja que organiza o amor", bem como "o sal, o fermento e a luz que dá um sinal de esperança para os necessitados". "Vocês - continuou ele - com o testemunho do encontro com o Senhor, que nos dá uma vida de abundância e alegria, ajudam a mudar o curso das comunidades locais, das cidades, do país e do mundo. A alegria de servir, de promover o bem de todos, segue o chamado da Igreja primitiva que queria dar resposta a todas as necessidades".
Além disso, o coração da mensagem cristã é a misericórdia para com os pobres, aqueles que – concluiu Francisco - "nos precederão no Reino dos céus, abrirão as portas para nós. Somos chamados a ser Igreja, somos chamados a ser um povo de pobres e para os pobres".
Fonte: Zenit.
A tarefa do cristão - disse o Papa - é agir como o Bom Samaritano e o dono do albergue, duas figuras que aparecem no Evangelho de São Lucas como exemplos de compaixão. Uma tarefa que para ser implementada, exige uma boa dose de determinação, em oposição à cultura dominante que Francisco volta a chamar - citando a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – de “descarte".
"Demos início a cultura do descarte que, por vezes, é promovida", disse o Bispo de Roma. Segundo o Papa, "os excluídos não são explorados, mas descartados". Deve-se salientar que “ninguém deve ser descartado, ninguém deve ser excluído do amor de Deus e da nossa atenção".
Dirigindo-se aos membros da Catholic Charities, o Santo Padre disse: "Vocês são as mesmas mãos de Jesus no mundo. Seu testemunho ajuda a mudar o curso da vida de muitas pessoas, famílias e comunidades. Seu testemunho ajuda a mudar os corações". Uma parte do discurso do Papa foi reservado a visita feita por seu predecessor João Paulo II em 1987, durante a reunião anual realizada em San Antonio, Texas. Ocasião em que o Papa canonizado em abril exortou a fundação a “unir, transformar e servir" os necessitados com "ações diretas para aliviar suas ansiedades, para remover suas cargas, e, ao mesmo tempo, contribuir para conduzi-los à dignidade da auto-suficiência, da auto-gestão”.
"Servir os pobres - acrescentou o papa Francisco - também significa defendê-los e tentar reformar as estruturas que causam ou perpetuam a opressão”. O Santo Padre, em seguida, chamou a Catholica Charities de "motor da Igreja que organiza o amor", bem como "o sal, o fermento e a luz que dá um sinal de esperança para os necessitados". "Vocês - continuou ele - com o testemunho do encontro com o Senhor, que nos dá uma vida de abundância e alegria, ajudam a mudar o curso das comunidades locais, das cidades, do país e do mundo. A alegria de servir, de promover o bem de todos, segue o chamado da Igreja primitiva que queria dar resposta a todas as necessidades".
Além disso, o coração da mensagem cristã é a misericórdia para com os pobres, aqueles que – concluiu Francisco - "nos precederão no Reino dos céus, abrirão as portas para nós. Somos chamados a ser Igreja, somos chamados a ser um povo de pobres e para os pobres".
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
O matrimônio cristão não pode ser light
O reitor da Universidade Católica Argentina (UCA), dom Víctor Fernandez, participou hoje da conferência sobre o sínodo realizada na Sala de Imprensa da Santa Sé. Os temas foram vários e, com base numa anterior explicação de Fernandez sobre a relação entre verdade e liberdade religiosa, expressada pelo Concílio Vaticano II, ZENIT lhe perguntou sobre a relação entre a doutrina e a pastoral da família.
Sobre a liberdade religiosa, dom Fernandez explicou que, “antes do concílio, dizia-se que era necessário defender a verdade” e que, se alguém praticava outra religião e não gostasse do que a Igreja dizia, “era problema dele, porque nós defendíamos a verdade”.
Mas “o concílio, com muita valentia, foi um pouco mais adiante. Ele disse que existe a verdade, mas que é necessário respeitar a liberdade religiosa. Quem segue em sua consciência outra religião tem que fazê-lo porque está convencido disso. E isso, para alguns, era impossível, não podia ser dito nunca. Mas o Concílio Vaticano II encontrou um caminho novo”, disse o reitor.
Na sala sinodal, “um bispo narrou este exemplo para falar de algo que tinha sido perguntado antes: poderia este sínodo, ou o sínodo do ano que vem, achar uma nova síntese para falar das situações particulares, como a dos divorciados que se casaram de novo, ou de outras tantas situações?”.
Diante desta pergunta, o reitor da UCA reiterou que “ninguém quer eliminar a indissolubilidade matrimonial. Isso não é possível. Ninguém quer fragilizar o vínculo. Todos queremos que os esposos sejam fiéis até a morte. Para nós é um ideal belíssimo. E a sociedade precisa muito desta mensagem, porque, sem isso, vamos acabar destruindo a nós mesmos. Isto é muito claro. E digamos que a maior parte dos padres sinodais insiste nisto: não debilitar a força e a beleza desta proposta cristã, que não pode se tornar 'light'”.
Entretanto, mesmo sem fragilizar este ideal, “outros bispos insistem no realismo compreensivo, que deve acompanhar o sofrimento dos outros mesmo que tenhamos de nos ‘sujar’ um pouco, porque o mestre Jesus ficava perto de todos, não se afastava de ninguém”.
“[Há] situações, como a poligamia, que nós não podemos aceitar nunca (...) Mas entendemos as situações particulares, em que um homem se converte e depois tem que optar por só uma das mulheres. E as outras? Têm que ir embora e morrer de fome? Neste ponto também a doutrina é claríssima e não pode mudar nunca, mas há uma situação particular: o que nós temos que fazer? Há um sofrimento, um problema, e é necessário pensar nele”.
Na abertura do sínodo sobre a família, recordou o reitor, “o papa pediu que todos falassem com clareza. Não é necessário esconder nada... Falar com clareza porque, se não, não vamos chegar nunca àquilo que nosso Senhor nos pede. Mas também escutar com muita humildade, porque todos têm algo para nos ensinar”.
Respondendo sobre a sua posição de “amigo pessoal do papa Bergoglio”, dom Fernandez esclareceu: “Dizer que somos ‘amigos’ é meio exagerado. Eu trabalhei com ele em várias ocasiões e nos entendemos muito bem, mas nada mais do que isso. No CELAM, eu fiquei muito admirado com o modo de trabalhar do então cardeal Bergoglio. Ele estava preocupado porque queria um ambiente de muita participação em Aparecida. Muitos diziam que a conferência anterior, em Santo Domingo, já trazia algumas diretrizes de cima e que não se podia falar muito. O que se desejava, naquela ocasião, era uma espécie de renascimento da Igreja na América Latina em sua liberdade de trabalho, de produção, etc. O então cardeal Bergoglio não queria que se partisse de um texto prévio, mas que todos falassem com absoluta liberdade nas comissões. E, pouco a pouco, foi havendo consenso. Os grupos e comissões discutiam com muita liberdade e foram surgindo os textos de cada uma das comissões”.
O arcebispo reconheceu que “houve muito pouco tempo para se fazer o documento de Aparecida, por isso ele é um documento muito heterogêneo. Literariamente, é preciso desculpá-lo em muitos defeitos. Mas a sua grandeza é o fato de que ele é o resultado de um debate real, de discussões reais, que coletaram os consensos conseguidos pouco a pouco”.
“É possível que o papa não esteja pensando muito se este sínodo não vai produzir nada de extraordinário ou algo que todo mundo aplauda, porque ele sempre pensa que o tempo é superior ao espaço. Que as coisas vão se gestando lentamente, que o que interessa é iniciar os processos, mais do que forçar decisões. E esses processos darão os seus frutos no momento adequado”.
Fonte: Zenit.
Sobre a liberdade religiosa, dom Fernandez explicou que, “antes do concílio, dizia-se que era necessário defender a verdade” e que, se alguém praticava outra religião e não gostasse do que a Igreja dizia, “era problema dele, porque nós defendíamos a verdade”.
Mas “o concílio, com muita valentia, foi um pouco mais adiante. Ele disse que existe a verdade, mas que é necessário respeitar a liberdade religiosa. Quem segue em sua consciência outra religião tem que fazê-lo porque está convencido disso. E isso, para alguns, era impossível, não podia ser dito nunca. Mas o Concílio Vaticano II encontrou um caminho novo”, disse o reitor.
Na sala sinodal, “um bispo narrou este exemplo para falar de algo que tinha sido perguntado antes: poderia este sínodo, ou o sínodo do ano que vem, achar uma nova síntese para falar das situações particulares, como a dos divorciados que se casaram de novo, ou de outras tantas situações?”.
Diante desta pergunta, o reitor da UCA reiterou que “ninguém quer eliminar a indissolubilidade matrimonial. Isso não é possível. Ninguém quer fragilizar o vínculo. Todos queremos que os esposos sejam fiéis até a morte. Para nós é um ideal belíssimo. E a sociedade precisa muito desta mensagem, porque, sem isso, vamos acabar destruindo a nós mesmos. Isto é muito claro. E digamos que a maior parte dos padres sinodais insiste nisto: não debilitar a força e a beleza desta proposta cristã, que não pode se tornar 'light'”.
Entretanto, mesmo sem fragilizar este ideal, “outros bispos insistem no realismo compreensivo, que deve acompanhar o sofrimento dos outros mesmo que tenhamos de nos ‘sujar’ um pouco, porque o mestre Jesus ficava perto de todos, não se afastava de ninguém”.
“[Há] situações, como a poligamia, que nós não podemos aceitar nunca (...) Mas entendemos as situações particulares, em que um homem se converte e depois tem que optar por só uma das mulheres. E as outras? Têm que ir embora e morrer de fome? Neste ponto também a doutrina é claríssima e não pode mudar nunca, mas há uma situação particular: o que nós temos que fazer? Há um sofrimento, um problema, e é necessário pensar nele”.
Na abertura do sínodo sobre a família, recordou o reitor, “o papa pediu que todos falassem com clareza. Não é necessário esconder nada... Falar com clareza porque, se não, não vamos chegar nunca àquilo que nosso Senhor nos pede. Mas também escutar com muita humildade, porque todos têm algo para nos ensinar”.
Respondendo sobre a sua posição de “amigo pessoal do papa Bergoglio”, dom Fernandez esclareceu: “Dizer que somos ‘amigos’ é meio exagerado. Eu trabalhei com ele em várias ocasiões e nos entendemos muito bem, mas nada mais do que isso. No CELAM, eu fiquei muito admirado com o modo de trabalhar do então cardeal Bergoglio. Ele estava preocupado porque queria um ambiente de muita participação em Aparecida. Muitos diziam que a conferência anterior, em Santo Domingo, já trazia algumas diretrizes de cima e que não se podia falar muito. O que se desejava, naquela ocasião, era uma espécie de renascimento da Igreja na América Latina em sua liberdade de trabalho, de produção, etc. O então cardeal Bergoglio não queria que se partisse de um texto prévio, mas que todos falassem com absoluta liberdade nas comissões. E, pouco a pouco, foi havendo consenso. Os grupos e comissões discutiam com muita liberdade e foram surgindo os textos de cada uma das comissões”.
O arcebispo reconheceu que “houve muito pouco tempo para se fazer o documento de Aparecida, por isso ele é um documento muito heterogêneo. Literariamente, é preciso desculpá-lo em muitos defeitos. Mas a sua grandeza é o fato de que ele é o resultado de um debate real, de discussões reais, que coletaram os consensos conseguidos pouco a pouco”.
“É possível que o papa não esteja pensando muito se este sínodo não vai produzir nada de extraordinário ou algo que todo mundo aplauda, porque ele sempre pensa que o tempo é superior ao espaço. Que as coisas vão se gestando lentamente, que o que interessa é iniciar os processos, mais do que forçar decisões. E esses processos darão os seus frutos no momento adequado”.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Sínodo: a voz dos esposos
Já houve espaço, neste sínodo dos bispos sobre a família que acontece no Vaticano até o dia 19, para escutar os casais convidados a dar seu testemunho sobre a vida familiar.
O primeiro casal falou na tarde da segunda-feira, dia inicial do sínodo: Ron e Mavis Pirola, australianos, que narraram o percurso dos seus 55 anos de matrimônio.
Em particular, os dois esposos se concentraram na "intimidade sexual", ponto de apoio da vida de casal entendida em sentido cristão. "Pouco a pouco, nós nos demos conta de que a única característica que distingue a nossa relação sacramental de qualquer outra boa relação centrada em Cristo é a intimidade sexual, e que o matrimônio é um sacramento que encontra a sua máxima expressão numa relação sexual", explicaram.
"Nós acreditamos que, enquanto os casais unidos em matrimônio não chegarem a respeitar a união sexual como parte essencial da sua espiritualidade, será extremamente difícil apreciar a beleza de ensinamentos como os da encíclica Humanae Vitae".
Segundo os dois cônjuges, "nós precisamos de novos modos e de novas linguagens facilmente reconhecíveis para tocar no coração das pessoas". Neste sentido, a "Igreja doméstica" tem muito a oferecer à Igreja universal nas modalidades de evangelização.
Eles citaram o caso de amigos seus que têm um filho homossexual. Eles "estavam organizando a reunião familiar de Natal quando o filho disse que gostaria de levar o seu companheiro. Eles acreditavam plenamente nos ensinamentos da Igreja e também eram conscientes de que os seus netos teriam gostado de ver aquele filho e seu companheiro sendo acolhidos na família. A resposta deles pode ser resumida em três palavras: 'É nosso filho'".
Segundo o casal, este é o "modelo de evangelização" que as paróquias deveriam aprender das igrejas domésticas que são as famílias. Outro caso mencionado pelo casal é o de uma amiga divorciada que “diz que, às vezes, não se sente plenamente acolhida na sua paróquia. Mesmo assim, ela vai à missa regularmente e sem se lamentar com seus filhos. Para o resto da paróquia, ela deveria ser um modelo de valentia e de compromisso no meio das adversidades”, observaram Ron e Mavis, destacando que, de pessoas como ela, "aprendemos a reconhecer que todos nós temos feridas internas na vida". Ser consciente das próprias feridas internas "ajuda enormemente a reduzir a tendência a julgar os outros, uma atitude que representa um poderoso obstáculo para a evangelização".
Na terça-feira de manhã, foi a vez de George e Cynthia Campos, casal de Manila, nas Filipinas. Ambos estão muito comprometidos na associação leiga "Casais para Cristo", reconhecida pelo Pontifício Conselho para os Leigos. George é o presidente do grupo, que tem como objetivo renovar e reforçar a vida e os valores da família cristã. O movimento está presente em todas as províncias e dioceses das Filipinas e já foi “exportado” para outros 163 países.
Pais de quatro filhos, casados há 27 anos, os Campos passaram a metade da vida "sendo uma catequese vivente da nossa visão de vida em família no Espírito Santo para renovar a face da terra".
Eles se conheceram no convento das Irmãs Rosas, uma congregação contemplativa onde Cynthia vivia uma experiência de noviciado e George era acólito. Os dois resolveram "servir ao Senhor juntos como casal", tornando-se "discípulos missionários em tempo integral", comprometidos com formações didáticas e encontros semanais de oração com outros casais em vários países, como Vietnã, Tailândia e Austrália. Os filhos seguem seu exemplo ocupando-se das atividades das crianças, dos jovens e dos solteiros do movimento "Casais para Cristo".
Os Campos falaram dos eventos dramáticos que marcaram seu matrimônio, superados graças a uma profunda fé em Deus. Em primeiro lugar, uma gravidez de risco de Cynthia: "Na quarta gravidez, eu tive diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. Disseram que a minha vida corria perigo se eu continuasse a gestação e que a criança tinha muitas probabilidades de nascer com alguma anomalia. Foi uma prova de fé e de confiança em Deus. Decidimos ter o bebê e respeitar a vontade do Senhor. Pela graça de Deus, sobrevivemos as duas, eu e a minha filha Christen, que nasceu sadia e cheia de vida".
Mais difícil, para os cônjuges, foi enfrentar o câncer de mama diagnosticado em Cynthia em 1998. Os médicos lhe davam no máximo 6 meses de vida. Em vez de renunciar ao seu trabalho, Cynthia continuou com mais paixão ainda, "apoiada pelas orações da família e da nossa comunidade do movimento. A minha oração era: 'Senhor, simplesmente com um toque dos teus dedos esta doença poderia ser curada. Basta que Tu queiras'. Deus escutou as nossas orações e eu estou de pé, depois de ficar curada com uma operação simples e com uma dose de antibióticos".
Fonte: Zenit.
O primeiro casal falou na tarde da segunda-feira, dia inicial do sínodo: Ron e Mavis Pirola, australianos, que narraram o percurso dos seus 55 anos de matrimônio.
Em particular, os dois esposos se concentraram na "intimidade sexual", ponto de apoio da vida de casal entendida em sentido cristão. "Pouco a pouco, nós nos demos conta de que a única característica que distingue a nossa relação sacramental de qualquer outra boa relação centrada em Cristo é a intimidade sexual, e que o matrimônio é um sacramento que encontra a sua máxima expressão numa relação sexual", explicaram.
"Nós acreditamos que, enquanto os casais unidos em matrimônio não chegarem a respeitar a união sexual como parte essencial da sua espiritualidade, será extremamente difícil apreciar a beleza de ensinamentos como os da encíclica Humanae Vitae".
Segundo os dois cônjuges, "nós precisamos de novos modos e de novas linguagens facilmente reconhecíveis para tocar no coração das pessoas". Neste sentido, a "Igreja doméstica" tem muito a oferecer à Igreja universal nas modalidades de evangelização.
Eles citaram o caso de amigos seus que têm um filho homossexual. Eles "estavam organizando a reunião familiar de Natal quando o filho disse que gostaria de levar o seu companheiro. Eles acreditavam plenamente nos ensinamentos da Igreja e também eram conscientes de que os seus netos teriam gostado de ver aquele filho e seu companheiro sendo acolhidos na família. A resposta deles pode ser resumida em três palavras: 'É nosso filho'".
Segundo o casal, este é o "modelo de evangelização" que as paróquias deveriam aprender das igrejas domésticas que são as famílias. Outro caso mencionado pelo casal é o de uma amiga divorciada que “diz que, às vezes, não se sente plenamente acolhida na sua paróquia. Mesmo assim, ela vai à missa regularmente e sem se lamentar com seus filhos. Para o resto da paróquia, ela deveria ser um modelo de valentia e de compromisso no meio das adversidades”, observaram Ron e Mavis, destacando que, de pessoas como ela, "aprendemos a reconhecer que todos nós temos feridas internas na vida". Ser consciente das próprias feridas internas "ajuda enormemente a reduzir a tendência a julgar os outros, uma atitude que representa um poderoso obstáculo para a evangelização".
Na terça-feira de manhã, foi a vez de George e Cynthia Campos, casal de Manila, nas Filipinas. Ambos estão muito comprometidos na associação leiga "Casais para Cristo", reconhecida pelo Pontifício Conselho para os Leigos. George é o presidente do grupo, que tem como objetivo renovar e reforçar a vida e os valores da família cristã. O movimento está presente em todas as províncias e dioceses das Filipinas e já foi “exportado” para outros 163 países.
Pais de quatro filhos, casados há 27 anos, os Campos passaram a metade da vida "sendo uma catequese vivente da nossa visão de vida em família no Espírito Santo para renovar a face da terra".
Eles se conheceram no convento das Irmãs Rosas, uma congregação contemplativa onde Cynthia vivia uma experiência de noviciado e George era acólito. Os dois resolveram "servir ao Senhor juntos como casal", tornando-se "discípulos missionários em tempo integral", comprometidos com formações didáticas e encontros semanais de oração com outros casais em vários países, como Vietnã, Tailândia e Austrália. Os filhos seguem seu exemplo ocupando-se das atividades das crianças, dos jovens e dos solteiros do movimento "Casais para Cristo".
Os Campos falaram dos eventos dramáticos que marcaram seu matrimônio, superados graças a uma profunda fé em Deus. Em primeiro lugar, uma gravidez de risco de Cynthia: "Na quarta gravidez, eu tive diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. Disseram que a minha vida corria perigo se eu continuasse a gestação e que a criança tinha muitas probabilidades de nascer com alguma anomalia. Foi uma prova de fé e de confiança em Deus. Decidimos ter o bebê e respeitar a vontade do Senhor. Pela graça de Deus, sobrevivemos as duas, eu e a minha filha Christen, que nasceu sadia e cheia de vida".
Mais difícil, para os cônjuges, foi enfrentar o câncer de mama diagnosticado em Cynthia em 1998. Os médicos lhe davam no máximo 6 meses de vida. Em vez de renunciar ao seu trabalho, Cynthia continuou com mais paixão ainda, "apoiada pelas orações da família e da nossa comunidade do movimento. A minha oração era: 'Senhor, simplesmente com um toque dos teus dedos esta doença poderia ser curada. Basta que Tu queiras'. Deus escutou as nossas orações e eu estou de pé, depois de ficar curada com uma operação simples e com uma dose de antibióticos".
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Podemos «frustrar» o sonho de Deus, se não nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo
Com a Missa concelebrada neste domingo, 05 de outubro, na basílica de São Pedro, pelo Papa Francisco, com os Padres sinodais, foi inaugurada a III Assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos, cujo tema é “Os desafios pastorais da família, no contexto da evangelização”. Apresentamos a homilia na íntegra:
Nas leituras de hoje, é usada a imagem da vinha do Senhor tanto pelo profeta Isaías como pelo Evangelho. A vinha do Senhor é o seu «sonho», o projecto que Ele cultiva com todo o seu amor, como um agricultor cuida do seu vinhedo. A videira é uma planta que requer muitos cuidados!
O «sonho» de Deus é o seu povo: Ele plantou-o e cultiva-o, com amor paciente e fiel, para se tornar um povo santo, um povo que produza muitos e bons frutos de justiça.
Mas, tanto na antiga profecia como na parábola de Jesus, o sonho de Deus fica frustrado. Isaías diz que a vinha, tão amada e cuidada, «produziu agraços» (5, 2.4), enquanto Deus «esperava a justiça, e eis que só há injustiça; esperava a rectidão, e eis que só há lamentações» (5, 7). Por sua vez, no Evangelho, são os agricultores que arruínam o projecto do Senhor: não trabalham para o Senhor, mas só pensam nos seus interesses.
Através da sua parábola, Jesus dirige-se aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, isto é, aos «sábios», à classe dirigente. Foi a eles, de modo particular, que Deus confiou o seu «sonho», isto é, o seu povo, para que o cultivem, cuidem dele e o guardem dos animais selvagens. Esta é a tarefa dos líderes do povo: cultivar a vinha com liberdade, criatividade e diligência.
Mas Jesus diz que aqueles agricultores se apoderaram da vinha; pela sua ganância e soberba, querem fazer dela aquilo que lhes apetece e, assim, tiram a Deus a possibilidade de realizar o seu sonho a respeito do povo que Ele escolheu.
A tentação da ganância está sempre presente. Encontramo-la também na grande profecia de Ezequiel sobre os pastores (cf. cap. 34), comentada por Santo Agostinho num famoso Discurso que lemos, ainda nestes dias, na Liturgia das Horas. Ganância de dinheiro e de poder. E, para saciar esta ganância, os maus pastores carregam sobre os ombros do povo pesos insuportáveis, que eles próprios não põem nem um dedo para os deslocar (cf. Mt 23, 4).
Também nós somos chamados a trabalhar para a vinha do Senhor, no Sínodo dos Bispos. As assembleias sinodais não servem para discutir ideias bonitas e originais, nem para ver quem é mais inteligente… Servem para cultivar e guardar melhor a vinha do Senhor, para cooperar no seu sonho, no seu projecto de amor a respeito do seu povo. Neste caso, o Senhor pede-nos para cuidarmos da família, que, desde os primórdios, é parte integrante do desígnio de amor que ele tem para a humanidade.
Nós somos todos pecadores e também nos pode vir a tentação de «nos apoderarmos» da vinha, por causa da ganância que nunca falta em nós, seres humanos. O sonho de Deus sempre se embate com a hipocrisia de alguns dos seus servidores. Podemos «frustrar» o sonho de Deus, se não nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo. O Espírito dá-nos a sabedoria, que supera a ciência, para trabalharmos generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade.
Irmãos sinodais, para cultivar e guardar bem a vinha, é preciso que os nossos corações e as nossas mentes sejam guardados em Cristo Jesus pela «paz de Deus que ultrapassa toda a inteligência» (Flp 4, 7). Assim, os nossos pensamentos e os nossos projectos estarão de acordo com o sonho de Deus: formar para Si um povo santo que Lhe pertença e produza os frutos do Reino de Deus (cf.Mt 21, 43).
Fonte: Zenit.
Nas leituras de hoje, é usada a imagem da vinha do Senhor tanto pelo profeta Isaías como pelo Evangelho. A vinha do Senhor é o seu «sonho», o projecto que Ele cultiva com todo o seu amor, como um agricultor cuida do seu vinhedo. A videira é uma planta que requer muitos cuidados!
O «sonho» de Deus é o seu povo: Ele plantou-o e cultiva-o, com amor paciente e fiel, para se tornar um povo santo, um povo que produza muitos e bons frutos de justiça.
Mas, tanto na antiga profecia como na parábola de Jesus, o sonho de Deus fica frustrado. Isaías diz que a vinha, tão amada e cuidada, «produziu agraços» (5, 2.4), enquanto Deus «esperava a justiça, e eis que só há injustiça; esperava a rectidão, e eis que só há lamentações» (5, 7). Por sua vez, no Evangelho, são os agricultores que arruínam o projecto do Senhor: não trabalham para o Senhor, mas só pensam nos seus interesses.
Através da sua parábola, Jesus dirige-se aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, isto é, aos «sábios», à classe dirigente. Foi a eles, de modo particular, que Deus confiou o seu «sonho», isto é, o seu povo, para que o cultivem, cuidem dele e o guardem dos animais selvagens. Esta é a tarefa dos líderes do povo: cultivar a vinha com liberdade, criatividade e diligência.
Mas Jesus diz que aqueles agricultores se apoderaram da vinha; pela sua ganância e soberba, querem fazer dela aquilo que lhes apetece e, assim, tiram a Deus a possibilidade de realizar o seu sonho a respeito do povo que Ele escolheu.
A tentação da ganância está sempre presente. Encontramo-la também na grande profecia de Ezequiel sobre os pastores (cf. cap. 34), comentada por Santo Agostinho num famoso Discurso que lemos, ainda nestes dias, na Liturgia das Horas. Ganância de dinheiro e de poder. E, para saciar esta ganância, os maus pastores carregam sobre os ombros do povo pesos insuportáveis, que eles próprios não põem nem um dedo para os deslocar (cf. Mt 23, 4).
Também nós somos chamados a trabalhar para a vinha do Senhor, no Sínodo dos Bispos. As assembleias sinodais não servem para discutir ideias bonitas e originais, nem para ver quem é mais inteligente… Servem para cultivar e guardar melhor a vinha do Senhor, para cooperar no seu sonho, no seu projecto de amor a respeito do seu povo. Neste caso, o Senhor pede-nos para cuidarmos da família, que, desde os primórdios, é parte integrante do desígnio de amor que ele tem para a humanidade.
Nós somos todos pecadores e também nos pode vir a tentação de «nos apoderarmos» da vinha, por causa da ganância que nunca falta em nós, seres humanos. O sonho de Deus sempre se embate com a hipocrisia de alguns dos seus servidores. Podemos «frustrar» o sonho de Deus, se não nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo. O Espírito dá-nos a sabedoria, que supera a ciência, para trabalharmos generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade.
Irmãos sinodais, para cultivar e guardar bem a vinha, é preciso que os nossos corações e as nossas mentes sejam guardados em Cristo Jesus pela «paz de Deus que ultrapassa toda a inteligência» (Flp 4, 7). Assim, os nossos pensamentos e os nossos projectos estarão de acordo com o sonho de Deus: formar para Si um povo santo que Lhe pertença e produza os frutos do Reino de Deus (cf.Mt 21, 43).
Fonte: Zenit.
domingo, 5 de outubro de 2014
As dez recomendações para os eleitores
Vote certo. Vote bem.
Somos responsáveis pelo futuro do nosso país.
1. Votar é um exercício importante de cidadania; por isso, não deixe de participar das eleições. Seu voto contribui para definir a vida política de nosso país.
2. Verifique se os candidatos estão comprometidos com a superação da pobreza, com a educação, saúde, moradia, saneamento básico, respeito à vida e ao meio ambiente.
3. Veja se seus candidatos estão comprometidos com a justiça, segurança, combate à violência, dignidade da pessoa, respeito pleno pela vida humana desde a sua concepção até a morte natural.
4. Observe se os candidatos representam o interesse apenas de seu grupo ou partido e se pretendem promover políticas que beneficiam a todos. O bom governante governa para todos.
5. Dê o seu voto apenas a candidatos com “ficha limpa”. O homem público deve ter honestidade (idoneidade moral).
6. Fique atento à prática de corrupção eleitoral, ao abuso de poder econômico, à compra de votos. Voto não é mercadoria.
7. Procure conhecer os candidatos, sua conduta, suas ideias e seus partidos. Voto não é troca de favores.
8. Vote em candidatos que respeitem a liberdade religiosa e de consciência, garantindo o ensino religioso confessional e plural.
9. Escolha candidatos que promovam e defendam a família, segundo sua identidade natural conforme o plano de Deus.
10. Acompanhe os políticos depois das eleições, para cobrar deles o cumprimento das promessas de campanha e apoiar suas ações políticas e administrativas.
Somos responsáveis pelo futuro do nosso país.
1. Votar é um exercício importante de cidadania; por isso, não deixe de participar das eleições. Seu voto contribui para definir a vida política de nosso país.
2. Verifique se os candidatos estão comprometidos com a superação da pobreza, com a educação, saúde, moradia, saneamento básico, respeito à vida e ao meio ambiente.
3. Veja se seus candidatos estão comprometidos com a justiça, segurança, combate à violência, dignidade da pessoa, respeito pleno pela vida humana desde a sua concepção até a morte natural.
4. Observe se os candidatos representam o interesse apenas de seu grupo ou partido e se pretendem promover políticas que beneficiam a todos. O bom governante governa para todos.
5. Dê o seu voto apenas a candidatos com “ficha limpa”. O homem público deve ter honestidade (idoneidade moral).
6. Fique atento à prática de corrupção eleitoral, ao abuso de poder econômico, à compra de votos. Voto não é mercadoria.
7. Procure conhecer os candidatos, sua conduta, suas ideias e seus partidos. Voto não é troca de favores.
8. Vote em candidatos que respeitem a liberdade religiosa e de consciência, garantindo o ensino religioso confessional e plural.
9. Escolha candidatos que promovam e defendam a família, segundo sua identidade natural conforme o plano de Deus.
10. Acompanhe os políticos depois das eleições, para cobrar deles o cumprimento das promessas de campanha e apoiar suas ações políticas e administrativas.
“É muito difícil que um corrupto consiga voltar atrás”.
(Papa Francisco, Homilia aos Parlamentares Italianos, em 27 de março de 2014)
“Rezo ao Senhor para que nos conceda mais políticos que levem verdadeiramente a sério a sociedade, o povo, a vida dos pobres”.
(A Alegria do Evangelho, n. 205)
sábado, 4 de outubro de 2014
Francisco: aceitar vocações sem discernimento é um mal para a Igreja
Vocação, formação e evangelização são as três palavras-chave que o papa Francisco destacou nesta manhã para os participantes da Assembleia Plenária da Congregação para o Clero, a quem recebeu em audiência.
Falando da vocação ao ministério sacerdotal, o papa a comparou com o "tesouro escondido no campo", que Deus põe desde sempre no coração de alguns homens, eleitos por Ele e chamados a segui-lo neste estado de vida. "Quem é chamado ao ministério não é 'dono' da sua vocação, mas administrador de um dom que Deus lhe confiou para o bem de todo o povo, de todos os homens, inclusive dos que estão longe da prática religiosa e não professam a fé em Cristo". Ao mesmo tempo, "toda a comunidade cristã é guardiã do tesouro destas vocações, destinadas ao seu serviço, e deve ser cada vez mais consciente da tarefa de promovê-las, acolhê-las e acompanhá-las com afeto".
O papa Francisco recordou que a formação "é a resposta do homem, da Igreja ao dom de Deus, esse dom que Deus dá através das vocações". A este respeito, ele advertiu que a formação não é um ato unilateral com o qual se transmitem noções teológicas ou espirituais; "a formação oferecida por Cristo aos seus discípulos foi através de um 'vem e segue-me'".
Assim, ele afirmou que a formação da qual falamos é uma experiência de discipulado, que nos aproxima de Cristo e nos permite ajustar-nos cada vez mais a Ele. É uma tarefa que não tem fim, porque os sacerdotes não deixam nunca de ser discípulos de Jesus e de segui-lo. Portanto, a formação no discipulado "acompanha toda a vida do ministro ordenado e envolve integralmente a sua pessoa, intelectual, humana e espiritualmente".
O pontífice abordou também o tema da evangelização. "Cada vocação é para a missão e a missão dos ministros ordenados é a evangelização, em todas as suas formas", disse o papa. Os sacerdotes estão unidos numa fraternidade sacramental e "a primeira forma de evangelização é o testemunho de fraternidade e de comunhão entre eles e com o bispo". Na missão de evangelização, disse o Santo Padre, "os presbíteros são chamados a aumentar a consciência de ser pastores, enviados para estar no meio do rebanho, para deixar o Senhor presente através da Eucaristia e para oferecer a sua misericórdia".
Francisco recordou o quanto é bonito ver sacerdotes felizes na sua vocação, "com uma serenidade de fundo, que os sustenta mesmo nos momentos de cansaço e de dor". Mas isto "não acontece nunca sem a oração, a do coração, o diálogo com o Senhor... que é o coração, por assim dizer, da vida sacerdotal".
O papa enfatizou que "precisamos de sacerdotes; faltam vocações. Nosso Senhor chama, mas não é suficiente. E os bispos têm a tentação de aceitar sem discernimento os jovens que se apresentam". Isto é um mal para a Igreja, disse Francisco, pedindo que se estude bem o percurso de uma vocação, "examinando-se bem se é [um chamado] do Senhor, se esse homem é sadio, se esse homem é equilibrado, se esse homem é capaz de dar a vida, de evangelizar, se esse homem é capaz de formar uma família e renunciar a tudo para seguir Jesus".
"Hoje nós temos muitos problemas, e em muitas dioceses, por causa deste erro de alguns bispos de aceitar esses homens, que às vezes não são expulsos dos seminários ou das casas religiosas porque se precisa de sacerdotes". O Santo Padre pediu que se "pense no bem do povo de Deus".
Para encerrar o discurso, o bispo de Roma afirmou que "uma vocação cuidada mediante uma formação permanente, na comunhão, se torna um instrumento poderoso de evangelização, a serviço do povo de Deus".
Fonte: Zenit.
Falando da vocação ao ministério sacerdotal, o papa a comparou com o "tesouro escondido no campo", que Deus põe desde sempre no coração de alguns homens, eleitos por Ele e chamados a segui-lo neste estado de vida. "Quem é chamado ao ministério não é 'dono' da sua vocação, mas administrador de um dom que Deus lhe confiou para o bem de todo o povo, de todos os homens, inclusive dos que estão longe da prática religiosa e não professam a fé em Cristo". Ao mesmo tempo, "toda a comunidade cristã é guardiã do tesouro destas vocações, destinadas ao seu serviço, e deve ser cada vez mais consciente da tarefa de promovê-las, acolhê-las e acompanhá-las com afeto".
O papa Francisco recordou que a formação "é a resposta do homem, da Igreja ao dom de Deus, esse dom que Deus dá através das vocações". A este respeito, ele advertiu que a formação não é um ato unilateral com o qual se transmitem noções teológicas ou espirituais; "a formação oferecida por Cristo aos seus discípulos foi através de um 'vem e segue-me'".
Assim, ele afirmou que a formação da qual falamos é uma experiência de discipulado, que nos aproxima de Cristo e nos permite ajustar-nos cada vez mais a Ele. É uma tarefa que não tem fim, porque os sacerdotes não deixam nunca de ser discípulos de Jesus e de segui-lo. Portanto, a formação no discipulado "acompanha toda a vida do ministro ordenado e envolve integralmente a sua pessoa, intelectual, humana e espiritualmente".
O pontífice abordou também o tema da evangelização. "Cada vocação é para a missão e a missão dos ministros ordenados é a evangelização, em todas as suas formas", disse o papa. Os sacerdotes estão unidos numa fraternidade sacramental e "a primeira forma de evangelização é o testemunho de fraternidade e de comunhão entre eles e com o bispo". Na missão de evangelização, disse o Santo Padre, "os presbíteros são chamados a aumentar a consciência de ser pastores, enviados para estar no meio do rebanho, para deixar o Senhor presente através da Eucaristia e para oferecer a sua misericórdia".
Francisco recordou o quanto é bonito ver sacerdotes felizes na sua vocação, "com uma serenidade de fundo, que os sustenta mesmo nos momentos de cansaço e de dor". Mas isto "não acontece nunca sem a oração, a do coração, o diálogo com o Senhor... que é o coração, por assim dizer, da vida sacerdotal".
O papa enfatizou que "precisamos de sacerdotes; faltam vocações. Nosso Senhor chama, mas não é suficiente. E os bispos têm a tentação de aceitar sem discernimento os jovens que se apresentam". Isto é um mal para a Igreja, disse Francisco, pedindo que se estude bem o percurso de uma vocação, "examinando-se bem se é [um chamado] do Senhor, se esse homem é sadio, se esse homem é equilibrado, se esse homem é capaz de dar a vida, de evangelizar, se esse homem é capaz de formar uma família e renunciar a tudo para seguir Jesus".
"Hoje nós temos muitos problemas, e em muitas dioceses, por causa deste erro de alguns bispos de aceitar esses homens, que às vezes não são expulsos dos seminários ou das casas religiosas porque se precisa de sacerdotes". O Santo Padre pediu que se "pense no bem do povo de Deus".
Para encerrar o discurso, o bispo de Roma afirmou que "uma vocação cuidada mediante uma formação permanente, na comunhão, se torna um instrumento poderoso de evangelização, a serviço do povo de Deus".
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Francisco levou a Doutrina Social da Igreja ao grande público
O professor e economista Stefano Zamagni, consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, presente no congresso desse mesmo dicastério em Roma, explicou a grande contribuição do papa Francisco à Doutrina Social da Igreja ao levar esse tema ao grande público. Zamagni lamentou que os “instrumentalizadores de sempre” queiram aplicá-la como se fosse um modelo político e não um paradigma.
Ele conversou hoje com ZENIT depois de dissertar na XXVIII Reunião Plenária do Pontifício Conselho Justiça e Paz, pouco antes de os participantes serem recebidos pelo papa Francisco.
Qual é a contribuição do papa Francisco à Doutrina Social da Igreja?
Prof. Zamagni: O grande mérito do papa Francisco é ter levado o tema da Doutrina Social da Igreja, que é sempre esse e não pode ser outro no tocante aos princípios, ao nível, digamos, das massas. Antes era um tema que ficava no nível cultural e científico e que, portanto, era objeto de atenção das pessoas cultas. Hoje o tema está sendo levado à base e entrando nos ouvidos dos empresários, dos gerentes, dos funcionários.
Como podemos definir a filosofia do papa Francisco?
Prof. Zamagni: A filosofia do papa Francisco é a do realismo histórico. Ele afirma que a Doutrina Social da Igreja é um paradigma, não um modelo; lamentavelmente, os instrumentalizadores tentam interpretá-la como se ela fosse um modelo. E dizem: “o papa, quando diz isto, se refere a isto, diz que esse modelo é proibido...”. Não, porque o papa não vai ao nível dos modelos, mas ao nível dos paradigmas.
Pode explicar por que ela é um paradigma?
Prof. Zamagni: Paradigma significa um olhar para a realidade, e, neste sentido, a obra do papa deixará marca, porque, de uma vez por todas, ela deixará claro que o cristianismo é uma religião universal, não uma religião étnica, adequada e interpretada com específicas referências a uma determinada realidade; ela pode se encarnar em qualquer contexto. Eu diria que um sinal prático disto é a forma como ele está mudando a composição orgânica dos membros da cúria, que está sendo cada vez mais internacionalizada em comparação com o passado.
Você falou também de um terceiro ponto...
Prof. Zamagni: Não basta intervir nos mecanismos da distribuição da riqueza, mas também nos mecanismos da produção da riqueza. Porque se eu intervenho só post factum, ou seja, depois que a renda foi obtida, para torná-la mais equitativa, isso não é mais suficiente hoje. Já foi, mas agora a economia se tornou global. É necessário intervir no momento em que a riqueza é produzida de acordo com critérios de justiça e de equidade.
Há quem diga que o capitalismo é intrinsecamente perverso...
Prof. Zamagni: São discussões dessas pessoas que pensam que o papa quer atacar um modelo em vez de outro, quando, na realidade, o que interessa ao papa é afirmar um paradigma que é o da antropologia cristã.
O papa insiste sempre na solidariedade?
Prof. Zamagni: A solidariedade é uma das quatro colunas da Doutrina Social da Igreja: a primeira é a centralidade da pessoa; a segunda é a solidariedade; a terceira, a subsidiariedade; e a quarta é o bem comum. Então não é dito nada novo. O novo é aplicar isso à realidade atual.
E quem faz essas interpretações?
Prof. Zamagni: São os instrumentalizadores de sempre.
Fonte: Zenit.
Qual é a contribuição do papa Francisco à Doutrina Social da Igreja?
Prof. Zamagni: O grande mérito do papa Francisco é ter levado o tema da Doutrina Social da Igreja, que é sempre esse e não pode ser outro no tocante aos princípios, ao nível, digamos, das massas. Antes era um tema que ficava no nível cultural e científico e que, portanto, era objeto de atenção das pessoas cultas. Hoje o tema está sendo levado à base e entrando nos ouvidos dos empresários, dos gerentes, dos funcionários.
Como podemos definir a filosofia do papa Francisco?
Prof. Zamagni: A filosofia do papa Francisco é a do realismo histórico. Ele afirma que a Doutrina Social da Igreja é um paradigma, não um modelo; lamentavelmente, os instrumentalizadores tentam interpretá-la como se ela fosse um modelo. E dizem: “o papa, quando diz isto, se refere a isto, diz que esse modelo é proibido...”. Não, porque o papa não vai ao nível dos modelos, mas ao nível dos paradigmas.
Pode explicar por que ela é um paradigma?
Prof. Zamagni: Paradigma significa um olhar para a realidade, e, neste sentido, a obra do papa deixará marca, porque, de uma vez por todas, ela deixará claro que o cristianismo é uma religião universal, não uma religião étnica, adequada e interpretada com específicas referências a uma determinada realidade; ela pode se encarnar em qualquer contexto. Eu diria que um sinal prático disto é a forma como ele está mudando a composição orgânica dos membros da cúria, que está sendo cada vez mais internacionalizada em comparação com o passado.
Você falou também de um terceiro ponto...
Prof. Zamagni: Não basta intervir nos mecanismos da distribuição da riqueza, mas também nos mecanismos da produção da riqueza. Porque se eu intervenho só post factum, ou seja, depois que a renda foi obtida, para torná-la mais equitativa, isso não é mais suficiente hoje. Já foi, mas agora a economia se tornou global. É necessário intervir no momento em que a riqueza é produzida de acordo com critérios de justiça e de equidade.
Há quem diga que o capitalismo é intrinsecamente perverso...
Prof. Zamagni: São discussões dessas pessoas que pensam que o papa quer atacar um modelo em vez de outro, quando, na realidade, o que interessa ao papa é afirmar um paradigma que é o da antropologia cristã.
O papa insiste sempre na solidariedade?
Prof. Zamagni: A solidariedade é uma das quatro colunas da Doutrina Social da Igreja: a primeira é a centralidade da pessoa; a segunda é a solidariedade; a terceira, a subsidiariedade; e a quarta é o bem comum. Então não é dito nada novo. O novo é aplicar isso à realidade atual.
E quem faz essas interpretações?
Prof. Zamagni: São os instrumentalizadores de sempre.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Brasileiros podem ajudar a conferir os votos das eleições 2014
O Você Fiscal (http://www.vocefiscal.org) é um projeto de Diego Aranha— professor e pesquisador da Unicamp em segurança digital e votação eletrônica — e Helder Ribeiro, que coloca na mão de todo cidadão e cidadã o poder de fiscalizar e dar transparência às eleições em 2014.
Tocado e financiado coletivamente pela sociedade civil, sem fins lucrativos e sem vinculação a nenhum partido, grupo ou empresa, trata-se de motivar os eleitores a se tornarem um "fiscal cidadão", "adotando" uma zona na qual se comprometem a fiscalizar pelo menos um Boletim de Urna (B.U.) nela. O objetivo, portanto, é levar transparência eleitoral a todos os cantos do Brasil.
Não precisa ser a zona eleitoral que consta no próprio título de eleitor. Caso a pessoa esteja longe da sua cidade, nada impede que contribua com a transparência eleitoral fotografando BUs onde estiver.
O que é um Boletim de Urna (BU)?
O BU é o “saldo” que toda urna imprime no final da votação com o total de votos para cada candidato naquele aparelho.
Acabou a votação (17h), o Boletim de Urna deve ser afixado em local público (ex.: a porta da seção eleitoral).
Com ou sem o aplicativo do Você Fiscal, o eleitor tira foto do Boletim de Urna e envia para a equipe do Você Fiscal.
Comparando os BUs enviados pelos eleitores com os publicados oficialmente pelo TSE, será possível detectar caso haja erro na transmissão dos dados ou fraude no trajeto da urna após a votação.
Com muitos BUs, é possível também estimar por amostragem um resultado independente e compará-lo com o oficial do TSE, sendo assim possível detectar erros ou fraudes no software que centraliza e soma os votos de todo o país. Quanto mais gente, mais preciso o resultado independente!
É mesmo possível tirar foto do boletim de Urna? Não é proibido?
Não é proibido. Pelo contrário, é obrigatório que o Boletim de Urna seja afixado em local publicamente visível, conforme determina o artigo 82 da resolução 23399 de 2013 do TSE. É uma boa ideia levar uma foto de celular ou uma cópia impressa deste artigo, só para garantir.
Para entender melhor o projeto clique no link VocêFiscal ou veja o vídeo explicativo:
https://www.youtube.com/watch?v=wQEsHOqXP9s
Fonte: Zenit.
Não precisa ser a zona eleitoral que consta no próprio título de eleitor. Caso a pessoa esteja longe da sua cidade, nada impede que contribua com a transparência eleitoral fotografando BUs onde estiver.
O que é um Boletim de Urna (BU)?
O BU é o “saldo” que toda urna imprime no final da votação com o total de votos para cada candidato naquele aparelho.
Acabou a votação (17h), o Boletim de Urna deve ser afixado em local público (ex.: a porta da seção eleitoral).
Com ou sem o aplicativo do Você Fiscal, o eleitor tira foto do Boletim de Urna e envia para a equipe do Você Fiscal.
Comparando os BUs enviados pelos eleitores com os publicados oficialmente pelo TSE, será possível detectar caso haja erro na transmissão dos dados ou fraude no trajeto da urna após a votação.
Com muitos BUs, é possível também estimar por amostragem um resultado independente e compará-lo com o oficial do TSE, sendo assim possível detectar erros ou fraudes no software que centraliza e soma os votos de todo o país. Quanto mais gente, mais preciso o resultado independente!
É mesmo possível tirar foto do boletim de Urna? Não é proibido?
Não é proibido. Pelo contrário, é obrigatório que o Boletim de Urna seja afixado em local publicamente visível, conforme determina o artigo 82 da resolução 23399 de 2013 do TSE. É uma boa ideia levar uma foto de celular ou uma cópia impressa deste artigo, só para garantir.
Para entender melhor o projeto clique no link VocêFiscal ou veja o vídeo explicativo:
https://www.youtube.com/watch?v=wQEsHOqXP9s
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Tudo pronto para o Sínodo da Família
Tudo pronto para a III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que se realizará do 5 ao 19 de outubro de 2014, e que cujo tema é: "Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização".
"No domingo, 5 de outubro de 2014 às 10 horas, o Santo Padre Francisco celebrará a Santa Missa na Basílica de São Pedro, durante a abertura da Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos”, confirmou hoje o porta-voz da Santa Sé, Padre Federico Lombardi.
Lembrou também lembrou que a Missa e a homilia do Papa Francisco será precedida, na tarde do sábado, por uma vigília de oração organizada na Praça de São Pedro pela Conferência Episcopal Italiana.
"Não se exclui que o Papa possa cumprimentar os fieis durante a vigília”, disse o porta-voz, embora disse que a primeira intervenção oficial de Francisco no Sínodo será na homilia dominical, a ser seguida com umas palavras por causa do Angelus".
No sínodo dos bispos participarão 253 pessoas de todo o mundo. Dentre elas, 14 casais.
Esta primeira etapa, a assembleia geral extraordinária de todos os bispos, é "destinada a esclarecer o status quaestionis e recolher testemunhos e propostas dos bispos para proclamar e viver o evangelho de forma credível para a família"; a segunda, em 2015, a verdadeira e própria Assembleia Geral deverá "buscar linhas operacionais para a pastoral da pessoa humana e da família”.
O Sínodo vai usar o Instrumentum Laboris, que é o resultado de uma pesquisa promovida pelo documento preparatório, que incluía um questionário de 39 perguntas, que teve uma "acolhida positiva e uma resposta ampla, tanto do povo de Deus quanto do público em geral", disse no dia 24 de junho o Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos.
O Sínodo não decide, não é um parlamento, mas dá as pautas para que o Santo Padre possa tomar as decisões que julgar apropriado.
O tema da família é muito amplo e os bispos e cardeais apresentarão as suas diversas experiências. Será muito importante redescobrir a beleza da família, bem como os problemas específicos, como o das famílias emigrantes divididas ou reunidas, que afeta milhões de pessoas; ou dos jovens que não se casam; ou a devida formação e acompanhamento dos recém-casados.
Em várias ocasiões nos últimos meses, bispos e cardeais têm apontado que o tema da família deve ser tratado em toda a sua amplitude, não reduzindo o sínodo a um problema particular, como muitas vezes acontece na mídia.
Fonte: Zenit.
"No domingo, 5 de outubro de 2014 às 10 horas, o Santo Padre Francisco celebrará a Santa Missa na Basílica de São Pedro, durante a abertura da Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos”, confirmou hoje o porta-voz da Santa Sé, Padre Federico Lombardi.
Lembrou também lembrou que a Missa e a homilia do Papa Francisco será precedida, na tarde do sábado, por uma vigília de oração organizada na Praça de São Pedro pela Conferência Episcopal Italiana.
"Não se exclui que o Papa possa cumprimentar os fieis durante a vigília”, disse o porta-voz, embora disse que a primeira intervenção oficial de Francisco no Sínodo será na homilia dominical, a ser seguida com umas palavras por causa do Angelus".
No sínodo dos bispos participarão 253 pessoas de todo o mundo. Dentre elas, 14 casais.
Esta primeira etapa, a assembleia geral extraordinária de todos os bispos, é "destinada a esclarecer o status quaestionis e recolher testemunhos e propostas dos bispos para proclamar e viver o evangelho de forma credível para a família"; a segunda, em 2015, a verdadeira e própria Assembleia Geral deverá "buscar linhas operacionais para a pastoral da pessoa humana e da família”.
O Sínodo vai usar o Instrumentum Laboris, que é o resultado de uma pesquisa promovida pelo documento preparatório, que incluía um questionário de 39 perguntas, que teve uma "acolhida positiva e uma resposta ampla, tanto do povo de Deus quanto do público em geral", disse no dia 24 de junho o Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos.
O Sínodo não decide, não é um parlamento, mas dá as pautas para que o Santo Padre possa tomar as decisões que julgar apropriado.
O tema da família é muito amplo e os bispos e cardeais apresentarão as suas diversas experiências. Será muito importante redescobrir a beleza da família, bem como os problemas específicos, como o das famílias emigrantes divididas ou reunidas, que afeta milhões de pessoas; ou dos jovens que não se casam; ou a devida formação e acompanhamento dos recém-casados.
Em várias ocasiões nos últimos meses, bispos e cardeais têm apontado que o tema da família deve ser tratado em toda a sua amplitude, não reduzindo o sínodo a um problema particular, como muitas vezes acontece na mídia.
Fonte: Zenit.
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