sábado, 31 de agosto de 2013

Qual deve ser a duração da homilia?

O pe. Edward McNamara responde nesta semana a uma questão enviada por um leitor dos EUA.


“Em várias ocasiões, assisti à missa dominical numa paróquia de outra diocese. Todas as vezes, o celebrante dava uma homilia-relâmpago de aproximadamente um minuto. Às vezes, os avisos paroquiais eram mais compridos do que a homilia. Existe alguma regra que indique quanto tempo deve durar a homilia?” - M.E., Rochester, Nova Iorque ( EUA ).



É bom saber que há paroquianos que se queixam de homilias muito curtas. Indica a existência de uma verdadeira fome de uma explicação substancial da Palavra de Deus.



Infelizmente, as normas oficiais dizem relativamente pouco sobre a duração das homilias. Isto é inevitável, porque as expectativas variam de uma cultura para outra e mesmo de um contexto social para outro. Se, por um lado, há culturas que preferem longos discursos durante a missa, também há outras em que seis minutos já despertam sinais de impaciência na assembleia.



Na Introdução ao Lecionário, o nº 24 diz:



Particularmente recomendada como parte da liturgia da Palavra, especialmente a partir da constituição litúrgica do concílio Vaticano II, e até expressamente obrigatória em alguns casos, a homilia expõe, no decorrer do ano litúrgico, de acordo com o texto sagrado, os mistérios da fé e as normas da vida cristã.



Via de regra feita pelo celebrante que preside a missa, a homilia se ​​destina a assegurar que a proclamação da Palavra de Deus se torne, juntamente com a liturgia eucarística, "uma proclamação das admiráveis obras de Deus na história da salvação, no mistério de Cristo". O mistério pascal de Cristo, que é proclamado nas leituras e na homilia, se atualiza por meio do sacrifício da missa. Cristo, portanto, está sempre presente e ativo na pregação da sua Igreja.



A homilia, seja explicando a palavra de Deus proclamada na Sagrada Escritura ou em outro texto litúrgico, deve guiar a comunidade dos fiéis a participar ativamente na Eucaristia, para que eles "expressem na vida o que receberam na fé". Com esta viva exposição, a proclamação da palavra de Deus e a celebração da Igreja podem alcançar uma eficácia maior, desde que a homilia seja realmente o resultado da meditação, bem preparada, nem muito longa nem muito curta, e que saiba se dirigir a todos os presentes, incluindo as crianças e as pessoas mais humildes".



Em sua exortação apostólica Verbum Domini, o papa Bento XVI dedicou uma passagem à importância da homilia:



59 . Várias tarefas e ofícios competem a cada um no tocante à Palavra de Deus: aos fiéis, cabe ouvi-la e meditá-la; expô-la, porém, cabe apenas àqueles que, em virtude da sagrada ordenação, têm a respectiva tarefa magisterial, ou àqueles a quem é confiado o exercício deste ministério: os bispos, sacerdotes e diáconos. Daqui a importância que o sínodo atribuiu à homilia. Já na exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, eu salientei que, "em relação à importância da Palavra de Deus, há necessidade de melhorar a qualidade da homilia. Ela faz parte da ação litúrgica; destina-se a promover uma compreensão mais profunda da Palavra de Deus na vida dos fiéis. A homilia é uma atualização da mensagem bíblica, a fim de que os fiéis sejam levados a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus na vida de hoje. Ela deve levar à compreensão do mistério que se celebra, convocar para a missão, dispondo a assembleia para a profissão de fé, para a oração universal e para a liturgia eucarística. Como resultado, quem por ministério específico deve pregar dedique-se de coração a essa tarefa. Devem-se evitar homilias genéricas e abstratas que ocultam a simplicidade da Palavra de Deus, bem como inúteis divagações que ameaçam chamar mais atenção para o pregador do que para o coração da mensagem evangélica. Deve ficar claro para os fiéis que o que está no coração do pregador é mostrar a Cristo, que deve ser o centro de cada homilia. Isto exige que os pregadores tenham confiança e constante contato com o texto sagrado e se preparem para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregar com paixão e convicção. A assembleia sinodal exortou a se fazerem as seguintes perguntas: o que dizem as leituras proclamadas? O que dizem a mim, pessoalmente? O que devo dizer à comunidade, levando em conta a sua situação específica? O pregador deve se deixar desafiar pela Palavra de Deus que proclama, porque, como diz Santo Agostinho, "é inútil pregar exteriormente a Palavra de Deus e não ouvi-la no próprio coração". Cuide-se com especial atenção da homilia dos domingos e das solenidades, mas não se negligenciem as das missas cum populo durante a semana: quando possível, ofereçam-se breves reflexões, apropriadas à situação, para ajudar os fiéis a receber e fazer frutificar a Palavra ouvida.



Se este é o desafio que a Igreja apresenta para a pregação de padres e diáconos, é pouco provável que ele possa ser vencido numa homilia de apenas um minuto.



A Igreja recomenda ser breve, principalmente porque a homilia deve ser proporcional a toda a celebração. Faz pouco sentido prolongar-se durante 20 minutos ou mais e dedicar pouco tempo à Oração Eucarística.



Novamente, devem-se levar em conta vários fatores culturais e é quase impossível dar regras precisas. Poderíamos dizer que seis minutos são o mínimo para a missa de domingo, mas é muito mais difícil determinar a duração máxima. Considero que o critério da proporcionalidade com o resto da celebração é um bom parâmetro, juntamente com as expectativas dos fiéis no contexto de uma situação pastoral concreta.



***



Os leitores podem enviar perguntas para liturgia.zenit@zenit.org . Pedimos mencionar a palavra "Liturgia" no campo assunto. O texto deve incluir as iniciais do remetente, cidade, estado e país. O pe. McNamara só pode responder a uma pequena seleção das muitas perguntas que recebemos.



Fonte: Zenit.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Egito: taxista decapitado por ter um crucifixo pendurado no espelho



No dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de São João Batista,chegado Egito a notícia de um novo mártir decapitado por seu amor à fé cristã. É Mina Rafaat Aziz, motorista de táxi, nos seus vinte anos, de Alexandria, massacrado na rua, em 16 de agosto, por uma multidão de muçulmanos, porque tinha pendurado do espelho de seu táxi um crucifixo.
A triste notícia foi relatada por fontes locais à agência Asia News, que afirma: "As histórias contadas pelas vítimas dos ataques assustam e pesam os corações de toda a população egípcia". O assassinato do jovem ocorreu no contexto dosataques contra sit-in, no Cairo.
Em um vídeo amador filmado por um morador vê-se uma multidão bloqueando o carro para controlar os passageiros. Quando o táxide Azizfoi parado, um manifestante viu a cruz pendurada no espelho. As imagens mostram como, em um curto espaço de tempo, o menino foi arrastado para fora do carro a chutes, socos, espancado.Os golpes causaram a morte do jovem após alguns minutos. Os extremistas continuam a agredir o corpo sem vida com cuspes e pontapés,até completar a execução por decapitação do cadáver que foi abandonado na calçada.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Lei da Palmada: os filhos poderão decidir sobre tudo, sem ingerência dos pais ou responsáveis

Um assunto que toca diretamente os pais e mães do Brasil, e que, de certa forma invade sem pedir licença, todos os lares desse país é o projeto de lei batizado pela imprensa nacional como “Lei da Palmada”, o PL 7672/2010 que visa “proibir o uso de qualquer castigo físico ou ato considerado cruel, degradante ou humilhante na educação de crianças e adolescentes”.

“Obviamente, ninguém em sã consciência defende o espancamento de crianças e adolescentes”, disse em entrevista a ZENIT o dr. Paulo Fernando, porém, mais uma vez um PL aparece com conceitos pouco claros, como “constrangimento e humilhação” que são “bem subjetivos”, além do que “os maus tratos, lesão corporal, tortura já tem previsão no ordenamento jurídico brasileiro”, explicou Paulo Fernando.
“Afora o fato de que o projeto diz respeito à disciplina do exercício do pátrio poder, indiscutivelmente inserto no âmbito da intimidade da vida privada da família”, explicou o assessor parlamentar, afirmou também que isso mostra “um profundo caráter ideológico da intervenção do Estado nos assuntos privados e que só dizem respeito ao seio da família” e a instituição de uma “educação "sem rédeas ou freio", onde os filhos poderão decidir sobre tudo, sem ingerência dos pais ou responsáveis.”
Em conversa com ZENIT, Paulo Fernando de Melo, pai de 5 filhos, membro da comissão de bioética da arquidiocese de Brasília e assessor parlamentar na câmara dos deputados aborda esse tema na entrevista abaixo:.


 Dr. Paulo Fernando, o senhor esteve ontem numa mesa redonda no programa Diário Brasil, da TV Genesis, discutindo o projeto de lei da Palmada. Que lei é essa? Qual é o histórico dessa proposição?
Paulo Fernando: A Lei da Palmada é o nome dado ao PL 7672/2010, de autoria do presidente Luís Inácio, que “altera a Lei n. 8.069, de 13 de junho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante".
A matéria já havia sido tratada em 2003, com o PL 2654/2003 da Deputada Maria do Rosário (PT/RS), atual Ministra dos Direitos Humanos e está aguardando a apreciação de 2 recursos contra o poder conclusivo em plenário desde 2006.
O PL 7672/2010 visa proibir o uso de qualquer castigo físico ou ato considerado cruel, degradante ou humilhante na educação de crianças e adolescentes.
O conceito de constrangimento e humilhação é bem subjetivo, além do que os maus tratos, lesão corporal, tortura já tem previsão no ordenamento jurídico brasileiro.
O PL 7672/2010 foi aprovado por uma Comissão Especial com a relatoria da Deputada Teresa Surita.Foram apresentados 6 recursos ao plenário contra o poder conclusivo das comissões.Estranhamente os deputados retiraram as suas assinaturas por uma forte pressão de uma famosa apresentadora de TV.
O deputado Marcos Rogério PDT/RO impetrou um mandado de segurança no STF com pedido de liminar asseverando que o despacho da Mesa da Câmara, determinando o poder conclusivo, contrariou os arts. 24, II, “e” do Regimento Interno da Câmara dos Deputados e art. 68, §1º, II, Constituição Federal, pois dispõe sobre matéria que não é objeto de delegação legislativa.
A proposição, ao tratar em seu art. 17-A, do direito da criança de ser educada, cuidada, tratada ou vigiada sem uso de castigo corporal ou tratamento cruel ou degradante, discute matéria que se insere no âmbito normativo do inciso III, do art. 5º da Constituição Federal, rol inequívoco de direitos individuais. Afora o fato de que o projeto diz respeito à disciplina do exercício do pátrio poder, indiscutivelmente inserto no âmbito da intimidade da vida privada da família, também arrolada como direito individual no inciso X do mesmo dispositivo constitucional.
O relator da matéria no STF é o Ministro Luis Fux que pediu informações à Câmara dos Deputados e ao Procurador-Geral da República.

 O povo brasileiro foi consultado sobre esse projeto?
Paulo Fernando: Em enquete realizada pelo site da Câmara dos Deputados 94 % dos internautas manifestam-se contrários à proposição e a maioria dos parlamentares também são contra o projeto.

 Na prática, os pais serão constrangidos em quais pontos?
Paulo Fernando: Cria-se uma central de denúncias contra os pais ,principalmente nas famílias com muitos filhos e atingirá também os educadores, pois se quebra o respeito ao poder familiar, a hierarquia e enfraquece a disciplina e a obediência. Obviamente, ninguém em sã consciência defende o espancamento de crianças e adolescentes, mas muitas vezes uma reprimenda leve e educativa pode ser utilizada como o último recurso, afinal uma palmadinha explicada não dói.

 O que pode estar por detrás desse projeto de lei?
Paulo Fernando: O PL é revestido de um profundo caráter ideológico da intervenção do Estado nos assuntos privados e que só dizem respeito ao seio da família. Uma das principais caraterísticas de um Estado autoritário socializante é intervir nos assuntos privados do cidadão de bem. Instituir uma educação "sem rédeas ou freio", onde os filhos poderão decidir sobre tudo, sem ingerência dos pais ou responsáveis.

 Sobre a lei da Palmada, o que os eleitores podem fazer para barrar essa lei?
Paulo Fernando: Informar-se do texto e de suas consequências, cobrar dos deputados da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados a não apreciação da matéria e, se por acaso for para o Senado Federal, rogar aos senhores senadores a rejeição na íntegra da proposição.
Para maiores informações: www.paulofernando.com.br ; providafamilia@hotmail.com

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Freiras cantoras conquistam as paradas norte-americanas

As Irmãs Dominicanas de Maria, Mãe da Eucaristia, estão no “top ten” da música norte-americana com seu novo álbum Mater Eucharistiae, conquistando o primeiro lugar nas vendas de Música Clássica Geral e Tradicional.
"Estamos maravilhadas e gratas a Deus! Entramos neste caminho para agradá-lo com a nossa música e estamos realmente tocadas pela onda de comentários e reações de pessoas que se sentiram confortadas e cheias de esperança ouvindo o Mater Eucharistiae”, disse a irmã Joseph Andrew.
O álbum também ocupa o segundo lugar no ranking de Música Cristã Contemporânea, o terceiro em Gospel e o 81º no ranking de álbuns mais vendidos nos EUA na semana passada.
Foi um verão de grandes sucessos para as religiosas no hemisfério Norte. Nas últimas 14 semanas, outro grupo de freiras, as Beneditinas de Maria, ocuparam o primeiro lugar no Classical Traditional Chart da Billboard, batendo recorde. Nesta semana, as Dominicanas de Maria, do Michigan, chegaram ao topo da classificação. Suas colegas beneditinas estão no “top five” em Música Clássica Tradicional.
"Um fato grandioso está acontecendo no mundo de hoje: as Irmãs Dominicanas de Maria, Mãe da Eucaristia, ocupam o primeiro lugar no ranking de Música Clássica Geral, bem como em vários outros da Billboard. Desde o nascimento das suas comunidades, essas irmãs ofereceram generosamente os seus talentos, e este álbum é mais um presente oferecido por elas ao mundo. Através das suas músicas, um pedaço do paraíso é trazido a todos nós", disse Kevin Fitzgibbons, co-fundador da gravadora De Montfort Music.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Cardeal Cipriani: Já perdoei os agravos que me fizeram



“Acho que, sobre as mentiras e injustiças, nem vale a pena polemizar. É melhor estender a mão, perdoar e dizer: ‘não se preocupe, eu já perdoei, e a honra que você quis arranhar está mais clara e iluminada, porque o tempo foi revelando a verdade’”, disse o cardeal peruano Juan Luis Cipriani no programa Diálogo de Fé, do último sábado, 24 de agosto.
Cipriani se referiu às críticas e falsidades ditas contra ele e contra a função da Igreja Católica nos anos em que o terrorismo açoitava a cidade de Ayacucho, no Peru. O cardeal comentou também o trabalho de muitos religiosos e leigos que ajudaram os mais desfavorecidos, entre eles a Madre Covadonga.
“Com a simplicidade dominicana, ela foi uma mulher sem duas caras, sem máscaras, muito generosa, que valorizava muito a dignidade da pessoa humana. Fomos muito amigos, como os ronderos e tantos outros personagens daquela época. Com eles, nós conseguimos iluminar de paz e de alegria um povo inteiro”, afirmou.
“Foram anos bem duros, que maltrataram muito esse querido povo de Ayacucho. A Igreja, com os seus padres e religiosos, teve que passar por momentos muito difíceis e de enorme risco de vida. Nós mantemos tudo isso no coração com muito silêncio e muita paz. Por isso, nosso Senhor saberá perdoar e abençoar tanta gente que, nos momentos difíceis, serviu com simplicidade à fé católica no meio desse povo querido de Ayacucho”.
Cipriani aprovou a iniciativa do governo de iniciar um diálogo com diversos representantes políticos do país e os exortou a dialogar com a verdade.
“Do líder, você espera um compromisso sério com a verdade. Às vezes, pedem tolerância e diálogo. Eu pediria verdade”, declarou.
“É uma característica que ajuda esses líderes a ter liberdade, porque não tem preço a palavra que é verdade. Eu espero que eles iluminem não só no Peru, mas no mundo todo, onde se vê tanta mentira”, continuou o cardeal.
Cipriani pediu que todos promovam o bem comum que os peruanos exigem, lembrando-se das grandes maiorias que muitas vezes não são ouvidas nem consideradas.
“Não procurem votos, opiniões ou conjunturas. Que a verdade ilumine, e não uma simples tolerância que, às vezes, parece o contrário. Um amor pelas pessoas mais humildes e mais pobres; um desejo de desenvolvimento que promova uma justiça maior. É isto o que a Igreja nos pede hoje e o que a fé do nosso povo espera com tanta esperança”.
Por sua vez, o pe. Luis Gaspar, vigário episcopal da Família e Vida, narrou o próprio testemunho da época do terrorismo em Ayacucho.
“Eu vivi em carne própria a dor e o sofrimento dos meus irmãos, assim como a indiferença de uma parte do país naqueles tempos em que nós, ayacuchanos, éramos vistos como se todos fizéssemos parte do Sendero Luminoso”, declarou Gaspar.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ser cristão não é ter uma etiqueta



Apresentamos a seguir as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco neste domingo (25) diante dos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para rezar o Angelus.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje nos convida a refletir sobre o tema da salvação. Jesus está subindo desde a Galiléia até a cidade de Jerusalém, e ao longo do caminho um tal - diz o evangelista Lucas - se aproxima e pergunta-lhe: "Senhor, são poucos os que se salvam?" (13,23). Jesus não respondeu diretamente a pergunta: não é importante saber quantos se salvam, mais importante é saber qual é o caminho da salvação. E assim, Jesus responde a questão, dizendo: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque muitos procurarão entrar, mas não conseguirão" (v. 24). O que Jesus quer dizer? Qual é a porta pela qual devemos entrar? E por que Jesus fala de uma porta estreita?
A imagem da porta aparece várias vezes no Evangelho e evoca aquela da casa, do lar doméstico, onde encontramos segurança, amor, calor. Jesus diz-nos que há uma porta que nos permite entrar na família de Deus, no calor da casa de Deus, da comunhão com Ele. Esta porta é o próprio Jesus(cf. João 10,09). Ele é a porta. Ele é a passagem para a salvação. Ele nos conduz ao Pai. E a porta, que é Jesus, nunca está fechada, não está fechada nunca, está sempre aberta a todos, sem distinção, sem exclusão, sem privilégios. Porque vocês sabem, Jesus não exclui ninguém. Alguém entre vocês poderia me dizer: "Mas, Padre, com certeza eu estou excluído porque sou um grande pecador: fiz coisas más, fiz tantas coisas, na vida”. Não, você não está excluído! Precisamente por isso és o preferido, porque Jesus prefere o pecador, sempre, para perdoá-lo, para amá-lo. Jesus está esperando para te abraçar, para te perdoar. Não tenha medo: Ele está esperando por você. Anime-se, tenha coragem para chegar à sua porta. Todos são convidados a passar por esta porta, a porta da fé, para entrar na sua vida e deixá-lo entrar na nossa vida, para que Ele a transforme, a renove, dê a ela alegria plena e duradoura.
Hoje em dia nós passamos diante de muitas portas que nos convidam a entrar e prometem uma felicidade que, logo, percebemos que dura apenas um instante, que se esgota em si mesma e não tem futuro. Mas eu lhes pergunto: Por qual porta queremos entrar? Quem queremos deixar entrar pela porta de nossas vidas? Eu gostaria de dizer com força: não tenhamos medo de passar pela porta da fé em Jesus, de deixá-lo entrar cada vez mais em nossas vidas, de sairmos do nosso egoísmo, do nosso fechamento, da nossa indiferença para com os outros. Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma luz que nunca se apaga. Não é um fogo de artifício, não é um flash! É uma luz tranquila que dura para sempre e nos dá a paz. Assim é a luz que encontramos quando entramos pela porta de Jesus.
Claro que a de Jesus é uma porta estreita, não porque seja uma sala de tortura. Não, isso não! Mas porque Ele nos pede para abrir os nossos corações para Ele, reconhecermo-nos pecadores, necessitados de sua salvação, do seu perdão, do seu amor, de ter a humildade em acolher a Sua misericórdia e de nos deixar renovar por Ele. Jesus no Evangelho nos diz que ser cristão não é ter uma etiqueta''! Eu pergunto a vocês: vocês são cristãos de etiqueta ou de verdade? E cada um responda dentro de si mesmo! Nunca cristãos de etiqueta! Mas cristãos de verdade, de coração. Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, no promover a justiça, no fazer o bem. Pela porta estreita que é Cristo deve passar toda a nossa vida.
A Virgem Maria, Porta do Céu, pedimos que nos ajude a atravessar a porta da fé, a deixar que seu Filho transforme nossa existência como transformou a sua para levar a todos a alegria do Evangelho.
(Apelo)
Com grande dor e preocupação continuo a acompanhar a situação na Síria. O aumento da violência em uma guerra entre irmãos, com a proliferação de massacres e atrocidades, que todos pudemos ver nas terríveis imagens destes dias, leva-me mais uma vez a levantar a voz para que termine o ruído das armas. Não é o confronto que oferece perspectivas de esperança para resolver os problemas, mas a capacidade do encontro e do diálogo.
Do fundo do meu coração, eu gostaria de expressar a minha proximidade na oração e solidariedade a todas as vítimas deste conflito, a todos aqueles que sofrem, especialmente as crianças, e convido a manter viva a esperança de paz. Faço um apelo à comunidade internacional para que se mostre mais sensível a esta situação trágica e coloque todos os esforços para ajudar a amada nação Síria a encontrar uma solução para uma guerra que semeia a destruição e a morte. Todos juntos, rezemos, todos juntos rezemos a Nossa Senhora, Rainha da Paz: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós. Todos: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós.
(Depois do Angelus)
Saúdo com afeto os peregrinos presentes: as famílias, os numerosos grupos e a Associação Albergoni. Em particular, saúdo as Irmãs de Santa Doroteia, os jovens de Verona, Siracusa, Nave, Modica e Trento, os crismandos da Unidade Pastoral de Angarano e Val Liona; os seminaristas e padres do Pontifício Colégio Norte-Americano, os trabalhadores de Cuneo e os peregrinos de Verrua Po, San Zeno Naviglio, Urago d'Oglio, Varano Borghi e São Paulo, do Brsil. Para muitos, estes dias marcam o fim do período das férias de verão. Auguro a todos um retorno sereno e comprometido à vida cotidiana normal olhando para o futuro com esperança.
Desejo a todos um bom domingo, boa semana! Bom almoço e adeus!

Fonte: Zenit.

sábado, 24 de agosto de 2013

Como melhorar a nossa pregação sagrada: Fundo e Forma

Na semana passada, comecei a falar da linguagem na pregação, da sua importância e dos seus níveis. Vamos dar agora mais um passo: comentaremos os recursos formais que podemos usar para revestir as ideias e gravá-las mais profunda e eficazmente na mente e no coração dos ouvintes. Um fundo com ideias claras, estruturadas, lógicas, mas também uma forma atrativa, concreta, sensibilizada, visualizada e até dramatizada (sem teatralizar).

A FORMA A SERVIÇO DO FUNDO
A forma é o modo de apresentar as ideias que compõem o fundo de uma mensagem. Serve para gravar melhor a mensagem na mente e no coração do ouvinte. A força de impacto de uma ideia é diretamente proporcional ao seu grau de sensibilização.
As técnicas da forma se classificam em dois tipos:
Primeiro, técnicas de forma interna: concretização, desenvolvimento, visualização e dramatização.
Segundo, técnicas de forma externa, que incidem no modo de expressar a ideia: estilo plástico e ritmo ou movimento oratório.
COMECEMOS PELA FORMA INTERNA
Primeiro, a concretização da ideia. Há alguns passos para a concretização:
a) Enunciação da ideia ou verdade que eu quero transmitir ao ouvinte, e que, em geral, é abstrata, universal: “A confissão nos traz alívio… O sofrimento machuca… É melhor dar que receber… Cristo nos amou com loucura, etc…”.
b) Sensibilização mediante um caso concreto em que essa ideia abstrata e universal se realiza.
c) Recapitulação rápida para mostrar como se verifica neste caso a ideia universal e abstrata.
Um exemplo:
Ideia abstrata: O sofrimento machuca.
Sensibilização da ideia: Ah, como o sofrimento machuca! Perguntem à dona Rita, que está presa a uma cama já faz três anos, sem poder fazer nada, sentido as piores e mais terríveis dores, sem conseguir dormir nem sequer durante uma hora completa, nem durante o dia, nem durante a noite! E com seis filhos para educar e cuidar! Ah, meus caros, o sofrimento machuca, e como machuca!
Recapitulação da ideia: Ficou bem claro que o sofrimento machuca? Olhem para a dona Rita, nos testemunhando essa verdade: o sofrimento machuca, e machuca demais!
Segundo, o desenvolvimento da ideia.
Passos:
a) Enunciado da ideia, de forma exclamativa, expressando um sentimento, um valor ou um contravalor.
b) Desenvolvimento com algum dos tópicos de Aristóteles: quem, o quê, como, quando, onde, por quê, quantas vezes.
c) Recapitulação da ideia desenvolvida.
Um exemplo:
Enunciado da ideia: Como machuca o sofrimento!
Desenvolvimento: Quem está sofrendo? Dona Rita, mãe de seis filhos, três deles ainda pequenos. O que ela sofre? Um câncer terrível, que está se apoderando da vida e dos sonhos da dona Rita! Por quê? Só Deus sabe o porquê de tanto sofrimento, para ela que ainda é tão jovem! Como ela está sofrendo? Presa à cama, com grandes dores, mas com profunda paciência e resignação, de olhos firmes em Deus.
Recapitulação: Machuca ou não machuca o sofrimento? Perguntem à dona Rita, ela que é mãe de seis filhos, ela que está em seu quarto se consumindo de dor, com toda a fé plantada em Deus!

Para ler o artigo anterior clique aqui

Caso queira se comunicar com o Padre Antonio Rivero pode fazê-lo por este e-mail:arivero@legionaries.org

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A Igreja na Bolívia desmente a excomunhão de quatro ministros

A Conferência Episcopal da Bolívia (CEB) esclarece que a notícia da excomunhão de quatro ministros do país não é verdadeira. ZENIT contatou por telefone o porta-voz da conferência, José Rivera, que nos encaminhou o comunicado oficial dos bispos bolivianos sobre o assunto.

CEB: Esclarecimento necessário à honra da verdade
A Conferência Episcopal Boliviana – CEB desmente a manchete publicada pelo jornal Página Siete, que anuncia uma suposta excomunhão de autoridades governamentais. A manchete não tem relação com o conteúdo da nota publicada pelo jornal. Ao mesmo tempo, a CEB lamenta a confusão, a polêmica e o mal-estar desnecessários que esta informação errônea possa ter provocado na opinião pública nacional e internacional, criando uma polêmica entre Igreja e governo que parece armada pelo meio de comunicação.
1. A informação difundida pelo jornal Página Siete na manchete publicada no dia de hoje [19 de agosto, ndr] é errônea e não corresponde à realidade do pensamento e das declarações dos pastores da Igreja na Bolívia.
2. Demonstra ignorância e desconhecimento das normas e procedimentos pelos quais a Igreja católica se rege nesta matéria.
3. Manifestamos em reiteradas oportunidades que qualquer pessoa que se considera católica e que manifesta a sua aprovação ao aborto não é coerente com a sua fé e não está em comunhão com o ensinamento do Evangelho e da Igreja. Esta afirmação corrobora o compromisso e o testemunho cristão que cada católico deveria manter no seu agir público e privado, mas, de maneira nenhuma, dá por consumada uma decisão de excomunhão.
4. A missão fundamental da Igreja católica na sociedade não consiste em se concentrar em medidas punitivas, mas em pregar o perdão e a reconciliação, como afirma a nota a que aludimos. Esta posição é amplamente respaldada pelas diversas intervenções e mensagens dos bispos bolivianos.
5. Uma medida extrema, como é a de declarar a excomunhão de alguém na Igreja, pressupõe um processo sério e responsável de análise, investigação e consultas, que devem ser divulgadas por meio de documentos oficiais e de autoridades competentes, procedimentos que não aconteceram de maneira nenhuma no caso que nos ocupa.
A Igreja católica continuará fiel à sua missão, promovendo a vida desde a sua concepção até a morte natural, e denunciando toda ameaça em ações e normas contrárias a este direito sagrado e fundamental para a convivência da nossa sociedade.

Secretaria Geral da Conferência Episcopal Boliviana

Cochabamba, 19 de agosto de 2013.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Bispos eméritos escrevem aos bispos do Brasil.

Queridos irmãos no episcopado,

 

Somos três bispos eméritos que, de acordo com o ensinamento do Concílio Vaticano II, apesar de não sermos mais pastores de uma Igreja local, somos sempre participantes do Colégio episcopal, e junto com o Papa, nos sentimos responsáveis pela comunhão universal da Igreja Católica.

 

Alegrou-nos muito a eleição do Papa Francisco no pastoreio da Igreja, pelas suas mensagens de renovação e conversão, com seus seguidos apelos a uma maior simplicidade evangélica e maior zelo de amor pastoral por toda a Igreja. Tocou-nos também a sua recente visita ao Brasil, particularmente suas palavras aos jovens e aos bispos. Isso até nos trouxe a memória do histórico Pacto das Catacumbas.

 

Será que nós bispos nos damos conta do que, teologicamente, significa esse novo horizonte eclesial? No Brasil, em uma entrevista, o Papa recordou a famosa máxima medieval: “Ecclesia semper renovanda”.

 

Por pensar nessa nossa responsabilidade como bispos da Igreja Católica, nos permitimos esse gesto de confiança de lhes escrever essas reflexões, com um pedido fraterno para que desenvolvamos um maior diálogo a respeito.

 

1. A Teologia do Vaticano II sobre o ministério episcopal

 

O Decreto Christus Dominus dedica o 2º capítulo à relação entre bispo e Igreja Particular. Cada Diocese é apresentada como “porção do Povo de Deus” (não é mais apenas um território) e afirma que, “em cada Igreja local está e opera verdadeiramente a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica” (CD 11), pois toda Igreja local não é apenas um pedaço de Igreja ou filial do Vaticano, mas é verdadeiramente Igreja de Cristo e, assim a designa o Novo Testamento (LG 22). “Cada Igreja local é congregada pelo Espírito Santo, por meio do Evangelho, tem sua consistência própria no serviço da caridade, isto é, na missão de transformar o mundo e testemunhar o Reino de Deus. Essa missão é expressa na Eucaristia e nos sacramentos. Isso é vivido na comunhão com seu pastor, o bispo”.

 

Essa teologia situa o bispo não acima ou fora de sua Igreja, mas como cristão inserido no rebanho e com um ministério de serviço a seus irmãos. É a partir dessa inserção que cada bispo, local ou emérito, assim como os auxiliares e os que trabalham em funções pastorais sem dioceses,todos, enquanto portadores do dom recebido de Deus na ordenação são membros do Colégio Episcopal e responsáveis pela catolicidade da Igreja.

 

2. A sinodalidade necessária no século XXI

 

A organização do papado como estrutura monárquica centralizada foi instituída a partir do pontificado de Gregório VII, em 1078. Durante o 1º milênio do Cristianismo, o primado do bispo de Roma estava organizado de forma mais colegial e a Igreja toda era mais sinodal.

 

O Concílio Vaticano II orientou a Igreja para a compreensão do episcopado como um ministério colegial. Essa inovação encontrou, durante o Concílio, a oposição de uma minoria inconformada. O assunto, na verdade, não foi suficientemente amarrado. Além disso, o Código de Direito Canônico, de 1983 e os documentos emanados pelo Vaticano, a partir de então, não priorizaram a colegialidade, mas restringiram a sua compreensão e criaram barreiras ao seu exercício. Isso foi em prol da centralização e crescente poder da Cúria romana, em detrimento das Conferências nacionais e continentais e do próprio Sínodo dos bispos, este de caráter apenas consultivo e não deliberativo, sendo que tais organismos detêm, junto com o Bispo de Roma, o supremo e pleno poder em relação à Igreja inteira.

 

Agora, o Papa Francisco parece desejar restituir às estruturas da Igreja Católica e a cada uma de nossas dioceses uma organização mais sinodal e de comunhão colegiada. Nessa orientação, ele constituiu uma comissão de cardeais de todos os continentes para estudar uma possível reforma da Cúria Romana. Entretanto, para dar passos concretos e eficientes nesse caminho – e que já está acontecendo – ele precisa da nossa participação ativa e consciente. Devemos fazer isso como forma de compreender a própria função de bispos, não como meros conselheiros e auxiliares do papa, que o ajudam à medida que ele pede ou deseja e sim como pastores, encarregados com o papa de zelar pela comunhão universal e o cuidado de todas as Igrejas.

 

3. O cinquentenário do Concílio

 

Nesse momento histórico, que coincide também com o cinqüentenário do Concílio Vaticano II, a primeira contribuição que podemos dar à Igreja é assumir nossa missão de pastores que exercem o sacerdócio do Novo Testamento, não como sacerdotes da antiga lei e sim, como profetas. Isso nos obriga colaborar efetivamente com o bispo de Roma, expressando com mais liberdade e autonomia nossa opinião sobre os assuntos que pedem uma revisão pastoral e teológica. Se os bispos de todo o mundo exercessem com mais liberdade e responsabilidade fraternas o dever do diálogo e dessem sua opinião mais livre sobre vários assuntos, certamente, se quebrariam certos tabus e a Igreja conseguiria retomar o diálogo com a humanidade, que o Papa João XXIII iniciou e o Papa Francisco está acenando.

 

A ocasião, pois, é de assumir o Concílio Vaticano II atualizado, superar de uma vez por todas a tentação de Cristandade, viver dentro de uma Igreja plural e pobre, de opção pelos pobres, uma eclesiologia de participação, de libertação, de diaconia, de profecia, de martírio... Uma Igreja explicitamente ecumênica, de fé e política, de integração da Nossa América, reivindicando os plenos direitos da mulher, superando a respeito os fechamentos advindos de uma eclesiologia equivocada.

 

Concluído o Concílio, alguns bispos – sendo muitos do Brasil – celebraram o Pacto das Catacumbas de Santa Domitila. Eles foram seguidos por aproximadamente 500 bispos nesse compromisso de radical e profunda conversão pessoal. Foi assim que se inaugurou a recepção corajosa e profética do Concílio.

 

Hoje, várias pessoas, em diversas partes do mundo, estão pensando num novo Pacto das Catacumbas. Por isso, desejando contribuir com a reflexão eclesial de vocês, enviamos anexo o texto original do Primeiro Pacto.

 

O clericalismo denunciado pelo Papa Francisco está sequestrando a centralidade do Povo de Deus na compreensão de uma Igreja, cujos membros, pelo batismo, são alçados à dignidade de “sacerdotes, profetas e reis”. O mesmo clericalismo vem excluindo o protagonismo eclesial dos leigos e leigas, fazendo o sacramento da ordem se sobrepor ao sacramento do batismo e à radical igualdade em Cristo de todos os batizados e batizadas.

 

Além disso, em um contexto de mundo no qual a maioria dos católicos está nos países do sul (América Latina e África), se torna importante dar à Igreja outros rostos além do costumeiro expresso na cultura ocidental. Nos nossos países, é preciso ter a liberdade de desocidentalizar a linguagem da fé e da liturgia latina, não para criarmos uma Igreja diferente, mas para enriquecermos a catolicidade eclesial.

 

Finalmente, está em jogo o nosso diálogo com o mundo. Está em questão qual a imagem de Deus que damos ao mundo e o testemunhamos pelo nosso modo de ser, pela linguagem de nossas celebrações e pela forma que toma nossa pastoral. Esse ponto é o que deve mais nos preocupar e exigir nossa atenção. Na Bíblia, para o Povo de Israel, “voltar ao primeiro amor”, significava retomar a mística e a espiritualidade do Êxodo.

 

Para as nossas Igrejas da América Latina, “voltar ao primeiro amor” é retomar a mística do Reino de Deus na caminhada junto com os pobres e a serviço de sua libertação. Em nossas dioceses, as pastorais sociais não podem ser meros apêndices da organização eclesial ou expressões menores do nosso cuidado pastoral. Ao contrário, é o que nos constitui como Igreja, assembleia reunida pelo Espírito para testemunhar que o Reino está vindo e que de fato oramos e desejamos: venha o teu Reino!

 

Esta hora é, sem dúvida, sobretudo para nós bispos, com urgência, a hora da ação. O Papa Francisco ao dirigir-se aos jovens na Jornada Mundial e ao dar-lhes apoio nas suas mobilizações, assim se expressou: “Quero que a Igreja saia às ruas”. Isso faz eco à entusiástica palavra do apóstolo Paulo aos Romanos: “É hora de despertar, é hora e de vestir as armas da luz” (13,11). Seja essa a nossa mística e nosso mais profundo amor.

 

Abraços, com fraterna amizade,

 

Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba.

Dom Tomás Balduino, bispo emérito de Goiás.

Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Papa Francisco, candidato ao Prêmio Sakharov



Em comunicado de 19 de agosto, os eurodeputados Enzo Rivellini e Potito Salatto, do Partido Popular Europeu (PPE), anunciaram para a próxima segunda-feira, 26 de agosto, o início da coleta de assinaturas de parlamentares europeus de todos os posicionamentos políticos e de todos os países da União Europeia para atribuir o Prêmio Sakharov ao papa Francisco.

O Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento foi criado pelo Parlamento Europeu em 1988 a fim de premiar personalidades ou organizações que dedicam a vida à defesa dos direitos humanos e das liberdades individuais.
O nome da premiação homenageia o cientista e dissidente Andrei Dmitrievich Sakharov. Apesar de ter contribuído para o desenvolvimento da bomba termonuclear de hidrogênio (bomba H), como membro da Academia de Ciências da União Soviética, Sakharov contestou, nos anos de 1957 e 1958, os testes nucleares para fins bélicos e criticou o regime soviético, a ponto de fundar em 1970 o Comitê dos Direitos Civis e assumir a defesa dos dissidentes e perseguidos.
Suas atividades em favor dos direitos civis lhe valeram o Prêmio Nobel da Paz em 1975, mas ele não pôde recebê-lo por expressa proibição do regime soviético. Sakharov se manifestou também contra a entrada das tropas soviéticas no Afeganistão, foi preso e, em 1980, confinado na atual cidade de Ninij Novgorod, onde sua esposa, Elena Bonner, era o seu único meio de contato com o mundo exterior. Reabilitado em 1986, retornou a Moscou e foi eleito deputado em 1989. Morreu na capital russa em dezembro do mesmo ano.
O Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é concedido anualmente após uma pré-seleção dos candidatos e uma votação final da câmara. Entre os vencedores, estão Nelson Mandela, as Mães da Praça de Maio, o dissidente cubano Guillermo Farinas e o cineasta iraniano Jafar Panahi.
Os dois eurodeputados afirmam que “nos poucos meses do seu pontificado, o papa Francisco despertou os melhores sentimentos de todos, com simplicidade, humanidade e grande autoridade. Ele conseguiu dar início a um percurso de paz e de fraternidade que entusiasma tanto os crentes quanto os não crentes”.
Por estas razões, “acreditamos que ninguém pode duvidar da magnitude deste percurso e estamos confiantes de que o Prêmio Sakharov será reconhecido, por unanimidade, ao Santo Padre. A premiação também será uma oportunidade para recebê-lo e para ouvir os seus ensinamentos dentro do Parlamento Europeu em Estrasburgo”.
O reconhecimento é entregue sempre em data próxima a 10 de dezembro, para comemorar o dia em que foi assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

"Fé e violência são incompatíveis!"



Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Na liturgia de hoje ouvimos essas palavras da Carta aos Hebreus: "Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus. " (Hb 12, 1-2) . É uma expressão que devemos enfatizar especialmente neste Ano da Fé. Nós, também, ao longo deste ano, mantemos os olhos fixos em Jesus, porque a fé, que é o nosso "sim" à relação filial com Deus, vem dele, vem de Jesus. Ele é o único mediador desta relação entre nós e o nosso Pai que está nos céus. Jesus é o Filho, e nós somos filhos Nele.
Mas a Palavra de Deus deste domingo também contém a palavra de Jesus, que nos coloca em crise, e que precisa ser explicada, pois caso contrário pode levar a mal-entendidos. Jesus diz aos seus discípulos: "Vocês acham que eu vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas a divisão "(Lc 12, 51). O que significa isso? Significa que a fé não é algo decorativo, ornamental; viver a fé não é decorar a vida com um pouco de religião, como se fosse um bolo que se decora com creme. Não, a fé não é isso. A fé envolve a escolha de Deus como critério-base da vida, e Deus não é um vazio, Deus não é um neutro, Deus é sempre positivo, Deus é amor, e o amor é positivo! Depois que Jesus veio ao mundo não é possível ficar como se não conhecêssemos a Deus. Como se fosse uma coisa abstrata, vazia, de referência puramente nominal; não, Deus tem um rosto concreto, tem um nome: Deus é misericórdia, Deus é fidelidade, é vida que se doa para todos nós.
Por isso Jesus disse: vim para trazer a divisão; não que Jesus queira dividir os homens entre si, pelo contrário: Jesus é a nossa paz, é a nossa reconciliação! Mas esta paz não é a paz dos sepulcros, não é a neutralidade, Jesus não traz neutralidade, esta paz não é um acordo a todo custo. Seguir Jesus comporta renunciar ao mal, ao egoísmo e escolher o bem, a verdade, a justiça, também quando isso requer sacrifício e renúncia aos próprios interesses. E isso sim, divide; o sabemos, divide também os vínculos mais estreitos. Mas cuidado: não é Jesus que divide! Ele coloca o critério: viver para si mesmos, ou viver para Deus e para os outros; fazer-se servir ou servir; obedecer ao próprio ego, ou obedecer a Deus. Eis em que sentido Jesus é "sinal de contradição" (Lc 2, 34).
Portanto, esta palavra do Evangelho não autoriza o uso da força para difundir a fé. É exatamente o oposto: a verdadeira força do cristão é a força da verdade e do amor, que traz consigo a renúncia a toda violência. Fé e violência são incompatíveis! Fé e violência são incompatíveis! Pelo contrário, fé e fortaleza caminham juntas. O cristão não é violento, mas é forte. E com que fortaleza? Aquela da mansidão, a força da mansidão, a força do amor.
Queridos amigos, até mesmo entre os parentes de Jesus havia alguns que em um certo ponto não compartilhavam o seu modo de viver e pregar, é o que nos diz o Evangelho (cf. Mc 3, 20-21). Mas sua mãe sempre o seguiu fielmente, tendo fixo o olhar do seu coração em Jesus, o Filho do Altíssimo, e no seu mistério. E, finalmente, graças à fé de Maria, os familiares de Jesus entraram na primeira comunidade cristã (cf. At 1,14). Pedimos a Maria que nos ajude também a manter o olhar bem fixo em Jesus e a seguí-Lo sempre, mesmo quando custa.
[Depois do Angelus]
Lembrem-se disso: seguir a Jesus não é indiferente, seguir a Jesus significa envolver-se, porque a fé não é uma coisa decorativa, é força da alma!
Queridos irmãos e irmãs, saúdo-vos a todos com afeto, romanos e peregrinos: as famílias, os grupos paroquiais, os jovens... Quero pedir uma oração pelas vítimas do naufrágio do ferry nas Filipinas, também pelas famílias ... tanta dor! Também continuamos a rezar pela paz no Egito.Todos juntos: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós! Todos: [O Papa repete com as pessoas:] Maria, Rainha da Paz, rogai por nós!
Saúdo o grupo folclórico polonês de Edmonton, Canadá. Uma saudação especial aos jovens de Brembilla – e vos vejo, eh, vejo-vos bem! - em Bergamo, e abençoo a tocha que levarão à pé de Roma até a sua cidade. E saúdo também os jovens de Altamura.
Desejo a todos um bom domingo e um bom almoço! Nos vemos!

Tradução Thácio Siqueira - Fonte: Zenit.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O melhor em Chesterton é o sentido de alegria diante da vida



Dale Ahlquist , presidente do American Chesterton Society, anunciou nesse mês de agosto (1) que o bispo britânico Peter Jonh Haworth Doyle nomeu um clérigo para investigar a causa de beatificação do escrito Gilbert Keith Chesterton. A notícia pode ser lida nesse link.

Quem é Chesterton?, quais os seus principais escritos?, como se aproximar das suas obras?, estas e outras foram as questões que levantamos em conversa com Diego Guilherme da Silva, editor do site Chesterton Brasil.
Já “Foi realizado um evento em 2009 pela Sociedade Inglesa, dedicado a refletir sobre a possível santidade de Chesterton”, revelou Diego a ZENIT e disse que também o Papa Francisco, enquanto Cardeal Bergoglio, foi membro da Sociedad Chestertonina Argentina.
Diante da notícia da possível beatificação de Chesterton, ZENIT conversou com Diego Guilherme para trazer aos nossos leitores um pouco mais desse “autor extraordinário que tinha respostas certíssimas para os erros e dificuldades dos nossos tempos".
Acompanhe a entrevista na íntegra.
Sociedade Chesterton Brasil: http://sociedadechestertonbrasil.org/
***

 Fale-me um pouco sobre você, a sua vida e o seu interesse por Chesterton.

Diego: Conheci Chesterton na universidade, por incrível que pareça. Estava cursando a Graduação em Biblioteconomia pela UFMG. Na época, eu participava do Núcleo Universitário de Estudos Católicos (NUEC) e tínhamos semanalmente encontros de estudos, leituras, filmes e lanches. Cada semana um amigo apresentava a vida e obra de um escritor católico/cristão ou que tivesse obra com valores. Certo dia, um amigo apresentou a vida e obra de Gilbert Keith Chesterton. Ele entregou alguns textos. Fiquei impressionado. Estava diante de um autor extraordinário que tinha respostas certíssimas para os erros e dificuldades dos nossos tempos. Depois que li o livro Ortodoxia tive uma convicção inquebrantável de que tinha que fazer algo para divulgar o pensamento de Chesterton aqui no Brasil.

 O que é a Sociedade Chesterton Brasil? 
 
Diego: A Sociedade Chesterton Brasil é uma iniciativa que surgiu no final de 2010 com um blog chamado Chesterton Brasil. O objetivo era reunir tudo o que tinha sobre Chesterton em língua portuguesa. Fiz o levantamento de pessoas que tinham interesse na obra dele. Conheci pela internet o Agnon Fabiano, de Fortaleza, e começamos um trabalho muito bom para divulgar Chesterton. Criamos um perfil no Facebook, Twitter e Youtube. Diante do interesse de milhares de pessoas, resolvemos, no final de 2012, lançar o nosso novo site e a Sociedade Chesterton Brasil. Como não temos dedicação exclusiva ao projeto, dedicamos nossos tempos livres. Nestes poucos anos a Sociedade já conquistou muitas coisas. Já ultrapassamos mais de 5.000 mil amigos no Facebook. Realizamos dois eventos para divulgação da obra de Chesterton, um em Fortaleza e outro de lançamento do livro Tremendas Trivialidades (Ecclesiae, 2012), em Florianópolis, e colaboramos com o DSI talks, realizado no Mosteiro de São Bento, em julho deste ano. Criamos uma versão aqui no Brasil da camiseta CHEsterton, que faz uma paródia com as camisetas do CHE Guevarra. O que nos deixa mais feliz é o excelente contato que temos mantido com pessoas e instituições interessadas em divulgar a obra de Chesterton. Temos um excelente contato com a editora Ecclesiae que tem publicado obras inéditas de Chesterton, com a Editora Oratório, com a agência Aci Digital e com sociedades chestertonianas do mundo todo. Inclusive, estamos colaborando com a edição da próxima revista Chesterton Review, edição em português, da American Chesterton Society. E agora, com o Zenit que nos oferece este espaço.

 Como as ideias de Chesterton podem ajudar os homens de hoje, especialmente o brasileiro?
 
Diego: Como chestertoniano posso dizer, e os chestertonianos não me deixarão mentir, que Chesterton pode ajudar em tudo os brasileiros. Um Chestertoniano de verdade, e comprovei em conversas com pessoas do Brasil e de outros países, utilizam várias situações do seu dia e aplicam as frases e pensamentos de Chesterton. O melhor em Chesterton é o sentido de alegria diante da vida. Sua perspectiva de que há um véu, que são nossa rotina, desesperança e pecados, que cobrem nossa visão diante da beleza da vida, da criação, nos faz acordar para retirar este véu e ver a beleza da criação. Outra coisa muito marcante em Chesterton que falta nos Brasileiros é a honestidade consigo mesmo. Vivemos muitas vezes num autoengano, não temos a humildade suficiente para dar voz ao coração, à consciência e nos deixar conduzir pela e para a Verdade. Chesterton viveu anos difíceis em sua juventude. Acredito que muitos, se não todos, dos leitores de Chesterton se reconhecem em muitos aspectos da vida dele. Queremos algo, queremos uma vida com sentido que nos torne felizes. Chesterton tem um conto - tem uma tradução em português no site chamada “O caminho para se ir de um lugar ao mesmo lugar...” - muito bonito em que relata um homem que insatisfeito com sua vida, resolve buscar seu verdadeiro lar. Ele anda pelo mundo todo à procura. Depois de muito buscar, ele encontra uma casinha branca no campo. Ao chegar ele descobre que era seu velho e acolhedor lar. Como ele mesmo escreve no conto: “Todo lugar na terra é o começo ou o fim, segundo o coração do homem”. Chesterton encontrou conforto e respostas na Igreja Católica. Isto é algo que ninguém pode contestar, pois ele passou sua vida em busca dela e em defesa dela.

 Qual a principal ideia de Chesterton para você?

Diego: É difícil dizer, pois, apesar de estar à frente deste projeto, isso não significa que eu seja especialista em Chesterton. Comparado com o universo das obras dele temos poucas obras traduzidas para o português. Se os amigos Chestertonianos me permitirem, eu acredito que Chesterton tem em sua vida a mistura de um São Francisco na simplicidade de ver a vida e a beleza nas coisas simples e a sabedoria de Santo Tomás de Aquino em aguçar aprofundadamente nos erros e ver seus impactos e perigos e encontrar respostas irrefutáveis. Muitas das tragédias que temos visto que hoje acontecerem foram antecipadas por Chesterton que percebia em um pequeno erro de seu tempo poderia se transformar em um monstro em nossos tempos. Seu profundo amor à Família, acredito, é uma ideia que poderíamos dizer, principal nele. Seu modelo de Família era a Sagrada Família. Seu modelo de homem era o homem comum de senso comum. Sua vida foi em defesa da família, do lar, do maravilhoso universo de uma propriedade privada onde, como ele nos diz, é “um território circunscrito em que ele [o homem] é rei”.

 Para quem queira aproximar-se do pensamento de Chesterton, qual seria uma boa ordem de leitura?

Diego: Comecei através do Livro Ortodoxia, depois o Homem Eterno e ganhei de um amigo o livro Santo Tomás de Aquino, que, diga-se de passagem, leio uma vez por ano. Não dá para fazermos uma linha cronológica de acordo com a publicação original de cada obra dele. Hereges foi escrito antes de Ortodoxia, por exemplo, e que somente saiu porque H.G. Wells desafiou ele a expor sua doutrina, já que os erros ele havia apresentado em Hereges. Tem também os excelentes contos do Padre Brow, que são contos detetivescos divertidíssimos e inteligentes. O livro O Homem Eterno é um pouco mais denso e difícil. Este livro influenciou o reencontro de C.S. Lewis com o Cristianismo. Foi lançado pela Ecclesiae O Que Há de Errado com O Mundo (2013), Autobiografia de Chesterton (2012), Tremendas Trivialidades (2012), Todos Caminhos Levam a Roma (2012), publicado pela Editora Oratório. Sugestão: comprem todos em nossa livraria virtual Chestertonlivros.com.br e comecem a ler, já!

 Como a Sociedade Chesterton recebeu a notícia da abertura da investigação para o processo de canonização de Chesterton?

Diego: Temos acompanhado bem próximos estas notícias. Sabíamos que este desejo é antigo. O Papa Pio XI enviou um telegrama quando ele morreu colocando o título de “Defensor Fidei” para ele. Este, e outros fatos dizem muito.
Foi realizado um evento realizado em 2009 pela Sociedade Inglesa, dedicado a refletir sobre a possível santidade de Chesterton. Há um interesse muito grande no intuito de que seja realizado, pela Igreja Católica, um estudo da vida e obra dele.
Um fator que pode colocar Chesterton um pouco mais em evidência é o fato de o Papa Francisco, enquanto Cardeal Bergoglio, ter sido membro da Sociedad Chestertonina Argentina. Levamos um banner para divulgar Chesterton e encontrar Chestertonianos amigos na Jornada Mundial da Juventude. Colocamos o banner próximo às grades para quando o Papa Francisco passasse pelas ruas de Copacabana ele pudesse ver. Percebi que ele viu. Em nosso site temos a oração pela beatificação de Chesterton. Rezemos para que, se for da vontade de Deus, tenhamos a beatificação e canonização dele.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Cardeal cubano pede canonização de Dom Oscar Romero


Representando o Papa Francisco, o cardeal cubano Jaime Ortega y Alamino presidiu domingo uma missa pelo centenário da Arquidiocese de São Salvador e em sua pregação, pediu a canonização do arcebispo salvadorenho Dom Oscar Romero.

“Pedimos ao Senhor a honra dos altares para Dom Romero”, disse na homilia da missa, celebrada no centro esportivo Santa Tecla (centro). Em condição de enviado papal, Dom Ortega presidiu o encerramento do V Congresso Eucarístico Nacional e os 100 anos de criação da arquidiocese da capital salvadorenha pelo Papa Pio X em 1913.

O núncio apostólico em El Salvador, Léon Kalenga Badikebele; o arcebispo de Tegucigalpa, Cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga; os bispos locais e de outros países centro-americanos; dezenas de sacerdotes e seminaristas, e milhares de peregrinos, participaram da Eucaristia.

Cardeal Ortega lembrou na homilia que a última ceia de Jesus Cristo com seus discípulos foi marcada por um “clima de dor e suspeitas”. “O ambiente daquela ceia, carregado de tensão, nos faz pensar na última Eucaristia que Dom Romero não pôde terminar; agora, nesta celebração, sentimos que ele está perto de nós e pedimos ao Senhor a honra dos altares para ele”.

Dom Romero foi assassinado por um franco-atirador quando celebrava missa na capela de um hospital de São Salvador em 30 de março de 1980 e está em processo de canonização no Vaticano.

O arcebispo de Havana pediu que “a Eucaristia celebrada a cada dia e aquela Eucaristia que Dom Romero não pôde terminar tragam para este querido país, que tem o nome do Salvador do Mundo, um grande anseio de reconciliação, o rechaço total à violência e sementes de paz aos corações e na sociedade”. Após a missa, houve uma breve procissão.

O V Congresso Eucarístico Nacional segue as edições celebradas em 1942, 1964, 1992 e 2000.
(CM)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A transmissão da fé em família



A Semana Nacional da Família também se relaciona com a temática do Ano da Fé: “a transmissão e a educação da fé na família”. Nada mais apropriado. Embora a fé possa, e precise, ser transmitida também em muitos outros contextos, além da família, é bem verdade que esta é um dos sujeitos fundamentais na transmissão e educação da fé.
A própria constituição da família, mediante o casamento entre um homem e uma mulher, é também uma aposta de fé. Não que o casamento e a família dependam da fé: são realidades naturais e não, sobrenaturais. Apesar de tudo o que se diga ou mova em contrário, os jovens continuam casando e formando família, mostrando que essas realidades não ficam “fora da moda”, como bem confirmaram tantos jovens ao Papa Francisco na JMJ-Rio...
No entanto, Deus quer ajudar o casal a viver bem o casamento e realizar bem a vida e a missão da família. A Igreja tem grande apreço ao propósito do casal, que inicia sua vida a dois com um olhar de fé profunda. De muitos modos, ele pode experimentar que Deus está presente em sua vida e o abençoa e conduz. Por isso, a fé viva e a vida cristã generosa do casal são um poderoso auxilio para ele.
Já na celebração do casamento religioso, os nubentes respondem esta pergunta: “estais dispostos a receber com amor os filhos que Deus lhes confiar e a educá-los na lei de Cristo e da Igreja?” A resposta é “sim!” A paternidade e a maternidade são vistas à luz da fé em Deus; e a educação cristã dos filhos também é um compromisso de fé assumido pelo casal diante de Deus. Por isso, a transmissão da fé e a educação dos filhos no caminho da vida cristã e eclesial é, desde logo, parte da missão dos pais católicos.
É missão do casal criar um ambiente doméstico que fale da nossa fé: não devem faltar a oração em família, a presença de sinais religiosos na casa, como a Bíblia, o crucifixo ou alguma imagem sacra. A busca do batismo para os filhos, o ensinamento das primeiras atitudes e gestos cristãos, o aprendizado das primeiras orações, a transmissão, aos filhos, da “imagem” cristã de Deus e a introdução na comunidade da Igreja também fazem parte dessa missão dos pais católicos. Em tudo, porém, o fator decisivo na educação é o exemplo dos próprios pais; os filhos pequenos aprendem vendo.
No esforço atual da Igreja em promover uma “nova evangelização”, recordamos esse papel fundamental dos pais e da família cristã. É no contexto da família que são transmitidos (ou deixam de ser transmitidos) os valores que marcam a vida das pessoas. O que se aprende nos primeiros anos da vida tem importância decisiva. Uma boa experiência da nossa fé e a iniciação à vida cristã e eclesial enriquecem a educação dos filhos.
A transmissão da fé da Igreja conta com a ação de todos os seus membros. Uma geração passa à outra o tesouro do Evangelho e o patrimônio da vida cristã e eclesial, enriquecido com o próprio testemunho. É um contínuo receber, acolher, viver e passar os outros; se hoje cremos, é porque outros, antes de nós, fizeram isso generosamente, há quase dois mil anos.
Agora é a nossa vez de fazê-lo. Não por mero automatismo cultural ou por necessidade ritual, mas de modo consciente, generoso e alegre. É um tesouro, que arrebata nosso coração e dá sentido a toda a vida. Amanhã ainda haverá fé no mundo se nós, hoje, não formos um elo quebrado nessa corrente de transmissão da fé cristã católica.

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 13.08.2013
Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Muçulmanos da Itália agradecem ao papa Francisco



"Muitas vezes, um sorriso vale mais que mil palavras": com esta frase, a União das Comunidades e Organizações Islâmicas na Itália (UCOII) comentou a "gentileza" do papa Francisco ao enviar uma mensagem escrita de próprio punho por ocasião do fim do Ramadã e da festa do Id al-Fitr.

Os muçulmanos na Itália, escreve a UCOII em carta ao Santo Padre, receberam com "extraordinária alegria" as palavras do pontífice, especialmente o convite ao "respeito mútuo". A "gentileza", junto com a educação e com o respeito, deve "fazer parte da nossa prática diária, cada um de acordo com o que pode e sabe", prossegue a União.
As palavras da organização islâmica mencionam os anos difíceis em que sofreu por "pecados que não tinha cometido" e durante os quais continuou, mesmo assim, a agir sempre "em prol do diálogo e da ética compartilhada". "Fortalecidos pelo período de purificação recém-percorrido, queremos expressar, Santidade, a nossa gratidão pela mensagem que nos escreveu pessoalmente, bem como pelo compromisso inabalável com uma unidade maior e mais coesa de intenções em favor da criação, da qual os filhos de Adão e Eva foram escolhidos como guardiães".

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O fundamental e o não fundamental

Milagre eucarístico de Lanciano, bilocação, incorruptibilidade dos cadáveres de determinados santos, estigmas, imagens que choram etc. Sabe o que estes fenômenos extraordinários têm em comum? Nenhum deles é fundamental para a fé!

O fundamental para a fé cristã se encontra no credo, recitado domingo na missa: as verdades declinadas no chamado “símbolo dos apóstolos”. Fundamental é, também, a Igreja católica. Fundamentais são outrossim os sacramentos administrados pelos clérigos. Fundamental é a oração. Fundamentais são as boas obras. Fundamental é, ainda, a intercessão de nossa Senhora.
Não quero dizer que as ocorrências mencionadas no primeiro parágrafo sejam falsas ou fantasiosas. Acredito piamente que se trata de manifestações autênticas. Todavia, não se pode embasar a crença em Deus nas aludidas manifestações. Seria como dar uma de são Tomé! Aliás, o milagre eucarístico de Lanciano advém de uma postura similar a de são Tomé: um padre na Itália que duvidou da presença real do corpo de Cristo na hóstia consagrada.
Precisamos escoimar nossa prática religiosa daquilo que não é fundamental. Agiremos como racionalistas, se quisermos provar tudo; provar nossa crença... A fé madura está alicerçada no fundamental, não no acessório.
O maravilhoso na Igreja é Cristo, seu divino fundador. O maior milagre que se espera, tão suplicado pelo papa Francisco na recente JMJ, é o milagre de uma sociedade fraterna, justa, prenhe de vida abundante (Jo 10,10). Neste ponto, os leigos possuem uma responsabilidade enorme, porquanto devem animar e aperfeiçoar a ordem temporal com o espírito do evangelho (cf. cânon 225, §2.º).

Edson Sampel - Zenit.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Matrimônio: entre crise e beleza



Fala-se muito ultimamente de casamento. Esse parece ser um direito de todos e, ao mesmo tempo, tem-se a impressão de que se sabe cada vez menos o que ele realmente é. Existem muitos casamentos que se rompem e é ainda maior o número de pessoas que não se decidem jamais a se casar.

A Palavra de Deus também fala muito do matrimônio, no contexto da revelação de Deus à família humana. Jesus ensina que o casamento é algo sagrado, um gesto com o qual um homem e uma mulher se tornam um só corpo e alma por toda a vida. E o Senhor sempre acolheu e abençoou as crianças, o fruto natural do casamento. Deus revela-se então como alguém que ama e abençoa as famílias; na verdade, ele quis que o homem viesse ao mundo através das famílias e Ele mesmo se fez homem no seio de uma família humana. O Deus que é único, grande e todo-poderoso fez-se criança em Jesus, vivendo por trinta anos, submetido a uma família.
O Evangelho fala-nos, sem dúvida, da santidade e indissolubilidade do matrimônio: aqueles que se casam, tornam-se uma só carne e nada pode separá-los. Mas estas palavras para nós, homens do século XXI, são fonte de certo desconforto e confusão. Sabemos que mais de 40% dos casamentos falham, e muitos querem considerar “direito” separar o que Deus uniu. Esta é uma verdadeira tragédia atual, que causa dor e sofrimento, especialmente nas crianças. O casamento parece ser uma escolha de poucos e algo sem nenhum valor. Nesta situação, as crianças são cada vez mais raras e chegam quase a desaparecer.
No entanto, se o homem olha para si mesmo, percebe que possui um grande desejo de amar outra pessoa totalmente, para ser feliz, fazendo outra pessoa feliz. Todo homem tem o desejo de doar-se totalmente, pois o amor ou é total ou simplesmente não existe. O amor exige a eternidade, a perfeita doação. Mas porque temos este desejo e, ao mesmo tempo, parece ser impossível de realizá-lo?
Este grande desejo existe, porque a nossa vida é um dom gratuito, recebido de Deus. Não viemos à existência por nós mesmos, mas por causa do amor de outras pessoas. Deus nos criou livre e gratuitamente, sem pedir nada em troca, porém isso se realizou através do amor de nossos pais. Por esta razão, o homem só pode ser realizado quando se entrega, doando a Deus e aos outros os bens recebidos.
Uma das maneiras – certamente não a única – de entregar-se totalmente a Deus e aos outros é o matrimônio. Os cônjuges que se amam, acima de tudo amam a Deus, fazem de suas vidas um dom recíproco, encontram um caminho para a felicidade e podem cooperar com Deus no poder único de gerar vidas. O verdadeiro amor é absoluto, exige a totalidade do tempo, a abertura à vida, o desejo de entregar-se para sempre. Aquele que ama verdadeiramente busca doar-se completamente, e quando o amor é doado, não se perde ou extingue, mas cresce e frutifica. O amor é destruído somente quando uma pessoa se casa pensando em fazer-se feliz e não descobre que só existe um caminho para a felicidade: buscar a felicidade da pessoa amada.
Além disso, Deus quis que o casamento fosse um Sacramento, um sinal sagrado que dá aos homens a capacidade de doar-se em um amor total e fecundo para toda a vida. “Nosso Salvador foi ao casamento de [Canaã] para santificar as origens da vida humana” [1]. E o Sacramento pressupõe a igualdade da dignidade de homem e mulher, assim como a complementaridade. O livro de Gênesis diz que Adão, após a criação, viu todos os animais e não encontrou nenhum que lhe fosse semelhante. Em seguida, o texto bíblico usa uma bela imagem poética: a mulher foi criada a partir de uma costela do homem. A imagem significa que a mulher é igual ao homem em dignidade. Ela não foi feita dos pés de Adão, porque não é inferior a ele; nem mesmo pode-se dizer que Deus tenha tirado o cérebro do homem para fazer a mulher. Deus a criou a partir da costela do homem, porque é a parte do corpo humano que está mais próxima ao coração. Assim, quando Adão viu Eva gritou de alegria: “Esta é, realmente, osso dos meus ossos e carne da minha carne. Ela será chamada mulher, porque foi tomada do homem” (Gn. 2, 22-23).
O Beato João Paulo II, comentando estes textos, disse que Deus criou todas as coisas com ordem, começando pelas mais simples, como a luz, a água, a terra, e terminou com as mais complexas: o homem e a mulher. Por conseguinte, a mulher é mais a criatura mais “perfeita” do universo e a mais complexa. Por esta razão, os homens são incapazes de entender as mulheres e o demônio quis tentar em primeiro lugar à mulher. Ele sabia que, uma vez destruída a dignidade da mulher, toda a criação viria à ruína. Ele agora usa a mesma estratégia: destruir a figura da mulher para pôr em crise toda a sociedade.
Homens e mulheres são semelhantes e estão ligados pelo coração; mas para permanecer fiel um ao outro necessitam de Deus, da sua graça, que é dada especialmente no dia em que recebem o Sacramento do matrimônio. A graça, porém, necessita ser alimentada diariamente, através da oração comum, da participação nos demais Sacramentos. O verdadeiro problema atual não é a crise no casamento, mas sim a crise de fé, que não permite ao homem reconhecer a beleza do matrimônio e dos dons de Deus. Quem se afasta de Deus, se esquece de que o homem é uma criatura que só se realiza através da doação livre e gratuita. Peçamos ao Senhor que as famílias cristãs sejam capazes de encontrar sua força em Deus e que os jovens não tenham medo de realizar o plano que Deus tem para eles.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Jesuítas do Oriente Médio: "Inquietação profunda"

Os jesuítas do Oriente Médio, num comunicado enviado à Agência Fides e assinado pelo provincial Pe. Victor Assouad SJ, manifestaram "inquietação profunda" em relação à situação de seus confrades no conflito sírio. Junto com Pe. Paolo Dall'Oglio – jesuíta romano que desapareceu no norte da Síria há uma semana, talvez seqüestrado por grupos jihadistas atuantes na área – o Provincial Assouad fala também da situação crítica vivida por Pe. Frans van der Lugt e pelas pessoas que vivem com ele na residência jesuíta de Boustan Diwan, no centro de Homs, onde segundo fontes do UNICEF, 400 mil civis, a maioria mulheres, idosos e crianças, ficaram bloqueadas e isoladas por causa da nova ofensiva do exército governamental contra as milícias rebeldes. Pe.Victor agradece a todas as pessoas que se preocupam com Pe. Dall'Oglio e também a "todas as organizações e autoridades que se mobilizam pela sua busca", desejando que "tenha logo fim essa provação" e que "P e. Paolo possa reencontrar seus entes queridos em breve". Em relação aos hóspedes da residência jesuíta de Homs, o provincial jesuíta do Oriente Médio pede para que seja feito todo esforço para proteger suas vidas. Ao prolongar-se do drama sírio foi reafirmado em nome de toda a Companhia "a solidariedade com o sofrimento de todo o povo sírio". Os jesuítas se comprometem a prosseguir sua ação humanitária dirigida a todos e renovam o propósito de "trabalhar pela paz e pela reconciliação na Síria".

No sábado, 3 de julho, o Cardeal Leonardo Sandri, em nome de toda a Congregação para as Igrejas Orientais manifestou num comunicado sua "proximidade na oração" ao Prepósito-Geral e a todos os religiosos da Companhia de Jesus em relação ao desaparecimento de Pe. Dall'Oglio. Na mensagem, o Cardeal Sandri recorda também "o absoluto silêncio em relação aos dois bispos e dois sacerdotes seqüestrados alguns meses atrás, como também tantos outros, sírios e estrangeiros que se encontram nessa mesma dolorosa situação".
No dia 3 de julho, também a Coalizão nacional síria (CNS), principal plataforma da oposição anti-Assad, se disse “profundamente preocupada” pelo destino do jesuíta Dall'Oglio. O re-fundador do antigo Mosteiro sírio de Deir Mar Musa, grande inspirador de iniciativas de diálogo islâmico-cristão, declarado “pessoa não-grata” pelo governo sírio, chegou sábado, 27 de julho, na cidade de Raqqa – controlada pelos rebeldes – de onde, segundo fontes locais, partiu para uma localidade desconhecida, onde tinha encontro marcado com Abu Bakr al-Baghdadi, chefe do Estado islâmico no Iraque e no Levante, entidade que lidera a Frente al-Nusra, principal força jihadista da insurreição síria. Segundo as mesmas fontes, o jesuíta queria tratar com os jihaidistas a libertação de alguns reféns e uma trégua nos combates em andamento há semanas entre milícias islâmicas e curdas.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Morre Dom Jaime Luiz Coelho



A Arquidiocese de Maringá comunica o falecimento do primeiro Arcebispo de Maringá, Dom Jaime Luiz Coelho (97). Dom Jaime morreu por volta 1h da madrugada desta segunda-feira (05), na Santa Casa de Maringá, vítima de insuficiência renal crônica. Ele havia sido internado na UTI da Santa Casa na noite de sábado (04), por causa do agravamento do quadro de insuficiência renal.
O velório terá início às 12h desta segunda-feira na Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória.

O sepultamento deverá ser realizado terça-feira (06) logo após a missa de corpo presente das 18h30. O corpo de Dom Jaime será sepultado na cripta da Catedral Basílica.

A Arquidiocese pede que as pessoas que queiram prestar homenagens a Dom Jaime não comprem coroas de flores e sim façam doações em dinheiro para as obras sociais da Igreja. As doações podem ser feitas na Catedral.

O Arcebispo de Maringá Dom Anuar Battisti dará entrevista coletiva às 9h na cúria metropolitana.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A religião não é um problema pessoal

A religião é, sem dúvida, uma escolha do indivíduo, conforme no-lo certifica o documento Dignitatis Humanae, do Concílio Vaticano II. No entanto, está longe de ser uma mera questão pessoal. São Tiago nos adverte: “A religião pura e sem mácula diante de Deus é assistir os órfãos e as viúvas nas suas atribulações”(Tg 1, 27). Se não levarmos em consideração esta verdade social da religião, corremos o sério risco de transformarmos nosso relacionamento com Deus numa espiritualidade supersticiosa, mágica. Aliás, são João, o evangelista, também nos admoesta: “Se não amo meu irmão, que vejo, como posso amar Deus, que não vejo?” (1 Jo, 4).

Não faz muito tempo, uma revista semanal do Brasil publicou uma reportagem, em que se mostrava quão benéfica é a espiritualidade na vida das pessoas. Segundo a aludida matéria jornalística, quem reza, acredita em Deus etc. goza de melhor saúde. Penso que a postura religiosa incremente mesmo a salubridade do crente. Mas, a religião não é um placebo médico, uma espécie de refrigério. A religião, na ótica cristã, não é nem sequer um liame Deus ↔ eu, mas uma religação (religião = religare, religatio) Deus ↔ meus semelhantes ↔ eu. O santo padre, em 28/7/2013, no Brasil, discursando aos dirigentes do CELAM, denunciou o erro da ideologização psicológica. Eis as palavras do vigário de Cristo: “Trata-se de uma hermenêutica elitista que, em última análise, reduz o ‘encontro com Jesus Cristo’ e seu sucessivo desenvolvimento a uma dinâmica de autoconhecimento. Costuma verificar-se principalmente em cursos de espiritualidade, retiros espirituais etc. Acaba por resultar numa posição imanente auto-referencial. Não tem sabor de transcendência, nem, portanto, de missionariedade.”
Infelizmente, uma ideologia anticristã ameaça constantemente os filhos da Igreja católica. Refiro-me à mentalidade que tem ojeriza pela cruz, pelo sofrimento. Isto não tem nada a ver com o evangelho, onde Jesus nos alerta: “Quem quiser me seguir, carregue a sua cruz de cada dia”. Não existe religião cristã sem sofrimento ou sem compaixão pelas agruras que atormentam nossos irmãos, principalmente os mais necessitados.
Aprouve a Deus salvar-nos socialmente, enquanto povo, enfatiza a constituição pastoral Gaudium et Spes. Assim, o cume da prática religiosa ocorre na paróquia, nas celebrações litúrgicas e, eminentemente, na eucaristia santíssima. Não dá para privatizarmos o catolicismo que, por definição, é universal. Qualquer tentativa de fazer da religião pregada por Jesus um problema pessoal, a minha religião, implica o total aniquilamento do catolicismo. Já não estaremos mais diante de uma religião, mas do alienamento supersticioso. Explicitou o papa Francisco no discurso supramencionado: “O discípulo de Cristo não é uma pessoa isolada em uma espiritualidade intimista, mas uma pessoa em comunidade para se dar aos outros.”
A bíblia, as orações, os sacramentos e os sacramentais não são recursos de autoajuda. São meios de santificação do povo de Deus. A religião cristã é, pois, um problema social para cada fiel. Da adesão individual e indelegável parte-se para o compromisso com todos os seres humanos. Destarte, o batismo desencadeia uma onda de amor, de sociabilidade, que não se compara à beneficência das o.n.g.’s ou a pseudo-caridade de certas seitas, porque a solidariedade cristã está embasada no amor a Deus e não no dó que o padecimento do próximo nos causa.
A religião genuína não se circunscreve apenas a determinado setor da vida, como equivocadamente revelaram os entrevistados da reportagem acima citada: o tempo em que se ora, a ida à missa, a participação em numa procissão ou em um retiro etc. A religião católica tem de estar presente em todos os momentos da existência humana ou não está presente nunca. Lembra-nos são Paulo: “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer coisa, fazei-o para a glória de Deus”.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

República Centro-Africana: Igreja lança grito desesperado de ajuda



São cada vez mais os apelos de sacerdotes e bispos da República Centro-Africana, face à gravidade da situação que se vive no país controlado pela milícia islâmica Séléka desde 24 de Março.

O Arcebispo de Bangui, Dieudonné Nzapalainga, denunciou, na homilia do passado domingo, 21 de Julho, a necessidade de o mundo agir em defesa das populações inocentes. Não me posso calar quando os filhos deste país são vítimas da mais horrível barbárie. Não me posso calar quando se torturam e matam os centro-africanos. Não me posso calar quando as nossas irmãs e as nossas mães são violadas. Não me posso calar quando se consagra a impunidade e se impõe a ditadura das armas”.
Nzapalainga, que recebeu o pálio das mãos do Papa Francisco no passado dia 26 de Junho, tal como outros 33 arcebispos de todo o mundo, como D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, aproveitou também essa missa de acção de graças para pedir aos cristãos do mundo inteiro que não desistam de pedir a paz para o seu país.
Também D. Juan José Aguirre, Bispo de Bangassou, tem denunciado a situação gravíssima que se vive na República Centro-Africana.
Agradecendo a ajuda de emergência que a Fundação AIS já disponibilizou à Igreja deste país, D. Aguirre afirmou que “já nos roubaram tudo, menos a fé”.
De norte a sul do país, o retrato é esmagador. Igrejas pilhadas e profanadas, destruição de capelas, casas paroquiais, colégios, notícias de violações sistemáticas de mulheres e raparigas, o medo espalhado por todas as aldeias.
Desde que a milícia islâmica obrigou o presidente a fugir do próprio país, calcula-se que, pelo menos, 250 mil pessoas tenham já abandonado as suas casas à procura de refúgio nos países da região.
Além da Jornada Internacional de Oração, a Fundação AIS já disponibilizou uma primeira ajuda de emergência para a Igreja da República Centro-Africana, no valor de 160 mil euros.
Esta ajuda destina-se prioritariamente à alimentação, alojamento e compra de medicamentos para as dioceses de Kaga-Bandoro, Bambari, Alindao, Bangassou, as mais atingidas pelo terror dos radicais islâmicos.
Para materializar o apoio imprescindível aos cristãos que sofrem na República Centro-Africana, a Fundação AIS apela, através desta Campanha de Verão, à generosidade dos benfeitores e amigos da Instituição. A ajuda de todos fará, certamente, a diferença. Não devemos ficar indiferentes ao que se passa na República Centro-Africana.

Fonte: Zenit.