sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Ajuda à Igreja que Sofre: exemplo concreto de ecumenismo
“Muito além das formalidades e dos cartões de bons desejos nas festividades”. “É verdade que não podemos celebrar a liturgia juntos, mas isso não impede as boas relações humanas”. Entre frases como estas, ao acolher uma delegação internacional da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o bispo ortodoxo Aristarco, de Kemerovo e Novokutznetsk, na Sibéria, chamou de "calorosas" as relações entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, unidas por desafios comuns.
“Na época da legislação contra os crucifixos nas escolas, fomos os primeiros a dar apoio a Roma”, diz ele, “com quem compartilhamos muitos valores. Acima de tudo, o valor do respeito pela dignidade da vida. Se permanecermos juntos, será mais fácil continuar manifestando as nossas posições e resistindo firmemente aos desafios que enfrentamos hoje”.
Desde o começo da década de 1990, a AIS apoia projetos em favor da Igreja Ortodoxa russa, à qual doou mais em 2011 mais de 700 mil euros. Na eparquia do sudoeste da Sibéria, criada em 1993, a fundação apoia os alunos do seminário de Novokuznetsk, inaugurado em 2004 e construído em parte com a subvenção da AIS. No ano passado, além de auxílios à formação dos 121 seminaristas, foi financiado o equipamento para a implantação de uma pequena padaria, que reduzirá significativamente os custos da estrutura.
O bispo, que também é reitor do seminário, agradeceu não só pelo apoio financeiro, mas principalmente pela atenção que a fundação oferece à eparquia ortodoxa. "Graças a esta ajuda, os nossos alunos aprendem a natureza das relações entre as duas comunidades. Os ensinamentos sozinhos não são suficientes: precisamos de fatos. Como os progressos feitos na Polônia".
Outra prova das excelentes relações é a troca mútua de relíquias, como a de São Nicolau, doada em 2008 a Aristarco pelo bispo de Novosibirsk, dom Joseph Werth, e pelo ex-núncio apostólico dom Antonio Mennini. Peter Humeniuk, responsável pela seção russa da AIS, durante conversa com o bispo, afirmou que “Kemerovo é um dos exemplos mais esplêndidos de amizade entre as duas Igrejas”.
O metropolita conta à AIS-Itália que o crescimento extraordinário da sua diocese nos últimos anos viu dobrar, se não triplicar, o número de fiéis. "O mérito é da reforma" iniciada pelo patriarca Kirill no ano passado, criando novas eparquias.
Várias dioceses da antiga subdivisão, que remontava à era soviética, se estendiam por milhares de quilômetros, o que tornava difícil o trabalho dos bispos nas próprias comunidades. "A nova estrutura permite que os sacerdotes fiquem mais perto do povo", diz Aristarco.
A ação pastoral da eparquia é notável, especialmente no campo social e junto à juventude. Na área de Kemerovo, há trinta presídios. O apoio dos sacerdotes, muitas vezes, é o único que os detentos recebem. Esse trabalho é apoiado pela AIS inclusive mediante fornecimento de textos sagrados. A Igreja também está atenta às necessidades dos doentes e dos dependentes químicos: em breve, abrirá um novo centro de desintoxicação.
A diocese siberiana também administra duas escolas ortodoxas de ensino médio, onde estudam mais de 300 alunos. "Em vários momentos da nossa história, fomos impedidos de educar os nossos filhos”, diz à AIS-Itália o padre Sergej Konstantin, reitor da igreja de Santa Tatiana de Kemerovo. “Agora podemos finalmente ver os frutos do nosso trabalho”.
Estes progressos nos levam para a Itália, até a província de Bergamo, em Calcinate. Através da amizade com o movimento Comunhão e Libertação e a Fraternidade Sacerdotal dos Missionários de São Carlos Borromeu, nasceu a parceria entre a escola russa e o liceu La Traccia. "No mundo de hoje”, acrescenta o padre Sergei, “nós, ortodoxos, temos os mesmos problemas dos católicos. E temos que enfrentá-los juntos, aprendendo uns com os outros".
Fonte: Zenit.
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