Hoje, observa o papa, "precisamos reconhecer sinceramente e com dor que as nossas comunidades continuam vivendo entre divisões que são um escândalo". É um paradoxo, porque "o nome de Cristo cria comunhão e unidade, não divisão! Ele veio trazer a comunhão entre nós, não nos dividir".
As divisões "enfraquecem a credibilidade e a eficácia do nosso compromisso de evangelização", ameaçando "esvaziar" o poder do batismo e da cruz, os dois elementos centrais comuns a todo o "discipulado cristão". O convite do papa é para "nos alegrarmos sinceramente com as graças concedidas por Deus aos cristãos", a exemplo de Paulo, que, como recorda o Santo Padre, sabe "reconhecer com alegria os dons de Deus presentes em outras comunidades".
"É bonito reconhecer a graça com que Deus nos abençoa", diz o bispo de Roma, e, mais ainda, "encontrar, em outros cristãos, aquilo de que precisamos, aquilo que podemos receber como um presente dos nossos irmãos e irmãs". O primeiro passo é, portanto, "encontrar-se": um gesto aparentemente trivial, mas que, muitas vezes, se torna um objetivo difícil de alcançar. O encontro, explicou o papa, "exige algo mais: muita oração, humildade, reflexão e conversão contínua". Não nos desanimemos, exorta o papa. "Sigamos em frente neste caminho, rezando pela unidade dos cristãos, para que este escândalo acabe e não exista mais entre nós".
Como na última quarta-feira, no momento da saudação aos fiéis na Praça de São Pedro, o papa Francisco dirigiu seus pensamentos primeiramente aos peregrinos de língua árabe, especialmente aos que vieram do Egito. Para eles, o auspício de que "a fé não seja motivo de divisão, mas instrumento de unidade e de comunhão com Deus e com os irmãos (...) A invocação do nome do Senhor não seja razão de encerramento, mas de abertura do coração para o amor que une e acrescenta". Bergoglio convidou a perseverar na oração, para que "nosso Senhor conceda a unidade aos cristãos, vivendo a diferença como riqueza; vendo no outro um irmão a ser acolhido com amor".
O Santo Padre saudou depois os participantes do encontro e coordenadores regionais do Apostolado do Mar, liderado pelo cardeal Antonio Maria Vegliò, exortando-os a ser "a voz dos trabalhadores que vivem longe dos seus entes queridos e que enfrentam o perigo e a dificuldade".
No final da audiência, o papa dedicou um pensamento à Conferência Internacional de Apoio à Paz na Síria, que acaba de começar em Montreux, Suíça, e que incluirá negociações de paz em Genebra a partir de 24 de janeiro. A oração do Sucessor de Pedro é um apelo tocante ao Senhor para que Ele "abrande o coração de todos, a fim de que, procurando apenas o bem maior do povo sírio, já tão duramente provado, não poupem nenhum esforço para chegar urgentemente ao fim da violência e ao fim do conflito que já causou sofrimento demais".
Sofrimento que, traduzido em números, deixou em três anos de conflito mais de 130 mil mortos e uma quantidade incontável de refugiados. O papa pede que todos, fiéis, cidadãos e pessoas de boa vontade, contribuam para abrir nessa terra martirizada "um caminho decidido de reconciliação, de harmonia e de reconstrução (...) Que cada um encontre no outro não um inimigo, não um concorrente, e sim um irmão para aceitar e para abraçar".
Fonte: Zenit.
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