Silêncio. O programa da viagem do Papa Francisco à Polónia, para a Jornada Mundial da Juventude, inclui um momento simbólico de silêncio, no antigo campo de concentração nazi de Auschwitz. Significativamente, já depois da euforia da receção dos jovens em Cracóvia, o pontífice argentino vai deslocar-se a um dos locais mais marcantes do Holocausto, não prevendo quaisquer discursos, porque o próprio gesto falará mais alto do que tudo o resto. Será o próprio Papa a explicar, por certo, o motivo que o levou a delinear um programa que alterna silêncio e festa, passado e futuro, memória e esperança, o Mal e o Bem.
Na Polónia estão já muitos jovens portugueses e outros milhares vão juntar-se a eles nos próximos dias, numa viagem que tem a proteção de dois Papas: Francisco e São João Paulo II, o Papa polaco que criou as JMJ, cuja figura, modelo de fé e de espiritualidade, é um apelo ao essencial, ao mais íntimo, ao combate da fé em tempos difíceis.
É muito significativa também esta coincidência: como nas anteriores edições da Jornada Mundial da Juventude, os participantes são desafiados a evitar a “embriaguez” da multidão e a recordar que eles não deixam de ser uma gota no oceano. Uma gota, sim, mas que pode fazer toda a diferença.
A única jornada que vivi de perto foi a de Madrid, em 2011. O ambiente na Polónia, imagino, será muito diferente, com uma sensação de mundo católico, de euforia, com menos manifestações alheias/hostis à religião.
Há cinco anos, lembro-me que a Jornada de Madrid ficou como um momento de esperança de uma geração que não se rende perante sinais de desnorte e mesmo descarrilamento social - mantendo-se hoje os atentados e as consequências do desgoverno financeiro internacional, sobretudo no aumento da precariedade e do desemprego.
Agora, os jovens vão olhar para Francisco, que aos 79 anos parece ter a força que falta a muitos outros, pronto para mais uma celebração de fé, de amor e de esperança. Entre silêncio e festa, porque cada gesto conta.
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