quarta-feira, 31 de julho de 2013

"O melhor meio para evangelizar os jovens são outros jovens"



Um jovem de "76 anos" conseguiu reunir numa praia três milhões e meio de jovens.

Ele conseguiu com suas palavras, mas, sobretudo, com as suas mostras de humanidade e de espiritualidade.
O papa Francisco se viu acompanhado por um frio incomum e por chuva em todos os cantos do Rio de Janeiro, mas, como bem disse o bispo da cidade no discurso de despedida, era uma chuva criadora, que ajuda os brotos a germinar e a terra a ser mais fecunda.
A volta do sol, da luz e do calor, no fim de semana, foi quase uma imagem daquele crescendo de respostas interiores, que os jovens foram encontrando na oração, nas catequeses, na proximidade dos sacramentos.
É este o fruto da Jornada Mundial da Juventude, é este o significado do saldo altamente positivo que o porta-voz da Santa Sé, pe. Federico Lombardi, ressaltou na última conferência de imprensa.
Em entrevista ao repórter Gerson Camarotti, veiculada no programa Fantástico, da TV Globo, a primeira entrevista do seu pontificado, o papa Francisco respondeu à pergunta sobre o porquê do declínio dos católicos no Brasil e do crescimento dos evangélicos.
Ele disse que a Igreja é como uma mãe que não pode se comunicar somente através de documentos escritos. A proximidade é necessária. É necessário abraçar, beijar, tocar, ficar perto do filho e da filha.
É isto o que o papa Francisco tem feito desde a sua chegada ao pontificado.
É por esta razão que, na manhã de domingo, um jovem exibiu em Copacabana um cartaz em que estava escrito: “Papa Francisco, sou evangélico, mas eu amo você”.
Os jovens são utópicos e isso é bom. A utopia é respirar e olhar para frente. É este o sentido de nadar contra a corrente, expressão que o papa mencionou diversas vezes.
Ir em frente sem medo, para servir, é a ação, a qualidade e o propósito daqueles que são chamados por Cristo a fazer discípulos além de toda fronteira da segurança humana e geográfica.
As Jornadas Mundiais da Juventude são um belo evento, mas não são suficientes se, ao voltar para casa, não se é evangelizador, cristão vivo, capaz de transmitir a fé aos outros.
O evangelho é para todos e não para alguns. Ele não é apenas para aqueles que parecem mais próximos, mais receptivos, mais acolhedores. É para todos. Foi o que disse o papa Francisco.
"O melhor meio para evangelizar os jovens são outros jovens": é por isso que, durante a homilia, ele também mencionou o glorioso José Anchieta, o beato jesuíta espanhol enviado em missão ao Brasil quando tinha só 19 anos de idade.
Quando se está com o Senhor, não se pode ter medo; no seguimento do Senhor, não pode haver reservas. Servir, afinal, é a condição própria de quem segue a Cristo, que veio a nós não para ser servido, mas para servir.
O jovem, se amado, escutado, guiado, contagia de juventude.
No final da viagem apostólica ao Brasil, fará falta nas ruas do Rio de Janeiro aquele homem vestido de branco, lembrado com saudade, como disse dom Orani Tempesta.
O papa Francisco, que não escondeu as suas saudades precoces do Rio, será gratificado pela resposta dos jovens que, como resultado principal da Jornada Mundial da Juventude, farão do Campus Fidei de Guaratiba um novo bairro para os pobres, construído com os recursos voluntários dos próprios jovens em favor de outros jovens, como família que são; jovens sem terra, sem casa.
A próxima Jornada Mundial da Juventude estará de volta à Europa, na cidade polonesa de Cracóvia. Talvez lá também, graças aos peregrinos da Argentina, Francisco possa tomar de novo o seu chimarrão.
Essa bebida nacional argentina, que também é típica do sul do Brasil, além de ter propriedades medicinais, é um ritual de acolhida, de partilha, de fraternidade: é o que papa Francisco recebeu; é o papa Francisco trouxe à cidade maravilhosa, graças a uma juventude que sabe maravilhar.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Quem evangeliza é evangelizado, quem transmite a alegria da fé, recebe alegria



Venerados e amados Irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Queridos jovens!

«Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Com estas palavras, Jesus se dirige a cada um de vocês, dizendo: «Foi bom participar nesta Jornada Mundial da Juventude, vivenciar a fé junto com jovens vindos dos quatro cantos da terra, mas agora você deve ir e transmitir esta experiência aos demais». Jesus lhe chama a ser um discípulo em missão! Hoje, à luz da Palavra de Deus que acabamos de ouvir, o que nos diz o Senhor? Três palavras: Ide, sem medo, para servir.
1. Ide. Durante estes dias, aqui no Rio, vocês puderam fazer a bela experiência de encontrar Jesus e de encontrá-lo juntos, sentindo a alegria da fé. Mas a experiência deste encontro não pode ficar trancafiada na vida de vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida, para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da história (cf. Rm 10,9).
Mas, atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se tiverem tempo, mas: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a você. É uma ordem sim; mas não nasce da vontade de domínio ou de poder, nasce da força do amor, do fato que Jesus foi quem veio primeiro para junto de nós e nos deu não somente um pouco de Si, mas se deu por inteiro, deu a sua vida para nos salvar e mostrar o amor e a misericórdia de Deus. Jesus não nos trata como escravos, mas como homens livres, amigos, como irmãos; e não somente nos envia, mas nos acompanha, está sempre junto de nós nesta missão de amor.
Para onde Jesus nos manda? Não há fronteiras, não há limites: envia-nos para todas as pessoas. O Evangelho é para todos, e não apenas para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem a nós mais próximos, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas. Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente. O Senhor procura a todos, quer que todos sintam o calor da sua misericórdia e do seu amor.
De forma especial, queria que este mandato de Cristo -”Ide” – ressoasse em vocês, jovens da Igreja na América Latina, comprometidos com a Missão Continental promovida pelos Bispos. O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Paulo exclama: «Ai de mim se eu não pregar o evangelho!» (1Co 9,16). Este Continente recebeu o anúncio do Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto. Agora este anúncio é confiado também a vocês, para que ressoe com uma força renovada. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido!
2. Sem medo. Alguém poderia pensar: «Eu não tenho nenhuma preparação especial, como é que posso ir e anunciar o Evangelho»? Querido amigo, esse seu temor não é muito diferente do sentimento que teve Jeremias, um jovem como vocês, quando foi chamado por Deus para ser profeta. Acabamos de escutar as suas palavras: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Deus responde a vocês com as mesmas palavras dirigidas a Jeremias: «Não tenhas medo… pois estou contigo para defender-te» (Jr 1,8). Deus está conosco!
«Não tenham medo!» Quando vamos anunciar Cristo, Ele mesmo vai à nossa frente e nos guia. Ao enviar os seus discípulos em missão, Jesus prometeu: «Eu estou com vocês todos os dias» (Mt 28,20). E isto é verdade também para nós! Jesus não nos deixa sozinhos, nunca lhes deixa sozinhos! Sempre acompanha a vocês!
Além disso, Jesus não disse: «Vai», mas «Ide»: somos enviados em grupo. Queridos jovens, sintam a companhia de toda a Igreja e também a comunhão dos Santos nesta missão. Quando enfrentamos juntos os desafios, então somos fortes, descobrimos recursos que não sabíamos que tínhamos. Jesus não chamou os Apóstolos para viver isolados, chamou-lhes para que formassem um grupo, uma comunidade. Queria dar uma palavra também a vocês, queridos sacerdotes, que concelebram comigo esta Eucaristia: vocês vieram acompanhando os seus jovens, e é uma coisa bela partilhar esta experiência de fé! Mas esta é uma etapa do caminho. Continuem acompanhando os jovens com generosidade e alegria, ajudem-lhes a se comprometer ativamente na Igreja; que eles nunca se sintam sozinhos!
3. A última palavra: para servir. No início do salmo proclamado, escutamos estas palavras: «Cantai ao Senhor Deus um canto novo» (Sl 95, 1). Qual é este canto novo? Não são palavras, nem uma melodia, mas é o canto da nossa vida, é deixar que a nossa vida se identifique com a vida de Jesus, é ter os seus sentimentos, os seus pensamentos, as suas ações. E a vida de Jesus é uma vida para os demais. É uma vida de serviço.
São Paulo, na leitura que ouvimos há pouco, dizia: «Eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível» (1 Cor 9, 19). Para anunciar Jesus, Paulo fez-se «escravo de todos». Evangelizar significa testemunhar pessoalmente o amor de Deus, significa superar os nossos egoísmos, significa servir, inclinando-nos para lavar os pés dos nossos irmãos, tal como fez Jesus.
Ide, sem medo, para servir. Seguindo estas três palavras, vocês experimentarão que quem evangeliza é evangelizado, quem transmite a alegria da fé, recebe alegria. Queridos jovens, regressando às suas casas, não tenham medo de ser generosos com Cristo, de testemunhar o seu Evangelho. Na primeira leitura, quando Deus envia o profeta Jeremias, lhe dá o poder de «extirpar e destruir, devastar e derrubar, construir e plantar» (Jr 1,10). E assim é também para vocês. Levar o Evangelho é levar a força de Deus, para extirpar e destruir o mal e a violência; para devastar e derrubar as barreiras do egoísmo, da intolerância e do ódio; para construir um mundo novo. Jesus Cristo conta com vocês! A Igreja conta com vocês! O Papa conta com vocês! Que Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, lhes acompanhe sempre com a sua ternura: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Amém.

(CN noticias)

sábado, 27 de julho de 2013

Católicos em baixa, protestantes em alta: uma (falsa) leitura midiática da viagem do papa ao Brasil



A primeira viagem internacional do papa Francisco despertou o interesse da imprensa internacional por diversos motivos. Um deles, entre os mais martelados, é a ênfase de muitos meios de comunicação na quantidade de católicos brasileiros, que mantêm no país o título de maior população católica do mundo, mas vem diminuindo consideravelmente.
Artigos e reportagens opinam que o avanço de grupos protestantes, de movimentos religiosos alternativos, de outras religiões e inclusive de não crentes é o que teria motivado a viagem do papa Francisco, numa espécie de “reconquista” do Brasil em particular e da América Latina em geral.
O Brasil é o primeiro país do mundo em número de católicos. Na América, seguem-se México, Colômbia, Argentina, Peru, Venezuela, Equador, Chile, Guatemala, República Dominicana, Bolívia, Haiti, Cuba, Honduras, Paraguai, Nicarágua, El Salvador, Costa Rica, Porto Rico, Panamá e Uruguai.
O Vatican Information Service, em 20 de julho, trouxe as seguintes estatísticas sobre a Igreja católica no Brasil:
“O Brasil tem uma população de 195.041.000 de habitantes, dos quais 164.780.000 são católicos, ou seja, 84,48%. Há 274 circunscrições eclesiásticas, 10.802 paróquias e 37.827 centros pastorais. Realizam as tarefas de apostolado 453 bispos, 20.701 sacerdotes, 2.702 religiosos e 30.528 religiosas; os diáconos permanentes são 2.903. Há 1.985 membros leigos de institutos seculares, 144.910 missionários leigos e 483.104 catequistas. Os seminaristas menores são 2.671 e os maiores 8.956”.
“A Igreja Católica tem no Brasil 6.882 centros educativos de todos os níveis, nos quais estudam 1.940.299 alunos, além de 3.257 centros de educação especial. Há também 5.340 centros assistenciais de propriedade da Igreja ou dirigidos por eclesiásticos: 369 hospitais, 884 ambulatórios, 22 leprosários, 718 casas para idosos e portadores de necessidades especiais, 1.636 orfanatos e creches e 1.711 consultórios familiares e centros para a proteção da vida”.
Os dados são do Escritório Central de Estatísticas da Igreja, atualizados em 31 de dezembro de 2011.
No tocante à quantidade de católicos, há uma discordância entre os dados deste escritório e os dados publicados pela revista britânica The Economist, no mesmo dia 20 de julho (cf. The promise and peril of a papal visit). A revista de cabeceira das missões diplomáticas mundiais afirma que há 123 milhões de católicos no Brasil, para, em seguida, enfatizar que, na comparação com os grupos protestantes e de não crentes, a Igreja católica sofre uma grande retração numérica.
Um levantamento do The Pew Forum on Religion and Public Life, de 18 de julho, reforça os dados da The Economist. A análise Brazil’s Changing Religious Landscape estudou os dados de vários censos brasileiros das últimas quatro décadas, cujos resultados refletem, de fato, uma queda no número de católicos e um aumento no número de protestantes.
O relatório mostra que, entre 1970 e 2000, o número de católicos no Brasil aumentou, apesar de a população que se considera católica ter caído. Foi a partir de 2000-2010 que tanto o número absoluto quanto a porcentagem de católicos diminuiu (de 125 milhões, em 2000, ou 74% da população, para a 123 milhões em 2010, ou 65% da população).
Em contrapartida, o protestantismo brasileiro aumentou no mesmo período de 25 milhões (15% da população) para 42 milhões (22% da população). Movimentos religiosos alternativos e religiões como o islamismo e o budismo subiram de 2 milhões em 1970 para 6 milhões em 2000 (4% da população), até atingir 10 milhões (5% da população) em 2010.
Por sua vez, o número de pessoas sem afiliação religiosa também aumentou, de acordo com o estudo do The Pew Forum on Religion and Public Life. Agnósticos e ateus passaram de menos de 1 milhão em 1970 para 12 milhões em 2000 (7% da população). O censo brasileiro de 2010 atualizou este dado: 15 milhões de brasileiros estavam sem afiliação religiosa (8% da população).
O estudo Brazil’s Changing Religious Landscape menciona que, de acordo com o censo brasileiro de 1991, os pentecostais e neopentecostais representavam 6% da população. Em 2010, já eram 13%. Enquanto isso, os brasileiros que se identificam com denominações protestantes tradicionais, como os batistas e os presbiterianos, se mantiveram em número estável nas duas últimas décadas. A terceira categoria de protestantes tradicionais aparece no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como “sem classificação”: eram 1% em 1991 e 5% em 2010.
O estudo menciona ainda as porcentagens de religião por sexos: segundo o censo de 2010, há mais homens católicos (65%) do que mulheres (64%). Este cenário muda no âmbito protestante, em que as mulheres representam 24% e os homens 20%. Por sua vez, 10% dos homens são agnósticos ou ateus, contra 6% das mulheres. Em outras religiões, as mulheres são 6% e os homens 5%.
Um dado chamativo a respeito do Rio de Janeiro, a cidade que recebe a Jornada Mundial da Juventude 2013, é que menos da metade da população carioca (46%) é católica.
E quanto à discordância entre as estatísticas do Escritório Central da Igreja e as do The Pew Forum on Religion and Public Life, que se baseia em dados do censo do IBGE? Ela se deve ao seguinte: os dados da Igreja contam as pessoas batizadas em números absolutos, enquanto The Pew Forum contabiliza as mudanças de religião das pessoas depois do batismo.
A viagem do papa ao Brasil, porém, não se deveu a uma “estratégia de reconquista”, nem tem como finalidade principal reacender o fervor dos brasileiros e dos latino-americanos.
A visita estava prevista há dois anos, quando Bento XVI anunciou, na Jornada Mundial da Juventude em Madri, que o Rio de Janeiro seria a sede da edição de 2013. O papa Francisco manteve o compromisso, na continuidade entre os dois pontificados. Esta sim, midiaticamente falando, é uma chave de leitura válida.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A legalização das drogas não reduz a dependência química



Do santuário mariano de Aparecida, o papa Francisco foi a outro "santuário", o do sofrimento humano provocado pela doença e pelo vício em drogas e álcool.

O hospital São Francisco de Asis da Providência de Deus, visitado pelo papa na tarde de ontem, recebe pessoas com grave dependência de drogas e de álcool, disponibilizando 500 leitos para o seu tratamento.
Sua origem remonta ao desejo do jovem brasileiro Nélio Joel Ângelo Belotti, que queria imitar São Francisco de Assis.
A conversão do poverello de Assis teve um momento crucial depois que ele beijou um leproso, como foi destacado pelo papa Francisco em seu discurso no hospital, citando a sua recente encíclica Lumen Fidei, em que faz referência explícita a esse episódio, no qual um irmão marginalizado se torna o mediador da graça para o jovem de Assis, que está em busca de referências precisas para a sua vocação e missão na Igreja.
Nélio Joel se ordenou sacerdote em 1984, depois de fundar, com alguns poucos voluntários que podiam tomar conta de no máximo sete pacientes indigentes, uma obra que, vinte anos depois, na carne dos homens que carregam a cruz do sofrimento e da doença, mostra as evidências da intervenção do Crucificado.
É desses bons samaritanos que o Brasil e o mundo precisam, sobrecarregados como estão de indiferença e de egoísmo. É eficaz o exemplo de um jovem da "Terra da Vera Cruz, que se faz portador da esperança apesar dos poucos recursos humanos e financeiros.
O hospital está abrindo uma nova ala, abençoada pelo papa Francisco, com a especial característica de cuidar de jovens viciados em drogas sintéticas.
A todos os pacientes e às pessoas que os atendem no hospital, o papa quis expressar o seu afeto com um grande abraço.
“Todos precisamos olhar para o outro com os olhos do amor de Cristo”, disse Francisco. “Precisamos aprender a abraçar quem está em necessidade, para expressar proximidade, afeto, amor”.
E continuou: “Mas abraçar não é suficiente. Estendamos a mão para aqueles que precisam, para aqueles que caíram na escuridão do vício, talvez sem saber como, e digamos: ‘Você consegue se levantar! É cansativo, mas você consegue, se quiser!’”.
O papa nos convidou, enfim, a passar do abraço para os atos. E, como bom pai e mestre, para que a assistência não vire assistencialismo, afirmou para cada vítima do vício em drogas: "Você é o protagonista da saída. Esta é a condição indispensável! Você vai encontrar a mão estendida de quem quer ajudar, mas ninguém pode se levantar no seu lugar".
Depois, Francisco elogiou o trabalho dos médicos e dos profissionais que prestam antedimento psicológico às vítimas da dependência.
Ao tocar numa proposta de política tão polêmica quanto atual em vários países, o papa declarou:
“Não é com a liberalização do uso das drogas, como está sendo discutido em várias partes da América Latina, que iremos reduzir a propagação e a influência da dependência química. É necessário encarar os problemas que estão na raiz do seu uso, provendo mais justiça, educando os jovens nos valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldades e dando esperanças no futuro”.
Com a doçura de sempre, o papa dedicou palavras a todos e a cada um, mas também condenou com firmeza os "mercadores da morte", os traficantes de drogas.
E a todos, repetiu: "Não deixem que roubem a sua esperança! Não roubemos a esperança! Mas sim, sejamos portadores de esperança!".

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

"A fé é parte indelével do espírito brasileiro"



Sua Santidade Papa Francisco,

Senhoras e senhores,

Com grande alegria, Papa Francisco, dou-lhe as boas-vindas ao Rio de Janeiro e ao Brasil. É uma honra para o povo brasileiro recebê-lo. Honra redobrada, em se tratando do primeiro Papa latino-americano.
Sua Santidade,
O Brasil e seus mais de 50 milhões de jovens acolhem, de braços abertos, os peregrinos de dezenas de países que vieram para esta grande celebração que é a Jornada Mundial da Juventude.
Saúdo, em particular, o governo do estado do Rio de Janeiro, a prefeitura do Rio de Janeiro e a Arquidiocese do Rio de Janeiro, a quem agradeço os esforços dedicados que tornaram possível esse grande evento.
A presença de Sua Santidade no Brasil nos oferece a oportunidade de renovar o diálogo com a Santa Sé em prol de valores que compartilhamos: a justiça social, a solidariedade, os direitos humanos e a paz entre as nações. Conhecemos o compromisso de Sua Santidade com esses valores. Por seu sacerdócio entre os mais pobres, que se reflete até mesmo no próprio nome escolhido como Papa, uma homenagem a São Francisco de Assis, sabemos que temos, diante de nós, um líder religioso sensível aos anseios de nossos povos por justiça social, por oportunidade para todos e dignidade cidadã.
Lutamos contra um inimigo comum: a desigualdade, em todas as suas formas. Essa convergência orienta o diálogo do Estado brasileiro com todas as religiões, um diálogo marcado pelo respeito à liberdade de crenças e de culto e pela convivência com a diferença. Não poderia ser distinto em um país que acolheu e acolhe todas as culturas e todas as religiões.
Em seu discurso de 16 de maio, Vossa Santidade manifestou preocupação com as desigualdades agravadas pela crise financeira e o papel nocivo das ideologias que defendem o enfraquecimento do Estado, reduzindo sua capacidade de prover serviços públicos de qualidade para todos. Manifestou sua preocupação com a globalização da indiferença, que deixa as pessoas insensíveis ao sofrimento do próximo.
Compartilhamos e nos juntamos a essa posição. Estratégias de superação da crise econômica, centradas só na austeridade, sem a devida atenção aos enormes custos sociais que ela acarreta, golpeiam os mais pobres e os jovens, que são pelo mundo afora as principais vítimas do desemprego. Geram xenofobia, violência e desrespeito pelo outro. O Brasil muito se orgulha de ter alcançado extraordinários resultados nos últimos dez anos na redução da pobreza, na superação da miséria e na garantia da segurança alimentar à nossa população.
Fizemos muito, e sabemos que ainda há muito o que ser feito. Nesse processo, temos contado com a profícua parceria com a Igreja. As pastorais católicas, por exemplo, tem sido importantes parceiras do governo brasileiro na atenção aos segmentos mais vulneráveis de nossa população, como também na promoção da defesa dos direitos das nossas crianças e adolescentes, na defesa dos direitos das pessoas que vivem nas ruas, na garantia da dignidade dos direitos nos presídios.
Temos buscado apoiar a disseminação das experiências brasileiras em outros países. Agora mesmo, estamos engajados no apoio à adoção de tecnologias sociais para melhorar a capacidade produtiva entre pequenos agricultores na África, e para criar canais de comercialização que lhes permitam obter resultados econômicos mais justos e adequados, inclusive por meio do fornecimento de alimentação escolar. Apoiamos também a difusão de programas de transferência de renda, do tipo do Bolsa Família, em vários países da África e da América Latina.
Acreditamos que o apoio da Igreja, apoiando esses processos, pode transformar iniciativas ainda pontuais em iniciativas globais, em iniciativas efetivas para garantir a segurança alimentar e combater a pobreza e a fome no mundo. Sabemos que a fome e a sede de justiça têm pressa.
A crise econômica que desemprega e retira oportunidade de milhões pelo mundo afora nos obriga a um novo senso de urgência para combater a desigualdade. A participação de Vossa Santidade, um homem que veio do povo latino-americano, que veio da nossa irmã vizinha Argentina, agregaria mais condições para criar uma ampla aliança global de combate à fome e à pobreza, uma aliança de solidariedade, uma aliança de cooperação e humanitarismo, disseminando as boas experiências, entre outras, aquelas obtidas aqui no Brasil.
Santidade,
Nós, brasileiros, somos mulheres e homens de fé. A fé é parte indelével do espírito brasileiro. Falo da fé religiosa e falo também da crença que cada um de nós, brasileiras e brasileiros, temos quanto a nossa capacidade de melhorar nossa vida, a crença que o amanhã pode ser melhor que hoje. Essa crença que nós mesmos e em nós mesmos e no outro é um dos traços marcantes do povo do meu país.
Sabemos que podemos encarar novos desafios e tornar nossa realidade cada vez melhor. Esse foi o sentimento que moveu, por exemplo, nas últimas semanas, centenas de milhares de jovens a irem às ruas. Democracia, como sabe Vossa Santidade, gera desejo de mais democracia, e inclusão social provoca cobrança de mais inclusão social, qualidade de vida desperta anseio por mais qualidade de vida.
Para nós, todos os avanços que nós conquistamos são só um começo. Nossa estratégia de desenvolvimento sempre vai exigir mais, tal como querem todos os brasileiros e todas as brasileiras. Exigem de nós aceleração e aprofundamento das mudanças que iniciamos há dez anos.
A juventude brasileira tem sido protagonista nesse processo e clama por mais direitos sociais: mais educação, melhor saúde, mobilidade urbana, segurança, qualidade de vida na cidade e no campo, o respeito ao meio ambiente. Os jovens exigem respeito, ética e transparência. Querem que a política atenda aos seus interesses, aos interesses da população e não seja território dos privilégios e das regalias. Desejam participar da construção de soluções para os problemas que os afetam.
Os jovens querem viver plenamente. Estão cansados da violência que muitas vezes os tornam as principais vítimas. Querem dar um basta a toda forma de discriminação e ver valorizadas sua diversidade, suas expressões culturais. Tal como em várias partes do mundo, a juventude brasileira está engajada na luta legítima por uma nova sociedade.
E esse é um momento muito especial para realização dessa Jornada Mundial da Juventude. Potencializa o que os jovens têm de mais valioso e revigorante, e isso nós estamos vendo aqui nas ruas do Rio de Janeiro: a alegria, o otimismo, a fraternidade, a coragem e valores cristãos.
É oportunidade para discutir e buscar todos os novos valores para renovar as esperanças por um mundo melhor. Estou certa que essa celebração da juventude durará muito mais que os seis dias da programação oficial e perdurará no coração de todos os que dela participarem.
Seja bem-vindo ao Brasil, Papa Francisco. Sejam bem-vindos jovens de todo o mundo. Sintam-se em casa nesta cidade maravilhosa que é o Rio de Janeiro e em todo o Brasil, e levem daqui como melhor lembrança o carinho do nosso povo. Muito obrigada!

(Fonte: planalto.gov.br)

terça-feira, 23 de julho de 2013

Papa Francisco chega ao Brasil tocando o coração dos brasileiros



“Quem vai fazer a grande segurança do papa é o povo brasileiro, a juventude, o pessoal que está esperando com grande alegria”, disse há alguns dias, quase em tom profético, o ministro da Secretaria- Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

E parece ser que isso já começou a acontecer. Acostumado a andar no metrô de Buenos Aires como quando Cardeal, hoje Papa Francisco experimentou o “congestionamento” em sua chegada ao Brasil.
Dentro de uma minivan Idea branca – um dos 4 carros que a Fiat cedeu ao Pontífice – o Papa, dada as circunstâncias inusitadas de organização do trânsito local, acabou tendo a oportunidade de se aproximar do povo brasileiro e dos peregrinos de todo o mundo em sua chegada ao Rio de Janeiro.
Um papa do Povo, como se fosse um de nós, aplaudido e recebido por milhares de pessoas. Nos seus primeiros minutos, muitos foram aqueles que puderam apertar-lhe a mão e receber a sua benção.
Indefeso, no meio de uma multidão que oprimia o seu carro, Papa Francisco tocou o coração do povo brasileiro “como não amar esse Papa, depois dessa grande demonstração de ternura pelo nosso povo”, disse Mariella Silva de Oliveira enquanto acompanhava a chegada do Papa no Forte de Copacabana.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Chegamos!


Os jovens chegaram! Essa cidade maravilhosa se enfeitou ainda mais com a presença de todos durante esses dias! Estão chegando de todos os lados do mundo. Primeiro foram os voluntários. Aos poucos começam a chegar os peregrinos. Na semana que entra todos os caminhos conduzirão ao Rio de Janeiro!

Com muita alegria, acolho todos vocês, queridos jovens, que aportaram na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro para um encontro com Cristo. Olhando para o Corcovado, contemplamos o Cristo Redentor que, de braços abertos para a cidade maravilhosa, nos convida a todos para o mandamento missionário, como tema de nossa semana de encontros, orações, celebrações, partilhas, catequeses, confissões, vigílias, adoração, via-sacra, entretenimento espiritual, e, acima de tudo, o encontro com o Senhor e testemunho de que Cristo Ressuscitado vive e nos convida a "ir e fazer discípulos entre todas as nações!" (cf. Mt 28,19).
Os jovens vêm de longe ou de perto, do Brasil e do exterior. O afastamento da cidade ou da pátria é algo que Deus às vezes exige dos homens que escolhe; aceitá-Lo com fé na sua promessa é sempre uma condição misteriosa e fecunda para o desenvolvimento e o crescimento do povo de Deus na Terra. O Senhor disse a Abraão: "Sai da tua terra, da tua pátria e da tua casa paterna e vai para a região que eu te mostrar. E eu farei sair de ti um grande povo e te abençoarei; engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênção" (cf. Gn 12,1).
A verdade e a força do mandato missionário nascem das profundezas do mistério da Redenção, e a sua obra evangelizadora entre os povos deve constituir um elo importante na missão que o Salvador confiou à Igreja até o fim dos tempos. Ela constituiu – numa época determinada e em circunstâncias concretas – o cumprimento das palavras de Cristo que, com o poder da sua Cruz e da sua Ressurreição, ordenou aos apóstolos: "Pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15). "Ide, ensinai todas as gentes" (Mc 28,19). Os peregrinos da JMJ, impelidos pelo mandato apostólico, irão se deixar orientar pelo ideal apostólico de São Paulo: "De fato, todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, pois quando fostes batizados em Cristo, revestistes-vos de Cristo. Não há judeu nem gentio, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher: todos vós sois um só em Cristo Jesus" (cf. Gl 3,26-28).
Além de um grande respeito pelas pessoas e da solicitude desinteressada pelo seu verdadeiro bem, o peregrino, que se coloca como discípulo-missionário de Jesus, deve demonstrar ter também os adequados recursos de energia, de prudência, de zelo e de caridade, indispensáveis para levar a luz aos fiéis cristãos e, ao mesmo tempo, para lhes indicar o bem e para ajudá-los concretamente a alcançá-lo. Este é o objetivo que deve nortear a todos os que, terminada a JMJ, passarão aqui mesmo em nossa cidade e, particularmente depois desta Jornada, para levar o Evangelho; procurando integrar-se nas realidades secularizadas e hostis ao anúncio do Evangelho e compartilhar em tudo a sua sorte, particularmente àqueles que vivem nas periferias.
A ingente missão do Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento. Após a Sua vinda, uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal missão está ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço. É o Espírito Santo que impele a anunciar as grandes obras de Deus! "Porque se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois que me foi imposta esta obrigação: ai de mim se não evangelizar!" (1 Cor9, 16).
Qual deve ser a intenção dos peregrinos? O que me anima e deve animar os romeiros a proclamar a urgência da evangelização missionária é que ela constitui o primeiro serviço que a Igreja pode prestar ao homem e à humanidade inteira. No mundo de hoje, que, apesar de conhecer realizações maravilhosas, parece ter perdido o sentido último das coisas e da sua própria existência, a nova evangelização é tarefa urgente! Nosso Senhor Jesus Cristo revela plenamente o homem a si próprio. O homem que a si mesmo se quiser compreender profundamente deve aproximar-se de Cristo. A Redenção, operada na Cruz, restituiu definitivamente ao homem a dignidade e o sentido da sua existência no mundo. Nesse sentido, urge promover e conscientizar da necessidade das vocações missionárias; estimulando os teólogos a aprofundar e expor sistematicamente os vários aspectos da missão; relançar a missão, em sentido específico, comprometendo as Igrejas particulares a mandarem e a receberem missionários; garantir aos não-cristãos, revelando a todos os homens e mulheres de boa vontade, o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus.
O Concílio Ecumênico Vaticano II ofereceu um grande realce ao papel da Igreja em favor da salvação da humanidade. Enquanto reconhece que Deus ama todos os homens e lhes dá a possibilidade de se salvarem (cf. 1 Tim2, 4), a Igreja professa que Deus constituiu Cristo como único mediador e que ela própria foi posta como instrumento universal de salvação. "Todos os homens, pois, são chamados a esta católica unidade do Povo de Deus (...) à qual, de diversos modos, pertencem ou estão ordenados quer os fiéis católicos, quer os outros crentes em Cristo, quer universalmente todos os homens chamados à salvação pela graça de Deus". É necessário manter unidas estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa salvação. Ambas facilitam a compreensão do único mistério salvífico, permitindo experimentar a misericórdia de Deus e a nossa responsabilidade. A salvação, que é sempre um dom do Espírito Santo, supõe a participação do homem para se salvar tanto a si próprio como aos outros. Assim o quis Deus e, por isso, estabeleceu e comprometeu a Igreja no plano da salvação. Este povo messiânico – ensina o Concílio – estabelecido por Cristo como uma comunhão de vida, amor e verdade, serve também, nas mãos d'Ele, de instrumento da redenção universal, sendo enviado a todo o mundo como luz desse mundo e sal da terra.
Vivamos nesta intensa JMJ que se aproxima a busca do rosto sereno e radioso de Jesus Cristo! Que estes dias sejam de encontro com Cristo, ouvindo a sua voz, caminhando com Ele e testemunhando-O a todas as pessoas de boa vontade. Que a Cruz de Cristo, que peregrinou pelo Brasil e por alguns países da América Latina, nos ilumine a tomar a nossa cruz diária e testemunhá-la a todos os homens e mulheres que procuram o seu “encontro” com o Redentor! Que o povo de nossa amada Arquidiocese continue acolhendo, com o jeito bem carioca, todos os peregrinos com carinho e muito calor humano que só o carioca sabe fazer. Sejam bem-vindos e vivamos esta semana no clima da fé de permanente escuta e vivência da escola do amor, da caridade e da paz que brota do Cristo Redentor, que a todos acolhe de braços abertos!
Que todos nós, peregrinos e fiéis, tenhamos uma frutuosa e apostólica JMJ-Rio 2013! Feliz Jornada para todos!

Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O ângelus do papa e do povo



A palavra “ângelus” provém do latim; quer dizer “anjo” e foi retirada da seguinte frase: “Angelus Domini nuntiavit Mariae” (em português: “O anjo do Senhor anunciou a Maria”). Trata-se de uma oração mariana, isto é, dedicada a Maria de Nazaré, a mãe de Jesus.

O ângelus é uma oração baseada no relato bíblico do anúncio do anjo Gabriel a Maria acerca do nascimento do Salvador, Jesus de Nazaré (Lc 1, 26-38). O povo católico a recita geralmente de manhã bem cedo, ao meio-dia e às seis da tarde, a hora da Ave-Maria. Quem vai a Roma pode rezar o ângelus com o papa em alguns horários.
Do madeiro da cruz Cristo incumbiu Maria de ser a mãe do povo de Deus (Jo 19, 26-27). A importância do ângelus reside no papel que Maria ou nossa Senhora desempenha no projeto de salvação da humanidade. Ela não nos dá as graças, porquanto só Deus as pode dar. No entanto, Maria roga por nós, isto é, intercede por quem lhe suplica uma intervenção junto a Deus. Ela é uma espécie de eficientíssima advogada no céu. Jesus, que concede as graças, não nega um pedido de sua mãe. Como escreveu Dante na “Divina Comédia”: “Querer chegar a Jesus sem Maria é como querer voar sem asas” (Paraíso, canto XXXIII, 12).
O ângelus, ao lado do terço, da Ave-Maria, da Salve-Rainha e de outras orações, consiste numa demonstração de amor dos católicos para com a “mãe de Deus”. Humildemente, em vez de se dirigir diretamente a Jesus, embora podendo fazê-lo, os católicos costumam recorrer à intermediação dos santos e, principalmente, do maior dos santos, Maria de Nazaré.
No decorrer da JMJ, o papa Francisco, bastante devoto de nossa Senhora, rezará o ângelus com os jovens, manifestando, assim, um grande amor a Jesus através de Maria.
Assista aos MINUTOS CATÓLICOS, do prof. Sampel:

http://www.youtube.com/user/Sampelful

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Elton John: "Francisco é um milagre da humildade na era da vaidade"



O semanário Vanity Fair dedicou sua capa de julho (nº 28, 17 de julho de 2013) ao papa Francisco. Com uma foto e a manchete "Francisco, o Papa Coragem", a revista antecipou a escolha do pontífice como "Homem do Ano". Para a Vanity Fair, os primeiros cem dias do papa Francisco o colocaram à frente "dos líderes mundiais que fazem a história".

Seis entrevistados comentam sobre o papa: o escritor Erri De Luca; o pe. Virginio Colmegna, presidente da Fundação Casa da Caridade de Milão; a escritora feminista Dacia Maraini; o escritor não crente Giorgio Faletti; e os cantores Andrea Bocelli e Elton John.
Os comentários são muito interessantes, especialmente os daqueles que não são católicos e que já dirigiram críticas públicas à Igreja. Elton John, por exemplo, escreveu que "o papa Francisco é para a Igreja Católica a melhor notícia dos últimos vários séculos. Este homem, sozinho, foi capaz de reaproximar as pessoas dos ensinamentos de Cristo (...) Os não católicos, como eu, se levantam para aplaudir de pé a humildade de cada um dos seus gestos", porque "Francisco é um milagre da humildade na era da vaidade".
Andrea Bocelli, o cantor que aos doze anos ficou cego por causa de um acidente, revelou que ao ouvir as primeiras palavras do papa Francisco sentiu os olhos cheios de lágrimas. "O papa Francisco entrou no meu coração, conquistou meu coração com a sua humildade genuína, com o poder desarmante da sua fé, com toda aquela experiência vivida que ilumina as suas palavras e torna doce o tom da sua voz".
Erri De Luca, por sua vez, afirmou: "Francisco é o papa do sul, filho da América Latina. A Igreja, com ele, muda de hemisfério e altera o seu centro de gravitação". Segundo o pe. Virginio Colmegna, o papa "é uma grande surpresa, um sopro de esperança, de Espírito Santo. O papa Francisco é testemunha de uma visão da Igreja extraordinariamente nova e ao mesmo tempo fiel à mensagem do evangelho, uma Igreja pobre entre os pobres".
"As pessoas gostam dele", constata Dacia Maraini, contando o que um motorista de táxi lhe disse: "Eu espero que não o matem, porque ele é muito ousado. Eu gostaria de defendê-lo, mas não sei como".
E Giorgio Faletti confessa: "Pessoalmente, eu não tenho o dom da fé, não acredito em vida consciente após a morte, mas Jorge Mario Bergoglio me pareceu já de cara um grande comunicador, uma pessoa cujo rosto inspira aquela bondade que o representante dos católicos no mundo deve inspirar, um homem que tem as qualidades para arrumar, com a sua figura, todos os escândalos que recentemente mancharam a imagem do Vaticano e o que ele representa".

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

"Os novos desafios da evangelização"


"Os novos desafios da evangelização" é o título da conferência que será realizada na diocese de Le Mans, França, 18-20 outubro 2013. Objetivo do encontro é responder a perguntas atuais sobre a fé: "Como Propor a fé em uma sociedade secularizada? Como garantir que a religião seja portadora de paz? Como harmonizar a proclamação da fé com o respeito as consciências?”.

Conforme relatado no comunicado oficial, o evento foi concebido por ocasião do Ano da Fé proclamado pelo Papa emérito Bento XVI, mas também para celebrar o 50 º aniversário do Concílio Vaticano II e ressaltar os temas que emergiram do Sínodo de Bispos sobre a nova evangelização e a transmissão da fé, realizado no Vaticano em outubro de 2012.
Dom Yves Le Saux, Arcebispo de Le Mans abrirà o evento.Outros convidados esperados: Mons. Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, o Cardeal Angelo Scola, Arcebispo de Milão, Cardeal André Vingt-Trois, Arcebispo de Paris.
O calendário destaca alguns eventos importantes: Fórum sobre novas iniciativas missionárias, debate sobre um documentário dedicado aos monges de Tibhirine e uma vigília organizada pela Comunidade de Taizé. Para selar o fim da conferência, no domingo 20 de outubro, será elevada uma cruz monumental na Catedral de Le Mans, durante a Santa Missa às 11. O significado é explicado no comunicado: "Queremos que todos os visitantes da Catedral se sintam acolhidos por Cristo de braços abertos. Não se trata de uma cruz anônima, mas uma cruz na qual está escrito:Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito(João 3, 16).
A conferência de apresentação do evento para a imprensa será realizada em 17 de setembro, às 9h00, em Paris, no Collège des Bernardins.

Para mais informações: www.essentielmans.org

\Fonte: Zenit.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Rádio Maria é inaugurada na Índia



Foi cortada a fita de inauguração da nova sede da Rádio Maria na Índia. A bênção solene, foi dada no último 30 de junho, abriu a cerimônia realizada em Cochin, no estado de Kerala, com a presença de membros do governo da Índia e da Família Mundial da Rádio Maria, representada pelo pe. Francisco Palacios. O evento local ficou a cargo do pe. Raphael Kootumghal, diretor da nova estação de rádio indiana.
Também estiveram presentes várias autoridades ministeriais e cerca de uma centena de voluntários, padres, freiras e leigos. O bispo de Cochin, dom Joseph Kariyil, se disse confiante no potencial da estação católica de se tornar líder de um projeto ambicioso: levar a Boa Nova ao povo de um país em rápido crescimento, que tem a necessidade de conhecer a salvação e a misericórdia de Jesus, nosso Redentor.
A inauguração da Rádio Maria em Cochin é um dos onze projetos financiados pela “corrida de solidariedade Mariatona”, ou Mariathon, em inglês (www.mariathon.org), realizada globalmente de 10 a 12 de maio do ano passado.
A história da Rádio Maria na Índia começa com a inspiração de um sacerdote indiano (pe. Rafael), que, em missão no Equador, veio a conhecer e participar nos programas da emissora e percebeu o poder de conversão proporcionado por esse presente de Maria. Ao retornar à Índia, depois da experiência missionária recém-feita e de conversar com o bispo sobre a possibilidade de criar uma emissora missionária e evangelizadora, o pe. Raphael e entrou em contato com os escritórios da Família Mundial da Rádio Maria na Itália, a fim de organizar uma reunião na país asiático. Em outubro de 2008, com uma visita à diocese de Cochin, começaram os estudos de viabilidade que levaram ao nascimento, agora, da web-rádio Maria Índia, acessível em www.radiomaria.org.in.
"Temos a certeza e a confiança de que a nossa Mãe vai nos ajudar", afirmou o diretor, pe. Raphael. "Graças aos missionários que dedicaram a vida a espalhar a fé católica, a devoção à Santíssima Virgem Maria está profundamente enraizada entre as famílias católicas do nosso país. Um culto que está se espalhando até mesmo entre os hinduístas, muçulmanos e budistas. Ela não é vista como uma ameaça, mas como uma mãe que cuida, que ama os seus filhos, que intercede pelas pessoas. É por isso que Maria é chave na evangelização da Índia".

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Oração e trabalho


No dia de ontem, 11 de julho, a Igreja do Brasil estará vivenciando o “Dia de Oração pela Jornada Mundial da Juventude Rio 2013” convocado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB. Deve ser um dia dedicado à oração e intercessão.

Os jovens já estão chegando em vários lugares do Brasil para as Semanas Missionárias e alguns também já chegaram aqui no Rio de Janeiro. A JMJ não irá acontecer. Ela está acontecendo! É para nós um bela emoção poder começar a perceber que um sonho da juventude brasileira, que sempre desejou ter uma Jornada no Brasil, vai se tornando realidade. Depois da belíssima peregrinação dos símbolos da JMJ (Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora), agora é a vez da chegada dos protagonistas da Jornada: os jovens.
Eles vêm como peregrinos. Fizeram enormes sacrifícios em suas comunidades, paróquias, países para poderem se deslocar até o Brasil. Nestes dias chegou um jovem que veio a pé da Argentina até aqui. Temos a certeza de que nós já os acolhemos e receberemos muito bem. Será uma bela festa de esperança e de fé. É um belo momento de ver esse protagonismo dentro de um momento muito especial de busca de vida mais justa e mais humana para nosso País.
E este evento público, aberto a todos e totalmente positivo, quer conquistar os corações de todos junto com o primeiro peregrino, que é o Papa Franscisco, que declarou que já está se preparando para vir participar.
O dia escolhido, além de ter a proximidade do início da JMJ – 12 dias – que nos recordam os doze apóstolos, também é a data em que celebramos o dia de São Bento, o patrono da Europa, declarado em 1964 pelo Papa Paulo VI, reconhecendo a missão dos monges na civilização e cultura européias e por onde ela influenciou.
São Bento viveu entre 480 e 547 e foi um jovem inquieto na busca de um sentido para sua vida, seja enquanto se recolheu como eremita nos primeiros anos de sua experiência mística, ou quando começou a conduzir grupos de jovens que queriam uma experiência com Deus em uma vida de comunidade.
A época de São Bento a região de Roma tem uma história significativa, pois o ano 476 é colocado como a data da queda do império romano do ocidente (no oriente ele ficaria até o século XV como império bizantino). Essa queda trouxe muitas crises de valores e situações culturais, econômicas e religiosas. Foi uma época rica de iniciativas e de busca religiosa e cultural. As crises geralmente geram situações novas.
Por isso mesmo, São Bento foi o jovem do seu tempo com suas buscas e suas crises que encontrou em Cristo o caminho que não só o conduziu, mas também a uma numerosa multidão de homens e mulheres que seguem e que seguiram a Cristo segundo o seu carisma.
O Papa Pio XII, na carta Encíclia “Fulgens Radiatur” no XIV centenário da morte de São Bento, assim se refere: “quem pacientemente estudar a sua gloriosa vida e adentrar, à luz da história, o tempestuoso tempo em que viveu, há de sentir, indubitavelmente, a realidade da promessa que o Senhor deixou aos apóstolos e à sociedade que fundara: “Estarei convosco, todos os dias, até a consumação dos tempos”. Pois como diz ainda essa encíclica: “teve ocasião de ver, com imensa tristeza, o pulular das heresias, que arrastavam no vértice subsersivo do erro muitos dos espíritos mais belos; o rebaixamento dos costumes públicos e privados; o atoleiro sensual em que envolvia a mocidade galante e mundana de seu tempo, de tal modo que se podia dizer, verdade, da sociedade romana: “está morrendo e ri”. Então, “Bento estabeleceu na Igreja, com sua obra e vida, uma corrente perene de juventude, renovando a severidade dos costumes e robustecendo, de leis mais santas e vigorosas, a vida claustral”. E, é claro, isso influenciou os povos e regiões vizinhas aos mosteiros “unindo-os todos por laços de amor fraterno e caridade”.
E é justamente nesse dia de São Bento, um jovem que buscou fazer a vontade de Deus e cuja vida refulgiu na história, resplandecendo “como astro na cerração da noite”, que o Brasil reza pelos peregrinos, pelos jovens que estão participando da JMJ Rio 2013.
Também nós necessitamos de jovens corajosos como São Bento que, vivendo hoje as realidades da sociedade, sejam sinais transparantes de tempos novos: “protagonistas de um mundo novo”!
Convido a todos para que neste dia 11 de julho, Dia de São Bento, patriarca dos monges do Ocidente, que soube aproveitar as orientaçóes do passado e traduzi-las de modo novo para o seu presente, que todos nós nos coloquemos em oração por esse importante momento da história de nossa juventude.
Vamos clamar ao Senhor para que vivamos todos o caminho da santidade diante de situações tão diversificadas de hoje, muitas vezes eivadas de ódios e desprezos, mas que, longe de nos desanimar, nos colocam ainda mais entusiasmo nessa missão que o Senhor nos deu para empreender.
Fulgurante de luz, São Bento, interceda por todos nós!

† Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

quinta-feira, 11 de julho de 2013

World Council of Churches: Não manipular a religião com objetivos políticos


As comunidades religiosas “rejeitam a manipulação da religião” que acontece com frequência nos países em crises complexas, afirma em nota o World Council of Churches (WCC), referindo-se à atual situação na Síria.
A nota, reproduzida pelo jornal vaticano L'Osservatore Romano, revela a preocupação do secretário geral do WCC, Olav Fykse Tveit, com os atos de violência e de destruição nos lugares de culto. No dia 22 de junho, por exemplo, homens armados atacaram o mosteiro de Santo Antônio de Pádua, na localidade de Ghassanieh, e assassinaram brutalmente o sacerdote sírio François Mourad, de 49 anos.
“Que a memória do padre François seja eterna na mente de Nosso Senhor e no coração de quem o amava e conhecia”, pede Tveit, que afirma também que a população cristã de Ghassanieh “deseja continuar em paz nessa região da Síria em que viveu durante séculos junto com as comunidades muçulmanas locais”.
O WCC convida os sírios a restabelecerem o clima de reconciliação: “Encorajamos e convidamos enfaticamente os líderes muçulmanos a condenar toda tentativa de uso do islã para justificar as agressões contra os vizinhos”.
Em reunião do comitê executivo do WCC, foi publicada uma mensagem que afirma “a necessidade de vivermos juntos no respeito recíproco”.
O WCC vem se empenhando há anos em combater a violência e em orientar o trabalho ecumênico a fim de “mostrar como os cristãos estão unidos na reafirmação da dimensão evangélica da paz e da justiça no mundo”.
Além desta, outras diversas exortações já tinham sido enviadas aos governantes, como a de junho de 2012, feita depois de uma série de bombardeios, na qual o WWC solicitava a proteção dos cidadãos e dos seus direitos humanos fundamentais.
O WWC realizará a sua assembleia geral na Coreia do Sul entre os dias 30 de outubro e 10 de novembro, com o tema “Deus da vida, guia-nos para a justiça e para a paz”.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Teresa de Los Andes, uma jovem fala aos jovens



A Igreja não é museu, é viva, feita de gente que caminha conosco aqui e agora, que caminhou conosco e que agora vive na eternidade e continua a suplicar a Deus por nós. E entre aqueles que caminharam conosco a Igreja escolhe alguns que durante a vida se distinguiram com suas palavras, suas obras e especialmente seu testemunho de vida. São os santos e santas nossos irmãos que já chegaram a pátria celeste, mas que tem uma palavra a nos dizer.

Nada de mais belo e emocionante que constatar que a santidade floresce em todas as idades, não é fruto de velhice ou de idade madura, de juventude ou de infância, é fruto do ramo verdadeiramente unido a videira Cristo e que tem como missão de “produzir muitos frutos”. Podemos contemplar santos e santas que viveram mais de cem anos, outros 50, outros 25, outros 15 e outros ainda 9 anos. Contemplar os santos é a melhor maneira para nunca desanimar.
A Jornada Mundial da Juventude que está às portas de sua realização na cidade do Rio de Janeiro, não podia esquecer santos jovens para poder apresentá-los aos jovens e estimulá-los no seguimento de Cristo. Vemos vários deles: a Beata Albertina Berkenbrock, Teresa de Lisieux, Teresa de los Andes, o Beato Frederico Ozanam e o Beato João Paulo II, o idealizador, o dócil servo que escutando a voz do Espírito Santo idealizou a JMJ. Santos jovens que tem uma palavra forte para dizer aos jovens e aos que querem, embora a idade, manter o coração jovem, isto é, aberto e cheio de entusiasmo para Deus e para a missão.
Mas quem foi Teresa de los Andes? É a primeira santa do Chile, a primeira santa carmelita Descalça de clausura da América Latina. É aquela santa que no Carmelo é a mais jovem, com menos tempo de vida claustral, uma jovem comprometida com Deus e com os outros, uma jovem que escutou a voz do Senhor e soube colocá-la em prática abandonando uma vida confortável, um afeto familiar, e uma “roda de amigas e amigos”, que a amavam de verdade. Nascida numa família cristã sentiu-se chamada desde pequena a ser generosa com os pobres e com as crianças da fazenda do seu avô, administrada pelo seu pai e quando o pai, por causa de uma má administração, se encontra em dificuldades, “Juanita” - este era o seu nome antes de entrar no Carmelo - deu ao seu pai o apoio, a sua força, sempre terá com ele uma palavra de coragem. Entrando no Carmelo aos 19 anos quis escolher o Carmelo mais pobre do Chile, onde experimentou frio, fome, dificuldades de todo tipo. Mas o seu grande amor por Cristo a sustentou em todos os momentos. Sentiu que sua vocação era amar a Deus como fonte de alegria: “Deus é alegria infinita”, dizia ela. Mas viveu uma profunda noite escura onde Deus a purificou de todos os sentimentos, de todo apego das coisas e das pessoas. Teresa, dócil aos sentimentos do seu diretor espiritual e de suas formadoras, se deixou plasmar pela bondade de Deus, foi desenvolvendo um grande amor pela Virgem Maria, pela Eucaristia, especialmente provada, soube amar o sofrimento como uma participação profunda a Cristo Jesus e a todos os sofredores.
Quando foi atingida pela doença do tifo, soube suportar tudo com resignação. Se ofereceu a Deus como vítima santa, e uma profetiza que tem uma palavra para dizer aos homens e mulheres de hoje, especialmente aos jovens. No amor devemos amar totalmente e doar-nos sem medida. Será uma das suas maiores preocupações rezar pelos sacerdotes e pelos pecadores. Cristo foi o seu único ideal se enamorou dele e este amor a levou a buscar somente a sua vontade. Deus para ela é alegria, é amor e paz. Com seu sorriso sabia alegrar as pessoas que viviam ao seu redor. Hoje, mais do que nunca, devemos redescobrir a alegria de ser cristão, de ser consagrados, de ser jovens a serviço de Deus e do próximo. Viveu no Carmelo somente 11 meses e alcançou mais a sublime santidade. Os jovens do Chile, da América Latina, do mundo, na JMJ terão possibilidade de rezar com Teresa dos Andes na tenda vocacional e de pedir a esta jovem santa que infunda nos jovens do mundo inteiro a experiência de que sofrimento e alegria não são contraditórios, mas são irmãos de quem ama Jesus, o diário de Teresa de los Andes, publicado no Brasil pelas Edições Loyola é sem dúvida o caminho melhor para conhecer a trajetória humana e espiritual desta jovem santa que foi escolhida protetora da JMJ do Rio de Janeiro. Outra vez falarei da Padroeira das “Jornadas mundiais da Juventude”: Santa Teresa do Menino Jesus.

Artigo gentilmente enviado a Zenit por Frei Patricio Sciadini,ocd, delegado geral da Ordem Carmelita no Egito. - Fonte: Zenit.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Papa Francisco consagra o Vaticano a São José e a São Miguel Arcanjo

O Santo Padre Francisco consagrou na última sexta-feira o Estado da Cidade do Vaticano a São Miguel Arcanjo e a São José, por ocasião da inauguração do novo monumento dedicado a São Miguel, do artista Giuseppe Antonio Lomuscio.

Entre os presentes estava o papa emérito Bento XVI, especialmente convidado pelo Papa Francisco, para esta importante consagração. Ambos estavam juntos na frente do monumento durante toda a cerimônia.
"Nos jardins do Vaticano - disse Francisco - existem várias obras de arte, esta, que foi adicionada hoje, no entanto, assume uma posição de especial importância, tanto na disposição, como no significado que ela expressa. Não é apenas uma obra comemorativa, mas um convite à reflexão e à oração.
Miguel que significa: Quem é como Deus? É o sinal do primado de Deus, de sua transcendência e poder. Miguel luta para restabelecer a justiça divina, defende o povo de Deus de seus inimigos e, sobretudo, o último inimigo, o diabo. E São Miguel vence porque é Deus quem age.
Esta escultura nos recorda que o mal foi vencido ( ...) No caminho e nas provações da vida não estamos sozinhos, estamos acompanhados e apoiados pelos anjos de Deus, que oferecem, por assim dizer, as suas asas para nos ajudar a superar muitos perigos, para sermos capazes de voar alto em relação às realidades que podem tornar a nossa vida pesada ou nos arrastar para baixo. Na consagração do Estado da Cidade do Vaticano pedimos a São Miguel Arcanjo “que nos defenda do Maligno e o expulse daqui”.
"Queridos irmãos e irmãs - continuou Francisco – consagramos também o Estado da Cidade do Vaticano a São José, custode de Jesus e da Sagrada Família. “Que a sua presença nos torne mais fortes e forrajosos em dar espaço a Deus na nossa vida, para vencer sempre o mal com o bem”.
Quando começou a consagração a São José, disse: "Sob o seu olhar benevolente e sábio colocamos hoje com confiança renovada, os bispos e sacerdotes, as pessoas consagradas e os fiéis leigos que trabalham e vivem no Vaticano”.
O Santo Padre pediu a São Miguel: "Vele por esta cidade e pela Sé Apostólica, coração e centro do catolicismo, para que viva na fidelidade ao Evangelho e no exercício da caridade heroica".
E implorou: "Desmascare as insídias do demônio e do espírito do mundo. Faz-nos vitoriosos contra as tentações de poder, da riqueza e da sensualidade.”
Então rezou: "Seja o baluarte contra todos os tipos de manipulação que ameaça a serenidade da igreja; seja a sentinela de nossos pensamentos, que livra do assédio da mentalidade mundana; seja nosso paladino espiritual".
E com hissopo aspergiu água benta no novo monumento e abençoou os presentes.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Operários para a messe



Os homens e mulheres chamados por Jesus à vida da Igreja descobrem a beleza do seu convite, que se dirige a todos, sem exceção. De um lado, o fascínio pela sua Palavra, que se transforma em norma de vida em todos os setores da existência: amar a Deus e ao próximo, apaixonar-se pela a Igreja, entrar numa comunidade de irmãos, participar da liturgia, identificar-se como cristãos onde quer que se encontrem. Nas próximas semanas, em torno da Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Santo Padre, o Papa Francisco, em nosso país, veremos vir à tona a genuinidade de tantos que no peito levam uma Cruz e no coração o que disse Jesus!

Como o bem tende a se difundir, todos os discípulos autênticos de Jesus Cristo são igualmente chamados à missão, para sair de si mesmos e trabalhar pelo Reino de Deus. São palavras que caminham juntas, de tal forma que discípulo quer dizer “discípulo missionário”. Não faz parte de sua proposta de vida o acomodamento e a passividade, mas a audácia, a criatividade e o testemunho. O mesmo Senhor, que chamou seus discípulos, enviou-os em missão (Cf. Lc 10,1-20). Cristo lhes oferece indicações precisas, cuja atualidade deve ser reconhecida em nosso tempo pelos cristãos de todos os estados de vida e condições sociais.
São enviados! Não vivem apenas para defender suas próprias ideias, mas abraçaram com liberdade e coragem a tarefa de ser portadores de uma vida nova, descoberta no próprio Senhor. Não vivem para os próprios sentimentos ou segundo as emoções e humores de cada momento, mas se transformam em verdadeiros embaixadores. São ousados, a ponto de tomarem como próprias palavras exigentes como as pronunciadas por São Paulo, nascidas de profunda convicção: “Quanto a mim, que eu me glorie somente da cruz do nosso Senhor, Jesus Cristo. Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou crucificado para o mundo” (Gl 6,14). Onde quer que estejam possam dizer com o Apóstolo: “Trago em meu corpo as marcas de Jesus” (Gl 6, 17).
Enviados dois a dois! Para que o Senhor esteja sempre entre eles (Mt 18, 20), preferem a comunhão ao isolamento, compartilham ideias e experiências, ajudam-se mutuamente, descobrem a luz que lhes vem da caridade vivida, acolhem a correção fraterna.
Cordeiros no meio de lobos! Suas “armas” não são a agressividade e a desconfiança. Acreditar na “não violência ativa” é o desafio para sua presença na sociedade, a fim de se tornarem capazes de dialogar, acolher as diferenças entre as pessoas e tecerem novas relações, pouco a pouco, “fazendo a hora acontecer”, presentes em todos os setores da vida social e política, fazendo a diferença, para melhor!
Não levam bolsa, sacola nem sandálias pelo caminho! São expressões fortes usadas por Jesus, para indicar aos discípulos missionários de qualquer tempo ou cultura que sua segurança não está na riqueza ou na quantidade de bens materiais disponíveis, mas na força da mensagem de que são portadores. Saberão, sim, usar todos os meios disponíveis, das caminhadas pelas estradas da Galileia, passando pelas grandes incursões missionárias de todos os tempos, para depois usar com inteligência e perspicácia os meios disponíveis em nossa época, sem desprezar, em qualquer circunstância, o contato pessoal.
“A paz esteja nesta casa”. Dizer isso com a boca ou com o testemunho é tarefa indispensável para todos os cristãos. Serão homens e mulheres portadores daquele que traz a paz e é, ele mesmo, a Paz! Sua presença ouvirá os contrários e descobrirá caminhos de reconciliação e amizade, sem tomar partido que não seja o da verdade.
Aonde chegam, os discípulos missionários valorizam o que lhes é oferecido, curam os doentes e anunciam a chegada do Reino de Deus. Se o Senhor lhes concede o dom da cura e dos milagres, usam-no com humildade. Mas saberão sempre sanar pessoas e relacionamentos, com o dom mais sublime, o da caridade (Cf. 1 Cor 12,31 – 13,13).
Como encontrar tais pessoas, já que parecem tão raras, pelas suas características? “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua messe” (Lc 10, 2). Só o Senhor pode transformar em operários os que se encontrarem ociosos (Cf. Mt 20, 1-16), ou fazer de possíveis mercenários autênticos pastores, dispostos a darem a própria vida. Em todos os setores da vida da sociedade e da Igreja existem, tenho certeza, homens e mulheres que hoje, não amanhã, podem dar uma resposta genuína ao chamado de Deus, vindo a se tornarem autênticos missionários. Encontram-se espalhados por aí e podem ser despertados pelas gritantes realidades que nos cercam, através das quais o Senhor lhes fala e convoca! Há que pedir que o Pai do Céu os acorde! Misteriosamente, Deus quer depender de nossas orações para que surjam novos missionários e para que todos os discípulos de Jesus sejam transformados em missionários!
Temos a alegria de ver que jovens nascidos em nosso meio, respondem ao chamado de Deus. No dia seis de julho, data em que agradeço a Deus os vinte e dois anos de Ordenação Episcopal, quatro jovens de nossa Igreja – Everson Vianna Corrêa, Fabrício da Silva Albuquerque, Maurício Henrique Almeida dos Santos e Valdinei de Lima Silva – serão ordenados Diáconos, assumindo o serviço da Caridade, da Palavra e do Altar. Assumirão publicamente, “nadando contra a correnteza” no mundo em que vivemos, o compromisso do celibato pelo Reino de Deus. Farão conscientemente a promessa de obediência, nas mãos do Bispo, para servir ao Povo de Deus. Daqui a alguns meses serão padres para a Igreja de Belém. Eles aceitaram ser resposta amorosa e providente de Deus ao pedido por novas e santas vocações! Seu gesto seja testemunho vivo para muitas pessoas, crianças, adolescentes, jovens e adultos. Rezemos com a Igreja: “Enviai, Senhor, operários para a vossa messe, pois a messe é grande e poucos são os operários!”.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

As definições pontifícias desde a fundação da Igreja católica



Como prometi no artigo da semana passada, hoje vou apresentar a relação das 13 definições dogmáticas proferidas ao largo dos mais de 2000 anos de história do catolicismo.

Conforme vimos, a infalibilidade do papa é, na verdade, um apanágio da Igreja. Trata-se de um carisma necessário, exercido com muita humildade na ausculta da fé, em profunda oração.
1) Ano: 449. O papa são Leão Magno expõe a doutrina do mistério da encarnação. Em Cristo há uma só pessoa (divina) e duas naturezas (divina e humana). Debela-se, assim, a heresia de Nestório.
2) Ano: 680. O papa são Agatão ensina haver em Cristo duas vontades distintas, a divina e a humana, ficando a vontade humana moralmente submissa à divina. O objetivo da definição era reprimir uma nova modalidade de monotelitismo, que dizia haver em Cristo unicamente a vontade divina.
3) Ano: 1302. O papa Bonifácio VIII declara que toda criatura humana está sujeita ao pontífice romano. De fato, de acordo com a judiciosa explicação de dom Estêvão Bettencourt, OSB, “esta sentença tem de ser compreendida no seu respectivo quadro histórico”, pois vivia-se uma época de intenso laicismo no qual o Estado preponderava sobre a religião. Aplica-se, ainda, para nós, na atualidade, à medida que todo ser humano está sujeito à moral evangélica, infalivelmente lecionada pelo papa.
4) Ano: 1336. O papa Bento XII definia que, logo após a morte, as almas sem nenhum pecado, nem venial, são admitidas à visão beatífica ou contemplação de Deus. Esta definição põe por terra certas doutrinas heterodoxas muito em voga hoje em dia de que, logo depois do óbito, o indivíduo ressuscitaria.
5) Ano: 1520. O papa Leão X condenou 41 proposições de frei Martinho Lutero. Sabe-se que o aludido frade agostiniano fixara 95 teses na porta da Catedral de Wittemberga, na Alemanha. Cuida-se das famigeradas heresias protestantes, como, por exemplo, a justificação só pela fé, o olvido da tradição e supervalorização da bíblia, a negação do papel de Maria santíssima na economia da salvação, entre tantos postulados do século XVI.
6) Ano: 1653. O papa Inocêncio X reprova o jansenismo, que nutria um conceito pessimista da natureza humana. Os adeptos desta heresia asseveravam que o homem só podia praticar o bem sob o influxo irresistível da graça divina.
7) Ano: 1687. O papa Inocêncio XI denunciou a heresia das proposições de Miguel de Molinos, as quais queriam identificar a perfeição espiritual com tranqüilidade e passividade da alma (quietismo).
8) Ano: 1699. O papa Inocêncio XII condenou as assertivas de François de Fénelon, que queriam renovar o quietismo, anteriormente exprobrado por Inocêncio XI.
9) Ano: 1713. O papa Clemente XI novamente o jansenismo expresso na obra de Pascásio Quesnel.
10) Ano: 1794. O papa Pio VI denunciou 85 teses heréticas promulgadas em Toscana, no Sínodo de Pistoia, que retratavam o nacionalismo e depotismo do Estado.
11) Ano: 1854. O papa Pio IX define o dogma da imaculada concepção de Maria de Nazaré. Numa prerrogativa especial, nossa Senhora foi concebida sem a mancha do pecado original.
12) Ano: 1950. O papa Pio XII define o dogma da assunção de Maria ao céu, em corpo e alma. Este dogma é corolário da imaculada conceição. Alguns teólogos não falam em morte de Maria, mas preferem a expressão “dormição de Maria”.
13) Ano: 1994. O papa João Paulo II, na carta apostólica “Ordinatio Sacerdotalis”, define o non possumus (impossibilidade) da Igreja no que tange à ordenação de mulheres. O argumento básico é que Jesus, o divino fundador da Igreja católica, não escolheu mulheres para o grupo dos apóstolos, embora pudesse fazê-lo e, muitas vezes, tivesse agido contra o machismo cultural de sua época.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Falta apenas a assinatura do Papa para a Canonização de João Paulo II



A reunião plenária dos cardeais e bispos da Congregação para a Causa dos Santos aprovou na manhã de ontem o segundo milagre de João Paulo II, que abre as portas para sua canonização, ou seja, a proclamação oficial que o nomeará santo. Agora, falta apenas a assinatura do Papa Francisco.

Em abril deste ano, a comissão médica considerou por unanimidade a cura realizada por intercessão do beato como inexplicável para a ciência. Em Junho, a comissão de teólogos aceitou o segundo milagre, e hoje a comissão de cardeais e bispos da Congregação certificou que a cura foi por intercessão do papa polonês.
O milagre foi realizado por Wojtyla no mesmo dia da canonização, em 1 de maio de 2011. O Vaticano ainda não divulgou a natureza do milagre, mas o jornal italiano Il Giornale diz que a cura inexplicável é de uma mulher da Costa Rica atingida por uma lesão cerebral grave.
Entretanto, o milagre seria duplo, uma vez que a família do paciente tinha perdido a fé por causa da dor do infortúnio, e teria recuperado ao ver a cura inexplicável.
A aprovação de hoje é o último passo antes da assinatura do decreto do Papa Francisco, que deverá convocar um Consistório em que anunciará oficialmente a data da canonização.
Quanto à data da canonização, os cardeais e bispos da Congregação, durante a reunião hodierna, mostraram certa preferência para o mês de dezembro, após a conclusão do Ano da Fé. E devemos ter em mente também que está pendente a data da canonização de João XXIII.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Mensagem do Santo Padre


Senhores Cardeais,
Eminentíssimo Metropolita Ioannis,

Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,

Amados irmãos e irmãs!

Celebramos a solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, padroeiros principais da Igreja de Roma; uma festa tornada ainda mais jubilosa pela presença de Bispos de todo o mundo. Uma enorme riqueza que nos faz reviver, de certa forma, o evento de Pentecostes: hoje, como então, a fé da Igreja fala em todas as línguas e quer unir os povos numa só família.

Saúdo cordialmente e com gratidão a Delegação do Patriarcado de Constantinopla, guiada pelo Metropolita Ioannis. Agradeço ao Patriarca ecuménico Bartolomeu I este novo gesto fraterno. Saúdo os Senhores Embaixadores e as Autoridades civis. Um obrigado especial ao Thomanerchor, o Coro da Thomaskirche [Igreja de São Tomé] de Lípsia – a igreja de Bach – que anima a Liturgia e constitui mais uma presença ecuménica.

Três pensamentos sobre o ministério petrino, guiados pelo verbo «confirmar». Em que é chamado a confirmar o Bispo de Roma?

1. Em primeiro lugar, confirmar na fé. O Evangelho fala da confissão de Pedro: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16), uma confissão que não nasce dele, mas do Pai celeste. É por causa desta confissão que Jesus diz: «Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja» (16, 18). O papel, o serviço eclesial de Pedro tem o seu fundamento na confissão de fé em Jesus, o Filho de Deus vivo, tornada possível por uma graça recebida do Alto. Na segunda parte do Evangelho de hoje, vemos o perigo de pensar de forma mundana. Quando Jesus fala da sua morte e ressurreição, do caminho de Deus que não corresponde ao caminho humano do poder, voltam ao de cima em Pedro a carne e o sangue: «Pedro começou a repreendê-Lo, dizendo: (…) Isso nunca Te há-de acontecer!» (16, 22). E Jesus tem uma palavra dura: «Afasta-te, Satanás! Tu és para Mim um estorvo» (16, 23). Quando deixamos prevalecer os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a lógica do poder humano e não nos deixamos instruir e guiar pela fé, por Deus, tornamo-nos pedra de tropeço. A fé em Cristo é a luz da nossa vida de cristãos e de ministros na Igreja!

2. Confirmar no amor. Na segunda leitura, ouvimos as palavras comoventes de São Paulo: «Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel» (2 Tm 4, 7). Qual combate? Não é o das armas humanas, que, infelizmente, ainda ensanguenta o mundo, mas o combate do martírio. São Paulo tem uma única arma: a mensagem de Cristo e o dom de toda a sua vida por Cristo e pelos outros. E foi precisamente este facto de expor-se em primeira pessoa, deixar-se consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos sem se poupar, que o tornou credível e edificou a Igreja. O Bispo de Roma é chamado a viver e confirmar neste amor por Cristo e por todos, sem distinção, limite ou barreira. E não só o Bispo de Roma, mas todos vós, novos arcebispos e bispos, tendes o mesmo dever: deixar-se consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos. O dever de não se poupar, de se esquecer de si ao serviço do povo santo e fiel de Deus.

3. Confirmar na unidade. Aqui detenho-me a considerar o gesto que realizámos. O Pálio é símbolo de comunhão com o Sucessor de Pedro, «princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão» (Conc. Ecum. Vat. ii, Lumen gentium, 18). E hoje a vossa presença, amados Irmãos, é o sinal de que a comunhão da Igreja não significa uniformidade. Referindo-se à estrutura hierárquica da Igreja, o Concílio Vaticano II afirma que o Senhor «constituiu [os Apóstolos] em colégio ou grupo estável e deu-lhes como chefe a Pedro, escolhido de entre eles» (ibid., 19). Confirmar na unidade: o Sínodo dos Bispos, em harmonia com o primado. Devemos avançar por esta estrada da sinodalidade, crescer em harmonia com o serviço do primado. E continua o Concílio: «Este colégio, enquanto composto por muitos, exprime a variedade e universalidade do Povo de Deus» (ibid., 22). Na Igreja, a variedade, que é uma grande riqueza, sempre se funde na harmonia da unidade, como um grande mosaico onde todos os ladrilhos concorrem para formar o único grande desígnio de Deus. E isto deve impelir a superar sempre todo o conflito que possa ferir o corpo da Igreja. Unidos nas diferenças: não há outra estrada para nos unirmos. Este é o espírito católico, o espírito cristão: unir-se nas diferenças. Este é o caminho de Jesus! O Pálio, se é sinal da comunhão com o Bispo de Roma, com a Igreja universal, com o Sínodo dos Bispos é também um compromisso que obriga cada um de vós a ser instrumento de comunhão.

Confessar o Senhor deixando-se instruir por Deus, consumar-se por amor de Cristo e do seu Evangelho, ser servidores da unidade: estas são as incumbências que os Apóstolos São Pedro e São Paulo confiam a cada um de nós, amados Irmãos no Episcopado, para serem vividas por cada cristão. Sempre nos guie e acompanhe com a sua intercessão a Santíssima Mãe de Deus: Rainha dos Apóstolos, rogai por nós! Amen.

Fonte: Zenit.