Os jovens chegaram! Essa cidade maravilhosa se enfeitou ainda mais com a presença de todos durante esses dias! Estão chegando de todos os lados do mundo. Primeiro foram os voluntários. Aos poucos começam a chegar os peregrinos. Na semana que entra todos os caminhos conduzirão ao Rio de Janeiro!
Os jovens vêm de longe ou de perto, do Brasil e do exterior. O afastamento da cidade ou da pátria é algo que Deus às vezes exige dos homens que escolhe; aceitá-Lo com fé na sua promessa é sempre uma condição misteriosa e fecunda para o desenvolvimento e o crescimento do povo de Deus na Terra. O Senhor disse a Abraão: "Sai da tua terra, da tua pátria e da tua casa paterna e vai para a região que eu te mostrar. E eu farei sair de ti um grande povo e te abençoarei; engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênção" (cf. Gn 12,1).
A verdade e a força do mandato missionário nascem das profundezas do mistério da Redenção, e a sua obra evangelizadora entre os povos deve constituir um elo importante na missão que o Salvador confiou à Igreja até o fim dos tempos. Ela constituiu – numa época determinada e em circunstâncias concretas – o cumprimento das palavras de Cristo que, com o poder da sua Cruz e da sua Ressurreição, ordenou aos apóstolos: "Pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15). "Ide, ensinai todas as gentes" (Mc 28,19). Os peregrinos da JMJ, impelidos pelo mandato apostólico, irão se deixar orientar pelo ideal apostólico de São Paulo: "De fato, todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, pois quando fostes batizados em Cristo, revestistes-vos de Cristo. Não há judeu nem gentio, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher: todos vós sois um só em Cristo Jesus" (cf. Gl 3,26-28).
Além de um grande respeito pelas pessoas e da solicitude desinteressada pelo seu verdadeiro bem, o peregrino, que se coloca como discípulo-missionário de Jesus, deve demonstrar ter também os adequados recursos de energia, de prudência, de zelo e de caridade, indispensáveis para levar a luz aos fiéis cristãos e, ao mesmo tempo, para lhes indicar o bem e para ajudá-los concretamente a alcançá-lo. Este é o objetivo que deve nortear a todos os que, terminada a JMJ, passarão aqui mesmo em nossa cidade e, particularmente depois desta Jornada, para levar o Evangelho; procurando integrar-se nas realidades secularizadas e hostis ao anúncio do Evangelho e compartilhar em tudo a sua sorte, particularmente àqueles que vivem nas periferias.
A ingente missão do Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento. Após a Sua vinda, uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal missão está ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço. É o Espírito Santo que impele a anunciar as grandes obras de Deus! "Porque se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois que me foi imposta esta obrigação: ai de mim se não evangelizar!" (1 Cor9, 16).
Qual deve ser a intenção dos peregrinos? O que me anima e deve animar os romeiros a proclamar a urgência da evangelização missionária é que ela constitui o primeiro serviço que a Igreja pode prestar ao homem e à humanidade inteira. No mundo de hoje, que, apesar de conhecer realizações maravilhosas, parece ter perdido o sentido último das coisas e da sua própria existência, a nova evangelização é tarefa urgente! Nosso Senhor Jesus Cristo revela plenamente o homem a si próprio. O homem que a si mesmo se quiser compreender profundamente deve aproximar-se de Cristo. A Redenção, operada na Cruz, restituiu definitivamente ao homem a dignidade e o sentido da sua existência no mundo. Nesse sentido, urge promover e conscientizar da necessidade das vocações missionárias; estimulando os teólogos a aprofundar e expor sistematicamente os vários aspectos da missão; relançar a missão, em sentido específico, comprometendo as Igrejas particulares a mandarem e a receberem missionários; garantir aos não-cristãos, revelando a todos os homens e mulheres de boa vontade, o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus.
O Concílio Ecumênico Vaticano II ofereceu um grande realce ao papel da Igreja em favor da salvação da humanidade. Enquanto reconhece que Deus ama todos os homens e lhes dá a possibilidade de se salvarem (cf. 1 Tim2, 4), a Igreja professa que Deus constituiu Cristo como único mediador e que ela própria foi posta como instrumento universal de salvação. "Todos os homens, pois, são chamados a esta católica unidade do Povo de Deus (...) à qual, de diversos modos, pertencem ou estão ordenados quer os fiéis católicos, quer os outros crentes em Cristo, quer universalmente todos os homens chamados à salvação pela graça de Deus". É necessário manter unidas estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa salvação. Ambas facilitam a compreensão do único mistério salvífico, permitindo experimentar a misericórdia de Deus e a nossa responsabilidade. A salvação, que é sempre um dom do Espírito Santo, supõe a participação do homem para se salvar tanto a si próprio como aos outros. Assim o quis Deus e, por isso, estabeleceu e comprometeu a Igreja no plano da salvação. Este povo messiânico – ensina o Concílio – estabelecido por Cristo como uma comunhão de vida, amor e verdade, serve também, nas mãos d'Ele, de instrumento da redenção universal, sendo enviado a todo o mundo como luz desse mundo e sal da terra.
Vivamos nesta intensa JMJ que se aproxima a busca do rosto sereno e radioso de Jesus Cristo! Que estes dias sejam de encontro com Cristo, ouvindo a sua voz, caminhando com Ele e testemunhando-O a todas as pessoas de boa vontade. Que a Cruz de Cristo, que peregrinou pelo Brasil e por alguns países da América Latina, nos ilumine a tomar a nossa cruz diária e testemunhá-la a todos os homens e mulheres que procuram o seu “encontro” com o Redentor! Que o povo de nossa amada Arquidiocese continue acolhendo, com o jeito bem carioca, todos os peregrinos com carinho e muito calor humano que só o carioca sabe fazer. Sejam bem-vindos e vivamos esta semana no clima da fé de permanente escuta e vivência da escola do amor, da caridade e da paz que brota do Cristo Redentor, que a todos acolhe de braços abertos!
Que todos nós, peregrinos e fiéis, tenhamos uma frutuosa e apostólica JMJ-Rio 2013! Feliz Jornada para todos!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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