Escuta, internacionalidade, pluralismo e uma maior presença das mulheres. O Papa Francisco reuniu-se na manhã do dia 05 com os membros da Comissão Teológica Internacional, durante a sessão plenária, e ofereceu-lhes sugestões para continuar a melhorar o trabalho.
Um trabalho realizado há 50 anos, quando, pouco depois do Concílio Vaticano II – recordou o Papa - o Sínodo dos Bispos propôs a criação de um organismo que pudesse enriquecer a Santa Sé com as reflexões de teólogos provenientes de várias partes do mundo.
Se os 27 documentos publicados são testemunho deste compromisso e ponto de referência para o debate teológico, a Comissão é chamada agora a dar um salto adiante, diz o Papa. Permanece a missão principal, ou seja, “servir a Igreja”; isso, porém “pressupõe não só habilidades intelectuais", mas também "disposições espirituais".
Em particular, entre estes, Bergoglio salienta a importância da escuta. Porque - explica - "o teólogo é acima de tudo um crente que ouve a Palavra do Deus vivo e a acolhe no coração e na mente”. E, ao mesmo tempo, ele “deve colocar-se humildemente à escuta do que o Espírito diz às Igrejas, por meio das diferente manifestações da fé vivida pelo povo de Deus”.
De fato – e o recorda também o recente documento da Comissão sobre o sensus fidei na vida da Igreja – o teólogo, junto com todo o povo cristão, “abre os olhos e os ouvidos para os sinais dos tempos”.
Nessa luz, o Papa Francisco destaca “a maior presença de mulheres” no campo da teologia. Elas são um pouco “como as cerejas do bolo”, diz espontaneamente. E citando a Evangelii Gaudium, recorda que "a Igreja reconhece a contribuição fundamental da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades únicas que são geralmente mais próprias das mulheres que dos homens". Em virtude de seu "gênio feminino", então, as mulheres teólogas "oferecem novas contribuições para a reflexão teológica", porque podem detectar "certos aspectos inexplorados do insondável mistério de Cristo”.
O Papa recorda também outra característica da Comissão: o seu carácter internacional, "que reflete a catolicidade da Igreja”. Atenção, porém – adverte – porque “a diversidade dos pontos de vista deve enriquecer a catolicidade”, mas “mas sem prejudicar a unidade”. Essa – continua –decorre da referência comum dos teólogos "a única fé em Cristo" e se alimenta "da diversidade dos dons do Espírito Santo".
A partir desse fundamento, e "em um saudável pluralismo", portanto, as abordagens teológicas desenvolvidas em diferentes contextos culturais e com métodos diferentes, não podem "ignorar-se reciprocamente”. A esperança do Santo Padre é, portanto, que o trabalho da Comissão seja testemunho de tal crescimento e também testemunho do Espirito Santo porque “é Ele que faz a unidade”.
O ícone de tudo isso - disse o Pontífice - é a Virgem Imaculada, "mestra da autêntica teologia”, que dá “testemunho privilegiada dos grandes eventos da história da salvação, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração". "Sob a orientação do Espírito Santo e com todos os recursos de seu gênio feminino, ela não deixou de entrar sempre mais em toda a verdade”. E, dia após dia, progrediu “na inteligência da fé, graças também ao trabalho paciente dos teólogos e das teólogas”.
Portanto, a Ela e à sua materna oração, Francisco confia todos os teólogos da Comissão, de modo que "a nossa caridade cresça sempre mais em conhecimento e em pleno discernimento”. Assim, conclui a audiência, pedindo aos presentes rezarem juntos uma Ave-Maria.
Fonte: Zenit.
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