domingo, 30 de setembro de 2012

Coroas ou coroinhas?

Um importante antístite disse certa vez que os coroinhas são “fonte de vocação”. Realmente, concordo com o conspícuo prelado em gênero, grau e número. Todavia, o ministério do acolitato (coroinhas) precisa receber maiores e melhores cuidados. Há uns vinte anos, eram apenas os coroinhas que ajudavam o padre no altar. Não havia os “coroas”, ou seja, os ministros extraordinários da comunhão. Permitem-me o emprego jocoso e carinhoso da expressão “coroas”, que, na gíria, quer dizer “pessoa mais velha”; faço-o não por desdém dessa gente impoluta e laboriosa que se entrega ao apostolado, a quem rendo homenagens, mas somente para enfatizar uma antítese semântica e litúrgica, que restará esclarecida neste artigo. Não tenciono macular suscetibilidades. Desde já, peço desculpas pelo chiste. Bem, voltando ao tema principal. Hoje em dia, os coroinhas são pouquíssimos. É raro encontrá-los em nossas celebrações. Quando os vemos, ocupam o mesmo espaço que os “coroas”. Todos no presbitério: “coroas” e coroinhas. Aqui vem a minha sugestão. Por que não deixar só os coroinhas ao redor do presidente da celebração, sentados ao seu lado, auxiliando-o no altar? Os ministros extraordinários da comunhão, isto é, os coroas, permanecem na assembleia, no lugar social deles. Penso que esta disposição é bastante didática e litúrgica, porquanto na hora de ajudar a distribuir as hóstias consagradas – e somente nesta hora –, os ministros extraordinários, ao saírem dos bancos, frisarão sobremaneira sua vocação de leigos, que vão ao encontro das necessidades da comunidade e, assim, exercem autenticamente o ministério extraordinário. Vejam, a própria palavra o explica: “extraordinário”, ou seja, fora da ordem, incomum. Demais, no meu modo de ver, os ministros extraordinários da comunhão não deveriam portar nenhuma vestimenta que os diferencie do resto do povo, como jalecos, por exemplo. Usem roupa normal, com asseio, para que ninguém pense que os “coroas” sejam algum tipo de fiel especial. Os coroinhas, por seu turno, encarregam-se de todas as funções no altar, como era antigamente. Acolitam o celebrante em tudo que for necessário e litúrgico. Somente eles ficam no presbitério. Creio que a experiência de ser coroinha é maravilhosa. Quantos padres não passaram pelo altar quando eram meninos. Mas, para que essa experiência seja realmente frutífera, suscitando vocações sacerdotais, é mister devolver o acolitato eucarístico-litúrgico aos coroinhas, outorgando-lhes a responsabilidade plena e exclusiva do manuseio de todos os instrumentos e funções coadjuvantes da mesa eucarística. *Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano; Professor do Instituto Teológico Pio XI (Unisal) e da Escola Dominicana de Teologia (EDT); Membro da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC). Fonte: Zenit.

sábado, 29 de setembro de 2012

Candidatos são adversários, não inimigos

Em uma coletiva de Imprensa, ontem (27), a Presidência da CNBB apresentou uma mensagem sobre as eleições municipais e realizou o lançamento da Campanha Missionária 2012, organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), cujo tema é “Brasil missionário partilha a tua fé”. Participaram da coletiva o Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB; Dom José Belisário da Silva, vice-presidente; Dom Leonardo Steiner, secretário geral da Conferência; como também Dom Sérgio Braschi, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial; e Pe. Camilo Pauletti, presidente das Pontifícias Obras Missionárias. A carta entitulada “Eleições Municipais 2012 – Voto cosciente e limpo”, que será enviada para as mais de 8000 paróquias do Brasil, “louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação e toma sobre si o peso de tal cargo”. Estimula também “os eleitores/as, inclusive os que não têm obrigação de votar, a comparecerem às urnas no dia das eleições para aí depositar seu voto limpo”, lembrando que o voto é um dever do cidadão. As duas leis: “a lei que combate a compra de votos (9840/1999) e a lei da Ficha Limpa (135/2010), ambas nascidas da mobilização popular, são instrumentos que têm mostrado sua eficácia na tarefa de impedir os corruptos de ocuparem cargos públicos”, cita o documento. A vigilância pelo cumprimento dessas leis deve-se especialmente às Instituições como a “Justiça Eleitoral, nos níveis Federal, Estadual e Municipal, bem como o Ministério Público”, ainda que não deixa ser uma tarefa de todos. “O político deve cumprir seu mandato, no Executivo ou no Legislativo, para todos, indepentende das opções ideológicas, partidárias ou qualquer outra legítima opção que cada eleitor possa fazer”, diz a carta, incentivando cada eleitor, passada as eleições, a acompanharem os candidatos votados no cumprimento das promessas feitas. Por último, a carta faz menção à contínua violência acontecida durante esse período de eleições, lembrando que “As eleições são uma festa da democracia” e que “todo recurso à violência é inadmissível”. E acrescenta: “Candidatos são adversários, não inimigos”. Publicamos a seguir a nota na íntegra: *** Eleições Municipais 2012 - Voto consciente e limpo O Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília de 25 a 27 de setembro, considerando as eleições municipais do próximo mês de outubro, vem reforçar a importância desse momento para o fortalecimento da democracia brasileira. Estas eleições têm característica própria por desencadear um processo de maior participação em que os candidatos são mais próximos dos eleitores e também por debater questões que atingem de forma direta o cotidiano da vida do povo. A Igreja louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação e tomam sobre si o peso de tal cargo, em serviço de todas as pessoas (cf. GS 75). Saudamos, portanto, os candidatos e candidatas que, nesta ótica, apresentam seu nome para concorrer a um cargo eleitoral. Nascido da consciência e do desejo de servir com vistas à construção do bem comum, este gesto corrobora o verdadeiro sentido da atividade política. Estimulamos os eleitores/as, inclusive os que não têm a obrigação de votar, a comparecerem às urnas no dia das eleições para aí depositar seu voto limpo. O voto, mais que um direito, é um dever do cidadão e expressa sua corresponsabilidade na construção de uma sociedade justa e igualitária. Todos os cidadãos se lembrem do direito e simultaneamente do dever que têm de fazer uso do seu voto livre em vista da promoção do bem comum (cf. GS 75). A lei que combate a compra de votos (9840/1999) e a lei da Ficha Limpa (135/2010), ambas nascidas da mobilização popular, são instrumentos que têm mostrado sua eficácia na tarefa de impedir os corruptos de ocuparem cargos públicos. A esses instrumentos deve associar-se a consciência de cada eleitor tanto na hora de votar, escolhendo bem seu candidato, quanto na aplicação destas leis, denunciando candidatos, partidos, militantes cuja prática se enquadre no que elas prescrevem. A vigilância por eleições limpas e transparentes é tarefa de todos, porém, têm especial responsabilidade instituições como a Justiça Eleitoral, nos níveis Federal, Estadual e Municipal, bem como o Ministério Público. Destas instâncias espera-se a plena aplicação das leis que combatem a corrupção eleitoral, fruto do anseio popular. O resgate da ética na política e o fim da corrupção eleitoral merecem nossa permanente atenção. O político deve cumprir seu mandato, no Executivo ou no Legislativo, para todos, independente das opções ideológicas, partidárias ou qualquer outra legítima opção que cada eleitor possa fazer. Incentivamos a sociedade organizada e cada eleitor em particular, passadas as eleições, a acompanharem a gestão dos eleitos, mantendo o controle social sobre seus mandatos e cobrando deles o cumprimento das propostas apresentadas durante a campanha. Quanto mais se intensifica a participação popular na gestão pública, tanto mais se assegura a construção de uma sociedade democrática. As eleições são uma festa da democracia que nasce da paixão política. O recurso à violência, que marca a campanha eleitoral em muitos municípios, é inadmissível: candidatos são adversários, não inimigos. A divisão, alimentada pelo ódio e pela vingança, contradiz o principio evangélico do amor ao próximo e do perdão, fere a dignidade humana e desrespeita as normas básicas da sadia convivência civil, que deve orientar toda militância política. Do contrário, como buscar o bem comum, princípio definidor da política? A Deus elevemos nossas preces a fim de que as eleições reanimem a esperança do povo brasileiro e que, candidatos e eleitores, juntos, sonhem um país melhor, humano e fraterno, com justiça social. Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, abençoe nossa Pátria! Brasília, 27 de setembro de 2012 Cardeal Raymundo Damasceno Assis Arcebispo de Aparecida Presidente da CNBB Dom José Belisário da Silva Arcebispo de São Luís Vice-presidente da CNBB Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasília Secretário Geral da CNBB

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Investir na juventude

A constatação óbvia de que o investimento nas novas gerações modifica cenários do presente e prepara o futuro aponta para uma necessidade urgente: é preciso investir nos jovens. A Jornada Mundial da Juventude, que acontece de 22 a 28 de julho de 2013 no Rio de Janeiro, é uma oportunidade singular para que toda a sociedade exercite essa convicção e adote como prioridade o desafio de investir na juventude. Nos próximos anos, o Brasil recebe eventos de grande importância cultural, esportiva, econômica e política. Em 2014, será realizada a Copa do Mundo e, em 2016, os Jogos Olímpicos. Estes eventos estão mobilizando governos e os mais diversos segmentos da sociedade. As exigências no âmbito da infraestrutura poderão deixar um legado interessante para a sociedade brasileira. Esses avanços requeridos podem resultar - é o que se espera, sobretudo quando se observa a situação econômica do Brasil no contexto mundial – na superação de carências que amargam a vida de tantos e de muitos modos. Particularmente, há de se pensar nas urgências e necessidades dos mais pobres e dos que são de modo tão desumano sacrificados por exclusões brutais. O Brasil não pode perder essa oportunidade para crescimentos e conquistas cidadãs. Nesse sentido, também é importante incluir, em lugar especial e com interesse particular, na agenda de grandes acontecimentos, a Jornada Mundial da Juventude(JMJ). A importância desse evento é incontestável quando se considera, por exemplo, a magnitude da congregação de dois a três milhões de jovens, procedentes do mundo inteiro, na Cidade Maravilhosa, para uma semana de eventos, confraternização, espiritualidade e partilha. A juventude, razão de compromisso, prioridade de opção e força determinante nos rumos da sociedade, no presente e no futuro, é um tesouro que precisa de investimentos volumosos e determinantes. Nesse sentido a imprensa é muito importante. Com sua força própria, seu papel educativo e até regulador da sociedade, a imprensa precisa se juntar aos governos e todos os segmentos para apoiar efetivamente a Jornada Mundial da Juventude. A Igreja Católica do Brasil inteiro está em profunda sintonia com a Arquidiocese do Rio de Janeiro, anfitriã do evento. Ali se culminará um caminho missionário de forte mobilização da juventude, iniciado em setembro do ano passado,em São Paulo, com a peregrinação da Cruz da JMJ. Eventos, experiências e conquistas maravilhosas estão acontecendo pelo Brasil afora e, antes da Jornada Mundial da Juventude, haverá um momento especial de preparação em todo o país, em cada diocese: a Semana Missionária. A Arquidiocese de Belo Horizonte já se mobiliza para a realização deste evento, que deve reunir na capital mineira mais de 25 mil peregrinos do mundo inteiro. Todos os jovens de nossas comunidades de fé, suas famílias, já estão convidados a participar, especialmente com a oferta de suas casas para acolher peregrinos. Também será realizado em Belo Horizonte o Congresso Mundial de Universidades Católicas, que deverá reunir cinco mil participantes, entre universitários, professores e reitores. No coração desse evento, acontecerá a Feira Minas Sempre, valorizando e promovendo a cultura, gastronomia, patrimônio imaterial, religiosidade e tradições do povo mineiro. A opção preferencial pelos jovens na Igreja Católica é uma exigência para alcançar a meta de uma Igreja dos jovens e com os jovens, e destes na Igreja, desenhando com os valores do Evangelho um caminho seguro e de formação integral para a juventude. É hora de dar voz aos jovens, aos eventos e projetos que os envolvem. Torna-se inadiável um coro de Igrejas, governos, escolas e segmentos todos da sociedade para garantir e efetivar o compromisso de investir na juventude. As novas gerações representam um enorme potencial para o presente e o futuro da sociedade. A Igreja tem a tarefa de propor aos jovens o encontro com Jesus Cristo, alicerçando caminhos e desenhando horizontes para que eles estejam presentes em todos os espaços: na esfera política, na produção da cultura, na superação de reducionismos antropológicos, na reversão do quadro horrendo da dependência química, na conquista da educação e de oportunidades, na construção cidadã da sociedade. Apoiar a Jornada Mundial da Juventude é investir nos jovens. Não podemos perder esta oportunidade para abrir uma nova etapa da história. Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Servir na sabedoria e paz

A cada domingo, a Palavra de Deus nos ilumina para que possamos entrar numa séria vida de conversão para que, acolhendo a graça de Deus, sermos sinais da vitória do Ressuscitado. Também neste XXV Domingo do Tempo Comum. “A sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacifica, é modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento” (Tg 3, 16). Quem ouve e reza a Palavra de Deus sabe reconhecerem Jesus Cristoo verdadeiro servidor dos mais necessitados. Este ensinamento Ele nos deixa como legado, ou seja: servir. E nós temos a missão de proclamar que a Igreja é serviço em todos os âmbitos. O cristão não deve ficar disputando lugares ou honrarias. O fiel batizado deve ser o último e não atropelar pessoas e/ou etapas para ser o primeiro. A competição deve ser convertida em doação total de si – serviço: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos”. (Mc 9, 35) Na Primeira Leitura deste domingo, o livro da Sabedoria, (Sb 2, 12.17-20) dá uma resposta aos “materialistas” da época e de hoje, que podemos encontrar em Isaías 22, 13: “comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!” Esta expressão continua sendo repetida desde o tempo de Isaías até os nossos dias. Trata-se da cultura do materialismo, que prega em seus pseudo-dogmas a negação da religião, de Deus e da vida futura. Pelo fato de os israelitas serem fiéis à própria lei, eram perseguidos e zombados por não compactuarem com o estilo materialista daquela região. Os materialistas consideram um absurdo acreditar em religião, em Deus e na vida futura. Para eles isso é algo ultrapassado. Para eles, o fato de existir um grupo de israelitas fiéis à própria lei, os incomodava. Portanto, perseguiam seus próprios irmãos. Os “ímpios” não conseguem se adaptar na convivência com o “justo”. Daí decidem: “Armemos ciladas contra o justo... provemo-lo por ultrajes e torturas... condenemo-lo a uma morte infame”. São palavras dirigidas aos israelitas que viviam em Alexandria, no Egito. Por isso, um olhar hermenêutico já nos mostra no horizonte o que acontecerá com Jesus Cristo. Ele também sofreu perseguição pelos próprios irmãos na fé. O que aconteceu naquela época se repete ainda hoje com todos que são transparentes em sua justiça e bondade. Já a Segunda Leitura deste domingo (Tg 3, 16 - 4,3) nos convida a um olhar clarividente e meditativo sobre a “sabedoria que vem do alto”, diferente da dos homens, muitas vezes sustentada pela inveja, calúnia e desejo de alimentar as próprias vaidades. A sabedoria divina se manifesta no homem que ama, acolhe, é misericordioso, se compadece, que compreende e constrói a paz. São Tiago, na segunda parte desta perícope, apresenta os motivos, as causas que trazem tantas discórdias tanto entre pessoas como entre as comunidades. Ele denuncia a ganância, o acúmulo dos bens materiais, que leva à divisão e amargura. Daí nasce a cultura da dominação e competição, causando uma corrida como que uma maratona para conquistar os primeiros lugares. Mas os que seguem a “sabedoria que vem do alto” conseguem eliminar pela raiz a causa de tantas disputas e guerras mesquinhas. O final do texto mostra a vaidade humana. O homem pede a Deus para que capriche nos seus interesses particulares: isto é egoísmo. Devemos pedir a Deus a sabedoria e o discernimento para perceber que nossa maior riqueza é o serviço aos irmãos. O Evangelho que a liturgia nos convida a refletir neste XXV domingo (Mc 9, 30-37) traz uma continuidade com o que refletimos no domingo passado: a identidade de Jesus. Jesus sabia que seus próprios discípulos tinham dificuldadeem compreendê-lo. Portanto, ele insiste por três vezes em tratar de sua verdadeira identidade. É algo sério esta repetição. A de hoje é a segunda vez. Ele anuncia seu sofrimento, perseguição e morte, porém anuncia também sua ressurreição. Ao mesmo tempo tenta fazer com que os discípulos se sintam inseridos neste roteiro, a fim de dar suas próprias vidas. Os discípulos “não entendiam estas palavras e tinham medo de pedir-lhe explicações” (vv. 30-32). Isso porque talvez eles imaginassem um Messias com poder temporal. Como, então, aceitar o que Jesus diz: perseguição e morte! Isto é uma derrota! Eles nem sequer tinham coragem de questionar Jesus sobre os fatos futuros. Por isso, a segunda parte do Evangelho mostra a pequenez do pensamento dos discípulos que ficam presos a discussões mesquinhas, disputando qual deles seria o primeiro. Jesus sabe muito bem o que se passa na mente deles e declara a posição de cada um: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (v. 35) Na nossa cultura hodierna, também vemos o culto aos privilégios, títulos honoríficos, a existência de diferentes classes, a disputa pelas honrarias e primeiros lugares. Para adquirir uma verdadeira identidade cristã é necessário despojar-se e viver na simplicidade como uma criança. A comunidade cristã é o “campo” do amor, da acolhida, da solidariedade e da paz! Jesus sempre demonstrou muita ternura pelas crianças. “Quem acolhe um destes pequeninos em meu nome, a mim acolhe” (vv. 36-37). Naquele tempo as mães apresentavam seus filhos para que Jesus os acariciasse: “Deixai que as crianças venham a mim e não queirais impedi-las, porque o reino do céu pertence a quem for semelhante a elas”. Com isso Jesus mostra que as crianças são como que um símbolo dos valores do Reino. Todos, portanto, devem se abrir à cultura da “leveza”, compreendendo a fragilidade que cerca o ser humano. Com este gesto significativo de Jesus, Ele ensina aos discípulos a cultura da acolhida aos mais frágeis e marginalizados e também os sentimentos de simplicidade com que devemos estar revestidos. Sabemos que uma criança é alguém que depende completamente dos outros, sejam os pais, irmãos ou quem guarda custódia sobre ela. Daí a ideia de simplicidade. Ser simples para que, seguindo Jesus saibamos nos colocar sempre como servidores, tendo um coração de paz que a semeie por onde passa. Isso nos faz sábios e testemunhas do Cristo. Perseguições sempre tivemos e teremos, o que demonstra estarmos no caminho do Senhor. Eis os tempos que supõem de nós o aprofundamento da fé para uma nova evangelização de nossa sociedade em mudança. † Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Meio século de Ajuda à Igreja que Sofre na América Latina

"Eu vi as favelas, as callampas de Santiago, os ranchos cinzas de Caracas, que se espalham entre os edifícios dos ricos como uma maldição. Falei com grevistas, famintos, tuberculosos, bispos, camponeses. Participei das brincadeiras das crianças e vi o Cristo que, do alto da montanha que domina o Rio, olha cheio de tristeza para a sua cidade". O padre Werenfried van Straaten escreveu esse depoimento em 1962, depois de voltar de uma longa viagem pelo Brasil, Peru, Chile, Bolívia, Colômbia e Venezuela. Com estas palavras, ele pedia a ajuda dos seus benfeitores para que "a Igreja ameaçada na América Latina não apareça um dia catalogada como ‘Igreja perseguida’ nos orçamentos da nossa obra". Foi João XXIII quem pediu que o fundador da Ajuda à Igreja que Sofre, à época chamada Ajuda à Igreja do Silêncio, estendesse a sua missão para as Américas Central e do Sul. Desde então, a AIS nunca mais abandonou aquela "Igreja ameaçada", à qual doou mais de 123 milhões de euros só nos últimos dez anos. Entre os primeiros projetos, as 1.500 "rádio-escolas", que, além da missa ao vivo, transmitiam programas para ensinar a ler e escrever; a iniciativa Hogar de Cristo, do jesuíta Alberto Hurtado, que deu um lar para milhões de chilenos sem teto, e o agora famoso projeto AMA, que transferiu para a Amazônia 280 caminhões do exército suíço, em desuso, doados para as necessidades da Igreja local. Hoje, como então, a ajuda da fundação é essencial para as várias realidades da Igreja latino-americana. E os inúmeros projetos refletem a diversidade dos países e dos grupos étnicos que dela se beneficiam. Desde cursos para catequistas até programas de evangelização no rádio e na televisão; do sustento de sacerdotes até o fornecimento de meios de transporte para a pastoral nas áreas mais remotas. Sem mencionar as campanhas extraordinárias, como as que foram feitas logo após os grandes terremotos que atingiram recentemente o Chile e o Haiti. "A Igreja dá uma nova esperança a muitas pessoas e precisa do nosso apoio", diz Rafael D'Aqui, chefe internacional da AIS para a América Central e para o norte da América do Sul. A visita apostólica do papa Bento XVI ao México, "país devastado pela violência, pelo crime organizado, pela corrupção, pelo tráfico de drogas e pelo consumismo", por exemplo, realçou as enormes expectativas dos fiéis. “Muitos se voltam para a Igreja em busca de respostas”, diz D'Aqui, “e precisamos ajudar dioceses, congregações e comunidades a fortalecer o seu trabalho pastoral”. "Depois de cinquenta anos, o nosso apoio ainda é essencial", confirma Ulrich Kny, chefe internacional da AIS para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e Cuba. A Igreja católica ainda tem um papel de destaque nas sociedades latino-americanas e precisa lidar com as tensões sociais e políticas, mas também com os novos desafios. "No Brasil, por exemplo, o desenvolvimento econômico tem levado [desde os anos 60] à destruição do meio ambiente e ao êxodo maciço para as cidades", continua Kny, que volta de uma viagem à Amazônia, onde quase três quartos da população se mudaram para os subúrbios das grandes cidades como Manaus e Belém. "Dezenas de milhares de pessoas vivem em barracos, em sua maioria abandonadas à própria sorte". A Igreja é muito ativa na região e promove várias iniciativas, incluindo centros de reabilitação para alcoólatras e viciados em drogas, chamados Fazendas da Esperança. "Infelizmente, não é suficiente. Os bispos gostariam de comunicar a todos a Palavra de Deus e fortalecer a pastoral dos jovens e das famílias, mas faltam sacerdotes, catequistas, meios de transporte e até mesmo igrejas". Fonte: Zenit.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Nem feminista nem sinodista

Ninguém imaginou que ela seria eleita. Nem ela própria. Fora do movimento dos Focolares, era desconhecida. Dentro do movimento, não fazia parte do grupo das fundadoras. Mas em 7 de julho de 2008, quatro meses depois da partida de Chiara Lubich para o céu, 496 delegados de todo o mundo elegeram Maria Voce como a nova presidente mundial do movimento dos Focolares. Mulher tão discreta quanto forte e determinada, Voce tinha setenta e um anos de idade ao ser eleita. Nasceuem Aiello Calabroe foi a primeira mulher advogada na região da Calábria. Está nos Focolares desde 1959, foi responsável pelo movimento na Turquia durante seis anos e ajudou Chiara Lubich a revisar os estatutos. Era conhecida entre os membros do movimento como Emaús. No livro "O desafio de Emaús", escrito por Paolo Loriga e Michele Zanzucchi, apresentado neste último 22 de setembro em Loppiano, Maria Voce conta que nunca lhe passou pela mente ser eleita para continuar o carisma de Chiara Lubich. "Quando as preferências começaram a cair sobre o meu nome, eu senti o perigo de acabar eleita". Com o movimento ainda sob os efeitos da perda da líder carismática, a otimista e corajosa Voce se retirou até a capela e disse a Deus: "Aqui estou. Estou pronta". Logo que se começa a conversar com Maria Voce, percebe-se que ela é uma mulher forte na fé. No livro, ela conta que o pai, a fim de mantê-la em casa, não queria mandá-la estudar fora do povoado.Em Ajello Calabronão havia professores, mas Voce estudou por conta própria e passou nas provas do ginásio. Voce também mostra grande liberdade na compreensão do carisma que Deus oferece, distinguindo-a das pessoas que o espalham. Ela conheceu os Focolares de uma forma simples, a convite de amigos universitários. Queria casar e ter filhos. Resistiu à ideia de entrar no movimento. Não se sentia particularmente atraída pelo carisma de Chiara Lubich. Diz o livro: "Eu não fui atrás de Chiara, mesmo sabendo que sou sua herdeira como presidente do movimento. Eu fui atrás de Deus, de Jesus dentro do movimento. Foi isto que Chiara inspirou e provocou". E mais: "Eu não sou presidente porque Chiara me nomeou, mas porque é a vontade de Deus. Ele deu a Chiara o dom da unidade para mim e para todos os outros, e eu sigo a Ele". Maria Voce está certa de que a sua eleição marca uma nova fase do movimento, uma descontinuidade que exige a encarnação e a institucionalização do carisma. Segundo a presidente dos Focolares, é preciso "iniciar e dar mais substância ao que Chiara nos mostrou na sua visão profética (...) para realizar a obra em horizontes que ainda estão inexplorados e que nós vamos descobrir juntos". No encontro de Loppiano, neste fim de semana, Voce foi entrevistada por Lucetta Scaraffia, de L’Osservatore Romano, e pelo vaticanista Marco Politi, do jornal Il Fatto. Scaraffia pediu que Voce apoiasse as suas posições sobre a necessidade de uma presença maior e mais autorizada das mulheres na Igreja e na sociedade. Na Igreja, Scaraffia gostaria da presença de uma mulher cardeal em um conclave próximo. A presidente dos Focolares explicou que o "gênio feminino" tem autoridade, mas não necessariamente precisa ocupar cargos de poder formal. A este respeito, falou da Virgem Maria e da sua presença na Igreja, "presença que é o máximo do amor; mas Maria também é Rainha, com um poder e autoridade na Igreja primitiva que fazia os outros se reunirem em torno dela. Ela não estava no comando, mas mantinha todos juntos, inclusive os apóstolos, inclusive Pedro". Marco Politi pediu que Voce apoiasse a proposta do cardeal Martini de organizar uma espécie de concílio Vaticano III, que, a seu ver, poderia resolver muitos problemas da Igreja. Maria Voce observou que, antes de pensarem um Vaticano III, "ainda temos muito a viver e realizar do extraordinário patrimônio do Vaticano II". Para a presidente dos Focolares, "a questão não é reunir de novo todos os bispos em Roma (...). O que é necessário é mais trabalho nas conferências episcopais, com sínodos locais, para concretizar a real recepção do concílio Vaticano II". Politi e Scaraffia tentaram mover a presidente dos Focolares para posições diferentes, mas ela, com graça e bondade, mostrou toda a sua liberdade e originalidade, a grandeza de uma mulher que não tem receios. Maria Voce afirmou, em dado momento: "Nós não precisamos ter medo, porque é Deus quem faz a história". (Fonte: ZENIT)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Servidores, não donos da Palavra

Em seu mais recente artigo, intitulado “Servidores, não donos da palavra”, Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina, no Estado do Paraná, alerta para o fato de que o ser humano é chamado a uma nova responsabilidade em relação à Palavra de Deus, pois facilmente se torna dominador, manipulador, dono da Palavra. Para o prelado, muitas vezes o homem domestica a Palavra conforme seus interesses, deformando o Evangelho, torcendo, ajeitando e manipulando a mensagem. Para bem interpretar a Palavra, explica Dom Orlando, precisamos da fé, do estudo, da luz do Espírito Santo e do magistério da Igreja. O arcebispo cita São Paulo, que alertou que não devemos falsificar a Palavra, silenciá-la, emudecê-la, acorrentá-la, ocultá-la, ignorá-la. “Não devemos pregar a nós mesmos, tornando estéril a Palavra que anunciamos, com nosso comportamento errado e más ações. Prejudicamos a Palavra pela incoerência da vida. Assim, a Palavra perde sua força e transforma-se em palavrório, prédica, demagogia, lábia, som vazio, tagarelice, retórica”, afirma. Dom Orlando lembra também que no Evangelho de Lucas, Jesus perguntou ao seu interlocutor: “Como lês as Escrituras”? (Lc 10,26) e em outra ocasião Jesus diz claramente: “A Escritura não pode ser anulada” (Jo 10,35). Nas palavras do Concílio Vaticano II a Igreja precisa “ouvir piamente, viver santamente, anunciar fielmente, porque ela ilumina a mente, fortalece a vontade e ordena os afetos, cura as feridas”. De acordo com o prelado, a nova responsabilidade para com a Palavra que ele se refere quer dizer: ter bons microfones e saber usá-los, resolver os problemas de acústica, zelar pela comunicação na liturgia, ter cuidados com a voz, preparar os leitores, dar orientações sobre os cantos e a música, preparar a homilia, orientar os fotógrafos, ter ministro do som, zelar pelas celebrações da Palavra. “O destino da Palavra é o ouvido, o coração e os lábios. Ela não pode cair no chão. Uma Palavra vivida e bem proclamada transpassa os corações. Ardia o coração dos discípulos quando Jesus pregava a Palavra. Precisamos alcançar a meta de sermos uma ‘religião da Palavra' e não do livro. Nossa meta é a animação bíblica de toda a vida da Igreja”. Ele ainda faz questão de salientar que a responsabilidade para com a Palavra significa: ouvir, silenciar, interiorizar, escutar a Palavra. Dom Orlando afirma que a Igreja tem que ser “mestra da escuta” para ser discípula, profética e missionária. Sem a Palavra cai a profecia e enfraquece a missão. Por fim, o arcebispo nos convida a dar à Palavra de Deus o primado que ela merece, pois ela vem antes do catecismo, antes do terço, antes das devoções. E conforme dom Orlando, o grande erro e engano é supor que o povo conhece a Palavra, pelo contrário, grande é o analfabetismo bíblico. “Por isso o Papa nos convida a uma redescoberta, a uma maior familiaridade e maior amor para com a Palavra de Deus, pois, ela é o coração de toda a atividade eclesial. Longe de nós o medo de colocar as Escrituras na mão do povo, oferecendo estudos e incentivando a vivência da Palavra, regra suprema da fé”, conclui. Fonte: Rádio Vaticano

domingo, 23 de setembro de 2012

Por que a confissão ao menos uma vez por ano?

Muitos sacerdotes recomendam a confissão pelo menos uma vez ao ano, conforme é indicado pelo número 2042 do Catecismo da Igreja Católica. Outros sacerdotes dizem que a confissão não é necessária se não se cometeram pecados graves. Assim, quem avalia que não cometeu nenhum pecado grave acaba não se confessando nem mesmo uma vez por ano. Pe. Edward, qual é a sua opinião a este propósito? Pe. Edward: Eu acho que podemos encontrar a resposta olhando para os diferentes contextos. Em primeiro lugar: "Os fiéis são obrigados a confessar, de acordo com tipo e número, todos os pecados graves cometidos depois do batismo e ainda não diretamente perdoados pelo poder das chaves da Igreja, nem acusados ​​em confissão individual, dos quais tenha consciência depois de um diligente exame". "§ 2. Recomenda-se aos fiéis confessar também os pecados veniais". O cânon 989 indica que o tempo máximo para cumprir a exigência é de um ano. Muitos intérpretes do direito canônico consideram que a obrigação se aplica apenas aos pecados mais graves. Supondo-se que uma pessoa não tenha cometido pecados mortais, este cânon não se aplicaria a ela. Vemos também que o catecismo, no número 1457, menciona o cânon 989 e aborda a necessidade de confessar os pecados graves antes de receber a comunhão. No número 2042, o catecismo se refere de novo ao cânon 989 na nota de rodapé, sob a perspectiva da vocação do homem e da sua vida no espírito, considerando o segundo preceito como um requisito mínimo para o crescimento espiritual. Por esta razão, o segundo preceito não fala de "pecados graves ou mortais" e é prescritivo, havendo pecado grave ou não. Portanto, o número 2042 do catecismo diz que a confissão anual "garante a preparação para a eucaristia por meio da recepção do sacramento da reconciliação, que continua a obra de conversão e de perdão do batismo". Aqui, a confissão não é vista apenas como um meio necessário para sermos absolvidos do pecado mortal, mas como uma das formas habituais, se não necessárias, para o progresso espiritual. O compêndio do catecismo também não faz nenhuma menção à necessidade de pecado mortal para que a confissão seja obrigatória ao menos uma vez por ano. No número 432, ele formula o preceito da seguinte forma: “Confessar os pecados, recebendo o sacramento da reconciliação, pelo menos uma vez ao ano”. Assim, tanto o catecismo quanto o compêndio descem da teoria canônica à realidade da vida cristã. A ideia de que a obrigação canônica de se confessar uma vez por ano exista somente em caso de pecado grave é boa no papel, mas a experiência de muitos diretores espirituais nos ensina que é raro que se evite o pecado grave durante um ano ou mais do que um ano. Sem dúvida, nos casos em que uma pessoa consegue evitar os pecados graves no decorrer de vários anos, é porque ela regularmente e frequentemente confessa os seus pecados veniais e usa o sacramento da reconciliação para crescer na sensibilidade da consciência e no amor de Deus. Essas almas também usam outros meios de progresso espiritual, como a oração frequente, comungar regularmente e fazer obras de caridade. Temos que notar ainda que o dever de se confessar uma vez por ano não recai em quem não pode fazê-lo, seja por causa da idade, de doença ou de outros motivos justos. A dificuldade a respeito deste assunto pode nascer da grande redução sofrida pelo conceito de pecado mortal, a ponto de ele nem ser mais entendido como tal. Muitas vezes, as pessoas o confundem com a violação do sexto mandamento. Nós, sacerdotes, temos que lembrar aos fiéis e a nós mesmos que há sete pecados capitais (orgulho, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça) e que cada um deles envenena a alma de maneira diferente. Além de tudo isto, a obrigação da confissão uma vez por ano ajuda todos nós a lutar contra o pecado da presunção diante do julgamento divino. Dúvidas sobre os temas litúrgicos? Escreva-nos! liturgia.zenit@zenit.org

sábado, 22 de setembro de 2012

Economia da comunhão para superar a crise

"Ao contrário da economia de consumo, baseada no ter, a economia da comunhão é a economia do doar". A frase de Chiara Lubich, escrita nas camisetas dos jovens voluntários do LoppianoLab, contém o sentido da Expo Econômica de Loppiano, aberta ontem, 20 de setembro. São quatro dias de reuniões, debates, seminários, workshops, testemunhos, parcerias entre empresas, trabalhadores e cidadãos, estágios de jovens, experiências de formação universitária e política... Em suma, a sociedade civil comprometida com a discussão “Itália- Europa: um só canteiro de obras entre juventude, trabalho e inovação”. Enquanto as sombras da crise parecem apagar a luz do sol, cinquenta empresas tentam criar sinergias para produzir inovação, trabalho e futuro na Itália. O LoppianoLab se apresenta como a convenção de empresas que fazem da economia da comunhão uma prática diária, com o compromisso de construir uma plataforma comum de diálogo e de inovação para alimentar a confiança e a esperança. Eva Gullo, presidente da Economia de Comunhão, reiterou que "a inovação é o caminho para o emprego". Por isso, "trabalho e inovação terão espaço privilegiado no lançamento de novos projetos e investimentos com foco nas áreas de energia renovável, agricultura e economia local". Francesco Tortorella, 35, presidente da Equivers, cooperativa de comércio justo que vende bolsas e roupas no Brasil e no Uruguai, contou que o LoppianoLab lhe ensinou "uma forma mais avançada de interagir com empresários e consumidores": "Restabelecida a confiança e compartilhadas as dificuldades, nós podemos criar uma rede internacional de economia da comunhão, inclusive no campo dos operadores de turismo responsável". Inspirada e promovida por Chiara Lubich, a Economia da Comunhão é um projeto que engaja 800 empresas em todo o mundo, com foco na pessoa humana e motivado por uma cultura econômica orientada à gratuidade e à reciprocidade. Luigino Bruni, coordenador do projeto, resume a ideia da Economia da Comunhão explicando que ela "se concentra na produção e no trabalho, e não na especulação e no lucro". Fonte: Zenit.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

De Taizé ao Rio de Janeiro

"Rumo à Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro - Do Encontro Europeu de Jovens de Taizé para a Jornada Mundial da Juventude" é o tema da reunião dos animadores da pastoral juvenil da diocese de Roma, que acontece neste sábado, 22, no Pontifício Seminário Romano Maior. O evento começará com uma oração conduzida pelo bispo auxiliar, dom Matteo Zuppi. O tema central é a organização do 35º Encontro Europeu da Juventude, promovido pela Comunidade de Taizé em parceria com a diocese de Roma, que, de 28 de dezembro de 2012 a 2 de janeiro de 2013, levará cerca de 50 mil jovens de toda a Europa até Roma. As informações são do diretor do serviço diocesano da pastoral da juventude, pe. Maurizio Mirilli, que acrescenta: "Nos próximos dias, os irmãos de Taizé, com os jovens do serviço diocesano, vão definir os detalhes do acolhimento nas paróquias, nas comunidades religiosas e nas famílias na capital, e identificar os voluntários que trabalharão no encontro". Os irmãos de Taizé palestrarão sobre "A peregrinação da confiança sobre a terra", estabelecida há 35 anos pelo fundador da Comunidade de Taizé, o irmão Roger, morto em 16 de agosto de 2005 aos 90 anos. O grande evento europeu servirá para preparar o terreno para a próxima Jornada Mundial da Juventude, a ser realizada de 23 a 28 de julho de 2013 no Rio de Janeiro. A JMJ será o tema da apresentação do pároco de Santa Bárbara, pe. Paolo Boumis, missionário no Brasil de 2008 até 2011. As conclusões serão expostas pelo pe. Maurizio Mirilli, que também apresentará as iniciativas do novo programa do serviço diocesano para a pastoral juvenil. Fonte: Zenit.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ban Ki-moon considera filme anti-Islã escandaloso e vergonhoso

Nova York, 20 Set 2012 (AFP) -O filme anti-islâmico que provocou violentas manifestações no mundo muçulmano é "escandaloso e vergonhoso", declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A liberdade de expressão é um direito "inalienável" que deve ser protegido, com a condição de que não ofenda as crenças e os valores dos demais, afirmou Ban a jornalistas na sede das Nações Unidas em Nova York. "Quando alguns usam esta liberdade de expressão para provocar ou humilhar outras pessoas em seus valores e crenças, então não pode ser protegida da mesma forma", completou. "A liberdade de expressão, que é um direito fundamental e um privilégio, não pode ser usado de forma abusiva, por um ato tão escandaloso e vergonhoso", concluiu, ao comentar o filme "Inocência dos Muçulmanos". O filme amador de baixo orçamento, produzido nos Estados Unidos e que teve trechos divulgados na internet, pretende contar a vida do profeta Maomé e apresenta os muçulmanos como imorais e violentos. As cenas divulgadas provocaram manifestações no mundo árabe-muçulmano, que deixaram dezenas de mortos desde a semana passada. Também surgiram temores de novas manifestações violentas após a publicação, quarta-feira, de charges de Maomé na revista satírica francesa Charlie Hebdo. Fonte: UOL>

Polônia, Rússia e Nossa Senhora de Czestochowa

"Polônia, Rússia e Nossa Senhora de Czestochowa" é o título do livro histórico de Peter Anderson, resultado de um trabalho de cerca de 31 anos. A oportunidade de atualizar e publicar o volume se concretizou por ocasião da assinatura da mensagem comum entre a Igreja Católica na Polônia e a Igreja Ortodoxa Russa, em 17 de agosto, em Varsóvia. "Há vários temas na minha pesquisa histórica, mas o mais importante é o papel da Mãe de Deus nos acontecimentos associados com o povo polonês e russo, e, em geral, a relação entre ortodoxos e católicos". A história "também enfatiza o papel de João Paulo II, falando dos seus esforços para se aproximar da Rússia e da ortodoxia. O terceiro assunto é o vínculo espiritual que existe entre a Rússia e a Polônia graças à Virgem Maria". O livro, com prefácio de Kallistos, metropolitana de Diokleia, é enriquecido por uma cronologia detalhada das fontes, que pode contribuir com o trabalho dos historiadores e pesquisadores de espiritualidade para aprofundar o difícil tema do diálogo entre as religiões. "O livro de Peter Anderson é uma importante contribuição para o diálogo cristão. Esta publicação nos lembra que precisamos aprender a entender uns aos outros", diz o prefácio de Kallistos. "Há diferenças, algumas graves, que continuam a causar problemas na relação entre a ortodoxia e o catolicismo", escreve o metropolita. Mas isto "não deve nos impedir de ver as muitas coisas em comum, como a nossa fé em um Deus Trino e em Cristo, nosso Salvador, verdadeiro e perfeito Deus, verdadeiro e perfeito homem". Kallistos recorda, na conclusão do prefácio, que "é fundamental a devoção a Maria, venerada pelos católicos e ortodoxos, como Mãe de Deus sempre Virgem". As relações entre a Polônia e a Rússia através de Nossa Senhora de Czestochowa têm uma longa história. Basta recordar a visita de 24 de setembro de 2009 dos monges do convento de Ostashkov, em Jasna Góra, ao santuário da Virgem Negra de Czestochowa. No momento da oração mariana chamada "Apelo de Jasna Góra", na capela de Nossa Senhora, a delegação da Igreja Ortodoxa Russa era liderada por Arkady Gubanow, prior do mosteiro ortodoxo de São Nil em Stolobienskoje, na região de Twer. Durante a oração, o arcebispo metropolitano de Czestochowa, dom Stanislaw Nowak, e o padre Izydor Matuszewski, prior geral dos padres paulinos guardiões do santuário, entregaram uma cópia do Ícone de Nossa Senhora de Czestochowa para a delegação ortodoxa russa. "Este santo ícone da Virgem Negra é um sinal da nossa proximidade espiritual e um símbolo dos dois pulmões da Europa, o Oriente e o Ocidente, como ensinava o beato João Paulo II", disse dom Nowak durante a cerimônia de entrega do ícone. Em 15 de julho deste ano, houve ainda uma breve reunião em Katyn, lugar que, no início da Segunda Guerra Mundial, foi palco de um massacre trágico. O chefe da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill I, tinha visitado o local em sua viagem pastoral à diocese de Smolensk e ali consagrou a nova igreja ortodoxa da Ressurreição de Cristo. Ainda na perspectiva do diálogo entre a Polônia e a Rússia mediante Nossa Senhora de Czestochowa, podemos considerar a VI Jornada Mundial da Juventude, em Jasna Góra, em agosto de 1991. Sob a liderança de João Paulo II, aquela Jornada Mundial da Juventude contou pela primeira vez com a participação dos jovens da Europa Oriental e da Rússia. Fonte: Zenit.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Encontro entre papa e patriarca de Moscou parece mais próximo

"Uma eventualidade que nunca foi descartada no passado e que hoje parece mais próxima": o tão esperado encontro entre Bento XVI e o patriarca Kirill pode não estar muito longe, desde que alguns problemas sejam resolvidos. É o que declara à fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) o estudioso italiano Giovanni Guaita, há quase 30 anos na Rússia, colaborador do Secretariado para as Relações Entre Cristãos, do Departamento de Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou. O hieromonge, título dado aos monges das igrejas orientais que foram ordenados sacerdotes, conversou com a fundação pontifícia em Moscou, no mosteiro de São Daniel, centro espiritual e administrativo da Igreja ortodoxa, que abriga o departamento presidido pelo metropolita Hilarion. "O desejo é que o encontro seja um momento de mudança real nas relações entre as duas igrejas, sem se limitar a um aperto de mão na frente dos fotógrafos". Antes, no entanto, é necessário desatar alguns nós. Não tanto na Rússia, mas em outros países, como a Ucrânia. O desejo de concretizar um encontro face a face entre os chefes das duas Igrejas, de qualquer forma, permanece vivo, e, ironia do acaso, foi discutido em 2005 pelo recém-eleito papa Ratzinger e pelo então "simples" metropolita Kirill. As relações entre Moscou e a Santa Sé também foram discutidas em julho passado, durante a visita do primeiro-ministro italiano Mario Monti à Rússia. Monti quebrou o protocolo ao encontrar-se com o patriarca ortodoxo ainda antes de encontrar-se com o presidente Medvedev, devido a um conflito imprevisto de agendas. O hieromonge esteve presente na conversa, que tratou da atual crise econômica, profundamente sentida pelo patriarcado. "A Rússia enfrenta hoje problemas sociais que nunca teve no passado, como a enorme disparidade econômica entre as diversas camadas da população. E a Igreja ortodoxa é cada vez mais ativa nesta área", diz ele. Outro fenômeno relativamente recente é o da imigração. O que nos tempos soviéticos era simples movimentação interna já se transformou em fluxos migratórios, com consequentes problemas de recepção e integração. "Em Moscou, as comunidades de imigrantes, tanto oficiais quanto ilegais, já são bastante volumosas e vêm principalmente de ex-repúblicas soviéticas de maioria muçulmana. Por isso, foi necessário promover também o diálogo inter-religioso". O patriarcado ortodoxo russo está fortemente comprometido em dar apoio aos cristãos perseguidos em todo o mundo e em combater a “cristianofobia presente na Europa Ocidental e em lugares onde os fiéis não são diretamente perseguidos, mas socialmente marginalizados, numa tentativa de reduzir a religião a mero assunto particular". O religioso ortodoxo agradeceu pela ajuda da AIS, considerando-a "uma das primeiras organizações católicas a estabelecer relações tão cordiais com o patriarcado de Moscou". Imediatamente após o colapso da União Soviética, a tensão entre as duas igrejas era grande, tanto na Rússia quanto em outros países da ex-URSS. A fundação pontifícia, no entanto, sempre apoiou "uma quantidade surpreendente" de projetos da Igreja ortodoxa, em Moscou e em outras regiões da federação. "É em grande parte graças à ajuda da AIS que a relação com o Vaticano é boa. Hoje o patriarcado também conta com a ajuda de outras realidades católicas, mas a Ajuda à Igreja que Sofre faz isso desde sempre” Fonte: Zenit.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Aprendendo a viver

“Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia, mas ele não queria que ninguém o soubesse. Ele ensinava seus discípulos” (Mc 9,30-31). Jesus foi reconhecido e chamado muitas vezes de Rabi, Mestre. Reuniu em torno de si discípulos que dele aprendiam as lições da vida, aproveitando os encontros e desencontros diários. Uma das mais incômodas de tais lições, e a mais decisiva, foi o anúncio da paixão, repetida pelo menos três vezes. “Mas eles não compreendiam o que lhes dizia e tinham medo de perguntar” (Mc 9,32). Eram como estudantes cujo interesse não tem coragem de ir ao fundo das questões. No final das contas, na hora decisiva, a “turma de alunos” se dispersou. Após a Ressurreição, “Jesus apareceu aos onze discípulos, enquanto estavam comendo. Ele os criticou pela falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado” (Mc 16, 14). Com eles e muitas vezes gazeteiros na Escola do discipulado, aprendamos de novo. Quando crianças, nossos pais nos ensinaram lições de civilidade. Quantas vezes ouvimos recomendações tão concretas e importantes: não “avançar” na comida, esperar os outros servirem primeiro, dizer “muito obrigado”, pedir a bênção, lavar as mãos, prestar atenção, não dizer palavrões! E se cristãs as nossas famílias, tivemos a alegria de ouvir que o que se faz ao próximo, é ao próprio Jesus que se faz. Quantas e belas lições nos deixaram os gestos de caridade dos que nos precederam no caminho da vida, imprimindo em nossos corações valores que dão um timbre diferente ao que fazemos pela vida afora. Como “é de pequeno que se torce o pepino”, ou aprendemos cedo ou então podemos converter-nos, fazendo-nos crianças depois de grandes! Os discípulos de Jesus entraram continuamente na escola. Quando disputavam os primeiros lugares ou queriam saber quem era o maior, Jesus convida, numa das lições mais preciosas, a assumirem o último lugar, o espaço do serviço humilde, superando as competições, “criar espaço para o irmão, levando os fardos uns dos outros (Cf. Gl 6,2) e rejeitando as tentações egoístas que sempre nos insidiam e geram competição, arrivismo, suspeitas, ciúmes” (Novo Millenio ineunte 43). O mundo competitivo em que vivemos convida a uma corrida tantas vezes desenfreada e desrespeitosa à dignidade e aos direitos básicos das pessoas humanas. No vale-tudo cotidiano, percorre-se um roteiro que vai do troco da mercearia às grandes fortunas alcançadas a preço de corrupção, lavagem de dinheiro e outras mazelas hoje postas à vista de todos, inclusive nos julgamentos realizados nas mais altas esferas da magistratura e que podem ser assistidos pelos meios de comunicação. Para passar à frente, conquistar e manter o poder, os limites éticos são ignorados ou desprezados e as cifras, descritas pelo menos em milhões, causam indignação aos que têm um mínimo de consciência da cidadania. Menos mal que alguma luz, esperamos consistente, aparece no fundo do túnel. A disputa pelo poder legislativo e executivo municipal, corrente nos dias que precedem as eleições, é legítima numa sociedade democrática, mas cabe aos cidadãos o filtro da consciência que lhes possibilite decidir bem, alçando aos cargos em jogo pessoas que sejam dignas, as melhores ou pelo menos as “menos piores”. Se nos referimos às raízes familiares das pessoas no processo educativo, vale aqui recomendar com simplicidade e clareza a todos que os candidatos aos cargos devem ter uma folha de serviços que possibilite conferir o que fizeram e como fizeram pelo bem da sociedade. É bom saber com que “companhia” andaram ou andam, para recordar os antigos e sábios conselhos dos mais velhos. Quem compartilhou aventuras com as muitas quadrilhas existentes, pode até mudar, mas é bom verificar com calma. Foram ainda os nossos pais que ensinaram o quanto são complicadas as pessoas que contam muitas vantagens. O valentão da esquina, o que pensa ser dono da rua ou do mundo, costuma ter muita coisa a esconder! Espero que sejamos mais sábios, pois as promessas correntes nas campanhas são tantas vezes irreais. Enfim, há valores para nós cristãos irrenunciáveis: a vida desde a fecundação até seu ocaso natural, o plano de Deus que criou o homem e a mulher, no maravilhoso projeto de realização descrito no livro do Gênesis, a dignidade do matrimônio e da família, a não interferência dos poderes públicos na paternidade e maternidade responsáveis, a liberdade religiosa, ao lado de outros deles decorrentes. Dentro de tal horizonte, restam-nos alguns dias para refletir e decidir conscientemente. O Senhor nos ajude, para que possamos contribuir para uma sociedade mais digna e justa. Dom Alberto Taveira Corrêa Arcebispo Metropolitano de Belém

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O Senhor conceda ao Oriente Médio servidores da paz e da reconciliação

Durante a celebração Eucarística desta manhã no City Center Waterfront de Beirute, Bento XVI renovou seu apelo de paz aos líderes do Líbano e de todo o Oriente Médio. Chegando ao local da celebração, o Santo Padre recebeu do prefeito de Beirute a Chave da Cidade. A missa contou com a presença de 300 bispos e cerca de meio milhão de peregrinos e fiéis provenientes do Líbano e de países vizinhos. A celebração foi introduzida com a saudação do patriarca de Antioquia dos Maronitas, sua beatitude Bechara Boutros Raï, O.M.M, presidente da A.P.E.C.L e da Assembléia dos Patriarcas católicos do Oriente Médio. Ao agradecer a presença de Bento XVI, Boutros Raï saudou a sua visita pastoral como um "sinal de paz, uma paz que aspira nosso mundo em geral e o Oriente Médio, em particular." A viagem do Papa e a assinatura da Exortação apostólica ‘Ecclesia in Médio Oriente’, afirma a presença formal da Cátedra de São Pedro nesta região do mundo, que consagrará uma presença cristã de dois mil anos", acrescentou o Patriarca . Comentando o evangelho de hoje (Mc 8, 29),o Santo Padre meditou sobre a identidade de Jesus, a qual o maestro interroga os discípulos. As diversas respostas recebidas – “João Batista, Elias, um profeta”... – são abordagens que embora “não sejam necessariamente falsas, são insuficientes”. Até mesmo a resposta de Pedro, que identificou em Jesus o Messias, é certa, “sem dúvida alguma; mas ainda insuficiente, dado que Jesus sente a necessidade de a especificar”. Cristo, de fato, “entrevê que as pessoas poderiam servir-se desta resposta para desígnios que não são os seus, para suscitar falsas esperanças temporais sobre Ele. Não se deixa bloquear nos simples atributos do libertador humano que muitos esperam”. Para Pedro é impossível aceitar um destino assim cruel e incompreensível e Jesus, severamente, “faz-lhe compreender que aquele que quiser ser seu discípulo deve aceitar ser servo, como Ele Se fez Servo”. O Santo Padre recordou aos fiéis libaneses que o Ano da Fé (11 de outubro 2012- 24 novembro 2013), é uma ocasião para que cada fiel “pudesse comprometer-se de maneira renovada neste caminho da conversão do coração”. E os encorajou vivamente a aprofundar a “reflexão sobre a fé para a tornar mais consciente e fortalecer a adesão a Jesus Cristo e ao seu Evangelho”. A glória de Jesus revela-se no momento em que, “na sua humanidade, Ele Se mostra mais frágil, especialmente na encarnação e na cruz”, onde “Deus manifesta o seu amor, fazendo-Se servo, dando-Se a nós”. Trata-se de um mistério extraordinário, por vezes difícil de admitir, tanto que o próprio apóstolo Pedro “só o compreenderá mais tarde”. Na segunda leitura -prosseguiu Bento XVI- São Tiago lembra como este seguimento de Jesus, para ser autêntico, exige atos concretos, partindo da justiça e da paz que, “num mundo onde a violência não cessa de alongar o seu rasto de morte e destruição”, representa “uma urgência de modo a comprometer-se em prol duma sociedade fraterna, para edificar a comunhão”. A oração do Santo Padre foi então direcionada ao Oriente Médio para que o Senhor concedesse àquela região “servidores da paz e da reconciliação, para que todos possam viver pacífica e dignamente”. Leia a homilia na íntegra: http://www.zenit.org/article-31299?l=portuguese

sábado, 15 de setembro de 2012

Vem aí o IX Festival Bíblico

A partir de 31 maio até 9 de junho de 2013, a cidade italiana de Vicenza e seus arredores se tornam um lugar de encontro e de crescimento cultural durante a nona edição do Festival Bíblico. Mais uma vez, as Sagradas Escrituras se tornam protagonistas do evento que convida à reflexão sobre questões fundamentais para a jornada humana e para as nossas sociedades. O tema proposto para a nona edição é a fé e a liberdade, em sintonia com o Ano da Fé proclamado por Bento XVI e com as celebrações dos 1700 anos do decreto de Constantino. O tema continua a mesma reflexão do ano passado: "Por que tendes medo?" (Mc 4,40), esperando que, a partir das Escrituras, se construa uma análise exigente e crítica sobre os seres humanos na sua atitude diante daquilo que muitas religiões chamam de "fé". Ainda há muita gente que tende a ignorar a "fé" e a "religião" como algo obsoleto e ideológico, mas, hoje, a negação de Deus e da religião não está mais tão na moda como já esteve. A "questão de Deus" volta a ser uma questão sensível, aberta e promissora. O Festival Bíblico 2013 pretende explorar o tema à luz da bíblia, com atenção para o seu significado espiritual e humanizador, relacionando-o com o dom da liberdade. Desta relação, surge outra temática crucial que tem feito a humanidade atual se questionar: a fé contrasta com a liberdade humana e com a justiça humana ou, pelo contrário, é uma condição fundamental para o desenvolvimento e para a maturidade? Estudiosos, teólogos, filósofos, jornalistas e artistas têm a tarefa de encarar, durante o festival, esta pergunta tão provocante e tão profunda, sobre um tema que será esmiuçado em seus percursos bíblico-teológicos, culturais, sociais, artísticos e educacionais. A todos os participantes, está estendido o convite a contribuir para a plena realização do evento mediante a adesão a esta reflexão. Fonte: Zenit.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Os laços entre o Líbano e o Sucessor de Pedro são históricos e profundos

Senhor Presidente da República, Senhores Presidentes do Parlamento e do Conselho de Ministros, Amadas Beatitudes, Membros do Corpo Diplomático, Ilustres Autoridades civis e religiosas presentes, Queridos amigos! Tenho a alegria, Senhor Presidente, de responder ao amável convite que me fez para visitar o vosso país, e também ao convite recebido dos Patriarcas e Bispos católicos do Líbano. Este duplo convite bastaria, se fosse necessário, para manifestar a dupla finalidade da minha visita ao vosso país. Esta sublinha as excelentes relações que sempre existiram entre o Líbano e a Santa Sé, e pretende contribuir para as reforçar. Com esta visita, desejo também retribuir as que o Senhor Presidente me fez ao Vaticano em Novembro de 2008 e, mais recentemente, em Fevereiro de 2011, seguida nove meses mais tarde pela visita do Senhor Primeiro-Ministro. Foi durante o segundo dos nossos encontros que a majestosa estátua de São Maron foi abençoada. A sua presença silenciosa numa parede lateral da Basílica de São Pedro lembra, de forma permanente, o Líbano no próprio lugar onde foi sepultado o apóstolo Pedro. Manifesta um património espiritual secular, confirmando a veneração dos libaneses pelo primeiro dos Apóstolos e seus sucessores. Precisamente para ressaltar a sua grande devoção a Simão Pedro é que os Patriarcas Maronitas acrescentam ao seu nome o de Boutros. É bom ver como do santuário petrino, São Maron intercede continuamente pelo vosso país e por todo o Médio Oriente. Desde já lhe agradeço, Senhor Presidente, por todos os esforços realizados para o bom êxito da minha estadia entre vós. Outro motivo da minha visita é a assinatura e entrega da Exortação apostólica pós-sinodal da Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos,Ecclesia in Medio Oriente; trata-se dum importante evento eclesial. Agradeço a todos os Patriarcas católicos que aqui se encontram, e de modo particular ao Patriarca emérito, o amado Cardeal Nasrallah Boutros Sfeir, e ao seu sucessor, o Patriarca Béchara Boutros Raï. Saúdo fraternalmente todos os Bispos do Líbano, bem como aqueles que vieram para rezar comigo e receber das mãos do Papa este documento. Através deles, saúdo com paterno afecto todos os cristãos do Médio Oriente. Destinada ao mundo inteiro, a Exortação propõe-se ser para eles um roteiro para os anos futuros. Alegro-me também por poder encontrar, durante estes dias, numerosas representações das comunidades católicas do vosso país, por podermos celebrar e rezar juntos. A sua presença, o seu compromisso e o seu testemunho são um contributo reconhecido e muito apreciado na vida diária de todos os habitantes do vosso amado país. Desejo saudar também, com grande deferência, os Patriarcas e Bispos ortodoxos que me vieram receber, bem como os representantes das várias comunidades religiosas do Líbano. A vossa presença, queridos amigos, demonstra a estima e colaboração que, no respeito mútuo, desejais promover entre todos. Agradeço-vos pelos vossos esforços e tenho a certeza de que continuareis a procurar caminhos de unidade e concórdia. Não esqueço os acontecimentos tristes e dolorosos que, durante longos anos, atormentaram o vosso lindo país. A convivência feliz de todos os libaneses deve demonstrar a todo o Médio Oriente e ao resto do mundo que, dentro duma nação, pode haver colaboração entre as diversas Igrejas – todas elas membros da única Igreja Católica – num espírito de comunhão fraterna com os outros cristãos e, ao mesmo tempo, a convivência e o diálogo respeitoso entre os cristãos e os seus irmãos de outras religiões. Vós sabeis, tão bem como eu, que este equilíbrio, que é apresentado em toda a parte como um exemplo, é extremamente delicado. Por vezes ameaça romper-se, quando está esticado como um arco ou sujeito a pressões que são muitas vezes de parte ou interessadas, contrárias e estranhas à harmonia e suavidade libanesas. Então é preciso dar provas de real moderação e grande sabedoria; e a razão deve prevalecer sobre a paixão unilateral para favorecer o bem comum de todos. Porventura o grande rei Salomão, que conhecia o rei Hiram de Tiro, não considerava a sabedoria como sendo a virtude suprema!? Por isso a pediu com insistência a Deus, que lhe deu um coração sábio e inteligente (cf. 1 Rs 3, 9-12). Venho também para vos dizer como é importante a presença de Deus na vida de cada um e como a forma de viver juntos – esta convivência de que o vosso país quer dar testemunho – só será profunda se estiver fundada sobre uma visão acolhedora e uma atitude de benevolência para com o outro, se estiver enraizada em Deus que deseja que todos os homens sejam irmãos. O famoso equilíbrio libanês, que quer continuar a ser efectivo, pode-se prolongar graças à boa vontade e ao compromisso de todos os libaneses. Só então será um modelo para os habitantes de toda a região e para o mundo inteiro. Não se trata duma obra meramente humana, mas dum dom de Deus que é preciso pedir com insistência, preservar a todo custo e consolidar resolutamente. Os laços entre o Líbano e o Sucessor de Pedro são históricos e profundos. Senhor Presidente e queridos amigos, venho ao Líbano como peregrino de paz, como amigo de Deus e como amigo dos homens. «سَلامي أُعطيكُم – dou-vos a minha paz», diz Jesus Cristo (Jo 14, 27). E hoje, além do vosso país, dirijo-me em espírito também a todos os países do Médio Oriente como peregrino de paz, como amigo de Deus e como amigo de todos os habitantes de todos os países da região, independentemente da sua filiação e da sua crença. Também a eles Jesus Cristo diz: «سَلامي أُعطيكُم ». As vossas alegrias e as vossas tribulações estão continuamente presentes na oração do Papa, pedindo a Deus que vos acompanhe e console. Posso assegurar-vos que rezo de maneira particular por todos os que sofrem nesta região, e são tantos! A estátua de São Maron recorda-me aquilo que vós viveis e suportais. Senhor Presidente, o seu país preparou-me uma recepção calorosa, um magnífico acolhimento – o acolhimento que se reserva a um irmão amado e respeitado. Verdadeiramente digno é o seu país do «Ahlan wa Sahlan» libanês; já o é agora e sê-lo-á ainda mais daqui para diante. Estou feliz por estar com todos vós. Que Deus vos abençoe a todos (لِيُبَارِك الربُّ جميعَكُم ). Obrigado. Fonte: Zenit.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pais e Mestres: vocês mentiram!

Só depois que estudei nos bons colégios de São Paulo e numa das melhores faculdades de Medicina do Brasil, a da Universidade de São Paulo é que percebi uma realidade na vida. Só depois que aprofundei na Teologia Católica doutorando-me com uma tese que me custou sangue e só depois de 34 anos de sacerdócio, dos quais os 7 últimos como Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, é que confirmei essa minha percepção. Descobri que os meus pais e os meus mestres “mentiram” para mim. Os meus pais “mentiram” quando eles me ensinaram, e eu vi com meus próprios olhos, que o casamento é fundamentado no amor indissolúvel e fecundo entre um homem e uma mulher. Os meus pais “mentiram” mostrando-me, com suas vidas sacrificadas e heroicas, que a honestidade e o trabalho andam de mãos dadas e o estudo e a profissão não são só para ganhar dinheiro, mas é para sustentar-nos e colaborar com os mais pobres e necessitados. Os meus pais “mentiram” dizendo que os filhos são uma dádiva de Deus e que eles vêm do amor entre eles e que ser mãe e ser pai é uma enorme alegria, mesmo quando nós fomos concebidos e os surpreendemos fora dos seus planejamentos. Os meus pais “mentiram” ensinando a mim e aos meus irmãos que a Igreja Católica é uma Mãe melhor que eles e que segui-la na doutrina e na moral só nos faria pessoas mais livres e felizes. Os meus pais “mentiram” afirmando que o Papa, os Bispos e os padres são, certamente, pessoas felizes, mas trazem para o mundo, com os sacramentos e com a Palavra, o que o mundo não é capaz de dar, o Emanuel, o Deus-conosco. Os meus pais “mentiram” quando me matricularam em colégios onde o ensino religiosos neles administrado demonstrava ser um grande benefício para o meu futuro e que deveria estudar religião com o mesmo empenho que as outras disciplinas. Os meus pais “mentiram” exortando-me para a cidadania, para a obediência às leis e para o respeito aos nossos governantes e que até rezasse por eles. E os meus mestres, “mentiram” para mim? Foram outros grandes “mentirosos”! Desde o primário até o ginásio ensinaram-me Educação Moral e Cívica, matéria que ocupava o tempo que poderia estar jogando futebol, e nessa matéria diziam-me que nos Três Poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário tinham pessoas íntegras e competentes e que elas eram a favor do povo, da família, da vida, do casamento, da saúde, etc., e, sobretudo, do bem da nação brasileira. Na faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo os meus professores “mentiram” com a maior “cara de pau”. Começando pelos professores de Anatomia, pois eles “mentiram” quando exigiam respeito aos ossos dos cadáveres e aos corpos do indigentes que eram dissecados para o aprendizado do corpo humano. “Mentiram descaradamente” ao proferirem nos anfiteatros da Faculdade ou junto aos leitos hospitalares que a finalidade dos médicos é salvar vidas e quando chegasse o momento que não conseguíssemos mais esse objetivo deveríamos aliviar os sofrimentos dos nossos pacientes e não criar outros. No Curso de Ética Médica o mestre especialista dessa matéria “mentiu impunemente”, pois dizia, dentro do seu avental branco e impoluto , que o juramento médico – o de Hipócrates – não era um fingimento, mas um compromisso em favor da dignidade da nossa profissão e do valor inegociável da vida humana. E quantos médicos e residentes, meus professores durante a prática médica em enfermarias e no Pronto-socorro do Hospital das Clínicas, “mentiram” sem que lhes crescessem os narizes, porque me diziam que não deveria, jamais e sob nenhuma hipótese, ser colaborador de pessoas e de organismos públicos e privados que só têm interesses econômicos, políticos e ideológicos e só querem que os médicos façam aborto, eutanásia, castração das mulheres, etc... Mentiram quando garantiram que ser médico é ser a favor da dignidade da pessoa e da vida sempre! Durante os anos de formação para o sacerdócio e na vida pastoral, e agora episcopal, também houve “mentiras”. “Mentiram” para mim ao dizer que a Igreja é Una, Santa, Católica, Apostólica, Romana. Que a moral católica era ensinada e defendida tanto por leigos e padres, todos juntos, consumados na unidade, e que ser a favor do casamento entre homem e mulher, a favor da confissão e do celibato, da recepção da comunhão em estado de graça e da liturgia vivida com dignidade seguindo os ritos, eram, todas essas atitudes, sinais de amor a Deus e não só cumprimento de leis humanas. “Mentiram” também os meus formadores ao valorizarem a obediência ao Papa e ao Magistério da Igreja, a fraternidade sacerdotal, a comunhão com os Bispos, a maturidade afetiva tão importante para a vida em comunidade, o amor ao povo, a dedicação intensa e exclusiva ao ministério pastoral, etc. Quantas “mentiras”, mas na verdade não foram mentiras, por isso coloquei entre aspas essa palavra, aliás, nunca ouvi sair dos lábios dos meus pais e mestres nenhuma mentira em termos de valores. Na realidade eram as grandes Verdades da vida! O quanto devo agradecer a eles pela fidelidade que souberam viver e, sobretudo, pela coragem e pelo amor que a mim dedicaram, porque não foram “politicamente corretos”, porque cederam às pressões culturais, porque não permitiram que houvesse “buracos negros” na minha consciência. Graças aos meus pais e mestres que me ensinaram a boa ciência e a boa teologia, hoje eu amo e defendo a vida humana desde a sua concepção até a sua morte natural. Eu amo e defendo o casamento entre um homem e uma mulher e fico admirado como o amor íntimo entre eles é fonte de afetos e prazeres, mas é principalmente, fonte de santidade matrimonial e de vida transmitida aos filhos. Eu amo e defendo as verdades buscadas inteligentemente, não permitindo a manipulação ideológica e cultural da minha razão, pois com ela eu participo – com limites, é claro! – da Inteligência de Deus. Eu amo e defendo o mundo, que saiu bom das mãos do Criador, e que devo serví-Lo com paixão procurando o seu bem e o bem de todos os homens. Eu amo e defendo as pessoas que sofrem, no corpo e no espírito, com o desemprego, com as drogas, com as injustiças, com as mentiras ditas pelos politicamente corretos, e busco com outras pessoas de boa vontade as autênticas soluções sociais que correspondam à dignidade humana. Eu amo e defendo a liberdade humana e sei que só com liberdade na verdade que poderei realizar-me como homem e contribuir para que meus irmãos e irmãs sejam livres em sociedade. Eu amo e defendo as leis do meu país, desde que sejam realmente justas e benéficas para todos, sem favorecimento de grupos menores, e por isso mesmo é que respeito os governantes, os legisladores, os juristas, homens que devem atuar conscientes de que, um dia, prestarão contas ao Supremo Legislador como eu também irei prestar. Amo e defendo todas as pessoas que vivem a mesma época que vivo e independentemente de suas opções de vida, não as discrimino, nem sou intolerante com elas, mesmo quando elas não obedecendo a Deus, preferem obedecer seus impulsos ou seus interesses sombrios. Eu amo e defendo, com todas as forças da minha vida, a Santa Mãe, a Igreja, o Papa, os Bispos, os padres, a doutrina de fé e de moral presente no Catecismo e nos documentos do seu Magistério e nunca vacilo quando devo obedecer antes a Deus do que aos homens. Eu amo e defendo a Verdade, o Bem e a Beleza, categorias divinas e humanas que estão acima das pesquisas de opinião pública, dos censos nacionais, dos debates nas redes televisivas e sociais, e por meio dessas três realidades encontro-me com Deus Uno e Trino, origem e destino da vida de todos os meus companheiros e companheiras de viagem nesse planeta maravilhoso, que é a Terra. Pais e mestres, vocês são os referenciais das crianças e dos jovens! Não abdiquem dessa bela missão de informar e de formar cidadãos das duas cidades, a terrena e a eterna, porque o dia em que vocês começarem a ser “politicamente corretos”, nesse mesmo dia vocês começarão a ser “autenticamente Pinóquios” para seus filhos e alunos. Não mintam sobre Deus, sobre a família, sobre a Igreja, sobre o valor da vida em geral, especialmente sobre a dignidade e a inviolabilidade da vida humana! Não mintam sobre a identidade do homem e da mulher, sobre o amor humano mais forte e mais realizador do que os afetos sensíveis, nem sobre a formosura do casamento e da educação dos filhos para esse amor! Por favor, pais e mestres, sejam autênticos, sejam corajosos, sejam retos e corretos, sejam limpos nas consciências e limpos, lúcidos e leis com seus ensinamentos! Feliz dia das mães, feliz dia dos pais, feliz dia do Professor! Dom Antonio Augusto Dias Duarte Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Papa traz mensagem de paz

“A paz é uma bênção para todos nós”, disse o chefe da Igreja Católica Melquita grega, o patriarca Gregorios III Laham de Antioquia, sobre a iminente visita do papa ao Líbano, de 14 a 16 deste mês. Em declarações à Rádio Vaticano, o prelado afirmou que a visita do papa “traz uma mensagem de paz para o Líbano, mas em particular para a Síria”. O patriarca, cuja sede fica em Damasco, capital síria, disse referindo-se à visita apostólica de Bento XVI: “Não podemos esquecer que, nos últimos dezoito meses de conflito na Síria, o santo padre se pronunciou cerca de quinze vezes, em várias ocasiões, chamando à paz, ao diálogo e à unidade em nosso país. Portanto, a Síria também está no coração do santo padre”. “Estamos muito felizes com a peregrinação do papa a este país, que faz parte da Terra Santa", disse ainda o patriarca. "O Líbano é um país muito acolhedor, apesar das dificuldades e dos temores". Fonte: Zenit.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Inscrições para Seminário Juventude e Missão vão até dia 15

No Centro Educacional Maria Auxiliadora, na cidade de Brasília, acontecerá do 28 ao 30 de setembro, o Seminário Nacional Juventude e Missão, um dos eventos nacionais de preparação à Jornada Mundial da Juventude. Com o tema “A alegria de ser jovem, discípulo missionário de Cristo” e iluminação bíblica retirada do Evangelho de São Marcos ("Ele constituiu então doze, para que ficassem com Ele e para que os enviasse a anunciar a Boa Nova" - Mc 3,14), o evento tem como objetivo impulsionar na missão permanente da Igreja as lideranças jovens das dioceses envolvidas em atividades missionárias e nas diversas expressões do Setor Juventude. Para maiores informações: www.jovensconectados.org.br

Congresso prepara jovens para a Jornada Mundial da Juventude

A Comunidade Católica Shalom em preparação para Jornada Mundial da Juventude Rio2013, realizará de 21 a 23 de setembro, no América Football Club, na Tijuca, Rio de Janeiro, o Congresso de Jovens Shalom (CJS). Aberto a jovens que participem ou não de grupos e movimentos eclesiais, o encontro terá como tema “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fil 4, 4a), o mesmo que o Papa Bento XVI sugeriu para as Jornadas Diocesanas da Juventude 2012. Com realização anual, em cada edição, o CNJ acontece numa cidade diferente e recebe jovens de todas as regiões do país. A hospedagem dos participantes funcionará como na Jornada Mundial da Juventude em 2013, os congressistas ficarão alojados em residências familiares. A expectativa é que participem do encontro jovens vindos de vários estados do país. Já pessoas confirmadas do Ceará, Acre, São Paulo, Aracaju, Brasília, Minas Gerais, Paraíba, Amapá, Piauí, Tocantins, Maranhão, Bahia e Goiás. A diretora do setor de Hospedagem da JMJ Rio2013, irmã Graça Maria, diz que esta é a terceira oportunidade de acionar as famílias cadastradas para a Jornada. "Já fizemos uma reunião com as paróquias dos Vicariatos sul e norte. Lá é onde os participantes do congresso vão ficar nas casas de família. Estamos em um período de captação das vagas para este evento específico. Isso quer dizer também que o congresso nos ajuda a elevar o número de famílias acolhedoras para a JMJ", avalia a religiosa. "É um treino para as famílias sentirem o que é hospedar peregrinos, favorece uma primeira experiência, tira supostos receios, divulga a possibilidade”, explicou. Durante o CJS haverá celebrações eucarísticas, momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento, apresentações culturais e workshops com temas relacionados à juventude como afetividade, estilo de vida saudável e experiência radical com o amor. O fundador da Comunidade Católica Shalom, hoje presente em 45 cidades no Brasil e em 25 no exterior Moysés Azevedo, e a co-fundadora, Emmir Nogueira são presenças confirmadas. O Congresso contará com a presença do Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro e Presidente do Comitê Organizador Local da JMJ Dom Orani João Tempesta entre outros convidados. Mais informações: (21) 3251-4831 / 8038-8036 http://www.facebook.com/CongressoDeJovensShalom

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Bento XVI: Maria, farol luminoso da nossa vida cristã

O Papa Bento XVI recebeu do último sábado cerca de 350 participantes do 23º Congresso Mariológico Mariano Internacional, em andamento em Roma. Em seu discurso, mencionou o tema deste Congresso, “A mariologia a partir do Concílio Vaticano II. Recepção, balanço e perspectivas”, ressaltando a iminência da celebração pelos 50 anos de abertura do Concílio. Essa celebração, no próximo dia 11 de outubro, será feita em concomitância com a inauguração do Ano da Fé, convocada com o Motu proprio “Porta fidei”, em que apresenta Maria como modelo de fé. Como jovem participante do Concílio, Bento XVI recordou a oportunidade que teve de conhecer os vários modos de enfrentar as temáticas acerca da figura e do papel de Nossa Senhora na história da salvação. Na segunda sessão do Concílio, explicou, um grupo de padres pediu que a questão fosse tratada dentro da Constituição sobre a Igreja, enquanto outro grupo afirmava a necessidade de um documento específico sobre a dignidade e o papel de Maria. Com a votação de 19 de outubro de 1963, optou-se pela primeira proposta, e o esquema da Constituição Dogmática sobre a Igreja foi enriquecido com o capítulo sobre a Mãe de Deus, em que a figura de Maria aparece em toda a sua beleza e inserida nos mistérios fundamentais da fé cristã. Maria, de quem se destaca antes de tudo a fé, é compreendida no mistério de amor e de comunhão da Santíssima Trindade; é um modelo e um ponto de referência para a Igreja, que Nela reconhece a si mesma, a própria vocação e a própria missão. A religiosidade popular, que sempre se dirigiu a Maria, resulta enfim nutrida por referências bíblicas e patrísticas. Certamente, o texto conciliar não esgota todas as problemáticas relativas à figura da Mãe de Deus, mas constitui o horizonte hermenêutico essencial para qualquer reflexão, seja de caráter teológico, seja de caráter mais estritamente espiritual e pastoral. O Papa então se dirige aos participantes deste Congresso, pedindo que ofereçam suas contribuições para que o Ano da Fé possa representar para todos os fiéis em Cristo um verdadeiro momento de graça, em que a fé de Maria nos preceda e nos acompanhe como farol luminoso e como modelo de plenitude e maturidade cristã para onde olhar com confiança e do qual extrair entusiasmo e alegria para viver com sempre maior empenho e coerência a nossa vocação de filhos de Deus, irmãos em Cristo, membros vivos do seu Corpo que é a Igreja. Fonte: Rádio Vaticano

domingo, 9 de setembro de 2012

BRASIL CONCEDE CRÉDITO DE US$ 200 MILHÕES A CUBA

O Brasil concedeu um crédito de US$ 200 milhões a Cuba para um programa alimentar nacional que é visto como crucial para a economia da ilha. O acordo de concessão do crédito foi assinado pelo ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Ele está em visita oficial à ilha e foi recebido pelo presidente cubano, Raúl Castro. Havana busca um desenvolvimento rápido da produção de alimentos agrícolas em Cuba para reduzir as importações anuais, que chegam a custar US$ 1,5 bilhão. Atualmente o Brasil também financia 85% das obras de ampliação do porto de Mariel, a 40 quilômetros da capital da ilha. (ANSA)

sábado, 8 de setembro de 2012

"O que está acontecendo hoje na sociedade Israelense?"

"Por que os cristãos ainda são um alvo?". Com esta questão abre-se o comunicado da Assembléia dos Ordinários Católicos da Terra Santa (AOCTS), publicado terça-feira, 4 de setembro, em resposta aos atos de vandalismo contra a abadia dos monges trapistas de Latroun. A porta principal do mosteiro, localizado a cerca de 15 quilômetros a oeste de Jerusalém, quase na fronteira dos Territórios Ocupados, foi incendiada na madrugada de terça-feira e as paredes foram pichadas com escritos anti-cristãos. "Jesus é um macaco", proclama um dos grafites em questão, escrito em hebraico. "A comunidade cristã acordou nesta manhã, 4 de setembro de 2012, descobrindo com horror que, mais uma vez, era alvo de forças odiosas dentro da sociedade israelense", afirma o comunicado do organismo, que leva as assinaturas de muitos líderes cristãos, incluindo o Patriarca Latino de Jerusalém e Presidente da Assembléia dos Ordinários, Fouad Twal, o arcebispo melquita católico de Acco e vice-presidente da Assembléia dos Ordinários, Elias Chacour, o Núncio Apostólico na Jordânia, Giorgio Lingua, e o Custódio da Terra Santa, padre Pierbattista Pizzaballa, O.F.M. "Infelizmente, o que acontece em Latroun é apenas o mais recente de uma série de ataques contra os cristãos e seus lugares de culto", continua o texto da AOCTS, que sublinha o compromisso da comunidade dos monges trapistas para o diálogo com a sociedade israelense e para a reconciliação entre judeus e cristãos. "O mosteiro é visitado toda semana por centenas de judeus israelenses que são acolhidos por monges com caridade e calor”, lembra a nota. Dirigindo-se às comunidades israelenses, os signatários do comunicado pedem "mover-se para pôr fim a esta violência sem sentido e garantir nas escolas um ‘ensino de respeito’ para todos aqueles que se reconhecem desta terra. " O texto vincula os atos de vandalismo à recente evacuação de postos ilegais de assentamentos judaicos nos Territórios Ocupados. Os grafites referiam-se, de fato, também a dois assentamentos - Ramat Migron e Maoz Esther - desmontados na semana passada pelas forças israelenses. "Aqueles que escreveram seus slogans odiosos expressaram sua raiva contra o desmantelamento dos assentamentos judaicos ilegais na Cisjordânia. Mas, por que derramar esta ira contra os cristãos e seus lugares de culto? ", pergunta o comunicado. "O que está acontecendo na sociedade israelense contemporânea para fazer que os cristãos sejam os bodes expiatórios e alvos desses atos violentos?" perguntam os signatários. "Que tipo de 'ensinamento de desprezo" para com os cristãos é transmitido nas suas escolas e nas suas casas?". Em Jerusalém, vândalos tiveram como alvo, em fevereiro, uma igreja batista, um cemitério cristão e o mosteiro grego-ortodoxo no Vale da Cruz. "Morte aos cristãos", "Vos crucificaremos" e "Maria é uma prostituta", proclamavam alguns dos escritos altamente ofensivos e ameaçadores. Naquela ocasião, o Custódio da Terra Santa, Pe. Pizzaballa, tinha enviado uma carta ao presidente de Israel, Shimon Peres, pedindo-lhe para "usar todo o seu poder e a sua influência" para parar com este tipo de ações", antes que se tornassem parte normal da vida dos cristãos em Israel". Em dezembro de 2009, novamente na Cidade Santa, slogans anticristãos tinham aparecido na área do Cenáculo e no muro da Basílica da Dormição. Fonte: Zenit.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Estado a serviço da nação

O Grito dos Excluídos deste ano norteia-se à luz de uma significativa reinvindicação cidadã, traduzida no próprio lema da manifestação popular: o compromisso de exigir e trabalhar por um “Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população”. Sem matizes de caráter ideológico ou meramente partidário, a sociedade brasileira é convocada a escutar esse grito. Um grito de todos, em razão de seu caráter cidadão, mas que é ainda mais forte advindo do peito dos excluídos, aqueles que sentem mais o peso e pagam mais caro quando o Estado não funciona devidamente. A manifestação popular do Grito dos Excluídos é carregada de simbolismo ao congregar igrejas, movimentos e pastorais sociais, entidades, grupos e pessoas. Um cidadão pode até não encontrar-se inserido em sua dinâmica, marcada pelo sentido de profecia e de solidariedade para com os excluídos. Porém, ninguém, fiel à sua cidadania, e na mais lúcida compreensão, pode permitir-se não fazer coro com a sociedade para fortalecer a exigência de um Estado a serviço da Nação. É indispensável tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome. Pertinente, portanto, conforme objetiva o evento, é propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão, com a participação ampla de todos os cidadãos. Neste sentido, a escolha do Dia da Pátria não pode ser interpretada simplesmente como confronto com o desfile tradicional, por exemplo. O Grito dos Excluídos tem a grande e imprescindível finalidade de chamar a atenção da sociedade para as condições de crescente exclusão social. A mobilização é um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz o protesto oculto nos esconderijos da sociedade e, ao mesmo tempo, o anseio por mudanças. Essa é a compreensão básica desse evento, também em sintonia com a realização da 5ª Semana Social, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), seus organismos e dioceses, a realizar-se em maio de 2013. O propósito e a meta do Grito dos Excluídos estão em conformidade com a Doutrina Social da Igreja Católica, importante referência que promove educação cidadã fiel aos ensinamentos de Cristo. A Doutrina Social da Igreja Católica também aponta muitos caminhos para que se possa alcançar um modelo de Estado mais servidor, capaz de desempenhar bem certas tarefas fundamentais. Entre essas tarefas, por exemplo, está a definição de um quadro jurídico capaz de regular as relações econômicas, mecanismo para impedir a criação de dinâmicas escravocratas nas relações entre pessoas, instâncias e instituições. A autenticidade de cada cristão é comprovada a partir da vivência da caridade. Ora, isto significa dizer que os cristãos são chamados a testemunhar o amor, com convicção, e mostrar, com sua vida, que o amor é a única força que pode conduzir a sociedade rumo ao bem. O Grito dos Excluídos é oportunidade para um aprofundamento da indispensável solidariedade, iluminando caminhos e redefinindo prioridades. O amor deve permear todas as relações sociais, para garantir o funcionamento que se espera do Estado. Na tarefa de buscar esse modelo ideal de Estado, a participação cidadã é determinante. Em jogo estará sempre o bem comum, prioridade irrenunciável de governos, razão da autoridade política. A escuta do grito dos excluídos deve apurar os ouvidos e os sentimentos de todos os cidadãos, particularmente dos que têm a tarefa de fazer o Estado funcionar adequadamente, sempre a serviço da Nação. Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Todos à espera do papa no Líbano

Faltando menos de dez dias para a visita apostólica de Bento XVI ao Líbano, diversas personalidades expressaram sua satisfação com a chegada de um pontífice pela segunda vez à terra dos cedros. Nesta segunda-feira, o patriarca da Igreja católica maronita, Mar Bechara Boutros Al-Rahi, exortou os cristãos libaneses a viverem com "amor e verdade" a chegada do papa. Bechara pediu que as divisões internas não coloquem em perigo a qualidade da recepção reservada ao santo padre, cuja visita tem como ponto central a assinatura da exortação apostólica pós-sinodal da Igreja no Oriente Médio. Em declarações à Radio Vaticano, o patriarca de Antioquia, Gregorios III Laham, se mostrou feliz com a viagem papal ao Líbano e, portanto, à Terra Santa. Laham manifestou a esperança de que Bento XVI pronuncie palavras importantes para reforçar o diálogo, a convivência e a construção comum de um mundo melhor no país e na região. Na mensagem que envia todos os meses aos membros do Opus Dei, seu prelado, dom Javier Echevarría Rodríguez, pediu orações pelo pontífice e pelo Oriente Médio, terra que Jesus Cristo santificou com a sua presença. As etapas da visita pastoral As atividades programadas para a viagem apostólica não sofreram nenhuma alteração oficial, apesar da hesitação de alguns setores sobre a conveniência da visita neste momento de crise na região, devido aos conflitos na vizinha Síria. Neste domingo, durante o ângelus, as últimas dúvidas se dissiparam quando Bento XVI manifestou sua alegria por visitar o Líbano “em breve”. De acordo com a programação oficial, o papa parte na próxima sexta-feira, 14, do aeroporto de Ciampino, em Roma, para aterrissar quatro horas e meia depois no aeroporto internacional Rafik Hariri, de Beirute, onde será recebido pelas autoridades do país e fará seu primeiro pronunciamento. Terminada a tarde, o papa visitará a basílica greco-católica melquita de São Paulo em Harissa, onde haverá uma cerimônia para a assinatura da exortação apostólica pós-sinodal, com o respectivo discurso. Os organizadores distribuíram as atividades da visita de tal forma que o pontífice possa visitar diferentes centros da Igreja católica oriental no Líbano. No sábado, 15, após a missa particular na nunciatura apostólica, onde ficará hospedado, o papa se dirigirá ao palácio presidencial em Baabda para reunião com o presidente da República e, posteriormente, com o presidente do parlamento libanês. No Salão dos Embaixadores, está previsto um encontro com os líderes das comunidades religiosas muçulmanas. Ainda pela manhã, membros do governo e do corpo diplomático, líderes religiosos e representantes do mundo da cultura esperam o papa no Salão Presidencial 25 de Maio. Ao meio-dia, Bento XVI chega ao patriarcado armênio católico de Bzommar, onde almoçará com os patriarcas e bispos do Líbano e com os membros do conselho especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos, bem como com o séquito papal. No final da tarde, está agendado um encontro com os jovens na esplanada do patriarcado maronita de Bkerké, onde o papa fará um novo pronunciamento. No domingo, 16, Bento XVI presidirá a eucaristia na orla de Beirute, onde entregará aos representantes da Igreja no Oriente Médio a exortação pós-sinodal e rezará o ângelus. Depois do almoço, o papa deixará a nunciatura apostólica para se dirigir a um encontro ecumênico no salão de honra do patriarcado sírio-católico de Charfet. Será o último ato da viagem antes da despedida de Beirute, no aeroporto, onde Bento XVI fará o discurso final da visita. A chegada de Bento XVI no aeroporto romano de Ciampino está prevista para as 21h40, hora local italiana. (Fonte: ZENIT)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Trinidad e Tobago: crise econômica e vocacional

Esqueça as fotos reluzentes das revistas de viagens e as brochuras sedutoras das agências de turismo. Trinidad e Tobago não é um paraíso. Cinquenta anos após a independência, comemorados em 31 de agosto, o país caribenho ainda sofre graves problemas sociais e econômicos. É o que narra para a fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) o bispo Robert Llanos, vigário geral da arquidiocese de Porto Espanha, capital do país insular. Em2011, a fundação pontifícia doou à igreja local mais de 20 mil euros destinados a projetos para a nova evangelização. “A corrupção e a criminalidade fazem parte da vida cotidiana”, diz o prelado, em visita à sede da AIS na Alemanha. “E as tensões entre os grupos de origem africana e indiana continuam crescendo”. Mas a “chaga mais profunda” de Trinidad e Tobago é a enorme desigualdade social, que torna a população cada vez mais materialista e individualista: uma tendência que só pode ser combatida através da educação. “Ainda temos que fazer muito pelas nossas escolas”, diz o vigário geral, “e especialmente pela formação dos professores”. Na própria escola existem muitas desigualdades. O sistema de ensino público, recentemente reformado, não consegue educar adequadamente as crianças. Os estudantes de instituições privadas têm uma preparação muito melhor do que os outros, sejam essas instituições católicas, anglicanas, muçulmanas, hinduístas ou presbiterianas. A Igreja católica administra 119 escolas primárias e 12 de ensino médio no país. O momento de grave crise econômica não permite os investimentos de que a escola precisa. Apesar disto, o bispo não acredita que o país aceite a ajuda das Nações Unidas e do Banco Mundial. "Essa ajuda está ligada a certas condições, incluindo a adoção de medidas de controle da natalidade e da legalização do aborto e do casamento gay. São ameaças de novas dependências, apenas cinquenta anos depois da independência". Vivem no país 1,3 milhão de pessoas. Os muçulmanos são 6%, enquanto os hindus, por causa do afluxo maciço de trabalhadores imigrantes da Índia, chegam a 24%. Os cristãos são 56%, dos quais 26% são católicos. A Igreja está fortemente empenhada em lidar com o contínuo declínio das vocações. Mais da metade dos sacerdotes da arquidiocese tem mais de 60 anos, e apenas quatro homens estão próximos da ordenação. A culpa é do materialismo desenfreado, "importado" diretamente dos Estados Unidos. "Mas não vamos desistir. Estamos prontos para lutar e para renovar a cultura católica, para reforçar a nossa identidade ética e moral. Mesmo que nem toda a classe política esteja do nosso lado". Fonte: Zenit.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Morte do cardeal Martini comove mundo católico

Inúmeras reações e comentários percorreram o mundo católico após a partida do cardeal Carlo Maria Martini. O padre Matteo Fabbri, vigário regional do Opus Dei na Itália, afirmou: "Participamos com toda a Igreja ambrosiana no luto pela morte de sua eminência, o cardeal Carlo Maria Martini, e nos unimos, com afeto, à oração pelo seu eterno descanso, recordando em particular a sua fidelidade constante e luminosa à Palavra de Deus, que sempre considerou para si e para todos como "a lâmpada para os meus passos". O Movimento Cristão dos Trabalhadores de Milão (MCL, na sigla italiana) expressou suas condolências pela morte do cardeal que conduziu a diocese durante 23 anos, declarando-o "um dos líderes do século XX. Grande exegeta e estudioso mundialmente renomado dos textos bíblicos, teólogo e pastor, Martini foi a voz de um catolicismo aberto à renovação conciliar. Representou uma Igreja em diálogo, que fascinou os irmãos mais distantes. Não por acaso, num dos momentos mais difíceis da história da República [italiana], foi justo a ele que os terroristas entregaram as próprias armas". O MCL pretende recordar "o estilo com que ele esteve presente nas coisas do mundo, mesmo permanecendo-lhe estranho em certo sentido: a sua verdadeira força foi a oração, constante, apaixonada, sincera". Diz o comunicado do movimento: "Rezando, ele enfrentou as dificuldades da sua vida de pastor. Rezando, ele subiu o calvário da doença. Rezando, ele enfrentou a morte como um verdadeiro cristão, à espera do abraço divino. Martini nos ensinou que podemos viver como irmãos em uma sociedade descristianizada, mantendo os olhos firmes em Jerusalém". Em entrevista ao periódico Avvenire, o cardeal Camillo Ruini contou que "Martini costumava usar a expressão ‘o não-crente que há em mim’. A expressão mostra bem a tensão de muitos cristãos de hoje: divididos entre a fé herdada e uma cultura dominante que tende a negá-la. Estas palavras indicam algo que nos acompanha até o último dia, porque a tentação contra a fé é sempre possível. Santa Teresa de Lisieux, perto da morte, foi tentada por um materialismo radical. Esta expressão diz algo muito forte e verdadeiro: nunca estamos consolidados definitivamente na fé. O que não significa negar a diferença entre crer e não crer. A diferença é profunda: com Deus ou sem Deus, de fato, tudo muda". Quanto às polêmicas levantadas no dia da sua morte, especialmente por causa da recusa de tratamentos terapêuticos agressivos, o ex-presidente da conferência episcopal italiana declara: "O tratamento agressivo é rejeitado também pela Igreja. Martini foi um grande filho da Igreja; tentar jogar o seu legado contra ela seria profundamente pobre". Fonte: Zenit.