quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Em 2014 foram assassinados 26 agentes pastorais no mundo

Em 2014, foram assassinados 26 agentes pastorais no mundo, três a mais que no ano anterior. Morreram de forma violenta 17 sacerdotes, um religioso, seis religiosas, um seminarista e um leigo. Pela sexta vez consecutiva, o número mais alto de assassinatos foi registrado na América. Nos últimos dez anos (2004-2013), foram mortos no mundo todo 230 agentes pastorais, dos quais três eram bispos. Os dados foram divulgados pela agência Fides.
 
Por continente, foram assassinados durante este ano 14 agentes pastorais na América, sendo 12 sacerdotes, um religioso e um seminarista; na África, 7 agentes pastorais (dois sacerdotes e cinco religiosas); na Ásia, dois agentes pastorais (um sacerdote e uma religiosa); na Oceania, dois agentes pastorais (um sacerdote e um leigo); e na Europa, um sacerdote.

O relatório, publicado nesta terça-feira, menciona também as vítimas do vírus do ebola, que provocou milhares de mortes na África ocidental, região em que as estruturas católicas se mobilizaram desde o começo da epidemia. A família religiosa dos Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus perdeu na Libéria e em Serra Leoa quatro irmãos, uma irmã e treze empregados de hospitais em Monróvia e Lunsar. Eles contraíram o vírus em seu generoso compromisso de cuidar dos doentes. “Nossos irmãos deram a vida pelos outros, como Cristo, a ponto de morrer infectados por esta epidemia”, escreveu o prior geral, frei Jesus Etayo. Sorte similar correram as seis religiosas missionárias italianas das Irmãs Pobrezinhas de Bergamo, falecidas no Congo em 1995 por terem contraído o vírus do ebola depois de decidirem não abandonar a população carente de atendimento de saúde. Seu processo de beatificação foi aberto em 2013.

Como acontece já faz algum tempo, a lista não inclui só os missionários ad gentes em sentido estrito, mas todos os agentes pastorais assassinados de forma violenta. "Não usamos o termo ‘mártires’ a não ser no sentido etimológico de ‘testemunhas’, para não entrar no parecer que a Igreja poderá dar sobre alguns deles e também por causa das poucas notícias que podem ser obtidas sobre a sua vida e sobre as circunstâncias da sua morte", explica a Fides.

"Mais uma vez, a maior parte dos agentes pastorais assassinados em 2014 encontrou a morte como resultado de tentativas de roubo ou furto, agredidos, em alguns casos, com uma ferocidade sintomática do ambiente de decadência moral e de pobreza econômica e cultural que gera violência e desprezo pela vida humana", prossegue o texto.

"Nenhum deles realizou gestos incríveis, mas eles viveram com perseverança e humildade o seu compromisso diário de dar testemunho de Cristo e do seu Evangelho. Alguns foram assassinados pelas mesmas pessoas a quem ajudavam. Outros abriram a porta para quem pedia ajuda e foram atacados. Outros foram assassinados durante um roubo. Para outros, o motivo dos assaltos e sequestros que terminaram tragicamente não é claro; talvez nunca se saibam as verdadeiras causas".

Por outro lado, em 2014 foram condenados os mandantes do homicídio do bispo de La Rioja, na Argentina, dom Enrique Angelelli, 38 anos depois do assassinato do prelado. Os criminosos tentaram simular um acidente de carro. Também foram condenados os mandantes e os executores do assassinato de dom Luigi Locati, vigário apostólico de Isiolo, no Quênia, assassinado em 2005. Foram presos, além disso, os responsáveis pela morte do reitor do seminário de Bangalore, na Índia, padre Thomas, assassinado em 2013.

Continua sendo motivo de grande preocupação o destino de outros agentes pastorais sequestrados ou desaparecidos, como é o caso dos três sacerdotes congoleses da ordem dos agostinianos da Assunção. Eles foram sequestrados em Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, em outubro de 2012. Igualmente desaparecidos estão o jesuíta italiano Paolo Dall'Oglio, sequestrado na Síria em 2013, e o padre Alexis Prem Kumar, sequestrado em 2 de junho deste ano em Herat, no Afeganistão.

No dia 24 de maio, foram beatificados o missionário padre Mario Vergara, do Pontifício Instituto de Missões Estrangeiras (PIME), e o catequista leigo Isidoro Ngei Ko Lat, assassinados na Birmânia (atual Myanmar) em 1950 por causa do ódio contra a fé. “Que a sua heroica fidelidade a Cristo possa ser estímulo e exemplo para os missionários e especialmente para os catequistas que, nas terras de missão, desempenham um trabalho apostólico valioso e insubstituível”, disse o papa Francisco.

À lista provisória elaborada anualmente pela agência Fides "é preciso acrescentar sempre o longo elenco de muitos cujo nome não se sabe e dos quais talvez nunca se venha a ter notícia, e que, em todos os rincões do planeta, sofrem e pagam com a vida pela fé em Jesus Cristo", encerra o informe.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O furação Francisco e a perturbação dos intelectuais

No dia 24 de dezembro, foi publicado no Corriere della Sera um artigo de Vittorio Messori com o título “As dúvidas sobre a virada do Papa Francisco”
Neste artigo, o conhecido escritor católico propõe uma "reflexão pessoal", na verdade, "uma espécie de confissão", sobre a "imprevisibilidade" do Papa Francisco, destinada a perturbar "a tranquilidade do católico médio” com uma série de escolhas que poderiam parecer também contraditórias.
Messori enumera alguns aspectos do Pontificado de Bergoglio que, em sua opinião, poderiam causar confusão, para depois concluir, com a humildade própria do crente, que “chefe único e verdadeiro da Igreja é aquele Cristo onipotente e onisciente, que sabe melhor do que nós qual seja a melhor escolha para seu temporário representante terreno": e isso explica porque, na perspectiva milenária da história, “todo Papa desempenhou o seu papel apropriado e, no final, se demonstrou necessário”.
O artigo publicado pelo jornal Milanês é uma oportunidade para entender melhor o pontificado do Papa Francisco.
O primeiro elemento de reflexão é sobre o papel histórico do papa Francisco. No mundo em que nós costumamos chamar de "avançado", os cenários de escravidão, guerra, mercantilização, exploração descontrolada e negação da dignidade humana estão mais presentes do que nunca. E diante de tudo isso, o que fazem os grandes da terra? De tempo em tempo se reúnem e produzem um documento morno, em nome da realpolitik, que termina normalmente com um nada feito.
Só um homem, da varanda da praça de São Pedro e nas principais instâncias internacionais, se atreve a gritar para despertar as consciências, se atreve a falar de "globalização da indiferença" acusando os perversos mecanismos do poder. Aquele homem é o Papa Francisco. Totalmente compatível com o ensinamento de Jesus nos Evangelhos.
O Papa Francisco, em sua entrevista para Eugenio Scalfari explicou: "Eu acredito em Deus. Não em um Deus católico, não existe um Deus católico, existe Deus. E acredito em Jesus Cristo, na sua encarnação".
Este conceito representa, talvez, uma negação da Igreja como "corpo místico de Cristo"? Absolutamente não. A Igreja mantém o seu carácter de universalidade, mas o Papa Francisco é, ao mesmo tempo, consciente de que as grandes religiões do mundo têm uma base comum. Basta pensar que o cristianismo, o judaísmo e o islamismo são chamados de "religiões abraâmicas" porque vêem em Abraão um pai comum da fé.
Podemos recordar o caso em que, no "Sermão da Montanha", Jesus não quebra a continuidade com Abraão, mas diz: "Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; Não vim para abolir, mas para cumprir" (Mt 5, 17).
Esclarecedora, a tal respeito, a leitura do último livro do padre Antonio Spadaro, Oltre il muro. Dialogo tra un musulmano, un rabbino e um Cristiano, Rizzoli, 2014, (Além do muro. Diálogo entre um muçulmano, um cristão e um rabino), que traz na capa uma frase simbólica do Papa Francisco: "Precisa-se da coragem do diálogo. Construir a paz é difícil, mas viver sem a paz é um tormento".
Messori argumenta que há uma contradição entre o Papa Francisco que rejeita o proselitismo como uma ferramenta para difundir a fé católica e a situação da América Latina, onde há uma perda de católicos para o protestantismo pentecostal.
Mais uma vez, porém, o Pontífice argentino explicou que: "A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração de testemunhas". O significado é claro: a fé não é um "produto" que é vendido com as técnicas de marketing. E o Papa não é uma "contabilidade", que leva em conta o número de fiéis.
Como podemos esquecer a cena maravilhosa narrada no Evangelho, quando Jesus, pressionado pela multidão, pergunta: "Quem tocou na minha roupa?". Jesus não se preocupa com o clamor que o circunda, mas daquela alma individual que se dirige a ele em busca de ajuda.
Dito isso, deve-se notar que a personalidade e o estilo pontifical do papa Francisco estão exercendo uma atração tal que, em todo o mundo, tem havido uma recuperação significativa de consenso com relação à fé católica.
É o "populismo" isto?, se pergunta Messori. Da nossa parte nos limitamos a observar que, na linguagem leiga, haverá sempre uma palavra, um termo, uma definição, para tentar ler com corrosiva ironia as coisas mais belas. Também isso é um sintoma da “dor de viver” contemporânea, contra a qual Francisco lançou seu desafio.
Messori centra-se no compromisso comunicativo da Igreja, definindo “terrível” a responsabilidade de quem hoje deva “anunciar o Evangelho”, mostrando que “o Cristo não é um fantasma desaparecido e remoto, mas o rosto humano do Deus criador”.
Neste sentido, lembramos de um congresso realizado em Roma na Comunidade de Santo Egídio, por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais, 2014. Recordamos em particular, as palavras da jornalista Elisabetta Piqué, que há anos conhece Bergoglio: "O Papa Francisco não tem uma estratégia de mídia, nele não há nada estudado, mas, em um mundo desprovido de líderes autênticos, as pessoas gostam dele justamente por isso”.
Acreditamos que estas palavras constituam também uma resposta eficaz às "contradições" aparentes de Bergoglio: um sacerdote sério, humilde, rigoroso e, ao mesmo tempo, animado pelo Evangelho do sorriso, da paixão de estar com as pessoas. Um Pontífice da Igreja Universal, que não perdeu a vocação do "sacerdote da rua".
"Precisa-se sair para fora – afirmava o arcebispo Bergoglio no ano 2000 - e falar com as pessoas reunidas nas varandas.  Temos que sair das nossas conchas e dizer que Jesus vive, e afirma-lo com alegria, mesmo que às vezes pareça um pouco louco”. É o programa que hoje está levando como Pontífice, com o nome de Francisco.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A Sagrada Família nos encoraja a oferecer calor humano

Como a cada domingo, ontem o Papa Francisco rezou a oração do Angelus da janela do seu escritório no Palácio Apostólico, diante de uma multidão que o esperava na Praça de São Pedro.

 
Dirigindo-se aos fiéis e peregrinos vindos de todo o mundo, que o acolheram com um longo e caloroso aplauso, o Pontífice argentino disse-lhes:

"Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Neste primeiro domingo depois do Natal, enquanto ainda estamos imersos no clima de alegria da festa, a Igreja nos convida a contemplar a Sagrada Família de Nazaré. O Evangelho de hoje nos apresenta Nossa Senhora e São José no momento em que, 40 dias depois do nascimento de Jesus, foram ao templo de Jerusalém. Fazem isso por obediência religiosa à Lei de Moisés, que prescreve oferecer ao Senhor o primogênito (cfr. Lc 2, 22-24).
Podemos imaginar esta pequena família, em meio a tantas pessoas, nos grandes átrios do templo. Não chamam a atenção, mas não passam despercebidos! Dois anciãos, Simeão e Ana, movidos pelo Espírito Santo, se aproximam e começam a louvar a Deus por esse Menino, no qual reconhecem o Messias, luz das nações e salvação de Israel (cf. Lc 2, 22-38 ). É um momento simples, mas rico de profecia: o encontro entre dois jovens esposos cheios de alegria e de fé pelas graças do Senhor; e dois anciãos, também eles cheios de alegria e de fé pela ação do Espírito. Quem os reúne? Jesus. Jesus os reúne: os jovens e os anciãos. Jesus é Aquele que aproxima as gerações. É a fonte daquele amor que une as famílias e as pessoas, vencendo toda desconfiança, todo isolamento, toda distância. Isto nos faz pensar também nos avós: quão importante é a sua presença, a presença dos avós! Quão precioso é o seu papel nas famílias e na sociedade! A boa relação entre os jovens e os anciãos é fundamental para o caminho da comunidade civil e eclesial. E olhando para estes dois anciãos, estes dois avós – Simeão e Ana – cumprimentamos com um aplauso todos os avós do mundo.
A mensagem que vem da Sagrada Família é primariamente uma mensagem de fé. Na vida familiar de Maria e José, Deus é verdadeiramente o centro, e o é na pessoa de Jesus. Portanto, a Sagrada Família de Nazaré é santa. Por quê? Porque está centrada em Jesus.
Quando pais e filhos respiram juntos essa atmosfera de fé, possuem uma energia que lhes permite enfrentar também provas difíceis, como mostra a experiência da Sagrada Família, por exemplo, no acontecimento da dramática fuga para o Egito. Uma fura prova...
O Menino Jesus com sua mãe Maria e com São José são um ícone familiar simples, mas muito luminoso. A luz que ela ilumina é uma luz de misericórdia e de salvação para o mundo todo, luz de verdade para todo homem, para a família humana e para cada família. Esta luz que vem da Sagrada Família nos encoraja a oferecer calor humano naquelas situações familiares nas quais, por vários motivos, falta a paz, falta a harmonia, falta o perdão. Que a nossa solidariedade concreta não diminua, particularmente com a família que estiver passando por situações muito difíceis por causa das doenças, da falta de trabalho, das discriminações, da necessidade de emigrar...
Que a nossa solidariedade concreta não falhe, especialmente para as famílias que estão passando pelas situações mais difíceis, pelas doenças, pela falta de emprego, pela discriminação, pela necessidade de emigrar... E aqui fazemos uma pausa e em silêncio rezemos por todas estas famílias em dificuldade, que tenham problemas com doenças, falta de emprego, discriminação, necessidade de emigrar, tenham dificuldades de entendimento e até mesmo de desunião. Em silêncio oramos por todas estas famílias.... (Ave Maria).
Confiamos a Maria, Rainha e Mãe da família, todas as famílias do mundo, para que possam viver na fé, na harmonia, no apoio mútuo, e por isso invoco sobre elas a proteção maternal daquela que foi mãe e filha do seu Filho”.

Após estas palavras, o Santo Padre rezou o Angelus:

Angelus Domini nuntiavit Mariae .

Fonte: Zenit.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Celebração da Sagrada Família

Eclo 3, 3-7.14-17; Col 3, 12-21; Lc 2, 20-40

Ideia principal: a Sagrada Família de Nazaré é modelo, alento e força para todas as nossas famílias.

Síntese da mensagem: Esta festa é recente e foi estabelecida faz pouco mais de um século pelo papa Leão XIII para dar às famílias cristas um modelo evangélico de vida, virtudes domesticas e de união no amor, para que depois das provas desta vida possam gozar no céu da eterna companhia de Deus e da Sagrada Família de Nazaré.

Pontos da ideia principal:

Em primeiro lugar, todos nós sabemos dos grandes perigos que hoje sofrem algumas das nossas famílias, que colocou em evidencia o sínodo extraordinário da família em outubro de 2014: famílias fragmentadas, feridas, quebradas, em necessidades de pobreza, de miséria e de angustia. Dificuldades internas e externas. Preocupações de tipo laboral e econômico; visões distintas na educação dos filhos, provenientes de diferentes modelos educativos dos pais; os reduzidos tempos para o diálogo e o descanso. A tudo isto se junta fatores disgregados como a separação e o divórcio, e o preocupante crescimento da prática abortiva. O mesmo egoísmo pode levar à falsa visão de considerar os filhos como objetos de propriedade dos pais, que podem ser fabricados segundo os seus desejos. Violência, abusos, álcool, drogas, pornografia e outras formas de dependência sexual. E também essas situações pastorais difíceis: as uniões livres ou em segundas núpcias sem ter recebido o sacramento do matrimonio. O que fazer diante destes desafios?

Em segundo lugar, hoje temos que olhar o modelo da Sagrada Família para que nos digam o segredo para formar uma família ideal e possamos lançar luz nestes desafios. Quando Paulo VI esteve em Nazaré tirou umas anotações ou lições da Sagrada Família de Nazaré, a modo de fotografia. “Primeiro, lição de silêncio. Renasça em nós a valorização do silêncio, desta estupenda e indispensável condição do espírito; em nós, atordoados por tantos ruídos, tantos estrépitos, tantas vozes da nossa ruidosa e hipersensibilizada vida moderna. Silêncio de Nazaré, ensinai-nos o recolhimento, a interioridade, a aptidão de prestar atenção às boas inspirações e palavras dos verdadeiros mestres; ensinai-nos a necessidade e o valor da preparação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que Deus só vê secretamente. Segundo, a lição da vida domestica. Que Nazaré nos ensine o que é a família; a sua comunhão de amor, a sua simples e austera beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; ensine quão doce insubstituível é a sua pedagogia; ensine quão fundamental e insuperável a sua sociologia. E terceiro, lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “Filho do Carpinteiro”, como queríamos compreender e celebrar aqui a lei severa, e redentora da fatiga humana; recompor aqui a consciência da dignidade do trabalho; recordar aqui como o trabalho não pode ser fim em si mesmo e como, quanto mais livre e alto for, tanto serão, ademais do valor econômico, os valores que tem como fim; saudar aqui os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande colega, o seu irmão divino, o Profeta de toda justiça para eles, Jesus Cristo Nosso Senhor!”. (Homilia de Paulo VI, 5 de janeiro de 1964 em Nazaré).

Finalmente, devemos voltar uma e outra vez ao plano originário de Deus para a família. É verdade que Deus começou o seu plano arrancando Abraão do seio da sua família, mas ao mesmo tempo lhe fez a promessas de um descendente, de um herdeiro, Cristo, ao redor do qual se formaria a família perfeita. E quando com braço poderoso tirou os judeus do Egito fez isso para constitui-los em povo, em família de Deus. Seguindo a mesma linha, Deus constituiu depois a Igreja- novo Israel- ao modo de uma família, com um Pai comum. Somos todos da família de Jesus. E nesta família perfeita está o pai, a mãe e os filhos. São Paulo na segunda leitura de hoje nos dá a clave para edificar esta família de Jesus com um único alicerce: o amor mútuo, feito humildade, afabilidade, paciência, perdão, paz, gratidão, oração, respeito, obediência. O pai é a cabeça, a mãe é o coração e os filhos são a coroa desses pais.

Para refletir: O que é que mais impressiona da Sagrada Família de Nazaré? O que é que com mais urgência as nossas famílias deveriam aprender da Sagrada Família de Jesus, José e Maria? Como deveria se comportar a Igreja com essas famílias que estão passando por graves dificuldades?

Para rezar: Sagrada Família de Nazaré: ensinai-nos o recolhimento, a interioridade; dai-nos a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensinai-nos a necessidade do trabalho de reparação, do estudo, da vida interior pessoal, da oração, que só Deus vê no segredo; ensinai-nos o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua beleza simples e austera, o seu caráter sagrado e inviolável. Amém.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

sábado, 27 de dezembro de 2014

O modelo da Família de Nazaré se encontra no alto

A inesgotável cena de Natal oferece mais uma vez a riqueza do Presépio, feito de pobreza e simplicidade, à nossa geração. A criatividade com que estas cenas são expostas é sinal de sua profundidade, que tem o tamanho da eternidade. Por mais que contemplemos Jesus Maria e José, ou tentemos nos infiltrar na cena, junto com pastores, magos ou animais, sempre nos ultrapassará e mostrará sua riqueza, cuja origem está no Céu. Hoje queremos interrogar à Sagrada Família o que tem de diferente para oferecer à nossa geração, pois há certamente algo de muito original em seu modo de viver.
Parece-me encontrar a primeira resposta justamente na iniciativa de sua constituição. Não foram a carne e o sangue ou, quem sabe, os maravilhosos afetos humanos que fizeram acontecer esta família. José, chamado de homem justo, formado certamente na escola de fidelidade às mais legítimas tradições de sua ascendência davídica, só queria servir a Deus e ser fiel a ele. Homem da escuta e da atenção às inspirações que lhe vieram do alto, semelhante ao José do Egito e dos sonhos do Antigo Testamento, só agia conduzido pela vontade de Deus, discernida no que a Escritura chama de "sonhos". Maria, por sua vez, parece uma jovem formada na estrita observância da esperança messiânica herdada de seus pais. Dá para ver o conteúdo bíblico de excelente teor que se manifesta em seu canto de louvor, o Magnificat. O filho daquela família de Nazaré veio do Alto, do Pai Altíssimo, gerado e não criado, da mesma substância do Pai. Maria e José foram chamados, convocados a uma missão correspondente à expectativa de séculos. Fazem parte de um plano que tem o nome de salvação, expressão do amor eterno de Deus pela humanidade. Família cujo modelo se encontra no alto!
O dia a dia da família de Nazaré era feito de amor, trabalho e oração, tudo vivido com muita simplicidade. O valor das pequenas coisas, uma criança diferente que aprende ao colo da mãe as lições da Escritura, um pai de família trabalhador, conhecido em Nazaré pelos serviços que realiza, nada de extraordinário e esta é a novidade, num mundo que até hoje teima em complicar as coisas. Da Família de Nazaré nascem as lições do quotidiano, no qual as surpresas ficam por conta da beleza da alma das pessoas nele envolvidas. Sim, original é o fato da importância das pessoas e não do que elas eventualmente possam fazer ou produzir. Família parecida com as nossas famílias!
Onde quer chegar esta família? Ela foi pensada como presente para o mundo, não existe para si. Um dia o Filho deve partir. Sabiam que ele era diferente de todos, mesmo se conhecido apenas como "Filho do Carpinteiro", o José que sai muito cedo de cena. Sua família maior atrai Jesus irresistivelmente, pois é conduzido pelo Espírito Santo. Passará pelas estradas da Galileia e da Judeia anunciando a boa nova do Reino de Deus a todos, realizando sinais e prodígios que atraem as multidões. Como Jesus sabia o que existe no coração humano, teve que escolher discípulos, homens simples a serem formados até adquirirem a têmpera do martírio. Maria praticamente desaparece durante os anos da vida pública. Depois de se revelar discípula fiel em Caná, vai comparecer anos mais tarde, Mãe Desolada aos pés da Cruz, para adotar a humanidade representada por João, ainda que fragilizada pelo mistério do pecado. É uma família feita para o mundo e para a doação completa. Nada é guardado ou acumulado, tudo entregue em alegre entrega, para fazer o bem. Família destinada a servir e a se doar pelo Reino de Deus!
Apenas algumas das inúmeras lições regadas de eternidade. E nossas famílias podem aprender muito. Os casais que constituem as famílias de nosso tempo podem aproveitar a graça do Natal para recomeçarem a falar de  vocação, chamado de Deus, filhos vistos do alto por Deus, que tem a ver com eles! É hora de voltar a pensar com os pensamentos de Deus! Sabemos muito bem o quanto nos cansamos de correr em círculo vicioso, em torno de nós mesmos. O egoísmo e a vaidade têm feito e ainda farão muito mal. É tempo de inverter a rota! Nossas famílias podem ser diferentes, originais!
Segunda lição é olhar ao nosso redor. Os dias de Natal mostraram que os sentimentos e afetos mais simples foram os que mais agradaram as pessoas. Vi famílias unidas, saboreando refeições cheias de sentido, vi abraços e sorrisos espontâneos tornando-se o melhor presente a ser partilhado. É impressionante a sede de comunhão existente das pessoas. Se uma simples mensagem eletrônica já serve para encher o coração de muita gente, quanto mais o encontro pessoal desfrutado com alegria!
A passagem de ano traz consigo muitas passagens de filhos e filhas, cujo mundo se amplia, com pais aprendendo que não os geraram para si, mas para Deus e para o bem da própria sociedade. A família só se realiza quanto educa no amor e para o amor. Ela se descobre aberta e servidora, livre na capacidade de se doar! Ela aprende a perder para receber cem vezes mais!
A família de nosso tempo não está isenta de crises e dificuldades. José, Maria e o Menino estão aí para dizer o quanto tiveram que procurar, perguntar, até fugir, enfermidades, crises de idade, isolamentos, enfim, a dinâmica mais comum da existência. E souberam ser fiéis e lúcidos diante de todos os desafios. Foram tão comuns que se fazem extraordinários!
O Natal é feliz por si mesmo, porque é o mistério do amor eterno que entra na história humana, assumindo a carne humana. Olhar de novo para os detalhes do Natal é experiência única e confortadora para todas as famílias. Do Presépio transbordam novas lições a cada visita. O Natal que celebramos nestes dias seja a luz para que todos os dias do ano novo sejam também felizes e santos. Peçamos com a Igreja: Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes, para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa. Amém!

Dom Alberto Taveira, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Francisco à cúria romana: as 15 tentações que é necessário combater

O papa Francisco se reuniu na última segunda-feira (22/12) com os dirigentes e membros dos diversos dicastérios, conselhos, escritórios, tribunais e comissões que compõem a Cúria Romana e os convidou “a ser um corpo que tenta, dia após dia, ser mais vivo, mais sadio e harmonioso e mais unido entre si e com Cristo”. Com franqueza paternal, o Santo Padre destacou as tentações que é necessário combater.
 
“A cúria é sempre chamada a melhorar e a crescer em comunhão, em santidade e em sabedoria para realizar plenamente a sua missão. Como todo corpo, ela também é exposta às doenças... Eu gostaria de mencionar algumas das mais frequentes em nossa vida de cúria. São doenças e tentações que debilitam o nosso serviço ao Senhor”, disse o pontífice, e, depois de convidar a todos a fazer um exame de consciência neste advento, como preparação para o Natal, enumerou as “doenças” curiais:

1 - A doença de sentir-se imortal, imune ou até indispensável, deixando de lado os controles necessários e normais. Uma cúria que não é autocrítica, que não se atualiza, que não tenta melhorar é um corpo enfermo. É a doença do rico insensato, que achava que ia viver eternamente, e também daqueles que se tornam amos e se sentem superiores a todos, em vez de sentir-se a serviço de todos.

2- A doença do "martalismo" (da Marta citada no Evangelho), a doença da excessiva atividade: daqueles que ficam imersos no trabalho e deixam de lado “a melhor parte”: sentar-se aos pés de Jesus. Por isso, Jesus convidou os seus discípulos a “descansar”, porque descuidar do necessário repouso leve ao estresse e à agitação. O tempo do repouso para quem completou a sua missão é necessário, é devido e deve ser levado a sério: passar um "tempo de qualidade” com a família e respeitar as férias como um tempo para recargar-se espiritual e fisicamente; temos que aprender o que ensina o Eclesiastes: há um tempo para tudo.

3 - A doença do endurecimento mental e espiritual: É a doença de quem, ao longo do caminho, perde a serenidade interior, a vivacidade e a audácia e se esconde nos papéis, virando uma “máquina de trabalho” e não um “homem de Deus”. É perigoso perder a sensibilidade humana necessária para chorar com os que choram e para nos alegrar com os que se alegram. É a doença dos que perdem os sentimentos de Jesus.

4 - Planejar como um contador. A doença do planejamento excessivo e do funcionalismo. É quando o apóstolo planeja tudo minuciosamente e acha que, assim, as coisas efetivamente progridem, virando um contador. Caímos nesta doença porque é sempre mais fácil e cômodo ficar na própria posição estática e imutável. A Igreja se mostra fiel ao Espírito Santo na medida em que não pretende regulá-lo nem domesticá-lo. Ele é o frescor, a fantasia, a inovação.

5 - A não cooperação. A doença da má coordenação. Quando os membros perdem a comunhão entre si e o corpo perde a funcionalidade harmoniosa e a temperança, tornando-se uma orquestra que faz barulho, porque os seus membros não cooperam e não vivem o espírito de comunhão e de equipe.

6 - A doença do Alzheimer espiritual. A de esquecer a “história da salvação”, a história pessoal com nosso Senhor, o “primeiro amor”. É uma diminuição progressiva das faculdades espirituais... Vemos isto nos que perderam a lembrança do seu encontro com o Senhor... Nos que constroem muros ao redor de si mesmos e se tornam cada vez mais escravos dos costumes e dos ídolos que esculpiram com as próprias mãos.

7 - A doença da rivalidade e da vanglória. Quando a aparência, as cores das roupas e as insígnias de honra se tornam o principal objetivo da vida... É a doença que nos leva a ser homens e mulheres falsos e a viver uma mística falsa e um falso quietismo.

8 - A doença da esquizofrenia existencial. É a doença dos que vivem uma vida dupla, fruto da hipocrisia típica dos medíocres e do progressivo vazio espiritual que os títulos acadêmicos não podem preencher. Criam assim o seu próprio mundo paralelo, onde deixam de lado tudo o que ensinam com severidade aos outros e começam a viver uma vida oculta e, com frequência, dissoluta.

9 - A doença da falação, da murmuração, da fofoca. É uma doença grave que começa com facilidade, talvez só para conversar, mas que se apodera da pessoa e a torna semeadora de cizânia (como Satanás), e, em muitos casos, assassina a sangue frio a fama dos colegas e dos irmãos. É a doença das pessoas covardes, que, por não terem coragem de falar na cara, falam pelas costas.

10 - A doença de divinizar os chefes. É a doença dos que cortejam os superiores, com a esperança de conseguir a sua benevolência. São vítimas do arrivismo e do oportunismo, honram as pessoas e não a Deus. São pessoas que vivem o serviço pensando só no que têm que conseguir e não no que têm que dar. Pessoas mesquinhas, infelizes e inspiradas só pelo seu egoísmo fatal.

11 - A doença da indiferença pelos outros. É quando todo mundo pensa só em si mesmo e perde a sinceridade e o calor das relações humanas. Quando os mais capacitados não põem os seus conhecimentos a serviço dos colegas com menos experiência. Quando, por ciúmes, se sente alegria ao ver que os outros caem, em lugar de levantá-los e animá-los.

12 - A doença da cara de enterro. A das pessoas rudes e sombrias, que consideram que, para ser sérios, é preciso pintar a cara de melancolia, de severidade, e tratar os outros, especialmente os considerados inferiores, com rigidez, dureza e arrogância. Na realidade, a severidade teatral e o pessimismo estéril são com frequência os sintomas do medo e da insegurança pessoal.

13 - A doença do acumular. Quando o apóstolo procura encher um vazio existencial no coração acumulando bens materiais, não por necessidade, mas simplesmente para se sentir seguro... O acúmulo só pesa e atrasa o caminho, inexoravelmente.

14 - A doença dos círculos fechados. Pertencer ao grupo se torna mais forte que pertencer ao Corpo e, em algumas situações, mais forte do que pertencer ao próprio Cristo. Também esta doença começa sempre com boas intenções, mas, com o passar do tempo, escraviza os membros e vira um câncer que ameaça a harmonia do corpo e pode causar muito dano, escândalos, especialmente aos nossos irmãos menores.

15 - A doença da ganância mundana, do brilho. Quando o apóstolo transforma o seu serviço em poder e o seu poder em mercadoria para conseguir benefícios mundanos ou mais poderes. É a doença de quem procura insaciavelmente multiplicar o seu poder e, para isso, é capaz de caluniar, difamar e desacreditar os outros, inclusive em jornais e revistas. Naturalmente, para brilhar e mostrar-se mais capaz que os outros.

“Somos chamados, neste tempo de Natal e em todo o tempo do nosso serviço e da nossa existência, a viver segundo a verdade no amor, tentando crescer em tudo diante daquele que é a Cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem entrosado, mediante a colaboração de todas as conjunturas, segundo a energia própria de cada membro, recebe força para crescer de maneira a edificar a si mesmo na caridade”.

“Uma vez eu li que os sacerdotes são como os aviões: são notícia só quando caem, mas há muitos que voam. Muitos os criticam e poucos rezam por eles. É uma frase muito interessante, que descreve a importância e a delicadeza do nosso serviço sacerdotal e o quanto um sacerdote que cai pode causar estrago em todo o corpo da Igreja”.

Fonte: Zenit.

'Que a indiferença se transforme em proximidade'

O Santo Padre Francisco, na Solenidade do Natal do Senhor, desde o Balcão Central da Basílica Vaticana, deu a benção "Urbi et Orbi" e transmitiu a tradicional mensagem de natal aos fieis presentes na praça de São Pedro e a todos aqueles que o acompanhavam por meio do rádio e da televisão.
 
Estas são as palavras do Santo Padre:

Queridos irmãos e irmãs, bom Natal!

Jesus, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, nasceu para nós. Nasceu em Belém de uma virgem, dando cumprimento às profecias antigas. A virgem chama-se Maria; o seu esposo, José.
São as pessoas humildes, cheias de esperança na bondade de Deus, que acolhem Jesus e O reconhecem. Assim o Espírito Santo iluminou os pastores de Belém, que acorreram à gruta e adoraram o Menino. E mais tarde o Espírito guiou até ao templo de Jerusalém Simeão e Ana, humildes anciãos, e eles reconheceram em Jesus o Messias. «Meus olhos viram a salvação – exclama Simeão – que ofereceste a todos os povos» (Lc 2, 30-31).
Sim, irmãos, Jesus é a salvação para cada pessoa e para cada povo!
A Ele, Salvador do mundo, peço hoje que olhe para os nossos irmãos e irmãs do Iraque e da Síria que há tanto tempo sofrem os efeitos do conflito em curso e, juntamente com os membros de outros grupos étnicos e religiosos, padecem uma perseguição brutal. Que o Natal lhes dê esperança, como aos inúmeros desalojados, deslocados e refugiados, crianças, adultos e idosos, da Região e do mundo inteiro; mude a indiferença em proximidade e a rejeição em acolhimento, para que todos aqueles que agora estão na provação possam receber a ajuda humanitária necessária para sobreviver à rigidez do inverno, retornar aos seus países e viver com dignidade. Que o Senhor abra os corações à confiança e dê a sua paz a todo o Médio Oriente, a começar pela Terra abençoada do seu nascimento, sustentando os esforços daqueles que estão activamente empenhados no diálogo entre Israelitas e Palestinianos.
Jesus, Salvador do mundo, olhe para quantos sofrem na Ucrânia e conceda àquela amada terra a graça de superar as tensões, vencer o ódio e a violência e embocar um caminho novo de fraternidade e reconciliação.
Cristo Salvador dê paz à Nigéria, onde – mesmo nestas horas – mais sangue foi derramado e muitas pessoas se encontram injustamente subtraídas aos seus entes queridos e mantidas reféns ou massacradas. Invoco paz também para outras partes do continente africano. Penso de modo particular na Líbia, no Sudão do Sul, na República Centro-Africana e nas várias regiões da República Democrática do Congo; e peço a quantos têm responsabilidades políticas que se empenhem, através do diálogo, a superar os contrastes e construir uma convivência fraterna duradoura.
Jesus salve as inúmeras crianças vítimas de violência, feitas objecto de comércio ilícito e tráfico de pessoas, ou forçadas a tornar-se soldados; crianças, tantas crianças vítimas de abuso. Dê conforto às famílias das crianças que, na semana passada, foram assassinadas no Paquistão. Acompanhe todos os que sofrem pelas doenças, especialmente as vítimas da epidemia de ébola, sobretudo na Libéria, Serra Leoa e Guiné. Ao mesmo tempo que do íntimo do coração agradeço àqueles que estão trabalhando corajosamente para assistir os doentes e os seus familiares, renovo um premente apelo a que sejam garantidas a assistência e as terapias necessárias.
Jesus Menino. Penso em todas as crianças assassinadas e maltratadas hoje, seja naquelas que o são antes de ver a luz, privadas do amor generoso dos seus pais e sepultadas no egoísmo duma cultura que não ama a vida; seja nas crianças desalojadas devido às guerras e perseguições, abusadas e exploradas sob os nossos olhos e o nosso silêncio cúmplice; seja ainda nas crianças massacradas nos bombardeamentos, inclusive onde o Filho de Deus nasceu. Ainda hoje o seu silêncio impotente grita sob a espada de tantos Herodes. Sobre o seu sangue, estende-se hoje a sombra dos Herodes do nosso tempo. Verdadeiramente há tantas lágrimas neste Natal que se juntam às lágrimas de Jesus Menino!
Queridos irmãos e irmãs, que hoje o Espírito Santo ilumine os nossos corações, para podermos reconhecer no Menino Jesus, nascido em Belém da Virgem Maria, a salvação oferecida por Deus a cada um de nós, a todo o ser humano e a todos os povos da terra. Que o poder de Cristo, que é libertação e serviço, se faça sentir a tantos corações que sofrem guerras, perseguições, escravidão. Que este poder divino tire, com a sua mansidão, a dureza dos corações de tantos homens e mulheres imersos no mundanismo e na indiferença, na globalização da indiferença. Que a sua força redentora transforme as armas em arados, a destruição em criatividade, o ódio em amor e ternura. Assim poderemos dizer com alegria: «Os nossos olhos viram a vossa salvação».
Com estes pensamentos, a todos bom Natal!

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua glória..." (João 1,14).

A encarnação do Verbo de Deus assinala o início dos "últimos tempos", isto é, a redenção da humanidade por parte de Deus. Cega e afastada de Deus, a humanidade viu nascer a luz que mudou o rumo da sua história. O nascimento de Jesus é um fato real que marca a participação direta do ser humano na vida divina. Esta comemoração é a demonstração maior do amor misericordioso de Deus sobre cada um de nós, pois concedeu-nos a alegria de compartilhar com ele a encarnação de seu Filho Jesus, que se tornou um entre nós. Ele veio mostrar o caminho, a verdade e a vida, e vida eterna. A simbologia da festa do Natal é o nascimento do Menino-Deus.

No início, o nascimento de Jesus era festejado em 6 de janeiro, especialmente no Oriente, com o nome de Epifania, ou seja, manifestação. Os cristãos comemoravam o natalício de Jesus junto com a chegada dos reis magos, mas sabiam que nessa data o Cristo já havia nascido havia alguns dias. Isso porque a data exata é um dado que não existe no Evangelho, que indica com precisão apenas o lugar do acontecimento, a cidade de Belém, na Palestina. Assim, aquele dia da Epifania também era o mais provável em conformidade com os acontecimentos bíblicos e por razões tradicionais do povo cristão dos primeiros tempos.

Entretanto, antes de Cristo, em Roma, a partir do imperador Júlio César, o 25 de dezembro era destinado aos pagãos para as comemorações do solstício de inverno, o "dia do sol invencível", como atestam antigos documentos. Era uma festa tradicional para celebrar o nascimento do Sol após a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Para eles, o sol era o deus do tempo e o seu nascimento nesse dia significava ter vencido a deusa das trevas, que era a noite.

Era, também, um dia de descanso para os escravos, quando os senhores se sentavam às mesas com eles e lhes davam presentes. Tudo para agradar o deus sol.

No século IV da era cristã, com a conversão do imperador Constantino, a celebração da vitória do sol sobre as trevas não fazia sentido. O único acontecimento importante que merecia ser recordado como a maior festividade era o nascimento do Filho de Deus, cerne da nossa redenção. Mas os cristãos já vinham, ao longo dos anos, aproveitando o dia da festa do "sol invencível" para celebrar o nascimento do único e verdadeiro sol dos cristãos: Jesus Cristo. De tal modo que, em 354, o papa Libério decretou, por lei eclesiástica, a data de 25 de dezembro como o Natal de Jesus Cristo.

A transferência da celebração motivou duas festas distintas para o povo cristão, a do nascimento de Jesus e a da Epifania. Com a mudança, veio, também, a tradição de presentear as crianças no Natal cristão, uma alusão às oferendas dos reis magos ao Menino Jesus na gruta de Belém. Aos poucos, o Oriente passou a comemorar o Natal também em 25 de dezembro.

Passados mais de dois milênios, a Noite de Natal é mais que uma festa cristã, é um símbolo universal celebrado por todas as famílias do mundo, até as não-cristãs. A humanidade fica tomada pelo supremo sentimento de amor ao próximo e a Terra fica impregnada do espírito sereno da paz de Cristo, que só existe entre os seres humanos de boa vontade. Portanto, hoje é dia de alegria, nasceu o Menino-Deus, nasceu o Salvador.

Fonte: DomTotal.com.br

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Jordânia: descobertos os restos da igreja mais antiga do mundo

A coexistência de muçulmanos e cristãos na Jordânia não é recente. O país é de vital importância para a religião cristã por fazer parte do “berço do cristianismo”. Lá ocorreu boa parte dos relatos da Bíblia. Atualmente, residem no país 300 mil cristãos que também celebram o Natal.
Não é de estranhar, portanto, que nos últimos descobrimentos, os arqueólogos tenham encontrado relevantes vestígios que levam a pensar que a Jordânia foi uma importante terra de peregrinação cristã. No porto de Áqaba, a única saída jordaniana para o Mar Vermelho, foram achados restos do que se pensa que seja a igreja mais antiga do mundo encontrada até hoje. Os alicerces do edifício datam do final do século III ou do começo do IV d.C. Com orientação para o leste, trata-se de uma basílica com nave central e duas naves laterais. Detalhes como fragmentos de lâmpadas de óleo feitas de vidro indicam que o edifício foi construído especificamente como igreja. De cerca de 16x26 metros, a edificação tinha paredes de barro sobre alicerces de pedra e portas com arcos. Os corredores laterais e a nave parecem ter sido abobadados. Restos de pintura vermelha e preta estão conservados em uma das paredes, mas não há imagens claramente perceptíveis. Sete pedras em forma de escada indicariam que a construção tinha um segundo piso.
Além da descoberta em Áqaba, a Jordânia conta com outros grandes exemplos de edificações religiosas antigas. Entre elas, em Umm Qays, foi encontrada, também recentemente, uma basílica única de cinco naves do século IV. Umm Ar-Rasas é uma cidade murada retangular citada no Velho e no Novo Testamento, fortificada pelos romanos e depois adornada pelos cristãos locais com mosaicos de estilo bizantino. Na parte oriental, foram restauradas várias estruturas. Fora da cidade encontra-se a igreja de Santo Estêvão, com extraordinário piso de mosaico perfeitamente conservado. A dois quilômetros de Umm Ar-Rasas fica a torre antiga mais alta da Jordânia, com 15 metros de altura e usada como lugar de retiro pelos primeiros monges cristãos.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Bastam 100 euros para escolarizar uma menina na Tailândia e salvá-la da prostituição

De acordo com o relatório “População”, da Universidade Mahidol, há mais de 50.000 meninas menores de 15 anos e 100.000 menores de 18 anos submetidas à prostituição infantil e vendidas aos prostíbulos de Bangkok e Pattaya, na Tailândia, onde elas são maltratadas e até mutiladas para não escapar. É contra este drama que luta a ONG espanhola “Somos Uno” [Somos Um].
Há 12 anos, o escritor espanhol José Luis Olaizola recebeu uma carta de uma professora de espanhol da universidade de Bangkok. Ela propunha que ele cedesse os seus direitos de autor do romance “Cucho”, pelos quais ela explicou que não poderia pagar. A mulher se chama Rasami Krisanamis. Olaizola lhe cedeu os direitos e, graças a isto, pôde ser construída uma escola para meninas tailandesas, a fim de impedir que a prostituição as cooptasse. Foi assim que o escritor começou a manter contato com a professora, que foi à Espanha e o convidou a ir à Tailândia para dar uma conferência. No país asiático, ele conheceu o padre jesuíta Alfonso, que luta há 40 anos contra todos os dramas que afetam a juventude tailandesa. Quando José Luis o conheceu, a prioridade do sacerdote era lutar contra a prostituição infantil.
Olaizola contou a ZENIT o quanto esta experiência o impactou e nos explica qual é o trabalho realizado pela ONG “Somos Uno”.
Pouco tempo depois de conhecer o padre Alfonso, o escritor testemunhou a alegria do sacerdote porque uma aeromoça tinha lhe doado 100 euros. “Como é que 100 euros alegram você desse jeito, com todo o drama e a necessidade que existe aqui?”, indagou Olaizola. O padre lhe respondeu: “José Luis, pelo menos UMA!”.
Olaizola voltou à Espanha, deu conferências sobre o tema, escreveu artigos e começou a procurar a generosa ajuda dos espanhóis. Com o dinheiro levantado, nasceu a ONG, “artesanal e familiar”, como a descreve o fundador, já que a organização é formada apenas por ele, pela esposa e pelos filhos. “E já estamos lutando há 12 anos contra a prostituição infantil na Tailândia”.
Quando José Luis conheceu o padre Alfonso, ele já tinha escolarizado 150 meninas. Agora são 2000, das quais 200 estão na universidade. “O fato de que entre na universidade uma menina dos arrozais do Camboja, que é considerada ínfima pela sociedade tailandesa, ‘carne de prostíbulo’, significa que, pouco a pouco, estamos mudando o mundo”, afirma o escritor, que conta mais detalhes do trabalho realizado: “Temos que detectar as meninas em grave risco de cair na prostituição”. Por exemplo, as filhas de prostitutas, as filhas de mães que morreram de aids, as meninas que dependem de uma avó idosa ou de uma tia mais velha que pode vendê-las por uma ninharia… É nesse meio que costumam ser encontradas meninas de 13 anos que já estão ou correm alto risco de cair na chamada “indústria do sexo”.
E bastam 100 euros para escolarizar uma menina. Olaizola explica que a escolarização é feita normalmente no lugar mais próximo da casa das meninas. O dinheiro serve para comprar livros, uniformes e, em muitos casos, para pagar meia pensão.
“O padre Alfonso e sua equipe dão acompanhamento às 2000 meninas e se preocupam com os seus problemas pessoais”. Cada uma delas tem nome: a equipe conhece as suas casas e as ajuda como pode.
Em sua primeira viagem à Tailândia, Olaizola conheceu uma menina de quatorze anos chamada Ama. Ela tinha incendiado o bordel em que vivia aprisionada. Quando a polícia lhe perguntou o motivo, ela respondeu: “Eu morreria queimada feliz se o dono do bordel também morresse junto”. Olaizola entendeu o drama das jovens. Muitas acabam com aids; quase todas acabam com baixíssima autoestima. Quando começou a agir e viu a resposta generosa das pessoas, ele entendeu que Deus lhe pedia algo: “Eu não podia ficar de braços cruzados. Fui me envolvendo cada vez mais ao enxergar que havia possibilidades de ajudar quem não tinha ninguém”.
Um traço característico do trabalho é a inter-religiosidade. Rasami Krisanamis, tailandesa de origem chinesa que pertence ao movimento budista Santi Asoke, é uma das colaboradoras mais dedicadas do padre Alfonso.
Às vezes, José Luis comenta com o padre que não entende como consegue arrecadar e lhe enviar tanto dinheiro. O jesuíta responde: “São os anjos da guarda das meninas”.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Estar atento ao Senhor que passa nesse natal

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
 
Hoje, quarto e último domingo do Advento, a liturgia quer nos preparar para o Natal que já está às portas nos convidando a meditar o relato do anúncio do Anjo a Maria. O arcanjo Gabriel revela à Virgem a vontade do Senhor de que ela se torne a mãe do seu Filho unigênito: “Conceberás um filho, lhe dará à luz e o chamará Jesus. Será grande e será chamado Filho do Altíssimo” (Lc 1, 31, 32). Fixemos o olhar sobre esta simples jovem de Nazaré, no momento em que se torna disponível à mensagem divina com o seu “sim”; colhamos dois aspectos essenciais de sua atitude, que é para nós modelo de como se preparar para o Natal.
Antes de tudo, a sua fé, a sua atitude de fé, que consiste em escutar a Palavra de Deus para se abandonar a esta Palavra com plena disponibilidade de mente e de coração. Respondendo ao Anjo, Maria disse: “Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a sua palavra” (v. 38). No seu “eis aqui” cheio de fé, Maria não sabe por quais estradas deverá se aventurar, quais dores deverá sofrer, quais riscos deverá enfrentar. Mas é consciente de que é o Senhor a pedir e ela confia totalmente Nele e se abandona ao seu amor. Esta é a fé de Maria!
Um outro aspecto é a capacidade da Mãe de Cristo de reconhecer o tempo de Deus. Maria é aquela que tornou possível a encarnação do Filho de Deus, “a revelação do mistério, envolto no silêncio por séculos eternos” (Rm 16, 25). Tornou possível a encarnação do Verbo graças justamente ao seu “sim” humilde e corajoso. Maria nos ensina a colher o momento favorável em que Jesus passa na nossa vida e pede uma resposta pronta e generosa. E Jesus passa. De fato, o mistério do nascimento de Jesus em Belém, que ocorre historicamente há mais de dois mil anos, tem lugar, como evento espiritual, no “hoje” da Liturgia. O Verbo, que encontrou morada no ventre virginal de Maria, na celebração do Natal vem bater novamente à porta do coração de cada cristão: passa e bate. Cada um de nós é chamado a responder, como Maria, com um “sim” pessoal e sincero, colocando-se plenamente à disposição de Deus e da sua misericórdia, do seu amor. Quantas vezes Jesus passa na nossa vida e quantas vezes nos manda um anjo e quantas vezes não percebemos, porque estamos presos, imersos nos nossos pensamentos, nos nossos negócios e, até mesmo, nesses dias, nos nossos preparativos de Natal, de forma a não percebermos Ele que passa e bate à porta do nosso coração, pedindo acolhimento, pedindo um “sim”, como aquele de Maria. Um santo dizia: “Tenho temor que o Senhor passe”. Vocês sabem por que ele tinha temor? Temor de não perceber e O deixar passar. Quando nós sentimos no nosso coração: “Gostaria de ser melhor… Estou arrependido disso que fiz…” É justamente o Senhor que bate. Ele te faz sentir isso: a vontade de ser melhor, a vontade de permanecer mais próximo aos outros, a Deus. Se você sente isso, pare. É o Senhor ali! E vai fazer uma oração, talvez vá à confissão, a limpar um pouco… isso faz bem. Mas se lembrem bem: se sente esta vontade de melhorar, é Ele que bate: não O deixe passar!
No mistério do Natal, próximo a Maria está a silenciosa presença de São José, como é representado em cada presépio – também naquele que vocês podem admirar aqui na Praça São Pedro. O exemplo de Maria e de José é, para todos nós, um convite a acolher com total abertura de alma Jesus, que por amor se fez nosso irmão. Ele vem para trazer ao mundo o dom da paz: “Sobre a terra paz aos homens, que ele ama” (Lc 2, 14), como anunciaram em coro os anjos aos pastores. O presente precioso do Natal é a paz, e Cristo é a nossa verdadeira paz. E Cristo bate aos nossos corações para nos dar a paz, a paz da alma. Abramos as portas a Cristo!
Confiemo-nos à intercessão de nossa Mãe e de São José, para viver um Natal realmente cristão, livres de toda mundanidade, prontos para acolher o Salvador, o Deus-conosco.

Fonte: Zenit.

domingo, 21 de dezembro de 2014

"Quando a Igreja acredita que pode tomar conta das consciências das pessoas, a Igreja é estéril"

Na sua última missa matutina do ano, o Papa disse que a Igreja deve ser mãe e não empresária.


 
As leituras do dia (Jz 13,2-7.24-25; Lc 1,5-25), destacou o Papa, falam de dois dramas ligados à esterilidade, vencidos com o nascimento de Sansão e de João o Batista.
“Da esterilidade, o Senhor é capaz de recomeçar uma nova descendência, uma nova vida. E é esta a mensagem de hoje. Quando a humanidade acaba, não pode prosseguir, chega a graça e chega o Filho, trazendo a Salvação. E aquela Criação ‘esgotada’ deixa lugar à nova criação…”
“Nós esperamos Aquele que é capaz de recriar todas as coisas, de fazer novas todas as coisas. Aguardamos a novidade de Deus”. Isto é Natal! “A novidade de Deus que refaz, de modo maravilhoso, todas as coisas”. Francisco ressaltou que seja a esposa de Manoá, mãe de Sansão, como Isabel, tiveram filhos graças à ação do Espírito do Senhor.
Qual seria então a mensagem destas leituras? – questionou o Papa.  “Abramo-nos ao Espírito de Deus – respondeu. Nós, sozinhos, não conseguimos; é ele que pode fazê-lo”:
“Isso me faz pensar também na nossa mãe Igreja; nas muitas esterilidades que a nossa mãe Igreja tem: quando, pelo peso da esperança nos Mandamentos, aquele pelagianismo que todos nós trazemos nos ossos, se torna estéril. Acredita ser capaz de parir… não, não pode! A Igreja é mãe, e se torna mãe somente quando se abre à novidade de Deus, à força do Espírito. Quando diz a si mesma: ‘Eu faço tudo, mas acabei, não vou mais fazer‘, vem o Espírito”.
Esta constatação levou o Papa a uma reflexão sobre as esterilidades na Igreja e a abertura à fecundidade na fé:
“E também hoje é um dia para rezar pela nossa mãe Igreja, por tantas esterilidades no povo de Deus. Esterilidade de egoísmos, de poder…. Quando a Igreja acredita que pode tudo, que pode tomar conta das consciências das pessoas, de percorrer o caminho dos fariseus, dos saduceus, o caminho da hipocrisia, eh, a Igreja é estéril. Rezar. Que este Natal faça a nossa Igreja aberta ao dom de Deus, que se deixe surpreender pelo Espírito Santo e seja uma Igreja que faça filhos, uma Igreja mãe. Mãe. Muitas vezes eu penso que a Igreja em alguns lugares é mais empresária do que mãe”
“Olhando para esta história de esterilidade do povo de Deus e tantas histórias na História da Igreja que fazem a Igreja estéril – concluiu o Papa – peçamos ao Senhor, hoje, olhando para o Presépio”, a graça “da fecundidade da Igreja. Que antes de tudo, a Igreja seja mãe, como Maria”.

Fonte: Zenit.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Síria: 150 mulheres assassinadas por não se casarem com milicianos do Estado Islâmico

Pelo menos 150 mulheres foram assassinadas na província de Anbar, no Iraque, por milicianos do grupo Estado Islâmico por terem se recusado a se casar com eles.
O massacre perpetrado no noroeste do país foi denunciado pelo Ministério iraquiano dos Direitos Humanos, segundo informações do canal Arabiya, que explicou que as execuções aconteceram em Falluja sob o comando do jihadista Abu Anas al-Libi. Os corpos das vítimas foram enterrados em fossas comuns na periferia da cidade.
Enquanto isso, na Síria, foram encontrado os corpos de 230 pessoas assassinadas por jihadistas do Estado Islâmico em uma fossa comum na província de Deyr az-Zor, ao leste do país. O Observatório Nacional para os Direitos Humanos explicou que as vítimas são membros da tribo Sheitat, cujo massacre já tinha sido denunciado em setembro. Chegam a mais de 900 as pessoas da etnia Sheitat assassinadas pelos fundamentalistas do Estado Islâmico até o momento, de acordo com os dados conhecidos.
Segundo a agência italiana Sir, o porta-voz da oposição moderada do Exército Livre Sírio, Omar Abu Layla, afirmou que a tribo Sheitat descobriu a fossa comum depois que alguns dos seus membros voltaram para suas casas. Depois de ocupar a região, o Estado Islâmico deu aos Sheitat a permissão de voltar, mas acompanhada do seguinte aviso: "Esta é uma mensagem do Estado Islâmico para deixar claro que, se houver entre os que voltaram uma intenção mínima de vingança, a sua sorte será a mesma dos seus parentes".

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O papa pede que os luteranos se concentrem no próximo passo possível

O diálogo oficial entre luteranos e católicos chega a quase cinquenta anos de intenso trabalho e notável progresso, e, com a ajuda de Deus, “constitui um fundamento sólido de sincera amizade vivida na fé e na espiritualidade”, disse o papa Francisco na audiência em que recebeu uma delegação da Igreja evangélica luterana alemã.
Apesar das diferenças teológicas que persistem em várias questões de fé, “a colaboração e a convivência fraterna caracterizam a vida das nossas Igrejas e comunidades eclesiais, comprometidas hoje com um caminho ecumênico em comum”, disse o pontífice no discurso.
O papa recordou que o objetivo da unidade plena e visível dos cristãos parece afastar-se por causa de diferentes interpretações, dentro do diálogo, sobre o que é a Igreja e a sua unidade. Ele assegurou que, apesar das questões abertas, “não devemos nos resignar, mas nos concentrar no próximo passo possível (...) Estamos trilhando um caminho de amizade, de estima recíproca e de busca teológica, um caminho que nos leva a olhar para o futuro com esperança”.
A comissão de diálogo bilateral entre a Conferência Episcopal Alemã e a Igreja Evangélica Luterana da Alemanha está prestes a terminar o seu trabalho no tema “Deus e a dignidade do homem”. Francisco especificou que são de grande atualidade as questões relativas à dignidade da pessoa humana no início e no final da vida, assim como as questões da família, do casamento e da sexualidade, “que não podem ser excluídas ou deixadas de lado só porque não se quer pôr em risco o consenso ecumênico alcançado até agora. Seria uma pena se, nessas questões importantes da existência humana, se verificassem novas diferenças confessionais”.
“O diálogo ecumênico não pode hoje ser separado da realidade e da vida das nossas Igrejas”. O papa recordou que, em 2017, os cristãos luteranos e católicos comemoram conjuntamente o quinto centenário da Reforma. Nessa ocasião, “luteranos e católicos terão a possibilidade, pela primeira vez, de compartilhar uma mesma comemoração ecumênica em todo o mundo, não na forma de uma celebração triunfalista, mas como profissão da nossa fé comum em Deus Uno e Trino”. O pontífice desejou que esta comemoração “anime todos nós, com a ajuda de Deus e o apoio do seu Espírito, a dar novos passos rumo à unidade e a não nos limitarmos simplesmente ao que já conseguimos”.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Jesus e Maria nos ajudam a redescobrir a vocação e a missão da família



Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

 
O Sínodo dos Bispos sobre família, celebrado há pouco, foi a primeira etapa de um caminho que se concluirá em outubro próximo com a celebração de uma outra Assembleia sobre o tema: “Vocação e missão da família na Igreja e no mundo”. A oração e a reflexão que devem acompanhar este caminho envolvem todo o Povo de Deus. Gostaria que também as meditações habituais das audiências de quarta-feira se inserissem neste caminho comum. Desejei, por isso, refletir com vocês, nesse ano, justamente sobre família, sobre este grande dom que o Senhor deu ao mundo desde o princípio, quando conferiu a Adão e Eva a missão de se multiplicar e encher a terra (cfr Gen 1, 28). Aquele dom que Jesus confirmou e selou no seu Evangelho.
A proximidade do Natal acende sobre este mistério uma grande luz. A encarnação do Filho de Deus abre um novo início na história universal do homem e da mulher. E este novo início acontece no seio de uma família, em Nazaré. Jesus nasce em uma família. Ele podia vir espetacularmente, ou como um guerreiro, um imperador… Não, não: vem como um filho de família, em uma família. Isto é importante: olhar no presépio esta cena tão bela.
Deus escolheu nascer em uma família humana, que formou Ele mesmo. Ele formou em uma vila remota da periferia do Império Romano. Não em Roma, que era a capital do Império, não em uma grande cidade, mas em uma periferia quase invisível, bastante mal falada. Recordam-no também os Evangelhos, quase como um modo de dizer: “De Nazaré pode vir alguma coisa de bom?” (Jo 1, 46). Talvez, em muitas partes do mundo, nós mesmos ainda falamos assim, quando ouvimos o nome de qualquer lugar periférico de uma grande cidade. Bem, justamente dali, daquela periferia do grande Império, começou a história mais santa e melhor, aquela de Jesus entre os homens! E ali se encontrava esta família.
Jesus permaneceu naquela periferia por trinta anos. O Evangelista Lucas resume este período assim: Jesus “era seu submisso [isso é, a Maria e José]. E alguém poderia dizer: “Mas este Deus que vem nos salvar, perdeu 30 anos ali, naquela periferia mal falada?”. Perdeu 30 anos! Ele quis isso. O caminho de Jesus era naquela família. “A mãe protegia no seu coração todas as coisas e Jesus crescia em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e diante dos homens” (2, 51-52). Não se fala de milagres ou curas, de pregações – não fez nenhuma naquele tempo – de multidões que se reúnem; em Nazaré, tudo parecia acontecer “normalmente”, segundo os costumes de uma piedosa e trabalhadora família israelita: trabalhava-se, a mãe cozinhava, fazia todas as coisas da casa, esticava as camisas… todas as coisas da mãe. O pai, carpinteiro, trabalhava, ensinava o filho a trabalhar. Trinta anos. “Mas que desperdício, padre!”. Os caminhos de Deus são misteriosos. Mas aquilo que era importante ali era a família! E isto não era um desperdício! Eram grandes santos: Maria, a mulher mais santa, imaculada, e José, o homem mais justo… A família”.
Ficaríamos certamente comovidos com a história de como Jesus adolescente enfrentava os compromissos da comunidade religiosa e os deveres da vida social; em conhecer como, de jovem trabalhador, trabalhava com José; e depois o seu modo de participar da escuta das Escrituras, da oração dos salmos e em tantos outros costumes da vida cotidiana. Os Evangelhos, em sua sobriedade, não referem nada sobre a adolescência de Jesus e deixam esta tarefa à nossa afetuosa meditação. A arte, a literatura, a música percorreram este caminho da imaginação. De certo, não é difícil imaginar quanto as mães poderiam aprender com a atenção de Maria por aquele Filho! E quanto os pais poderiam derivar do exemplo de José, homem justo, que dedicou a sua vida a apoiar e defender o menino e a esposa – a sua família – nas passagens difíceis! Para não dizer quanto os jovens poderiam ser encorajados por Jesus adolescente a compreender a necessidade e a beleza de cultivar a sua vocação mais profunda, e de sonhar grande! E Jesus cultivou naqueles trinta anos a sua vocação para a qual o Pai O enviou. E Jesus nunca, naquele tempo, se desencorajou, mas cresceu em coragem para seguir adiante com a sua missão.
Cada família cristã – como fizeram Maria e José – pode antes de tudo acolher Jesus, escutá-Lo, falar com Ele, protegê-Lo, crescer com Ele; e assim melhorar o mundo. Demos espaço no nosso coração e no nosso dia a dia ao Senhor. Assim fizeram também Maria e José, e não foi fácil: quantas dificuldades tiveram que superar! Não era uma família falsa, não era uma família irreal. A família de Nazaré nos empenha a redescobrir a vocação e a missão da família, de cada família. E como aconteceu naqueles trinta anos em Nazaré, assim pode acontecer também para nós: fazer tornar normal o amor e não o ódio, fazer tornar comum a ajuda mútua, não a indiferença ou a inimizade. Não é acaso, então, que “Nazaré” signifique “Aquela que protege”, como Maria, que – diz o Evangelho – “protegia no seu coração todas essas coisas” (cfr Lc 2, 19.51). Desde então, cada vez que há uma família que protege este mistério, mesmo na periferia do mundo, o mistério do Filho de Deus, o mistério de Jesus que vem nos salvar, está trabalhando. E vem para salvar o mundo. E esta é a grande missão da família: dar lugar a Jesus que vem, acolher Jesus na família, na pessoa dos filhos, do marido, da esposa, dos avós… Jesus está ali. Acolhê-Lo ali, para que cresça espiritualmente naquela família. Que o Senhor nos dê esta graça nestes últimos dias antes do Natal.

 Obrigado.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Jordânia: chega a 7 mil o número de cristãos refugiados por causa do Isis

Os cristãos iraquianos que fugiram de Mosul e da Planície de Nínive que encontraram refúgio no Iraque são agora mais de 7 mil, e os recursos disponíveis para sua assistência terminará em dois meses.
Assim disse hoje a agência de notícias Fides, destacando que o alarme vem de Wael Suleiman, diretor da Caritas Jordania. "O 70 por cento dos refugiados cristãos --informa Suleiman para Fides-- está concentrada na área de Amman. Uns mil deles estão alojados em 18 paróquias, outros encontraram alojamento em casas. Vivem sonhando em fugir para a América, Austrália e Europa, em um estado terrível de espera que afeta principalmente os jovens e as meninas em idade escolar: passam dias inteiros sem fazer nada, porque, por motivos burocráticos, não têm acesso a escolas da Jordânia".
Os refugiados cristãos do Iraque no Reino Hachemita têm um futuro incerto. "Como Caritas Jordania, diz Suleiman, estamos em apuros”.
Sustentamos os alugueis das famílias cristãs, distribuímos alimentos e artigos de primeira necessidade, mas daqui a dois meses os fundos destinados a estas iniciativas de assistência acabarão. Vamos ter que dizer às pessoas que deixem as casas e vão morar nas ruas. Até agora nos ajudaram a Cáritas Alemã e dos Estados Unidos. Mas não chegou nenhuma outra ajuda de outra entidade. Nenhum organismo humanitário internacional proporciona ajuda aos cristãos, para não serem acusados de atuar de maneira discriminatória".

Fonte: Zenit.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Francisco: nunca tirar da igreja uma criança chorando

Francisco retomou suas visitas pastorais às paróquias de Roma. Neste domingo esteve na paróquia São José, em Aurelio, que foi a oitava visita a uma paróquia da diocese. Antes de celebrar a missa, quis encontrar-se com diferentes grupos de paroquianos:  crianças da catequese, comunidade de ciganos, enfermos e as famílias que batizaram seus filhos recentemente. Além do mais, o Papa teve a oportunidade de confessar a algumas pessoas. A todos e cada um dos grupos, dedicou algumas palavras e deu alguns conselhos.
Às crianças da Primeira Comunhão: recordar sempre esse dia em que Jesus vem a nós. À comunidade cigana: não perder a esperança nos momentos difíceis. Aos enfermos: ser a força na Igreja. Às famílias com filhos recém-batizados: o choro da criança é a melhor pregação.
O Santo Padre contou para os pequenos a sua experiência da Primeira Comunhão e da Confirmação, que recebeu há 70 anos: no dia 8 de outubro de 1944. Ambos os sacramentos no mesmo dia, explicou-lhes Francisco. “Não esqueço esse dia. Sempre, vocês que vão fazer a primeira comunhão, lembrem sempre, por toda a vida, esse dia: o primeiro dia que Jesus veio até vocês”, disse. Assim, Francisco disse às crianças que “Ele vem, se faz um conosco, se faz nosso alimento, nosso alimento para dar-nos força”. Além do mais, pediu-lhes que não se esqueça dos catequistas. “Eu não os esqueci nunca na minha vida”, afirmou Francisco e contou-lhes que no dia 17 de outubro de 1987, quando morreu a freira que o preparou para a primeira comunhão e a confirmação, foi rezar por ela “porque essa freira me aproximou de Jesus”. Finalmente o Santo Padre lhes incentivou para que a cada ano, no aniversário da Primeira Comunhão, se confessem e comunguem.
O Bispo de Roma também se reuniu com a comunidade de ciganos aos quais desejou “que sempre haja paz nas vossas famílias; e haja trabalho e haja felicidade”. Da mesma forma convidou-lhes a “não perder a esperança nos momentos difíceis, porque a esperança não decepciona: a dá o Senhor”. E o Senhor – continuou o Papa – mais cedo ou mais tarde nos espera sempre, sempre. Está próximo de nós. “Talvez não o vejamos, mas Ele está próximo e nos quer muito. Confiança no Senhor, esperança no Senhor e seguir em frente com o trabalho”, concluiu Francisco.
Outro grupo que teve a oportunidade de compartilhar um encontro com o Santo Padre foram os doentes da paróquia. Francisco agradeceu-lhes pelo testemunho que dão "testemunho de paciência, de amor de Deus, de esperança no Senhor: isso faz muito bem para a Igreja". O Papa disse que eles continuamente regam a Igreja com a própria vida, com os sofrimentos, com a paciência. Além disso, o Santo Padre disse que "a Igreja sem doentes não iria pra frente”. Da mesma forma observou que eles são “força na Igreja, são verdadeira força”. E continuou afirmando que “o Senhor quis visita-lo nesta doença”, e convidou a seguir em frente: “com paciência, também com alegria. A alegria é a paz que nos dá o Senhor, com essa paz dentro”. Francisco observou que" aqui, a maior parte somos do século passado... E assim, temos que olhar em frente, porque ali nos espera o Senhor. Sempre, sim, nos espera”.
Por fim, o Santo Padre compartilhou um tempo com as famílias que batizaram recentemente os filhos. Uma criança – disse Francisco – diz sempre uma palavra de esperança com o seu ser. O bispo de Roma assegurou que “no menino, na menina, estão as nossas esperanças. Lhes damos uma tocha de fé, de vida e eles a levarão adiante com os seus filhos, seus netos... E assim é a vida”. Dessa forma, o Papa convidou os presentes a perguntar o dia em que foram batizados e lembra-lo porque “é um dia de festa”, “é o dia que encontramos Jesus pela primeira vez”.
E para finalizar uma advertência: “As crianças choram, fazem barulho, vão de um lado para outro... e me incomoda quando em uma igreja uma criança chora e as pessoas querem que saia. Não! É a melhor pregação! O choro de uma criança é a voz de Deus! Nunca, nunca tirá-las da Igreja!”

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Papa Francisco: "A minha avó abriu a porta para o ecumenismo"

"Amizade e colaboração" em nome da "comum fé em Jesus Cristo". Foi o desejo expresso pelo Papa Francisco hoje durante um encontro com a delegação do Exército da Salvação, um movimento evangélico internacional empenhado na pregação e em obras sociais.
O Pontífice contou um episódio pessoal curioso, que remonta a sua infância: "Quando eu tinha quatro anos de idade - em 1940, nenhum de vocês era nascido, hein - Eu estava andando pela rua com a minha avó... Naquela época, a idéia era que todos os protestantes iam para o inferno. Mas, do outro lado da calçada estavam duas mulheres do Exército de Salvação, com aquele chapéu que vocês tinham... vocês usaram? E eu me lembro como se se fosse hoje, eu disse à minha avó: Quem são elas? Freiras ou monjas? E a minha avó disse: Não. São protestantes, mas são boas. E assim, a minha avó sendo testemunha de vocês, abriu a porta para o ecumenismo: a primeira pregação ecumênica que eu recebi foi de vocês. Muito obrigado".
Destacando os frutuosos contatos desenvolvidos ao longo dos anos entre o Exército da Salvação e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o Papa expressou sua esperança de que os católicos e os salvacionistas continuem a "dar um testemunho comum de Cristo e do Evangelho em um mundo que precisa tanto experimentar a misericórdia infinita de Deus", porque "reconhecem que as pessoas necessitadas têm um lugar especial no coração de Deus” e por isso se encontram com frequência nas mesmas periferias humanas".
Em relação às diferenças entre católicos e salvacionistas sobre teologia e eclesiologia, o Papa disse que isso não deve "impedir o testemunho do nosso amor compartilhado por Deus e pelo próximo, um amor que é capaz de inspirar esforços enérgicos no compromisso para restaurar a dignidade das pessoas que vivem à margem da sociedade".

Fonte: Zenit.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Deus se compraz em subverter as ideologias e as hierarquias mundanas"

A aparição da Virgem de Guadalupe - a primeira na América Latina - representou uma "dramática gestação" que, de certa forma, recorda o Apocalipse: "um grande sinal apareceu no céu, uma mulher vestida do sol, a lua debaixo dos seus pés"(Ap 12,1).
Nesta referência bíblica, o Papa Francisco centrou sua homilia da Missa que, como tradição há alguns anos, é celebrada na Basílica de São Pedro todo 12 de dezembro, festa da Virgem de Guadalupe, padroeira das Américas.
A celebração foi acompanhada pelo canto da Missa Criola do compositor argentino Ariel Ramirez, dirigido por seu filho, Facundo Ramírez.
A imagem de Maria impressa na tilma do índio San Juan Diego, além de seguir fielmente as Escrituras, “assumiu para si a simbologia cultural e religiosa dos indígenas, anuncia e doa seu Filho aos novos povos da sofrida mestiçagem", explicou Papa.
"Muitos pularam de alegria e esperança diante de sua visita e diante do dom de seu Filho e que a mais perfeita discípula do Senhor se tornou a grande missionária que levou o Evangelho à nossa América" (Aparecida, 269), continuou o Santo Padre.
O Filho de Maria, Imaculada grávida - acrescentou – se revela desde as origens da história dos novos povos como o “verdadeiro Deus, graças ao qual se vive", boa nova da dignidade filial de todos os seus habitantes. Ninguém mais é servo, mas todos filhos do mesmo Pai e irmãos entre nós".
Depois de "visitar" os povos do novo mundo, a Santa Mãe de Deus "quis permanecer com eles", deixando "impressa misteriosamente sua imagem sagrada no manto de seu mensageiro para que recordássemos sempre, tornando-se assim símbolo da aliança de Maria com estes povos, a quem se confere alma e ternura".
Nas Américas, a fé cristã cresce em particular graças à intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria que se tornou "o mais rico tesouro da alma dos povos americanos, cuja pérola preciosa é Jesus Cristo."
O resultado é, portanto, "um patrimônio que se transmite e se manifesta até hoje no batismo de multidão de pessoas na fé, na esperança e na caridade de muitos, na preciosidade da devoção popular e também no ethos dos povos, visível na consciência da dignidade da pessoa humana, na paixão pela justiça, na solidariedade com os mais pobres e sofredores, na esperança, por vezes contra toda a esperança".
Por esta razão, ainda hoje, continuamos a louvar a Deus pelas “maravilhas que realizou na vida dos povos latino-americanos". Por sua intercessão, Maria "reconhece o estilo e modo de agir de seu Filho na história da salvação."
Superando "juízos mundanos, destruindo ídolos do poder, da riqueza, do sucesso a todo custo, denunciando a autossuficiência, a soberba e os messianismos secularizados que afastam de Deus, o cântico mariano confessa que Deus se compraz em subverter as ideologias e as hierarquias mundanas", disse o pontífice.
Como nos lembra o Magnificat, Maria "enaltece os humildes, auxilia os pobres e os pequenos, sacia com bens, bênçãos e esperanças os que confiam em sua misericórdia de geração em geração, enquanto abate os ricos, os poderosos e os dominadores de seus tronos".
É o Magnificat que "nos introduz nas Bem-aventuranças, síntese primordial da mensagem do Evangelho". À sua luz "nos sentimos impelidos a pedir que o futuro da América Latina seja forjado pelos pobres e por aqueles que sofrem, pelos humildes, por aqueles que têm fome e sede de Justiça, pelos piedosos, pelos puros de coração, por aqueles que trabalham pela paz, pelos perseguidos por causa do nome de Cristo".
A exortação feita pelo Papa Francisco é motivada pelo fato de que a América Latina é o "continente da esperança", para o qual "esperam-se novos modelos de desenvolvimento que conjuguem tradição cristã e progresso civil, justiça e igualdade com a reconciliação, desenvolvimento científico e tecnologia com sabedoria humana. Sofrimento fecundo com alegria esperançosa".
É possível ter essa esperança "com grandes doses de verdade e de amor, fundamentos de toda realidade, motores revolucionários de uma autêntica vida nova", disse o Papa, pouco antes de invocar a intercessão da Virgem de Guadalupe, "para que continue a acompanhar, ajudar e proteger os nossos povos".

Fonte: Zenit.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Como o mundo avaliou o papa Francisco em 2014?

No final de 2013, a popularidade do papa Francisco na mídia era indiscutível: as revistas mais prestigiosas do mundo o apresentavam na capa, o escolhiam como pessoa do ano, o listavam entre os mais influentes do planeta, ele era “trendic topic” no Facebook e no Twitter… Um ano depois, o furor midiático não tem a mesma intensidade, mas prevalece a imagem positiva do papa Francisco junto ao público de todo o mundo.
O instituto de pesquisas norte-americano Pew Research Center estudou a imagem do papa nos cinco continentes entre 30 de outubro de 2013 e 4 de março de 2014 e entre 17 de março e 5 de junho deste mesmo ano. Os resultados mundiais mostram que a imagem do papa é positiva para 60% dos entrevistados. 28% não o qualificaram e 11% não o veem favoravelmente (cf. “Pope Francis’ Image Positive in Much of World”, 11.12.2014).
Por continente, 84% dos europeus têm uma opinião muito boa sobre Francisco. Na América Latina, 72% da população o vê positivamente. A avaliação positiva diminui para 41% na Ásia, 40% na África e 25% no Oriente Médio. Nos Estados Unidos, a avaliação positiva é de 78%.
Em números absolutos, 28 dos 43 países pesquisados dizem ter boa opinião sobre o papa (destaque para América Latina e Europa). Na Argentina, este é o caso de 91% dos entrevistados. Sete em cada dez brasileiros, colombianos, mexicanos e peruanos reiteram esta qualificação.
Na Europa, 9 em cada 10 poloneses, italianos e franceses veem o papa positivamente; na Espanha e na Alemanha, 8 em cada 10. No Reino Unido, 6,5 em cada 10.
Os melhores resultados na Ásia foram registrados nas Filipinas (88%) e na Coreia do Sul (86%). Na Tailândia, Bangladesh, Japão e Vietnã, 4 em cada 10 pessoas lhe dão esta qualificação.
A avalição positiva na África chega a 70% em Uganda e na Tanzânia, diminuindo para 56% no Quênia. No Oriente Próximo, atinge 62% dos libaneses, mas fica em torno de 33% no Egito, na Jordânia e na Turquia.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Clima: "O tempo para encontrar soluções globais está se esgotando"

Nos primeiros 12 dias de dezembro, a cidade de Lima e o povo do Peru teve a honra de receber a XX Conferência dos Estados Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, cujo programa tem como objetivo verificar o andamento da aplicação deste instrumento jurídico, de conteúdo crucial no presente momento histórico.
Em vista do evento, o Papa Francisco enviou uma mensagem a Manuel Pulga Vidal, ministro do Meio Ambiente da República do Peru e Presidente da XX Conferência sobre Mudanças Climáticas- Lima, para expressar sua proximidade e encorajar os organizadores e participantes, para que "o trabalho destes dias sejam realizados com ‘espírito’ aberto e generoso".
"O que vocês discutem afeta toda a humanidade, especialmente os pobres e as gerações futuras", afirmou o Santo Padre. "É uma grave responsabilidade ética e moral", acrescenta.
O Pontífice destaca também que é significativo que "a Conferência aconteça nas costas adjacentes à corrente marítima de Humboldt, que une em um abraço simbólico os povos da América, Oceania e Ásia e que desempenha um papel fundamental no clima do todo o planeta".
"As consequências das mudanças climáticas - diz ele - que já sentimos dramaticamente em muitos estados, especialmente nas ilhas do Pacífico, nos lembram da gravidade da negligência e da omissão."
"O tempo para encontrar soluções globais está se esgotando", disse Francisco, destacando ainda que é possível encontrar soluções adequadas "se agirmos juntos e concordes."
De acordo com o Santo Padre, existe um "claro, definitivo e inadiável imperativo ético de agir": "A luta eficaz contra o aquecimento global só será possível através de uma resposta coletiva responsável, que ultrapassa os interesses e comportamentos particulares, desenvolvidos sem pressões políticas e econômicas.”
Uma resposta coletiva capaz de superar a "desconfiança" e promover "uma cultura de solidariedade, de encontro e de diálogo; capaz de mostrar a responsabilidade de proteger o planeta e a família humana".
Bergoglio, "de coração", em seguida, reiterou o augúrio "que na Conferência de Lima, bem como nos encontros sucessivos que serão decisivos para as negociações sobre o clima, se coloque em ato um diálogo imbuído da cultura e dos valores que a alimentam: justiça, respeito e igualdade".

Fonte: Zenit.

Apresentam a missa da Virgem de Guadalupe no Vaticano



O Santo Padre Francisco confiou à Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) a organização deste evento a ser realizado na sexta-feira, 12 de dezembro, na Basílica de São Pedro. Foi o que disse o professor Guzmán Carriquiry na coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira na Rádio Vaticano, durante a qual se apresentou o evento. Estavam presentes o novo embaixador argentino junto à Santa Sé, Eduardo Valdés; a ministra de Cultura, Teresa Parodi; o secretário de Culto, Guillermo Oliveri; a cantora Patricia Sosa, e o professor Facundo Ramirez, filho do compositor da missa crioula, Ariel Ramirez.
O Papa Francisco quando recebeu na manhã de ontem, 10, Facundo Ramirez, disse: "Seu pai era uma grande pessoa e um místico, qualquer um que tenha escutado o ‘Cordeiro de Deus’ se dá conta”, disse Facundo.
"A celebração presidida pelo Santo Padre, o primeiro papa latino-americano de dois mil anos de história da Igreja tem um significado muito particular”, disse o secretário da CAL. E lembrou que o Santo Padre indicou que a Virgem de Guadalupe faz parte do caminho latino-americano e da sua identidade. “Porque Nossa Senhora de Guadalupe, disse, é padroeira da América Latina mas também imperatriz de todo o continente americano, até mesmo padroeira das Filipinas”.
Esclareceu que a missa crioula na Basílica de São Pedro não será um concerto, mas uma celebração litúrgica, eucarística, acompanhada pelos lindos cantos com finalidade litúrgica. Também cantará o Coro da Capela Sistina, dando uma combinação adequada.
A música da missa crioula será dirigida por Facundo Ramirez e cantada por Patricia Sosa. Alguns cantos litúrgicos, como o de entrada, o final e eucarísticos, serão cantados pelo coro da Sistina. Também será entoado o hino guadalupano e uma série de canções de natal do folclore popular que acompanharão uma oração que fará o Papa Francisco. Também indicou que os cantos de natal que têm a letra do poeta Felix Luna, serão interpretados por dois músicos que acompanharam Ariel durante muitos anos.
Acrescentou que uns mil filipinos residentes em Roma, pediram entradas para a celebração do 12, pois querem ver o Papa antes de que viaje para as Filipinas no próximo mês.
Disse também que a missa será celebrada por 750 sacerdotes, majoritariamente latino-americanos que estudam em Roma. A eucaristia será concelebrada por cinco cardeais: o cardeal Norberto Rivera Carreras porque é o custódio da sagrada imagem de Guadalupe e arcebispo da Cidade do México; o cardeal Raymundo Damasceno, presidente da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil e luso brasileiro; o cardeal Francisco Javier Errázuriz, do Chile; o cardeal Marc Ouellet, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, e ao mesmo tempo canadense; e o cardeal Sean O'Malley dos EUA, com fortes raízes na comunidade hispânica nos Estados Unidos. Comentou também que o arcebispo de Buenos Aires, o cardeal Poli tinha sido convidado, mas não pode ir por compromissos já assumidos.
O professor Carriquiry disse que a primeira viagem de Ariel Ramirez, foi em torno de março de 1967, quando entregou a sua obra musical nas mãos de Paulo VI.
Outros que falaram foram o embaixador nomeado para a Argentina, que não escondeu a sua alegria e emoção para participar neste evento; o ministro Paroli, que destacou todo o legado que deixou Ariel Ramirez e que vem com um profundo sentimento religioso no coração do povo. Patricia Sosa vinda do rock, conseguiu preparar este trabalho magnífico com uma contribuição pessoal que traz e contou seu encontro e posterior colaboração com o compositor Ariel. Por sua parte, o secretário de Culto da Argentina, Guillermo Oliveri, lembrou que desde o começo do ano se começou a falar sobre o evento, com o embaixador Juan Pablo Cafiero, e foi preparado em várias reuniões em que tudo correu naturalmente. O maestro Facundo Ramirez agradeceu emocionado, por este evento que foi organizado pelos 50 anos da composição realizada pelo seu pai Ariel. O porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, disse que quando ele era um estudante de filosofia, um bom número de seminaristas eram da América Latina e já cantavam uma parte da Missa Crioula.
Muitos anos depois de sua composição, a missa crioula foi, em 1988, interpretada pelo tenor José Carreras, na sala Paulo VI. E há três anos na Basílica de São Pedro, se cantou a missa crioula em uma missa diante da Virgem de Guadalupe, celebrada por Bento XVI.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Por uma América Latina mais humana e fraterna

São mais de 50 organizações sociais, iniciativas e movimentos presentes em 12 países da América Latina e Caribe, que buscam a transformação social através de uma cultura baseada na fraternidade. As atividades realizadas são em diversas frentes: incidência política, social, econômica, ambiental, cultural e intergeracional. As iniciativas têm como característica principal a promoção do protagonismo e a participação de todos os atores envolvidos.
 
Manifesto

Há 64 anos da declaração do Dia Internacional dos Direitos Humanos e do chamado lançado pela Assembleia Geral das Nações Unidas “a todos os povos do mundo”, nós, membros da UNIRedes, desejamos manifestar:
Nossa união em uma rede disposta a criar verdadeiros vínculos de colaboração capazes de auxiliar na construção de um mundo mais justo, solidário e empenhado na busca pelo respeito pleno aos direitos humanos;O compromisso de cultivar e difundir uma cultura que respeite e proteja a dignidade, a liberdade e os direitos das pessoas nos locais onde estamos presentes e, consequentemente, de cada ser humano;O trabalho incansável para fomentar, em nosso território, uma consciência firme e convencida do seu valor como ser humano e o apoio à difusão desta perspectiva ao maior número possível de pessoas;O desejo de compartilhar experiências, boas práticas, elementos para a formação e capacitação de nossos membros, necessidades e carências para que possamos nos fortalecer reciprocamente sem barreiras geográficas ou idiomáticas, de modo a auxiliar a compreensão de que todo ser humano é parte de uma única família;O apoio a todos os que desejam trabalhar em conjunto fazendo mais visível e concretas a justiça e a fraternidade no mundo, superando a falta de dignidade a que muitos seres humanos estão sujeitos.Um chamado público às instituições governamentais, aos diversos organismos da sociedade civil e às pessoas que sustentam iniciativas de ações sociais, que se unam e compartilhem os nossos esforços para podermos construir um mundo no qual os direitos inerentes a cada indivíduo não sejam violados, mas sim, protegidos e garantidos em sua plenitude.
Por fim, a UNIRedes vem a público expor seu compromisso de colaborar com as pessoas e instituições engajadas em iniciativas de ação social transformadora, somando esforços para construção de um mundo mais fraterno.
Para saber mais: www.sumafraternidad.org
Contatos: info@sumafraternidad.org (ARG) / uniredes@focolares.org.br (BR)
Organizações da UNIRedes:
1. Apadis (Asociación de Padres de Ayuda al Discapacitado) – Argentina
2. Asociación Civil Nuevo Sol – Argentina
3. Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente (AACA) – Brasil
4. Associação de Apoio à Família, ao Grupo e à Comunidade do Distrito Federal (Afago-DF) – Brasil
5. Associação de Apoio à Família, ao Grupo e à Comunidade de São Paulo (Afago-SP) – Brasil
6. Associação Famílias em Solidariedade (Afaso) – Brasil
7. Associação Famílias em Solidariedade de Cascavel (Afasovel) – Brasil
8. Associação Nacional por uma Economia de Comunhão (Anpecom) – Brasil
9. Associação Civitas - Brasil
10. Associação Pró-Adoções a Distância (Apadi) – Brasil
11. Associação Nossa Senhora Rainha da Paz (Anspaz) – Brasil
12. Casa de los Niños – Bolívia
13. Casa do Menor São Miguel Arcanjo – Brasil
14. Centro de Atención Integral Las Águilas – México
15. Centro Social Roger Cunha - Brasil
16. Codeso (Comunión para el Desarrollo Social) – Uruguai
17. Colégio Santa Maria – México
18. Dispensario Medico Igino Giordani – México
19. Editora Cidade Nova - Brasil
20. Fazenda da Esperança - Brasil
21. Fundación Unisol – Bolivia
22. Fundación Mundo Mejor – Colômbia
23. Grupo Pensar – Brasil
24. Hacienda de la Esperanza de Guadalajara – México
25. Instituto Mundo Unido – Brasil
26. Núcleo de Ação Comunitária (NAC)/Núcleo Educacional Fiore – Brasil
27. Núcleo de Ação Voluntária (NAV) – Brasil
28. Promoción Integral de la Persona para una Sociedad Fraterna – México
29. Refúgio Urbano – México
30. Saúde, Diálogo e Comunhão – Brasil
31. Sociedade Movimento dos Focolari Nordeste/Escola Santa Maria – Brasil
32. Sociedade Movimento dos Focolari – Brasil
33. Unipar (Unidad y Participación) – Paraguai
A UNIRedes também está presente por meio de iniciativas sociais e movimentos em Chile, Cuba, El Salvador, Guatemala e Venezuela.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A alegria da Igreja é ser mãe, não um "organograma perfeito"

À Igreja Católica não serve um “organograma perfeito" se depois não for uma mãe fecunda capaz de gerar filhos que são "cristãos alegres”. Disse o Papa Francisco esta manhã, durante a missa na capela da Casa Santa Marta.
Sobre a primeira leitura de hoje (Is 40,1-11), o Papa falou de um "povo" que "precisa de consolação" e a encontra no Senhor. "Nós, normalmente - disse ele - fugimos da consolação, temos desconfiança, sentimos mais confortáveis nas nossas coisas, mais confortáveis nas nossas faltas, nos nossos pecados."
Mas quando vem o Espírito trazer "consolação", nos leva "para outro lado que não podemos controlar: é precisamente o abandono à consolação do Senhor"; e "a consolação mais forte é a da misericórdia e do perdão."
Francisco, em seguida, reiterou: "deixai-vos consolar pelo Senhor; é o único que pode nos consolar", embora "estejamos acostumados a alugar pequenas consolações” que depois “não servem”.
Um exemplo desse consolo do Senhor é a parábola da "ovelha perdida"; exemplo de como a Igreja faz "festa" e "sente-se feliz quando sai de si mesma", quando uma pessoa "é consolada" e "sente a misericórdia e o perdão do Senhor. "
O Bom Pastor quando perde uma de suas cem ovelhas, poderia apenas "fazer as contas de um bom comerciante" e estimar como uma perda não muito ruim para o orçamento... Mas Deus tendo um “coração de pastor" sai para procurar sua ovelha até que a encontra e lhe faz “uma festa, sente-se alegre".
A Igreja sente a "alegria de sair para procurar os irmãos e irmãs que estão longe" e, agindo assim, "torna-se mãe, torna-se fecunda."
Quando a Igreja não "sai", a Igreja "se fecha em si mesma", mesmo sendo "bem organizada", com um "organograma perfeito", corre o risco de perder a "alegria", a "festa", a "paz"; torna-se uma "Igreja sem esperança, ansiosa, triste", uma Igreja mais "solteirona" do que mãe, uma Igreja "museu", que "não serve".
"A alegria da Igreja é dar à luz - continuou o Papa- a alegria da Igreja é sair de si mesma para dar vida; a alegria da Igreja é andar à procura daquelas ovelhas que se perderam: a alegria da Igreja é precisamente aquela ternura de pastor, a ternura da mãe".
A passagem de Isaías retoma a imagem do "um pastor que alimenta seu rebanho e com os braços o reúne”: “Alegria da Igreja é sair de si mesma tornar-se fecunda”.
Em sua invocação final, o Santo Padre pediu ao Senhor que nos dê a graça de "ser cristãos alegres na fecundidade da mãe Igreja" e não "cristãos tristes, impacientes, sem esperança, ansiosos", que tem tudo perfeito, mas não tem "filhos".
“Que o Senhor nos console com a  consolação da ternura de Jesus e a sua misericórdia no perdão dos nossos pecados”, concluiu Francisco.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"Maria concebeu primeiro a fé e depois o Senhor"

Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Boa Festa!


 
A mensagem da festa de hoje da Imaculada Conceição da Virgem Maria pode se resumir com estas palavras: tudo é dom gratuito de Deus, tudo é graça, tudo é dom do seu amor por nós. O Anjo Gabriel chama Maria “cheia de graça” (Lc 1, 28): nela não há espaço para o pecado, porque Deus a escolheu desde sempre mãe de Jesus e a preservou da culpa original. E Maria corresponde à graça e se abandona dizendo ao Anjo: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (v. 38). Não diz: “Eu farei segundo a tua palavra”: não! Mas: “Faça-se em mim…”. E o Verbo se fez carne em seu ventre. Também a nós é pedido escutar Deus que nos fala e acolher a sua vontade; segundo a lógica evangélica, nada é mais eficaz e fecundo que escutar e acolher a Palavra do Senhor, que vem do Evangelho, da Bíblia. O Senhor nos fala sempre!
A atitude de Maria de Nazaré nos mostra que “ser” vem antes do “fazer” e que é preciso “deixar fazer” a Deus para “ser” verdadeiramente como Ele nos quer. É Ele que faz em nós tantas maravilhas. Maria é receptiva, mas não passiva. Como, a nível físico, recebe o poder do Espírito Santo mas depois doa carne e sangue ao Filho de Deus que se forma nela, assim, no plano espiritual, acolhe a graça e corresponde a essa com a fé. Por isso Santo Agostinho afirma que a Virgem “concebeu antes no coração que no ventre” (Discurso, 215, 4). Concebeu primeiro a fé e depois o Senhor. Este mistério do acolhimento da graça, que em Maria, por um privilégio único, era sem obstáculo do pecado, é uma possibilidade para todos. São Paulo, de fato, abre a sua Carta aos Efésios com estas palavras de louvor: “Bendito Deus, Pai do Senhor nosso Jesus Cristo, que nos abençoou com toda benção espiritual nos céus em Cristo” (1, 3). Como Maria é saudada por santa Isabel como “bendita entre as mulheres” (Lc 1, 42), assim também nós sempre fomos “benditos”, isso é, amados e por isso “escolhidos antes da criação do mundo para sermos santos e imaculados” (Ef 1, 4). Maria foi preservada, enquanto nós fomos salvos graças ao Batismo e à fé. Todos, porém, seja ela sejamos nós, por meio de Cristo, “em louvor do esplendor da sua graça” (v. 6), aquela graça de que a Imaculada foi preenchida em plenitude.
Diante do amor, diante da misericórdia, da graça divina derramada nos nossos corações, a consequência que se impõe é uma só: a gratuidade. Nenhum de nós pode comprar a salvação! A salvação é um dom gratuito do Senhor, um dom gratuito de Deus que vem em nós e mora em nós. Como recebemos gratuitamente, assim gratuitamente somos chamados a dar (cfr Mt 10, 8); a exemplo de Maria que, logo depois de ter acolhido o anúncio do Anjo, vai partilhar o dom da fecundidade com a parente Isabel. Porque, se tudo nos foi doado, tudo deve ser dado de volta. De que modo? Deixando que o Espírito Santo faça de nós um dom para os outros. O Espírito é dom para nós e nós, com a força do Espírito, devemos ser dom para os outros e deixar que o Espírito Santo nos faça nos tornarmos instrumentos de acolhimento, instrumentos de reconciliação, instrumentos de perdão. Se a nossa existência se deixa transformar pela graça do Senhor, porque a graça do Senhor nos transforma, não poderemos reter para nós a luz que vem da sua face, mas a deixaremos passar para que ilumine os outros. Aprendamos de Maria, que teve constantemente o olhar fixo sobre o Filho e a sua face se tornou “a face que a Cristo mais se assemelha” (Dante, Paraíso, XXXII, 87). E a ela nos dirijamos agora com a oração que recorda o anúncio do Anjo.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Processo de beatificação do padre Júlio Maria começa em janeiro em BH

A Arquidiocese de Belo Horizonte dará início em janeiro do próximo ano ao processo de beatificação do padre Júlio Maria de Lombaerde (1878-1944). Nascido na Bélgica, ele passou os últimos 16 anos de sua vida em Minas Gerais, onde se dedicou à criação de escolas, hospitais, asilos e congregações. A autorização para o processo foi dada pelo Vaticano em janeiro do ano passado.
Padre Júio Maria A fase diocesana do processo de beatificação e posterior canonização do missionário terá início em Manhumirim, na Zona da Mata, de onde vem a mobilização para reconhecê-lo como santo. O bispo diocesano de Caratinga, dom Emanuel Messias de Oliveira é o responsável pelos procedimentos. 
A abertura do processo será realizada no dia 24, às 20h, na Matriz do Bom Jesus. No dia 25, domingo, será celebrada uma missa de ação de graças também na Igreja Matriz de Manhumirim. Durante o processo, as comissões deverão levantar dados sobre a santidade do candidato, suas ações e pregações. Após esse trabalho, os documentos serão enviados a Roma, dando início à próxima fase. Caso os documentos sejam aprovados, será necessária a comprovação de dois milagres, sendo uma para beatificação e outro para a canonização.
Entre os dias 22 e 24 de janeiro será realizado ainda um simpósio com palestras e oficinas sobre temáticas relacionadas à vida e obra do padre Júlio Maria. 
No passado, as congregações fundadas pelo padre, Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento (Missionários Sacramentinos), Filhas do Coração Imaculado de Maria (Irmãs Cordimarianas) e Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora, decidiram se mobilizar para o processo de beatificação. 
Falecido em 1944, vítima de um acidente de trânsito quando viajava da cidade Alto Jequitibá para Manhumirim, o exemplo do padre cativou vários devotos e atualmente, são vários os relatos de graças e milagres alcançados sob sua intercessão em Caparaó, Manhumirim e Carangola, cidades da região onde o religioso atuava. 
Padre Júlio Maria foi escritor, professor, médico e farmacêutico. Fundou escolas e bandas de música para jovens. Em Manhumirim ele construiu o Ginásio Pio XI, o Colégio Santa Teresinha, o Patronato Agrícola Santa Maria, Asilo São Vicente de Paulo e o Hospital São Vicente, hoje chamado Hospital Padre Júlio Maria, conforme os sacramentinos.
Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte.