No tocante à família, que será nada menos que o tema central do próximo sínodo dos bispos, o cardeal Ouellet mostrou a sua confiança na "capacidade do papa de escutar, decidir e renovar". Francisco “saberá discernir os meios adequados para relançar a pastoral não só da família, mas toda a pastoral da Igreja”.
Quanto à terceira prioridade, os jovens, o cardeal assegurou que o Santo Padre se ambientou no mundo em que eles vivem, tal como é demostrado pelo sucesso do perfil do papa no Twitter: ali, "a rede de seguidores do papa retransmite e multiplica a sua mensagem apostólica".
Além disso, declarou o cardeal, o papa se adapta à linguagem dos jovens, fazendo entender que Jesus não é uma ideia, um sonho ou um ídolo virtual, mas sim "uma pessoa real, com quem se pode viver uma amizade que muda a vida".
O cardeal Ouellet também ressaltou a capacidade do Santo Padre de combinar a ideia conciliar do povo de Deus que peregrina por este mundo com a imagem da Santa Mãe Igreja, hierárquica e mariana. Uma eclesiologia que se compromete a "servir em espírito de humildade, de misericórdia e de compaixão". Com as surpresas do primeiro ano de pontificado, o papa despertou toda a Igreja para fazer com que ela se levante e saia às ruas em missão.
Durante o encontro, também tomou a palavra o professor Guzmán Carriquiry, secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, que falou sobre o contexto específico dessa região do planeta e destacou que a eleição do papa Francisco interpela de maneira direta a comunidade do continente americano.
Como já tinha sido enfatizado pelo documento de Aparecida, o Santo Padre chama aos fiéis a serem "bons samaritanos", a se voltarem para os excluídos, para aqueles que vivem na marginalização, na escravidão, mas também para aqueles que são vítimas "dos ídolos do dinheiro, do poder, do prazer efêmero", observou Carriquiry.
O professor uruguaio considera que os fiéis da América Latina são chamados a ser "protagonistas da caridade política" e devem trabalhar em parceria com todos os homens de boa vontade, "a fim de transformar as estruturas sociais e econômicas, as atividades políticas e as leis que atentam contra a dignidade humana", levando sempre em consideração "o bem comum da sociedade".
São muitos os desafios que aguardam os cristãos da América Latina, enfatizou o secretário da comissão. Eles devem apontar para "uma revolução educativa e para um investimento em capital humano, para uma reconstrução do tecido social e familiar, para uma política séria de infraestruturas materiais, energéticas e financeiras", bem como "para um investimento destinado a dar valor agregado à nossa riqueza natural e um desenvolvimento econômico com equidade e melhor distribuição da renda e dos benefícios".
Mas não podem ser esquecidos, entre os desafios do presente e do futuro, "a luta contra a pobreza, que não deve se reduzir ao assistencialismo, e a coexistência pacífica, que se contraponha à violência", em especial no caso do narcotráfico e da distribuição das drogas. Em essência, concluiu Guzmán Carriquiry, é necessário "um caminho rumo a um amadurecimento democrático maior", para se possibilitar "um salto qualitativo no processo de integração" entre os países e povos da América do Sul.
Fonte: Zenit.
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