domingo, 23 de setembro de 2012
Por que a confissão ao menos uma vez por ano?
Muitos sacerdotes recomendam a confissão pelo menos uma vez ao ano, conforme é indicado pelo número 2042 do Catecismo da Igreja Católica. Outros sacerdotes dizem que a confissão não é necessária se não se cometeram pecados graves. Assim, quem avalia que não cometeu nenhum pecado grave acaba não se confessando nem mesmo uma vez por ano. Pe. Edward, qual é a sua opinião a este propósito?
Pe. Edward: Eu acho que podemos encontrar a resposta olhando para os diferentes contextos.
Em primeiro lugar: "Os fiéis são obrigados a confessar, de acordo com tipo e número, todos os pecados graves cometidos depois do batismo e ainda não diretamente perdoados pelo poder das chaves da Igreja, nem acusados em confissão individual, dos quais tenha consciência depois de um diligente exame".
"§ 2. Recomenda-se aos fiéis confessar também os pecados veniais".
O cânon 989 indica que o tempo máximo para cumprir a exigência é de um ano. Muitos intérpretes do direito canônico consideram que a obrigação se aplica apenas aos pecados mais graves. Supondo-se que uma pessoa não tenha cometido pecados mortais, este cânon não se aplicaria a ela.
Vemos também que o catecismo, no número 1457, menciona o cânon 989 e aborda a necessidade de confessar os pecados graves antes de receber a comunhão.
No número 2042, o catecismo se refere de novo ao cânon 989 na nota de rodapé, sob a perspectiva da vocação do homem e da sua vida no espírito, considerando o segundo preceito como um requisito mínimo para o crescimento espiritual.
Por esta razão, o segundo preceito não fala de "pecados graves ou mortais" e é prescritivo, havendo pecado grave ou não. Portanto, o número 2042 do catecismo diz que a confissão anual "garante a preparação para a eucaristia por meio da recepção do sacramento da reconciliação, que continua a obra de conversão e de perdão do batismo".
Aqui, a confissão não é vista apenas como um meio necessário para sermos absolvidos do pecado mortal, mas como uma das formas habituais, se não necessárias, para o progresso espiritual.
O compêndio do catecismo também não faz nenhuma menção à necessidade de pecado mortal para que a confissão seja obrigatória ao menos uma vez por ano. No número 432, ele formula o preceito da seguinte forma: “Confessar os pecados, recebendo o sacramento da reconciliação, pelo menos uma vez ao ano”.
Assim, tanto o catecismo quanto o compêndio descem da teoria canônica à realidade da vida cristã. A ideia de que a obrigação canônica de se confessar uma vez por ano exista somente em caso de pecado grave é boa no papel, mas a experiência de muitos diretores espirituais nos ensina que é raro que se evite o pecado grave durante um ano ou mais do que um ano.
Sem dúvida, nos casos em que uma pessoa consegue evitar os pecados graves no decorrer de vários anos, é porque ela regularmente e frequentemente confessa os seus pecados veniais e usa o sacramento da reconciliação para crescer na sensibilidade da consciência e no amor de Deus. Essas almas também usam outros meios de progresso espiritual, como a oração frequente, comungar regularmente e fazer obras de caridade.
Temos que notar ainda que o dever de se confessar uma vez por ano não recai em quem não pode fazê-lo, seja por causa da idade, de doença ou de outros motivos justos.
A dificuldade a respeito deste assunto pode nascer da grande redução sofrida pelo conceito de pecado mortal, a ponto de ele nem ser mais entendido como tal. Muitas vezes, as pessoas o confundem com a violação do sexto mandamento.
Nós, sacerdotes, temos que lembrar aos fiéis e a nós mesmos que há sete pecados capitais (orgulho, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça) e que cada um deles envenena a alma de maneira diferente.
Além de tudo isto, a obrigação da confissão uma vez por ano ajuda todos nós a lutar contra o pecado da presunção diante do julgamento divino.
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