Certamente Cristo não está dividido. Mas devemos reconhecer sinceramente e com dor que as nossas comunidades continuam a viver divisões que são um escândalo. As divisões entre nós cristãos são um escândalo. Não há outra palavra: um escândalo. “Cada um de vós – escrevia o apóstolo – diz: “Eu sou de Paulo”, “Eu sou de Apolo”, “E eu de Cefas”, “E eu de Cristo”” (1, 12). Mesmo aqueles que professavam Cristo como seu líder não são aplaudidos por Paulo, porque usavam o nome de Cristo para separar-se dos outros dentro da comunidade cristã. Mas o nome de Cristo cria comunhão e unidade, não divisão! Ele veio para fazer comunhão entre nós, não para dividir-nos. O Batismo e a Cruz são elementos centrais do discipulado cristão que temos em comum. As divisões, em vez disso, enfraquecem a credibilidade e a eficácia do nosso compromisso de evangelização e arriscam esvaziar a Cruz do seu poder (cfr 1,17).
Paulo repreende os coríntios pelas suas disputas, mas também dá graças ao Senhor “por causa da graça de Deus que vos foi dada em Cristo Jesus, porque Nele fostes enriquecidos de todos os dons, aqueles da palavra e aqueles do conhecimento” (1, 4-5). Estas palavras de Paulo não são uma simples formalidade, mas o sinal que ele vê antes de tudo – e disto se alegra sinceramente – os dons feitos por Deus à comunidade. Esta atitude do Apóstolo é um encorajamento para nós e para cada comunidade cristã a reconhecer com alegria os dons de Deus presentes nas outras comunidades. Apesar do sofrimento das divisões, que infelizmente ainda permanecem, acolhemos as palavras de Paulo como um convite a alegrar-nos sinceramente pelas graças concedidas por Deus a outros cristãos. Temos o mesmo Batismo, o mesmo Espírito Santo que nos deu a Graça: reconheçamos isso e nos alegremos.
É belo reconhecer a graça com a qual Deus nos abençoa e, ainda mais, encontrar nos outros cristãos algo de que necessitamos, algo que podemos receber como um dom dos nossos irmãos e irmãs. O grupo canadense que preparou os subsídios desta Semana de Oração não convidou as comunidades a pensarem naquilo que poderiam dar a seus vizinhos cristãos, mas os exortou a encontrar-se para entender aquilo que todos podem receber de tempos em tempos dos outros. Isso requer algo a mais. Requer muita oração, requer humildade, requer reflexão e contínua conversão. Sigamos adiante neste caminho, rezando pela unidade dos cristãos, para que este escândalo seja exterminado e não esteja mais entre nós.
(Tradução: Jéssica Marçal/Canção Nova) - Fonte: Zenit.
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