O padre Joaquim Carreira das Neves disse que a participação do Papa Francisco na comemoração ecumênica dos 500 anos da Reforma Protestante reforçou a vontade em consolidar uma Igreja Católica mais aberta ao diálogo e à diferença.
Em entrevista ao Programa ECCLESIA, o sacerdote franciscano, autor do livro “Lutero”, sublinhou que numa época em que a religião está a ser instrumentalizada para promover a “guerra”, neste caso pelo Estado Islâmico, esta iniciativa realça a importância de partir em busca “da paz” e de no campo espiritual “deixar o unanimismo religioso”.
“É na diversidade que encontramos o rosto do outro e o rosto do outro é o rosto de Deus (…) e nisto “o Papa Francisco dá-nos esta grande lição”, frisa o biblista, que admitiu haver ainda um longo caminho a percorrer para que esta abertura chegue a todos os quadrantes da Igreja.
“Nós hoje temos muitos católicos que não gostam do Papa, há movimentos, há escritos e há cardeais - não há que ter medo – há cardeais que não estão de acordo com o Papa Francisco, que dizem que ele está a destruir a Igreja Católica. Não está, está a construir a Igreja e o mundo. Agora temos problemas complicados quando caímos em literalismos, em uniformismos”, sustentou.
O Papa argentino participou na comemoração ecumênica dos 500 anos da Reforma Protestante, esta segunda e terça-feira, com o objetivo de contribuir para a “proximidade” entre católicos e protestantes.
Este gesto, que congregou o Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos (Santa Sé) e a Federação Luterana Mundial, marcou também os 50 anos de diálogo entre as duas Igrejas cristãs.
O investigador Timóteo Cavaco recordou que a Reforma Protestante deixou “uma ferida aberta no coração da Europa”, porque teve “consequências não só no plano religioso mas também político, econômico e social”.
Um pouco como acontece agora no Velho Continente mas por razões diferentes, de conflitos, de guerras que estão a levar milhões de pessoas a buscarem refúgio no território.
Neste âmbito, a viagem do Papa à Suécia poderá ter lançado as bases para as pessoas compreenderem que têm de “construir algo de futuro”, e mesmo as comunidades cristãs.
“O cristianismo é na sua essência plural, não devemos viver amargurados com a pluralidade do cristianismo. Agora temos é que construir na base dessa pluralidade e não olhar para aquilo que nos divide e fazer disso motivo de guerra e de conflito”, acrescentou.
PR/JCP - Agência Ecclesia.
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