A Igreja celebra duas realidades que se aproximam e são carregadas de ensinamentos para todos os cristãos. A Comemoração dos Fiéis defuntos, no dia dois de novembro, consta do Calendário Litúrgico da Igreja Católica. Com alegria constatamos que outras confissões cristãs e também outros grupos religiosos aproveitam a data da Igreja e relembram suas pessoas falecidas. "Para os que creem, a vida não é tirada, mas transformada; e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível", como rezamos na Liturgia de Finados. Tomando consciência da passagem pela morte, olhamos para frente e para o alto, com a Solenidade de todos os Santos. Na plenitude da vida em Deus está nossa esperança e nosso futuro!
A proposta da Igreja para todos os cristãos é a santidade, e alguém já cantava "ou santos, ou nada!”. No entanto, habituados demais ao ritmo algumas vezes modorrento da vida cotidiana, pode acontecer que percamos o rumo, não dando ao Senhor da vida todas as respostas aos seus apelos, ajeitando-nos na mediocridade. Vale a pena provocar-nos na estrada da santidade!
Ser santos! É proposta de Deus e de sua Igreja para todos. Não fomos feitos para o pecado e para a maldade. Primeiro passo é ter no coração um grande ideal, uma meta a alcançar, buscando o que agrada a Deus, o que faz bem para as pessoas e para nós mesmos, não cedendo ao derrotismo que se encontra à espreita. São João Paulo II, na Exortação Apostólica Novo Millenio Ineunte (NMI), recordou preciosos ensinamentos da Igreja: "Não hesito em dizer que o horizonte para que deve tender todo o caminho pastoral é a santidade... É preciso redescobrir, em todo o seu valor programático, a Constituição dogmática Lumen Gentium (Cf. Lumen Gentium, capítulo 5), intitulado vocação universal à santidade... A redescoberta da Igreja como mistério, ou seja, como um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, não podia deixar de implicar um reencontro com a sua santidade, entendida no seu sentido fundamental de pertença àquele que é o Santo por excelência, o três vezes Santo (Cf. Is 6, 3). Professar a Igreja como santa significa apontar o seu rosto de Esposa de Cristo, que a amou entregando-se por ela precisamente para a santificar (Cf. Ef 5, 25-26). Este dom de santidade, por assim dizer, objetiva é oferecido a cada batizado. Mas, o dom gera, por sua vez, um dever, que há de moldar a existência cristã inteira: Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação (1 Ts 4, 3). É um compromisso que diz respeito não apenas a alguns, mas os cristãos de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade." (NMI 30).
Ser Santos! Olhar para a plêiade de testemunhas qualificadas, a Virgem Maria, os Apóstolos e Mártires, Virgens e Confessores, homens e mulheres, crianças, jovens e adultos que oferecem às sucessivas gerações de cristãos a veemente proclamação de que o Evangelho é verdadeiro e possível de ser vivido. E basta olhar ao nosso redor, para descobrir pessoas admiráveis, sim, gente que podemos seguir pelo seu comportamento ilibado, por acreditar seriamente nos ensinamentos da Escritura e da Igreja. Não faltam mestres e mestras! Olhe para o lado!
Ser Santos! Olhar para o lado é também descobrir ao nosso redor pessoas que estão na mesma luta em que nos encontramos. Há grupos de cristãos que evangelizam com a liberdade de contar as próprias experiências, dando seu testemunho. Não se trata de pessoas perfeitas e "arrumadinhas", mas gente que pode cair milhões de vezes e recomeçar, sempre olhando para a meta da perfeição e da santidade. Uma das coisas que aprenderam é que seus limites e qualidades, oferecidos e contados com respeito, tornam-se parte do tesouro da Igreja!
Ser Santos! Olhar para dentro, no íntimo da própria consciência, descobrindo-se como tabernáculo em que Deus quer habitar Ser Santos! Não das guaridas às sugestões do maligno, mas corrigir imediatamente os rumos das próprias escolhas, estabelecendo intenções boas e retas em todas as ações, não se permitindo duplicidade, fingimento e mentira. Há um espaço dentro de cada pessoa indevassável, onde só ela e Deus podem entrar. Ser santos é deixar a casa interior sempre arrumada!
Olhar para frente! Deus, quando nos perdoa, e ele perdoa sempre, não brinca conosco. Todas as pessoas que fizeram a experiência autêntica do valor do Sacramento da Reconciliação sabem o quanto é libertador ouvir as palavras da Absolvição e sentir que Deus cancelou suas culpas, queimando-as na fornalha da Misericórdia infinita que se encontra em seu Filho, Jesus Cristo. De fato, na Cruz foi pregada nossa vida passada, lavada no Sangue de Cristo. Olhar para frente significa ainda melhorar sempre e cada vez mais, pois quem permanece parado, já está regredindo!
Ser Santos! Olhar para baixo, não para pisar nas pessoas, mas mantendo a ordem de valores e escolhas pensada por Deus. Bens materiais, dinheiro, propriedades e qualquer tipo de apego devem passar por um processo de purificação. Ocupando lugar em nosso coração, seremos estragados por dentro! Aprendemos com o Evangelho: "Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt 6, 19-21). Se estes valores são colocados ao nosso lado, tomam o lugar das pessoas a serem amadas como irmãs e irmãos. Se ficam acima de nós, desastre completo, pois tomam posse do lugar de Deus!
Ser Santos. É ainda São João Paulo II que toma a palavra: "A recordação desta verdade elementar, para fazer dela o fundamento da programação pastoral poderia parecer, à primeira vista, algo de pouco operativo. Pode-se porventura programar a santidade? Na verdade, colocar a programação pastoral sob o signo da santidade é uma opção carregada de consequências. Significa exprimir a convicção de que, se o Batismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno: Queres receber o Batismo? significa ao mesmo tempo pedir-lhe: Queres fazer-te santo? Significa colocar na sua estrada o radicalismo do Sermão da Montanha: Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste" (Mt 5,48; NMI 31).
A Festa de todos os Santos seja celebrada na Terra e nos Céus! E se acrescente também o nosso nome aos que dela participam!
Dom Alberto Taveira, arcebispo de Belém do Pará. Belém do Pará
sábado, 31 de outubro de 2015
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
"Deus é poderoso e pode fazer tudo, menos uma coisa: parar de nos amar"
Deus não condena: Deus ama. E ama a ponto de que o amor é a sua “fraqueza”, a ponto de chorar pelos ímpios e pelos que se afastam dele. Com essa imagem de ternura quase maternal, o papa retratou na missa em Santa Marta o amor do Pai pelo homem.
"Jesus chora sobre Jerusalém, que mata os profetas que lhe anunciam a salvação. E Deus diz a Jerusalém e a todos nós: 'Quantas vezes quis eu juntar os teus filhos, como a galinha junta a sua ninhada debaixo das asas, e tu não quiseste!' E quantas vezes ‘eu quis fazer sentir esse carinho, esse amor, como a galinha com seus pintinhos, e tu recusaste’".
"Todo homem, toda mulher, pode recusar o presente" de Deus e preferir a sua vaidade, o seu orgulho, o seu pecado. "Mas o presente está ali", porque Deus "não pode ficar longe de nós. Essa é a ‘impotência’ de Deus. Nós dizemos: ‘Deus é poderoso, pode fazer tudo!’. Menos uma coisa: ficar longe de nós".
Não é por nada que São Paulo se diz "convencido de que nem morte nem vida, nem anjos, nem principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos deste amor". Na primeira leitura, o Apóstolo dos gentios enfatiza que os cristãos são vencedores porque, "se Deus é por nós, quem será contra nós?". Quem nos condenará, se Deus nos salva?
Mas essa "força de vencedor", que é um presente, os cristãos não podem considerar "como uma propriedade", adverte o papa. O sentido não é o de “somos os campeões", mas o de “somos vencedores não porque temos este presente em mãos, e sim porque nada nem ninguém ‘poderá separar-nos do amor de Deus, que é em Cristo Jesus, nosso Senhor’".
"Não é que sejamos vencedores sobre os nossos inimigos, sobre o pecado. Não! Nós estamos tão ligados ao amor de Deus que nenhuma pessoa, nenhum poder, nada pode nos separar deste amor. Paulo viu no presente Aquele que dá o presente: é o dom de recriação, é o dom do renascimento em Cristo Jesus. Ele viu o amor de Deus. Um amor que não pode ser explicado".
Um amor que leva Jesus às lágrimas, como diz o Evangelho, fazendo-nos entender um pouco sobre ele, observa Francisco: "Jesus chorou! Chorou sobre Jerusalém e aquele choro é toda a ‘impotência’ de Deus: a sua incapacidade de não amar, de não ficar longe de nós. Deus chora, chora por mim quando me afasto; chora por cada um de nós; chora pelos iníquos, que fazem tantas coisas ruins, tanto mal para a humanidade... Ele espera, não condena. Ele chora. Por quê? Porque ama!", diz o pontífice.
"Deus não pode não amar!", insiste o papa. "E esta é a nossa segurança. Eu posso rejeitar esse amor, como o bom ladrão o recusou até o fim da sua vida. Mas lá estava aquele amor esperando por ele. O pior de nós, o maior blasfemador é amado por Deus com uma ternura de pai, de papai". Ou, como diz São Paulo, como diz o Evangelho, como diz Cristo, "como uma galinha ama os seus pintinhos".
Fonte: Zenit.
"Jesus chora sobre Jerusalém, que mata os profetas que lhe anunciam a salvação. E Deus diz a Jerusalém e a todos nós: 'Quantas vezes quis eu juntar os teus filhos, como a galinha junta a sua ninhada debaixo das asas, e tu não quiseste!' E quantas vezes ‘eu quis fazer sentir esse carinho, esse amor, como a galinha com seus pintinhos, e tu recusaste’".
"Todo homem, toda mulher, pode recusar o presente" de Deus e preferir a sua vaidade, o seu orgulho, o seu pecado. "Mas o presente está ali", porque Deus "não pode ficar longe de nós. Essa é a ‘impotência’ de Deus. Nós dizemos: ‘Deus é poderoso, pode fazer tudo!’. Menos uma coisa: ficar longe de nós".
Não é por nada que São Paulo se diz "convencido de que nem morte nem vida, nem anjos, nem principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos deste amor". Na primeira leitura, o Apóstolo dos gentios enfatiza que os cristãos são vencedores porque, "se Deus é por nós, quem será contra nós?". Quem nos condenará, se Deus nos salva?
Mas essa "força de vencedor", que é um presente, os cristãos não podem considerar "como uma propriedade", adverte o papa. O sentido não é o de “somos os campeões", mas o de “somos vencedores não porque temos este presente em mãos, e sim porque nada nem ninguém ‘poderá separar-nos do amor de Deus, que é em Cristo Jesus, nosso Senhor’".
"Não é que sejamos vencedores sobre os nossos inimigos, sobre o pecado. Não! Nós estamos tão ligados ao amor de Deus que nenhuma pessoa, nenhum poder, nada pode nos separar deste amor. Paulo viu no presente Aquele que dá o presente: é o dom de recriação, é o dom do renascimento em Cristo Jesus. Ele viu o amor de Deus. Um amor que não pode ser explicado".
Um amor que leva Jesus às lágrimas, como diz o Evangelho, fazendo-nos entender um pouco sobre ele, observa Francisco: "Jesus chorou! Chorou sobre Jerusalém e aquele choro é toda a ‘impotência’ de Deus: a sua incapacidade de não amar, de não ficar longe de nós. Deus chora, chora por mim quando me afasto; chora por cada um de nós; chora pelos iníquos, que fazem tantas coisas ruins, tanto mal para a humanidade... Ele espera, não condena. Ele chora. Por quê? Porque ama!", diz o pontífice.
"Deus não pode não amar!", insiste o papa. "E esta é a nossa segurança. Eu posso rejeitar esse amor, como o bom ladrão o recusou até o fim da sua vida. Mas lá estava aquele amor esperando por ele. O pior de nós, o maior blasfemador é amado por Deus com uma ternura de pai, de papai". Ou, como diz São Paulo, como diz o Evangelho, como diz Cristo, "como uma galinha ama os seus pintinhos".
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
“Prisioneiros do Estado Islâmico rezavam o terço e não renegavam a fé”
O monge e sacerdote siro-católico Jacques Mourad, prior do mosteiro de Mar Elia, contou em entrevista à emissora cristã Noursat TV - Tele Lumière a experiência que viveu no cativeiro depois de ser sequestrado pelos milicianos do Estado Islâmico.
Em 21 de maio deste ano, um grupo de homens armados o raptou, juntamente com um ajudante, na periferia de Qaryatayn, cidade de população cristã e sunita que, dois meses antes, tinha caído em mãos dos extremistas islâmicos. O padre fazia parte da comunidade fundada pelo sacerdote jesuíta romano Paolo Dall'Oglio, desaparecido no norte da Síria em 29 de julho de 2013, quando estava em Raqqa.
“Quando estava sendo deportado, com as mãos amarradas e os olhos vendados, surpreendi a mim mesmo repetindo-me: ‘Caminho para a liberdade’. O cativeiro, para mim, foi como um novo nascimento”, afirmou o padre Jacques, relatando, entre outras coisas, que celebrava a missa num dormitório subterrâneo onde tinham sido encarcerados previamente mais de 250 cristãos de Qaryatayn, também sequestrados pelos jihadistas.
“Os cristãos eram interpelados com frequência sobre a sua fé e a sua doutrina cristã, mas não se converteram ao islã, apesar das pressões. Permaneceram fiéis à oração do rosário. Esta experiência de provação fortaleceu a fé de todos, inclusive a mi fé como sacerdote. É como se eu tivesse nascido de novo”.
Fonte: Zenit.
Em 21 de maio deste ano, um grupo de homens armados o raptou, juntamente com um ajudante, na periferia de Qaryatayn, cidade de população cristã e sunita que, dois meses antes, tinha caído em mãos dos extremistas islâmicos. O padre fazia parte da comunidade fundada pelo sacerdote jesuíta romano Paolo Dall'Oglio, desaparecido no norte da Síria em 29 de julho de 2013, quando estava em Raqqa.
“Quando estava sendo deportado, com as mãos amarradas e os olhos vendados, surpreendi a mim mesmo repetindo-me: ‘Caminho para a liberdade’. O cativeiro, para mim, foi como um novo nascimento”, afirmou o padre Jacques, relatando, entre outras coisas, que celebrava a missa num dormitório subterrâneo onde tinham sido encarcerados previamente mais de 250 cristãos de Qaryatayn, também sequestrados pelos jihadistas.
“Os cristãos eram interpelados com frequência sobre a sua fé e a sua doutrina cristã, mas não se converteram ao islã, apesar das pressões. Permaneceram fiéis à oração do rosário. Esta experiência de provação fortaleceu a fé de todos, inclusive a mi fé como sacerdote. É como se eu tivesse nascido de novo”.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
No dia 01 de novembro, nada de esqueletos e fantasmas, mas sim o mais belo rosto da Igreja: os santos
O fenômeno do Halloween, introduzido pela cultura celta e por tradições pagãs, estabeleceu-se tão exuberantemente em nossa realidade, ridicularizando, assim, o princípio cristão da comunhão dos santos.
O mundo oculto define a noite de 31 de outubro como o dia mais mágico do ano, o ano novo do mundo esotérico. As notícias internacionais em qualquer parte do mundo estão cheias de eventos amedrontadores que acontecem nesta noite.
As novas gerações são acostumadas ao culto do horror e da violência, tornando "normais" as figuras e diversões assustadoras e repulsivas: fantasmas, vampiros, bruxas e demônios, com a falsa motivação de exorcizar e superar o medo da morte.
"Nós não queremos ser intolerantes, retrógrados ou fazer censura - diz Dom Pasqualino Di Dio, exorcista da diocese de Piazza Armerina, Itália – mas devemos afirmar que, além de não respeitar as nossas tradições, o escopo do fenômeno Halloween é a difusão de uma mentalidade mágica que às vezes inconscientemente ou ingenuamente através de festas é introduzida.
O Halloween faz do espiritualismo e do macabro seu centro inspirador, tentando boicotar e transformar a recordação de todos os santos e a celebração pelos fiéis defuntos em um evento de marketing, de negócios do macabro.
Tudo isso está lentamente entrando nas escolas, promovido como uma brincadeira educativa. Quando vemos os nossos filhos copiando o costume americano de "trick or treat", pedindo doces de casa em casa, tudo parece inofensivo e divertido, mas será que não estamos introduzindo, inconscientemente, um ritual pagão? Às vezes, as escolas são enfeitadas para comemorar o Halloween, mas se negam a montar um presépio no Natal.
Na noite de 31 de outubro, muitas paróquias organizam várias atividades para celebrar Holyween - Noite dos Santos -, por meio de vigílias de oração e evangelização. Uma noite em oração é um verdadeiro desafio contra as noites sem sentido que muitas vezes vivem tantos jovens que procuram a felicidade na direção errada. A paróquia carmelita de Gela, por exemplo, há seis anos organiza uma vigília de oração que começa com a Missa, depois, adoração eucarística, e continua com confissões até tarde da noite.
"Devemos olhar para os santos e para os nossos entes queridos - continua Dom Pasqualino - isto é, para o mistério da morte de modo luminoso, com o olhar para o céu. Por anos, convidamos os fiéis a não exporem esqueletos ou fantasmas, máscaras de monstros, zumbis ensanguentados ou caveiras, mas o mais belo rosto da Igreja e da nossa terra: os santos. Os santos nos recordam que a santidade é possível se nos tornarmos pessoas capazes de dar um significado forte para as nossas vidas e de mudar o mundo, começando com as pequenas coisas de todos os dias".
"A Festa de Todos os Santos leva-nos a celebrar o santo cujo nome trazemos e é também a festa de cada um de nós, chamados à santidade - diz o exorcista -. A mentalidade do mundo de hoje, muitas vezes nos engana fazendo a santidade parecer algo de extraordinário e inalcançável por pessoas comuns. Na realidade, é uma meta que Deus nos deu e tornou-a acessível a todos que creem em Cristo".
"A santidade não é medida conforme os milagres e os fenômenos místicos extraordinários que muitas vezes a acompanham, mas conforme o amor a Deus e ao próximo. A santidade consiste em transformar as coisas ordinárias em extraordinárias", concluiu Dom Pasqualino.
Fonte: Zenit.
O mundo oculto define a noite de 31 de outubro como o dia mais mágico do ano, o ano novo do mundo esotérico. As notícias internacionais em qualquer parte do mundo estão cheias de eventos amedrontadores que acontecem nesta noite.
As novas gerações são acostumadas ao culto do horror e da violência, tornando "normais" as figuras e diversões assustadoras e repulsivas: fantasmas, vampiros, bruxas e demônios, com a falsa motivação de exorcizar e superar o medo da morte.
"Nós não queremos ser intolerantes, retrógrados ou fazer censura - diz Dom Pasqualino Di Dio, exorcista da diocese de Piazza Armerina, Itália – mas devemos afirmar que, além de não respeitar as nossas tradições, o escopo do fenômeno Halloween é a difusão de uma mentalidade mágica que às vezes inconscientemente ou ingenuamente através de festas é introduzida.
O Halloween faz do espiritualismo e do macabro seu centro inspirador, tentando boicotar e transformar a recordação de todos os santos e a celebração pelos fiéis defuntos em um evento de marketing, de negócios do macabro.
Tudo isso está lentamente entrando nas escolas, promovido como uma brincadeira educativa. Quando vemos os nossos filhos copiando o costume americano de "trick or treat", pedindo doces de casa em casa, tudo parece inofensivo e divertido, mas será que não estamos introduzindo, inconscientemente, um ritual pagão? Às vezes, as escolas são enfeitadas para comemorar o Halloween, mas se negam a montar um presépio no Natal.
Na noite de 31 de outubro, muitas paróquias organizam várias atividades para celebrar Holyween - Noite dos Santos -, por meio de vigílias de oração e evangelização. Uma noite em oração é um verdadeiro desafio contra as noites sem sentido que muitas vezes vivem tantos jovens que procuram a felicidade na direção errada. A paróquia carmelita de Gela, por exemplo, há seis anos organiza uma vigília de oração que começa com a Missa, depois, adoração eucarística, e continua com confissões até tarde da noite.
"Devemos olhar para os santos e para os nossos entes queridos - continua Dom Pasqualino - isto é, para o mistério da morte de modo luminoso, com o olhar para o céu. Por anos, convidamos os fiéis a não exporem esqueletos ou fantasmas, máscaras de monstros, zumbis ensanguentados ou caveiras, mas o mais belo rosto da Igreja e da nossa terra: os santos. Os santos nos recordam que a santidade é possível se nos tornarmos pessoas capazes de dar um significado forte para as nossas vidas e de mudar o mundo, começando com as pequenas coisas de todos os dias".
"A Festa de Todos os Santos leva-nos a celebrar o santo cujo nome trazemos e é também a festa de cada um de nós, chamados à santidade - diz o exorcista -. A mentalidade do mundo de hoje, muitas vezes nos engana fazendo a santidade parecer algo de extraordinário e inalcançável por pessoas comuns. Na realidade, é uma meta que Deus nos deu e tornou-a acessível a todos que creem em Cristo".
"A santidade não é medida conforme os milagres e os fenômenos místicos extraordinários que muitas vezes a acompanham, mas conforme o amor a Deus e ao próximo. A santidade consiste em transformar as coisas ordinárias em extraordinárias", concluiu Dom Pasqualino.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 27 de outubro de 2015
Sobre o artigo “Quais poderes de um diácono permanente”
Como leitor de ZENIT há anos, e também Diácono Permanente, gostaria de aprofundar alguns pontos que, na minha opinião, poderiam ter ficado confusos para os demais leitores, referente ao artigo publicado semana passada intitulado “Quais os poderes de um diácono permanente”.
Inicialmente tenho de afirmar que o texto torna confusa a doutrina da Igreja referente aos sacramentos do Batismo e da Ordem. Justamente, o diácono é um homem vocacionado, chamado por Deus para estar entre estes “dois mundos”, se assim me posso expressar. Não se trata mais de ser “simplesmente” um leigo batizado e crismado; nem de querer ser um sacerdote, coisa que não o é. Ele não foi “ordenado para o sacerdócio, mas para o serviço”, conforme a antiquíssima tradição latina de Hipólito de Roma (T.Ap 8). Portanto, é inadequada toda afirmação que queira equivaler o diaconado, seja ao sacerdócio, seja aos leigos.
Dentre as várias colocações, refletirei sobre três que me parecem mais significativas: “o diácono frui do sacerdócio comum de todos os fiéis. Por exemplo, tanto quanto um leigo, o diácono, transitório ou permanente, não pode celebrar uma missa...”.
Evidente: O diácono não é sacerdote, e só o sacerdote pode consagrar... Mas no que se refere às vocações, sejam de bispos, padres, diáconos ou leigos, todas elas possuem sua raiz e origem no Sacramento do Batismo. Mas aos ministros validamente ordenados, foi-lhes conferido uma graça singular própria. Isso levou Santo Agostinho a dizer: “Para vós sou bispo, convosco sou cristão”; e Santo Inácio de Antioquia, já no século II: “que todos reverenciem os diáconos como Jesus Cristo, como também o Bispo, imagem do Pai, e os presbíteros como o senado de Deus. Sem eles não se pode falar de Igreja” (Carta aos Tralianos 3,1).
Visto que “os sacramentos conferem a graça que significam” (CIC &1127), quando o diácono é ordenado, isto é, recebe validamente o Sacramento da Ordem, ele passa a participar de uma singular graça e poder sagrado conferido por este sacramento; este sacramento, diga-se de passagem, que não é o Sacramento do Batismo, mas distinto. O Concílio Vaticano II falou da “graça sacramental própria do diaconado” (LG 29; AG 16) que é distinta de uma simples escolha ou designação para algum trabalho pastoral. Ele é de instituição divina (LG 28) e não humana, como os demais ministérios leigos.
Por isso, o Catecismo da Igreja Católica afirma no &1538: “Hoje a palavra ‘ordinatio’ é reservada ao ato sacramental que integra na ordem dos bispos, presbíteros e diáconos e que transcende uma simples eleição, designação, delegação ou instituição pela comunidade, pois confere um dom do Espírito Santo que permite exercer um ‘poder sagrado’ (sacra potestas LG 10) que só pode vir do próprio Cristo, para sua Igreja”.
Ademais, este Sacramento imprime caráter (&1570), ou seja, é permanente e não transitório como os ministérios “extra” ordinários, que justamente se chamam assim devido a sua exceção, e que somente se justificam na ausência de um ministro ordenado. Por isso, não existem “diáconos transitórios”. Melhor seria referir, então: “diáconos em vista do sacerdócio”. Não existe sacerdócio sem o diaconado.
Tudo isso confere ao diaconado uma particular pertença a Cristo que é denominada como “configuração”. O diácono é configurado ao Cristo-Servo, enquanto o sacerdote é configurado ao Cristo-Sacerdote (&1563). O seu “poder” não é de autoridade, mas de serviço. Isto em nada diminui ou desmerece o bonito e nobre trabalho que os ministros extraordinários exercem em nosso amado Brasil desde o Concílio Vaticano II.
“As bênçãos dadas por um diácono permanente a objetos de uso piedoso, disciplinadas pelo direito canônico, estão teologicamente fundamentadas na vocação evangelizadora de que gozam todos os batizados”.
De fato, em virtude do Sacramento do Batismo, todos os fiéis possuem o sacerdócio batismal que difere, em ofício e grau, do sacerdócio ordenado. Contudo, o diácono recebeu pelo Sacramento da Ordem uma “graça sacramental própria do diaconado” (AG 16). Portanto, quando o diácono abençoa ou ministra outros sacramentais, confere aos fiéis por eles abençoados uma graça sacramental própria, diferente da graça sacramental própria do Batismo. A ele foi conferido um poder sagrado.
“Em resumo, os ditos “poderes” do diácono permanente não advém do sacramento da ordem, e sim do sacramento do batismo, porquanto o diácono permanente, tal como o leigo, está revestido do sacerdócio comum e não do sacerdócio ministerial”.
Como acabei de demonstrar, essa afirmação é um equívoco. O poder sagrado do diaconado advém do Sacramento da Ordem!
A essa bela vocação unem-se 1.331 diáconos “permanentes” atuantes nas pastorais e regiões longínquas deste país. Portanto, sugiro que para qualquer outro esclarecimento se recorra primeiro ao Documento nº 96 da CNBB: “Diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja no Brasil”, onde foi definitivamente instaurado e oficializado o Diaconado no Brasil.
Informações também no nosso órgão central em Brasília: http://www.cnd.org.br/
[Texto de autoria do Diác. Fernando José Bondan, Diocese de Novo Hamburgo-RS. O próprio autor enviou-o a ZENIT e autorizou a publicação]
Inicialmente tenho de afirmar que o texto torna confusa a doutrina da Igreja referente aos sacramentos do Batismo e da Ordem. Justamente, o diácono é um homem vocacionado, chamado por Deus para estar entre estes “dois mundos”, se assim me posso expressar. Não se trata mais de ser “simplesmente” um leigo batizado e crismado; nem de querer ser um sacerdote, coisa que não o é. Ele não foi “ordenado para o sacerdócio, mas para o serviço”, conforme a antiquíssima tradição latina de Hipólito de Roma (T.Ap 8). Portanto, é inadequada toda afirmação que queira equivaler o diaconado, seja ao sacerdócio, seja aos leigos.
Dentre as várias colocações, refletirei sobre três que me parecem mais significativas: “o diácono frui do sacerdócio comum de todos os fiéis. Por exemplo, tanto quanto um leigo, o diácono, transitório ou permanente, não pode celebrar uma missa...”.
Evidente: O diácono não é sacerdote, e só o sacerdote pode consagrar... Mas no que se refere às vocações, sejam de bispos, padres, diáconos ou leigos, todas elas possuem sua raiz e origem no Sacramento do Batismo. Mas aos ministros validamente ordenados, foi-lhes conferido uma graça singular própria. Isso levou Santo Agostinho a dizer: “Para vós sou bispo, convosco sou cristão”; e Santo Inácio de Antioquia, já no século II: “que todos reverenciem os diáconos como Jesus Cristo, como também o Bispo, imagem do Pai, e os presbíteros como o senado de Deus. Sem eles não se pode falar de Igreja” (Carta aos Tralianos 3,1).
Visto que “os sacramentos conferem a graça que significam” (CIC &1127), quando o diácono é ordenado, isto é, recebe validamente o Sacramento da Ordem, ele passa a participar de uma singular graça e poder sagrado conferido por este sacramento; este sacramento, diga-se de passagem, que não é o Sacramento do Batismo, mas distinto. O Concílio Vaticano II falou da “graça sacramental própria do diaconado” (LG 29; AG 16) que é distinta de uma simples escolha ou designação para algum trabalho pastoral. Ele é de instituição divina (LG 28) e não humana, como os demais ministérios leigos.
Por isso, o Catecismo da Igreja Católica afirma no &1538: “Hoje a palavra ‘ordinatio’ é reservada ao ato sacramental que integra na ordem dos bispos, presbíteros e diáconos e que transcende uma simples eleição, designação, delegação ou instituição pela comunidade, pois confere um dom do Espírito Santo que permite exercer um ‘poder sagrado’ (sacra potestas LG 10) que só pode vir do próprio Cristo, para sua Igreja”.
Ademais, este Sacramento imprime caráter (&1570), ou seja, é permanente e não transitório como os ministérios “extra” ordinários, que justamente se chamam assim devido a sua exceção, e que somente se justificam na ausência de um ministro ordenado. Por isso, não existem “diáconos transitórios”. Melhor seria referir, então: “diáconos em vista do sacerdócio”. Não existe sacerdócio sem o diaconado.
Tudo isso confere ao diaconado uma particular pertença a Cristo que é denominada como “configuração”. O diácono é configurado ao Cristo-Servo, enquanto o sacerdote é configurado ao Cristo-Sacerdote (&1563). O seu “poder” não é de autoridade, mas de serviço. Isto em nada diminui ou desmerece o bonito e nobre trabalho que os ministros extraordinários exercem em nosso amado Brasil desde o Concílio Vaticano II.
“As bênçãos dadas por um diácono permanente a objetos de uso piedoso, disciplinadas pelo direito canônico, estão teologicamente fundamentadas na vocação evangelizadora de que gozam todos os batizados”.
De fato, em virtude do Sacramento do Batismo, todos os fiéis possuem o sacerdócio batismal que difere, em ofício e grau, do sacerdócio ordenado. Contudo, o diácono recebeu pelo Sacramento da Ordem uma “graça sacramental própria do diaconado” (AG 16). Portanto, quando o diácono abençoa ou ministra outros sacramentais, confere aos fiéis por eles abençoados uma graça sacramental própria, diferente da graça sacramental própria do Batismo. A ele foi conferido um poder sagrado.
“Em resumo, os ditos “poderes” do diácono permanente não advém do sacramento da ordem, e sim do sacramento do batismo, porquanto o diácono permanente, tal como o leigo, está revestido do sacerdócio comum e não do sacerdócio ministerial”.
Como acabei de demonstrar, essa afirmação é um equívoco. O poder sagrado do diaconado advém do Sacramento da Ordem!
A essa bela vocação unem-se 1.331 diáconos “permanentes” atuantes nas pastorais e regiões longínquas deste país. Portanto, sugiro que para qualquer outro esclarecimento se recorra primeiro ao Documento nº 96 da CNBB: “Diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja no Brasil”, onde foi definitivamente instaurado e oficializado o Diaconado no Brasil.
Informações também no nosso órgão central em Brasília: http://www.cnd.org.br/
[Texto de autoria do Diác. Fernando José Bondan, Diocese de Novo Hamburgo-RS. O próprio autor enviou-o a ZENIT e autorizou a publicação]
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Papa: "Uma fé que não sabe radicar-se na vida das pessoas, permanece árida"
Apresentamos a homilia do Papa Francisco na Santa Missa de encerramento da XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Domingo do Tempo Comum, 25 de outubro de 2015.
As três leituras deste domingo apresentam-nos a compaixão de Deus, a sua paternidade, que se revela definitivamente em Jesus.
O profeta Jeremias, em pleno desastre nacional, enquanto o povo é deportado pelos inimigos, anuncia que «o Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel» (31, 7). E por que o fez? Porque Ele é Pai (cf. 31, 9); e, como Pai, cuida dos seus filhos, acompanha-os ao longo do caminho, sustenta «o cego e o coxo, a mulher grávida e a que deu à luz» (31, 8). A sua paternidade abre-lhes um caminho desimpedido, um caminho de consolação depois de tantas lágrimas e tantas amarguras. Se o povo permanecer fiel, se perseverar na busca de Deus mesmo em terra estrangeira, Deus mudará o seu cativeiro em liberdade, a sua solidão em comunhão: e aquilo que o povo semeia hoje em lágrimas, recolhê-lo-á amanhã com alegria (cf. Sal 125, 6).
Com o Salmo, também nós manifestámos a alegria que é fruto da salvação do Senhor: «A nossa boca encheu-se de sorrisos e a nossa língua de canções» (125, 2). O crente é uma pessoa que experimentou na sua vida a acção salvífica de Deus. E nós, pastores, experimentamos o que significa semear com fadiga, por vezes em lágrimas, e alegrar-se pela graça duma colheita que sempre ultrapassa as nossas forças e as nossas capacidades.
O trecho da Carta aos Hebreus apresentou-nos a compaixão de Jesus. Também Ele «Se revestiu de fraqueza» (cf. 5, 2), para sentir compaixão por aqueles que estão na ignorância e no erro. Jesus é o Sumo Sacerdote grande, santo, inocente, mas ao mesmo tempo é o Sumo Sacerdote que tomou parte nas nossas fraquezas e foi provado em tudo como nós, excepto no pecado (cf. 4, 15). Por isso, é o mediador da nova e definitiva aliança, que nos dá a salvação.
O Evangelho de hoje liga-se directamente à primeira Leitura: como o povo de Israel foi libertado graças à paternidade de Deus, assim Bartimeu foi libertado graças à compaixão de Jesus. Jesus acaba de sair de Jericó. Mas Ele, apesar de ter apenas iniciado o caminho mais importante, o caminho para Jerusalém, detém-Se ainda para responder ao grito de Bartimeu. Deixa-Se comover pelo seu pedido, interessa-Se pela sua situação. Não Se contenta em dar-lhe uma esmola, mas quer encontrá-lo pessoalmente. Não lhe dá instruções nem respostas, mas faz uma pergunta: «Que queres que te faça?» (Mc 10, 51). Poderia parecer uma pergunta inútil: que poderia um cego desejar senão a vista? E todavia, com esta pergunta feita «face a face», directa mas respeitosa, Jesus manifesta que quer escutar as nossas necessidades. Deseja um diálogo com cada um de nós, feito de vida, de situações reais, que nada exclua diante de Deus. Depois da cura, o Senhor diz àquele homem: «A tua fé te salvou» (10, 52). É belo ver como Cristo admira a fé de Bartimeu, confiando nele. Ele acredita em nós, mais de quanto acreditamos nós em nós mesmos.
Há um detalhe interessante. Jesus pede aos seus discípulos que vão chamar Bartimeu. Estes dirigem-se ao cego usando duas palavras, que só Jesus utiliza no resto do Evangelho. Primeiro, dizem-lhe «coragem!», uma palavra que significa, literalmente, «tem confiança, faz-te ânimo!» É que só o encontro com Jesus dá ao homem a força para enfrentar as situações mais graves. A segunda palavra é «levanta-te!», como Jesus dissera a tantos doentes, tomando-os pela mão e curando-os. Os seus limitam-se a repetir as palavras encorajadoras e libertadoras de Jesus, conduzindo directamente a Ele sem fazer sermões. A isto são chamados os discípulos de Jesus, também hoje, especialmente hoje: pôr o homem em contacto com a Misericórdia compassiva que salva. Quando o grito da humanidade se torna, como o de Bartimeu, ainda mais forte, não há outra resposta senão adoptar as palavras de Jesus e, sobretudo, imitar o seu coração. As situações de miséria e de conflitos são para Deus ocasiões de misericórdia. Hoje é tempo de misericórdia!
Mas há algumas tentações para quem segue Jesus. O Evangelho de hoje põe em evidência pelo menos duas. Nenhum dos discípulos pára, como faz Jesus. Continuam a caminhar, avançam como se nada fosse. Se Bartimeu é cego, eles são surdos: o seu problema não é problema deles. Pode ser o nosso risco: face aos contínuos problemas, o melhor é continuar para diante, sem se deixar perturbar. Desta maneira, como aqueles discípulos, estamos com Jesus, mas não pensamos como Jesus. Está-se no seu grupo, mas perde-se a abertura do coração, perdem-se a admiração, a gratidão e o entusiasmo e corre-se o risco de tornar-se «consuetudinários da graça». Podemos falar d’Ele e trabalhar para Ele, mas viver longe do seu coração, que Se inclina para quem está ferido. Esta é a tentação duma «espiritualidade da miragem»: podemos caminhar através dos desertos da humanidade não vendo aquilo que realmente existe, mas o que nós gostaríamos de ver; somos capazes de construir visões do mundo, mas não aceitamos aquilo que o Senhor nos coloca diante de olhos. Uma fé que não sabe radicar-se na vida das pessoas, permanece árida e, em vez de oásis, cria outros desertos.
Há uma segunda tentação: cair numa «fé de tabela». Podemos caminhar com o povo de Deus, mas temos já a nossa tabela de marcha, onde tudo está previsto: sabemos aonde ir e quanto tempo gastar; todos devem respeitar os nossos ritmos e qualquer inconveniente perturba-nos. Corremos o risco de nos tornarmos como «muitos» do Evangelho que perdem a paciência e repreendem Bartimeu. Pouco antes repreenderam as crianças (cf. 10, 13), agora o mendigo cego: quem incomoda ou não está à altura há que excluí-lo. Jesus, pelo contrário, quer incluir, sobretudo quem está relegado para a margem e grita por Ele. Estes, como Bartimeu, têm fé, porque saber-se necessitado de salvação é a melhor maneira para encontrar Jesus.
E, no fim, Bartimeu põe-se a seguir Jesus ao longo da estrada (cf. 10, 52). Não só recupera a vista, mas une-se à comunidade daqueles que caminham com Jesus. Queridos Irmãos sinodais, nós caminhámos juntos. Agradeço-vos pela estrada que compartilhámos tendo o olhar fixo no Senhor e nos irmãos, à procura das sendas que o Evangelho indica, no nosso tempo, para anunciar o mistério de amor da família. Continuemos pelo caminho que o Senhor deseja. Peçamos-Lhe um olhar são e salvo, que saiba irradiar luz, porque recorda o esplendor que o iluminou. Sem nos deixarmos jamais ofuscar pelo pessimismo e pelo pecado, procuremos e vejamos a glória de Deus que resplandece no homem vivo.
Fonte: Zenit.
As três leituras deste domingo apresentam-nos a compaixão de Deus, a sua paternidade, que se revela definitivamente em Jesus.
O profeta Jeremias, em pleno desastre nacional, enquanto o povo é deportado pelos inimigos, anuncia que «o Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel» (31, 7). E por que o fez? Porque Ele é Pai (cf. 31, 9); e, como Pai, cuida dos seus filhos, acompanha-os ao longo do caminho, sustenta «o cego e o coxo, a mulher grávida e a que deu à luz» (31, 8). A sua paternidade abre-lhes um caminho desimpedido, um caminho de consolação depois de tantas lágrimas e tantas amarguras. Se o povo permanecer fiel, se perseverar na busca de Deus mesmo em terra estrangeira, Deus mudará o seu cativeiro em liberdade, a sua solidão em comunhão: e aquilo que o povo semeia hoje em lágrimas, recolhê-lo-á amanhã com alegria (cf. Sal 125, 6).
Com o Salmo, também nós manifestámos a alegria que é fruto da salvação do Senhor: «A nossa boca encheu-se de sorrisos e a nossa língua de canções» (125, 2). O crente é uma pessoa que experimentou na sua vida a acção salvífica de Deus. E nós, pastores, experimentamos o que significa semear com fadiga, por vezes em lágrimas, e alegrar-se pela graça duma colheita que sempre ultrapassa as nossas forças e as nossas capacidades.
O trecho da Carta aos Hebreus apresentou-nos a compaixão de Jesus. Também Ele «Se revestiu de fraqueza» (cf. 5, 2), para sentir compaixão por aqueles que estão na ignorância e no erro. Jesus é o Sumo Sacerdote grande, santo, inocente, mas ao mesmo tempo é o Sumo Sacerdote que tomou parte nas nossas fraquezas e foi provado em tudo como nós, excepto no pecado (cf. 4, 15). Por isso, é o mediador da nova e definitiva aliança, que nos dá a salvação.
O Evangelho de hoje liga-se directamente à primeira Leitura: como o povo de Israel foi libertado graças à paternidade de Deus, assim Bartimeu foi libertado graças à compaixão de Jesus. Jesus acaba de sair de Jericó. Mas Ele, apesar de ter apenas iniciado o caminho mais importante, o caminho para Jerusalém, detém-Se ainda para responder ao grito de Bartimeu. Deixa-Se comover pelo seu pedido, interessa-Se pela sua situação. Não Se contenta em dar-lhe uma esmola, mas quer encontrá-lo pessoalmente. Não lhe dá instruções nem respostas, mas faz uma pergunta: «Que queres que te faça?» (Mc 10, 51). Poderia parecer uma pergunta inútil: que poderia um cego desejar senão a vista? E todavia, com esta pergunta feita «face a face», directa mas respeitosa, Jesus manifesta que quer escutar as nossas necessidades. Deseja um diálogo com cada um de nós, feito de vida, de situações reais, que nada exclua diante de Deus. Depois da cura, o Senhor diz àquele homem: «A tua fé te salvou» (10, 52). É belo ver como Cristo admira a fé de Bartimeu, confiando nele. Ele acredita em nós, mais de quanto acreditamos nós em nós mesmos.
Há um detalhe interessante. Jesus pede aos seus discípulos que vão chamar Bartimeu. Estes dirigem-se ao cego usando duas palavras, que só Jesus utiliza no resto do Evangelho. Primeiro, dizem-lhe «coragem!», uma palavra que significa, literalmente, «tem confiança, faz-te ânimo!» É que só o encontro com Jesus dá ao homem a força para enfrentar as situações mais graves. A segunda palavra é «levanta-te!», como Jesus dissera a tantos doentes, tomando-os pela mão e curando-os. Os seus limitam-se a repetir as palavras encorajadoras e libertadoras de Jesus, conduzindo directamente a Ele sem fazer sermões. A isto são chamados os discípulos de Jesus, também hoje, especialmente hoje: pôr o homem em contacto com a Misericórdia compassiva que salva. Quando o grito da humanidade se torna, como o de Bartimeu, ainda mais forte, não há outra resposta senão adoptar as palavras de Jesus e, sobretudo, imitar o seu coração. As situações de miséria e de conflitos são para Deus ocasiões de misericórdia. Hoje é tempo de misericórdia!
Mas há algumas tentações para quem segue Jesus. O Evangelho de hoje põe em evidência pelo menos duas. Nenhum dos discípulos pára, como faz Jesus. Continuam a caminhar, avançam como se nada fosse. Se Bartimeu é cego, eles são surdos: o seu problema não é problema deles. Pode ser o nosso risco: face aos contínuos problemas, o melhor é continuar para diante, sem se deixar perturbar. Desta maneira, como aqueles discípulos, estamos com Jesus, mas não pensamos como Jesus. Está-se no seu grupo, mas perde-se a abertura do coração, perdem-se a admiração, a gratidão e o entusiasmo e corre-se o risco de tornar-se «consuetudinários da graça». Podemos falar d’Ele e trabalhar para Ele, mas viver longe do seu coração, que Se inclina para quem está ferido. Esta é a tentação duma «espiritualidade da miragem»: podemos caminhar através dos desertos da humanidade não vendo aquilo que realmente existe, mas o que nós gostaríamos de ver; somos capazes de construir visões do mundo, mas não aceitamos aquilo que o Senhor nos coloca diante de olhos. Uma fé que não sabe radicar-se na vida das pessoas, permanece árida e, em vez de oásis, cria outros desertos.
Há uma segunda tentação: cair numa «fé de tabela». Podemos caminhar com o povo de Deus, mas temos já a nossa tabela de marcha, onde tudo está previsto: sabemos aonde ir e quanto tempo gastar; todos devem respeitar os nossos ritmos e qualquer inconveniente perturba-nos. Corremos o risco de nos tornarmos como «muitos» do Evangelho que perdem a paciência e repreendem Bartimeu. Pouco antes repreenderam as crianças (cf. 10, 13), agora o mendigo cego: quem incomoda ou não está à altura há que excluí-lo. Jesus, pelo contrário, quer incluir, sobretudo quem está relegado para a margem e grita por Ele. Estes, como Bartimeu, têm fé, porque saber-se necessitado de salvação é a melhor maneira para encontrar Jesus.
E, no fim, Bartimeu põe-se a seguir Jesus ao longo da estrada (cf. 10, 52). Não só recupera a vista, mas une-se à comunidade daqueles que caminham com Jesus. Queridos Irmãos sinodais, nós caminhámos juntos. Agradeço-vos pela estrada que compartilhámos tendo o olhar fixo no Senhor e nos irmãos, à procura das sendas que o Evangelho indica, no nosso tempo, para anunciar o mistério de amor da família. Continuemos pelo caminho que o Senhor deseja. Peçamos-Lhe um olhar são e salvo, que saiba irradiar luz, porque recorda o esplendor que o iluminou. Sem nos deixarmos jamais ofuscar pelo pessimismo e pelo pecado, procuremos e vejamos a glória de Deus que resplandece no homem vivo.
Fonte: Zenit.
domingo, 25 de outubro de 2015
Os discípulos encontram mestres e não apenas professores
"O Senhor Deus deu-me uma língua habilidosa para que aos desanimados eu saiba ajudar com uma palavra. Toda manhã ele desperta meus ouvidos para que, como bom discípulo, eu preste atenção. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fiquei revoltado, para trás não andei" (Is 50, 4-5). Tornar-se discípulo do Senhor! Este é um desafio que suscitou o seguimento aos profetas que punham sua boca e sua inteligência à disposição de Deus, para abrir os caminhos de Deus para seu tempo. Jesus, Salvador e Senhor, escolheu discípulos que foram por ele enviados, de acordo com as tarefas que se abriam no grande horizonte da evangelização, fazendo-os assim missionários.
A Igreja, em nosso tempo, especialmente à luz do grande Documento da V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida - SP, tem buscado os caminhos para que o cristãos se formem como discípulos verdadeiros, que se sintam também missionários, pois não é possível separar as duas realidades. Bento XVI nos recordou que “o discípulo, fundamentado na rocha da Palavra de Deus, sente-se motivado a levar a Boa Nova da salvação a seus irmãos. Discipulado e missão são como os dois lados de uma mesma moeda: quando o discípulo está enamorado de Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só ele salva (cf. At 4,12). Na realidade, o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro” (Documento de Aparecida, 146).
Aqueles que foram escolhidos por Jesus percorreram várias etapas em sua formação. Descobriram-se amigos, chamados pelo nome, amados por Jesus, que lhes ia ao encontro com misericórdia, corrigidos por ele em sua imaturidade, ajudados a superar as dificuldades, para o seguirem com radicalidade. Foram por ele enviados às primeiras experiências missionárias. Ao retornarem, as lições se desdobram: “Os setenta e dois voltaram alegres, dizendo: Senhor, até os demônios nos obedecem por causa do teu nome. Jesus respondeu: Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cobras e escorpiões, e sobre toda a força do inimigo. Nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus” (Lc 10, 17-20). Não podem acostumar-se com o elogio fácil e aparente, mas haverão de apegar-se a valores consistentes, que não podem ser destruídos.
O Evangelho de São Marcos (10, 46-52), proclamado neste final de semana em nossas celebrações eucarísticas, descreve uma etapa preciosa da formação ao discipulado, quando chegam com Jesus a Jericó, depois de fazerem um caminho ao longo do Jordão, vindos da Galileia. Curioso é que intervém uma figura que não fazia parte do grupo escolhido inicialmente por Jesus. Chama atenção o fato de que ele tem nome, Bartimeu, o filho de Timeu. Mendigo, cego, morador de Jericó, ele se torna o modelo do discípulo. No Evangelho, pobre tem nome e é importante!
Um homem que vivia na escuridão de sua cegueira, tendo ouvido falar de Jesus, pergunta a respeito do ruído que se espalhava pela cidade. Jesus se transforma na grande oportunidade para sua vida: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim”. Descobre que Jesus é a sua esperança! Não pode desperdiçar esta oportunidade! Do mais profundo da vida de cada pessoa, emerge o grito e o desejo de conhecer Jesus, quem sabe no meio de tanta confusão. O discípulo é parecido com as outras pessoas. Não é melhor do que ninguém, mas é capaz de gritar! Podem criticá-lo, mas Bartimeu aposta tudo e não faz caso das reprovações circunstantes.
Nós também, muitas vezes temos os olhos e o coração fechados. Jesus passa pelo caminho e, do mais profundo do abismo (Cf. Sl 129) pode subir ao Senhor nosso clamor. Podem começar as dificuldades, pois os cegos, os coxos e aleijados de sempre encontram muitas vozes que querem abafar o grito. Pode ser a própria sociedade ou o ambiente que nos desviam, até para que não incomodemos Jesus. Ou, quem sabe nosso comodismo, os hábitos adquiridos ou outros impedimentos nos fazem calar a boca. O discípulo autêntico começa com um clamor pela verdade e pela liberdade verdadeira!
Quem não escuta a voz das turbas, mas deixa vir à tona o grito pela verdade, quem for constante na busca do Senhor, insistindo para encontrar o Senhor, vai fazer Jesus parar nas estradas de Jericó. Apesar das dificuldades externas, a oração do cego foi ouvida, mesmo quando aparentemente Jesus está em silêncio, não fala nada, apenas caminha. É que o Senhor, tendo ouvido desde o princípio o clamor do cego, quer vê-lo insistente e corajoso! Depois Jesus parou, como faz sempre diante de qualquer pedido confiante. Chamaram o cego: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama”. Bartimeu jogou fora o manto! Afinal, a vida agora será outra! E com um pulo se apresenta diante do Senhor! Trata-se do salto a ser dado corajosamente pelo discípulo, na direção do Senhor. Uma veste nova, presente de Batismo, é o sinal da novidade para cada discípulo de todos os tempos!
Cegos ou não, temos desejos profundos a ser apresentados ao Senhor, e ele não os despreza: “Mestre, que eu veja!”. Os discípulos encontram mestres e não apenas professores. Mestre atrai, arrasta as pessoas para compartilharem de sua vida. O milagre que se segue é o encontro daquele que busca com o único que pode dar respostas. “Vai, a tua fé te salvou!”. Pediu a cura dos olhos e encontrou a salvação. O mendigo se faz discípulo missionário, seguindo Jesus pelo caminho, e nunca se esquecerá do Senhor. Certamente vamos encontrá-lo no Céu, entre santos cujos nomes não foram divulgados.
Roteiro de vida para os discípulos de hoje: gritar, pular, largar o manto, dizer o que quer, confrontar-se com o Senhor, deixar-se envolver pelo manto da vida nova que vem da fé, continuar na estrada de Jesus para a Jerusalém da morte e da ressurreição, sair pelo caminho contando o que lhe aconteceu.
Aqui está nosso desafio fundamental: promover e formar discípulos que respondam à vocação recebida e comuniquem em todas as partes, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outro tesouro a não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade que não seja sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço que a Igreja tem que oferecer às pessoas e nações (Cf. Documento de Aparecida, 14).
Dom Alberto Taveira Correa, arcebispo metropolitano de Belém do Pará.
A Igreja, em nosso tempo, especialmente à luz do grande Documento da V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida - SP, tem buscado os caminhos para que o cristãos se formem como discípulos verdadeiros, que se sintam também missionários, pois não é possível separar as duas realidades. Bento XVI nos recordou que “o discípulo, fundamentado na rocha da Palavra de Deus, sente-se motivado a levar a Boa Nova da salvação a seus irmãos. Discipulado e missão são como os dois lados de uma mesma moeda: quando o discípulo está enamorado de Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só ele salva (cf. At 4,12). Na realidade, o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro” (Documento de Aparecida, 146).
Aqueles que foram escolhidos por Jesus percorreram várias etapas em sua formação. Descobriram-se amigos, chamados pelo nome, amados por Jesus, que lhes ia ao encontro com misericórdia, corrigidos por ele em sua imaturidade, ajudados a superar as dificuldades, para o seguirem com radicalidade. Foram por ele enviados às primeiras experiências missionárias. Ao retornarem, as lições se desdobram: “Os setenta e dois voltaram alegres, dizendo: Senhor, até os demônios nos obedecem por causa do teu nome. Jesus respondeu: Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cobras e escorpiões, e sobre toda a força do inimigo. Nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus” (Lc 10, 17-20). Não podem acostumar-se com o elogio fácil e aparente, mas haverão de apegar-se a valores consistentes, que não podem ser destruídos.
O Evangelho de São Marcos (10, 46-52), proclamado neste final de semana em nossas celebrações eucarísticas, descreve uma etapa preciosa da formação ao discipulado, quando chegam com Jesus a Jericó, depois de fazerem um caminho ao longo do Jordão, vindos da Galileia. Curioso é que intervém uma figura que não fazia parte do grupo escolhido inicialmente por Jesus. Chama atenção o fato de que ele tem nome, Bartimeu, o filho de Timeu. Mendigo, cego, morador de Jericó, ele se torna o modelo do discípulo. No Evangelho, pobre tem nome e é importante!
Um homem que vivia na escuridão de sua cegueira, tendo ouvido falar de Jesus, pergunta a respeito do ruído que se espalhava pela cidade. Jesus se transforma na grande oportunidade para sua vida: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim”. Descobre que Jesus é a sua esperança! Não pode desperdiçar esta oportunidade! Do mais profundo da vida de cada pessoa, emerge o grito e o desejo de conhecer Jesus, quem sabe no meio de tanta confusão. O discípulo é parecido com as outras pessoas. Não é melhor do que ninguém, mas é capaz de gritar! Podem criticá-lo, mas Bartimeu aposta tudo e não faz caso das reprovações circunstantes.
Nós também, muitas vezes temos os olhos e o coração fechados. Jesus passa pelo caminho e, do mais profundo do abismo (Cf. Sl 129) pode subir ao Senhor nosso clamor. Podem começar as dificuldades, pois os cegos, os coxos e aleijados de sempre encontram muitas vozes que querem abafar o grito. Pode ser a própria sociedade ou o ambiente que nos desviam, até para que não incomodemos Jesus. Ou, quem sabe nosso comodismo, os hábitos adquiridos ou outros impedimentos nos fazem calar a boca. O discípulo autêntico começa com um clamor pela verdade e pela liberdade verdadeira!
Quem não escuta a voz das turbas, mas deixa vir à tona o grito pela verdade, quem for constante na busca do Senhor, insistindo para encontrar o Senhor, vai fazer Jesus parar nas estradas de Jericó. Apesar das dificuldades externas, a oração do cego foi ouvida, mesmo quando aparentemente Jesus está em silêncio, não fala nada, apenas caminha. É que o Senhor, tendo ouvido desde o princípio o clamor do cego, quer vê-lo insistente e corajoso! Depois Jesus parou, como faz sempre diante de qualquer pedido confiante. Chamaram o cego: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama”. Bartimeu jogou fora o manto! Afinal, a vida agora será outra! E com um pulo se apresenta diante do Senhor! Trata-se do salto a ser dado corajosamente pelo discípulo, na direção do Senhor. Uma veste nova, presente de Batismo, é o sinal da novidade para cada discípulo de todos os tempos!
Cegos ou não, temos desejos profundos a ser apresentados ao Senhor, e ele não os despreza: “Mestre, que eu veja!”. Os discípulos encontram mestres e não apenas professores. Mestre atrai, arrasta as pessoas para compartilharem de sua vida. O milagre que se segue é o encontro daquele que busca com o único que pode dar respostas. “Vai, a tua fé te salvou!”. Pediu a cura dos olhos e encontrou a salvação. O mendigo se faz discípulo missionário, seguindo Jesus pelo caminho, e nunca se esquecerá do Senhor. Certamente vamos encontrá-lo no Céu, entre santos cujos nomes não foram divulgados.
Roteiro de vida para os discípulos de hoje: gritar, pular, largar o manto, dizer o que quer, confrontar-se com o Senhor, deixar-se envolver pelo manto da vida nova que vem da fé, continuar na estrada de Jesus para a Jerusalém da morte e da ressurreição, sair pelo caminho contando o que lhe aconteceu.
Aqui está nosso desafio fundamental: promover e formar discípulos que respondam à vocação recebida e comuniquem em todas as partes, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outro tesouro a não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade que não seja sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço que a Igreja tem que oferecer às pessoas e nações (Cf. Documento de Aparecida, 14).
Dom Alberto Taveira Correa, arcebispo metropolitano de Belém do Pará.
sábado, 24 de outubro de 2015
Sínodo: um caminho que levará as famílias a serem missionárias
Neste sábado acontecerá a última assembleia do Sínodo. Hoje, o cardeal Peter Erdo apresentou o esboço do documento final, explicando o espírito sinodal sem entrar especificamente no texto. O cardeal Baldiserri recordou que foram analisadas 1355 propostas nos três estágios do sínodo para alcançar esse resultado. Os Padres Sinodais também discutiram a 'consciência e a lei moral’, com base no texto distribuído aos cardeais. O diretor da Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, não entrou em detalhes porque trata-se de um tópico do projeto que não é público.
Ontem à tarde, o Papa Francisco anunciou a criação de um novo Dicastério que unirá dois pontifícios conselhos, o dos leigos e o da família com a Pontifícia Academia para a Vida.
Para falar sobre o desenvolvimento do Sínodo dos Bispos sobre a família, que começou em 4 de outubro no Vaticano, estiveram presentes hoje na sala de imprensa da Santa Sé, o Cardeal Peter Turkson presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz; Cardeal Gérald Lacroix, Arcebispo de Quebec; e o salesiano Dom Lucas Van Looy, Bispo da diocese de Gent Bélgica.
Ficou muito claro que o Sínodo está percorrendo um caminho conjunto e espera-se que as famílias sejam missionárias.
O Cardeal Turkson referindo-se ao caminho sinodal, reiterou que é um caminho conjunto e recordou quando, em Assis, o Papa Bento XVI disse: "todos juntos em busca da verdade". O Cardeal afirmou que todos os testemunhos, dos auditores e dos padres sinodais, as palavras do Santo Padre, o contato com a realidade da sociedade tem um valor inestimável.
Ele considera que este Sínodo é um marco para a Igreja, porque o casamento é um sacramento, precedido pelo batismo que por sua vez é um sacramento do discipulado. E acrescentou que "o casamento seja de discípulos que caminham com o Senhor", porque "não bastam as forças naturais”... "é preciso a graça do Senhor e se negligenciarmos isso essa incapacidade aparece”.
O Cardeal também destacou que o documento final "não será um documento ‘aguado’" para obter um consenso, porque "no Sínodo tentamos apreciar o ponto de vista dos outros mesmo que não seja o meu. Eu procuro soluções, não apenas para mim, mas também para os bispos de todos os continentes".
Portanto, ele não vê nenhuma barreira, mas diversos pontos de vista. Na África "as etapas para o casamento não são as mesmas que na Europa". Ou seja, o Sínodo foi uma "experiência muito enriquecedora”.
O Cardeal canadense Lacroix considera "o documento final desta manhã importante”, bem como a "a experiência sinodal".
"Nosso trabalho não é um texto legislativo", afirmou Lacroix, mas uma experiência que precisava ser transmitida ao Santo Padre.
"Deus te ama como você é, mas não se conforma", indicou como ideia, propondo como chave para entender este Sínodo, os peregrinos de Emaús. Outra preocupação dos Padres sinodais foi: "como expressar alegria diante dessas famílias feridas", lembrando que "não há famílias perfeitas".
Ele destacou que algumas famílias feridas, com a palavra dos casados e divorciados, também participaram das consultas antes do Sínodo
Dom Lucas Van Looy bispo da diocese belga de Gent, mostrou sua preocupação -antes de partir para Roma para a Sínodo- pelas famílias de migrantes que chegam do Oriente Médio, como vivem as famílias nesses grandes campos de refugiados, destacando que todas estas questões fizeram parte do Sínodo.
Ele também indicou que nessas três semanas de escuta "entendemos melhor a palavra misericórdia, difícil para o mundo atual". Foram semanas que fizeram entender que é necessário integrar e acompanhar as pessoas, assim como o conceito de ‘sinodalidade’, "conceito que é mais do que uma palavra". Ele brincou que está pensando em como vai traduzir para o flamingo a palavra ‘sinodalidade’. Por isso, ele considera que "o Sínodo está dando às famílias uma tarefa de evangelização". Entre os temas está também a questão do jovem que vê Deus muito distante e como acompanha-lo no matrimônio.
Ele observou ainda que "a grande riqueza", a grande diversidade do Sínodo, "reflete-se na cor dos rostos dos bispos".
"A palavra que permanece – concluiu o Bispo - é a palavra "ternura". Ele disse na sala que a Igreja existe para todas as situações, não apenas para as famílias feridas". E essa ternura "poderia ser o início de uma nova época para a Igreja".
Fonte: Zenit.
Ontem à tarde, o Papa Francisco anunciou a criação de um novo Dicastério que unirá dois pontifícios conselhos, o dos leigos e o da família com a Pontifícia Academia para a Vida.
Para falar sobre o desenvolvimento do Sínodo dos Bispos sobre a família, que começou em 4 de outubro no Vaticano, estiveram presentes hoje na sala de imprensa da Santa Sé, o Cardeal Peter Turkson presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz; Cardeal Gérald Lacroix, Arcebispo de Quebec; e o salesiano Dom Lucas Van Looy, Bispo da diocese de Gent Bélgica.
Ficou muito claro que o Sínodo está percorrendo um caminho conjunto e espera-se que as famílias sejam missionárias.
O Cardeal Turkson referindo-se ao caminho sinodal, reiterou que é um caminho conjunto e recordou quando, em Assis, o Papa Bento XVI disse: "todos juntos em busca da verdade". O Cardeal afirmou que todos os testemunhos, dos auditores e dos padres sinodais, as palavras do Santo Padre, o contato com a realidade da sociedade tem um valor inestimável.
Ele considera que este Sínodo é um marco para a Igreja, porque o casamento é um sacramento, precedido pelo batismo que por sua vez é um sacramento do discipulado. E acrescentou que "o casamento seja de discípulos que caminham com o Senhor", porque "não bastam as forças naturais”... "é preciso a graça do Senhor e se negligenciarmos isso essa incapacidade aparece”.
O Cardeal também destacou que o documento final "não será um documento ‘aguado’" para obter um consenso, porque "no Sínodo tentamos apreciar o ponto de vista dos outros mesmo que não seja o meu. Eu procuro soluções, não apenas para mim, mas também para os bispos de todos os continentes".
Portanto, ele não vê nenhuma barreira, mas diversos pontos de vista. Na África "as etapas para o casamento não são as mesmas que na Europa". Ou seja, o Sínodo foi uma "experiência muito enriquecedora”.
O Cardeal canadense Lacroix considera "o documento final desta manhã importante”, bem como a "a experiência sinodal".
"Nosso trabalho não é um texto legislativo", afirmou Lacroix, mas uma experiência que precisava ser transmitida ao Santo Padre.
"Deus te ama como você é, mas não se conforma", indicou como ideia, propondo como chave para entender este Sínodo, os peregrinos de Emaús. Outra preocupação dos Padres sinodais foi: "como expressar alegria diante dessas famílias feridas", lembrando que "não há famílias perfeitas".
Ele destacou que algumas famílias feridas, com a palavra dos casados e divorciados, também participaram das consultas antes do Sínodo
Dom Lucas Van Looy bispo da diocese belga de Gent, mostrou sua preocupação -antes de partir para Roma para a Sínodo- pelas famílias de migrantes que chegam do Oriente Médio, como vivem as famílias nesses grandes campos de refugiados, destacando que todas estas questões fizeram parte do Sínodo.
Ele também indicou que nessas três semanas de escuta "entendemos melhor a palavra misericórdia, difícil para o mundo atual". Foram semanas que fizeram entender que é necessário integrar e acompanhar as pessoas, assim como o conceito de ‘sinodalidade’, "conceito que é mais do que uma palavra". Ele brincou que está pensando em como vai traduzir para o flamingo a palavra ‘sinodalidade’. Por isso, ele considera que "o Sínodo está dando às famílias uma tarefa de evangelização". Entre os temas está também a questão do jovem que vê Deus muito distante e como acompanha-lo no matrimônio.
Ele observou ainda que "a grande riqueza", a grande diversidade do Sínodo, "reflete-se na cor dos rostos dos bispos".
"A palavra que permanece – concluiu o Bispo - é a palavra "ternura". Ele disse na sala que a Igreja existe para todas as situações, não apenas para as famílias feridas". E essa ternura "poderia ser o início de uma nova época para a Igreja".
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
A comissão elaborou o documento final do Sínodo
O Sínodo dos Bispos dedicado à família, que está sendo realizado no Vaticano desde o último 04 de outubro e que termina no domingo, 25, já está trabalhando na elaboração do documento final. O texto está sendo escrito por uma comissão de dez membros nomeados pelo Santo Padre. Esta tarde, o rascunho do documento será apresentado na Sala para os padres sinodais.
O trabalho desta comissão está sendo muito intenso, como assegurou em uma coletiva de imprensa o Pe. Federico Lombardi, diretor da sala de Imprensa da Santa Sé.
Acompanhando o porta-voz do Vaticano estavam o cardeal Osvald Gracias, Arcebispo de Bombaim; o cardeal Soane Mafi, arcebispo de Tonga e presidente da Conferência Episcopal do Pacífico; e o arcebispo de Santo Antonio, Mons. José H. Gomez.
O cardeal Gracias indicou que “o Sínodo foi uma experiência espiritual para entender como ajudar as famílias a serem melhores ou a encontrar soluções para as suas dificuldades, graças ao debate entre opiniões, pontos de vista e situações culturais diferentes”.
Também disse que o Papa veio para agradecer-lhes o trabalho que estão fazendo na comissão. No que diz respeito ao método de trabalho explicou que das mais de 700 emendas propostas pelos círculos menores para o documento final, os especialistas avaliaram procurando escolher as mais representativas, e depois a comissão decide quais incluir no texto final, de forma que assim possa surgir uma mensagem coerente.
Também destacou que o documento final que, embora esteja em uma fase de rascunho, tem umas cem páginas, aprovadas por unanimidade pela comissão. O rascunho será apresentado hoje a tarde aos padres sinodais e discutido amanhã, sexta-feira, pela manhã. As modificações solicitadas deverão ser entregues por escrito antes de amanhã às 14hs. Dessa forma, sexta-feira pela tarde a comissão reelaborará o texto e no sábado pela manhã será lido na Sala na sua forma definitiva. Pela tarde será votado parágrafo por parágrafo. Uma vez concluído este trabalho, o Santo Padre decidirá se o faz público ou não.
Por sua parte, o cardeal Mafi garantiu que no Sínodo trabalharam com coração aberto procurando sempre fazer sentir o apoio da Igreja à Família. “O sínodo é uma viagem que continuará”, destacou. Além do mais, advertiu que “assim como os valores familiares tradicionais foram estendidos à família e ao povo, agora o individualismo chega nas nossas praias”.
Finalmente, mons Gomez comentou um dos temas muito presentes no Sínodo, a migração. Nos Estados Unidos – explicou – existem 11 milhões de imigrantes irregulares e tratam-se de pessoas que formam parte da nossa família e que devem ser ajudadas. E sobre a igualdade reconheceu que “falamos do importante que é para as mulheres serem respeitadas, com iguais direitos e responsabilidades”. Da mesma forma, desejou que o Sínodo ajude as pessoas a viverem de forma mais profunda a fé.
Fonte: Zenit.
O trabalho desta comissão está sendo muito intenso, como assegurou em uma coletiva de imprensa o Pe. Federico Lombardi, diretor da sala de Imprensa da Santa Sé.
Acompanhando o porta-voz do Vaticano estavam o cardeal Osvald Gracias, Arcebispo de Bombaim; o cardeal Soane Mafi, arcebispo de Tonga e presidente da Conferência Episcopal do Pacífico; e o arcebispo de Santo Antonio, Mons. José H. Gomez.
O cardeal Gracias indicou que “o Sínodo foi uma experiência espiritual para entender como ajudar as famílias a serem melhores ou a encontrar soluções para as suas dificuldades, graças ao debate entre opiniões, pontos de vista e situações culturais diferentes”.
Também disse que o Papa veio para agradecer-lhes o trabalho que estão fazendo na comissão. No que diz respeito ao método de trabalho explicou que das mais de 700 emendas propostas pelos círculos menores para o documento final, os especialistas avaliaram procurando escolher as mais representativas, e depois a comissão decide quais incluir no texto final, de forma que assim possa surgir uma mensagem coerente.
Também destacou que o documento final que, embora esteja em uma fase de rascunho, tem umas cem páginas, aprovadas por unanimidade pela comissão. O rascunho será apresentado hoje a tarde aos padres sinodais e discutido amanhã, sexta-feira, pela manhã. As modificações solicitadas deverão ser entregues por escrito antes de amanhã às 14hs. Dessa forma, sexta-feira pela tarde a comissão reelaborará o texto e no sábado pela manhã será lido na Sala na sua forma definitiva. Pela tarde será votado parágrafo por parágrafo. Uma vez concluído este trabalho, o Santo Padre decidirá se o faz público ou não.
Por sua parte, o cardeal Mafi garantiu que no Sínodo trabalharam com coração aberto procurando sempre fazer sentir o apoio da Igreja à Família. “O sínodo é uma viagem que continuará”, destacou. Além do mais, advertiu que “assim como os valores familiares tradicionais foram estendidos à família e ao povo, agora o individualismo chega nas nossas praias”.
Finalmente, mons Gomez comentou um dos temas muito presentes no Sínodo, a migração. Nos Estados Unidos – explicou – existem 11 milhões de imigrantes irregulares e tratam-se de pessoas que formam parte da nossa família e que devem ser ajudadas. E sobre a igualdade reconheceu que “falamos do importante que é para as mulheres serem respeitadas, com iguais direitos e responsabilidades”. Da mesma forma, desejou que o Sínodo ajude as pessoas a viverem de forma mais profunda a fé.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Papa: 'Há que restituir a honra social devida à fidelidade do amor'
Milhares de pessoas vindas de todo o mundo estiveram mais uma quarta-feira na praça de São Pedro para ouvir o Papa Francisco nas suas catequeses semanais. Deixando um pouco de lado os trabalhos do Sínodo da Família, o Pontífice, na manhã de hoje, quis compartilhar com os fieis uma reflexão sobre a promessa de amor entre o homem e a mulher, continuando com a da semana passada, na qual refletiu sobre as promessas feitas às crianças.
Durante a volta que deu com o papamóvel pelos corredores da praça, os peregrinos se mostraram entusiasmados, e alegremente acenavam com suas bandeiras e banners com mensagens de amor e proximidade ao Santo Padre.
Depois de ouvir a leitura correspondente, o Papa pronunciou a sua catequese habitual. No resumo feito em português, disse:
“A família vive da promessa de amor e fidelidade que o homem e a mulher se fazem reciprocamente. A fidelidade à promessa feita é uma verdadeira obra-prima de humanidade! Olhando a sua arrojada beleza, sentimo-nos atemorizados; mas, se desprezarmos a sua corajosa tenacidade, estamos perdidos. Nenhuma relação de amor – nenhuma amizade, nenhuma forma de bem-querer, nenhuma felicidade do bem comum – atinge a altura do nosso desejo e da nossa esperança, se aí não habitar este milagre da alma. E digo «milagre», porque, apesar de tudo, a força e a persuasão da fidelidade não cessam jamais de nos encantar e surpreender. A honra à palavra dada, a fidelidade à promessa não se pode comprar nem vender; não se pode impor pela força, mas também não se pode guardar sem sacrifício. Se a família não ensinar esta verdade do amor, nenhuma outra escola o poderá fazer. Há que restituir a honra social devida à fidelidade do amor. É necessário subtrair à clandestinidade o milagre diário de milhões de homens e mulheres que regeneram o próprio alicerce familiar, do qual vive toda a sociedade e que não o pode garantir de qualquer outro modo. Por isso Deus inscreveu este princípio da fidelidade à promessa do amor e da geração na obra da criação como uma bênção perene, à qual está confiado o mundo”.
Em seguida cumprimentou os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os grupos de Portugal e do Brasil, e a delegação hebraica de São Paulo.
“Queridos peregrinos de Portugal, Brasil e outros países de língua portuguesa, bem-vindos! Saúdo-vos cordialmente a todos, confiando ao bom Deus a vossa vida e a dos vossos familiares.Com alegria, acolho a delegação da Comunidade Hebraica de São Paulo, acompanhada pelo Cardeal Odilo Scherer. Esta visita a Roma vos ajude a estar prontos, como Abraão, a sair cada dia para a terra de Deus e do homem, revelando-vos um sinal do amor de Deus por todos os seus filhos. Obrigado!”
Depois das saudações nas várias línguas, o Santo Padre dirigiu umas palavras aos jovens, enfermos e os recém-casados. Recordando que amanhã se celebra a memória litúrgica de São João Paulo II, pediu aos jovens que o testemunho de vida do Papa polonês “seja exemplo para o vosso caminho”. Pediu aos doentes que levem com alegria a cruz do sofrimento como ele nos ensinou”. E finalmente convidou os recém-casados a pedirem a sua intercessão para que “em vossa nova família nunca falte o amor”.
Fonte: Zenit.
Durante a volta que deu com o papamóvel pelos corredores da praça, os peregrinos se mostraram entusiasmados, e alegremente acenavam com suas bandeiras e banners com mensagens de amor e proximidade ao Santo Padre.
Depois de ouvir a leitura correspondente, o Papa pronunciou a sua catequese habitual. No resumo feito em português, disse:
“A família vive da promessa de amor e fidelidade que o homem e a mulher se fazem reciprocamente. A fidelidade à promessa feita é uma verdadeira obra-prima de humanidade! Olhando a sua arrojada beleza, sentimo-nos atemorizados; mas, se desprezarmos a sua corajosa tenacidade, estamos perdidos. Nenhuma relação de amor – nenhuma amizade, nenhuma forma de bem-querer, nenhuma felicidade do bem comum – atinge a altura do nosso desejo e da nossa esperança, se aí não habitar este milagre da alma. E digo «milagre», porque, apesar de tudo, a força e a persuasão da fidelidade não cessam jamais de nos encantar e surpreender. A honra à palavra dada, a fidelidade à promessa não se pode comprar nem vender; não se pode impor pela força, mas também não se pode guardar sem sacrifício. Se a família não ensinar esta verdade do amor, nenhuma outra escola o poderá fazer. Há que restituir a honra social devida à fidelidade do amor. É necessário subtrair à clandestinidade o milagre diário de milhões de homens e mulheres que regeneram o próprio alicerce familiar, do qual vive toda a sociedade e que não o pode garantir de qualquer outro modo. Por isso Deus inscreveu este princípio da fidelidade à promessa do amor e da geração na obra da criação como uma bênção perene, à qual está confiado o mundo”.
Em seguida cumprimentou os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os grupos de Portugal e do Brasil, e a delegação hebraica de São Paulo.
“Queridos peregrinos de Portugal, Brasil e outros países de língua portuguesa, bem-vindos! Saúdo-vos cordialmente a todos, confiando ao bom Deus a vossa vida e a dos vossos familiares.Com alegria, acolho a delegação da Comunidade Hebraica de São Paulo, acompanhada pelo Cardeal Odilo Scherer. Esta visita a Roma vos ajude a estar prontos, como Abraão, a sair cada dia para a terra de Deus e do homem, revelando-vos um sinal do amor de Deus por todos os seus filhos. Obrigado!”
Depois das saudações nas várias línguas, o Santo Padre dirigiu umas palavras aos jovens, enfermos e os recém-casados. Recordando que amanhã se celebra a memória litúrgica de São João Paulo II, pediu aos jovens que o testemunho de vida do Papa polonês “seja exemplo para o vosso caminho”. Pediu aos doentes que levem com alegria a cruz do sofrimento como ele nos ensinou”. E finalmente convidou os recém-casados a pedirem a sua intercessão para que “em vossa nova família nunca falte o amor”.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
A homossexualidade e a Misericórdia de Deus
Há argumentos que muitas vezes constrangem, argumentos que, dada a sua complexidade se prefere não tratar ou tratar com retórica, deixando aquela aurea de mistério e segredo que só faz amplificar os sentimentos negativos.
A homossexualidade é um desses temas... Também em âmbitos católicos nem sempre se encontram respostas confortáveis, fazendo que seja mais fácil seguir as ideias e as teorias que a mídia propaga, mais do que abrindo o Catecismo da Igreja Católica e lendo qual é a verdadeira resposta que a Igreja dá. E assim, difundem-se crenças e opiniões contraditórias e distantes da mensagem cristã, porque é mais fácil julgar se não se conhece a verdade, é mais fácil emitir sentenças pessoasi se não se conhece a lei.
É neste contexto que está o trabalho de um homem que colocou sua vida a serviço da verdade cristã, uma verdade feita de simplicidade e amor: Juan Manuel Cotelo.
O diretor de terra de Maria, de fato, continuando o seu projeto editorial junto com a produtora InfinitoMásUno, realizou o filme documentário Dio esce allo scoperto (Deus vem para fora), segundo capítulo da série Potrebbe Succedere a te (Poderia acontecer contigo), nas salas italianas a partir do 4 de novembro.
O filme conta a história de Ruben Garcia, um mexicano gay que depois de uma vida de excessos e imprudências experimentou de forma fortíssima o Amor de Deus.
E para fazer isso, começa do Catecismo da Igreja Católica, número 2358: “aquelas pessoas que apresentam uma atração sexual por pessoas do mesmo sexo, devem ser acolhidas com respeito, com paixão e delicadeza; evitar-se-á, por isso, qualquer sinal de discriminação injusta com elas".
Ruben conta ao diretor a sua história conturbada, que começou com a descoberta de ser uma criança adotada. A relação difícil com seu pai, o seu relacionar-se exclusivamente com o mundo feminino, o os abusos e as violências dos coetâneos que o chamavam de “mulherzinha”... até chegar à plena consci~encia da própria homossexualidade. A partir daquele momento, a sua vida foi marcada por uma progressiva vertigem auto-destrutiva: sexo primeiro, depois prostituição.
Tudo isso, acompanhado de uma separação permanente de Deus, daquele Deus que lhe havia negado a felicidade, daquele Deus que lhe dera um pai violento e arrogante. O seu coração já estava endurecido, provado pelo que teve que suportar por quinze ano, e agora nem mesmo o pranto desesperado da mãe conseguia comovê-lo.
A história é forte, às vezes chocante, mas Cotelo tinha avisado a todos desde o início, lançando também o seu desafio pessoal: “esta viagem pode provocar náuseas e tonturas em dois tipos de público: o que rejeita as pessoas com atração homossexual e o que rejeita os cristãos.E você, o que faz? Começa essa viagem ou fica aí parado?".
Ruben já estava pronto para operar, para se transformar em um transexual. Estava convencido de que a vida era a própria e apenas estava lhe esperando decidir o que fazer.
Não tinha considerado, porém, o amor de Deus, uma força tão misteriosa e tão irresistível, capaz de tocar-te em qualquer momento. O seu momento, foi durante um encontro de oração ao qual tinha sido convidado por uma amiga, durante o qual uma mulher, do púlpito, olhou para ele e exclamou “Deus te ama!”.
Três palavras simples, ditas por um desconhecido parecem quase ser fruto de um delírio, mas que, na verdade, escondem dentro de si a força de uma mensagem salvífica. Para Ruben se abre, assim, uma fase desconhecida, que nunca teria pensado ser possível ou teria desejado, aquela da dúvida: “será que este Deus é cego, não vê como o ofendo, a vida que estou levando? Eu acreditava que este Deus não amasse os homossexuais!”.
Descobrir que existe sim um Deus capaz de amar a todos, capaz de aceitar qualquer um como seu filho, mudou sua vida completamente. A partir daquele dia começou para ele um período de reflexão, de oração e de conversão profunda.
Hoje Ruben é um evangelista leigo, dá testemunho da sua experiência de fé de paróquia em paróquia, lendo partes do seu livro “um homossexual alcançado pela misericórdia de Deus”, fala com os homossexuais ilustrando-lhes a verdadeira posição da Igreja com relação a eles e o chamado que eles tem à santidade, como qualquer outra pessoa.
O trabalho de Ruben, faz tempo, recebe o apoio de algumas realidades da Igreja Católica, dentre as quais Courage, um apostolado que ajuda os homossexuais oferecendo-lhes assistência e percursos de acompanhamento espiritual. Tudo isso é mostrado na parte conclusiva do filme, que também conta com entrevistas a pessoas homossexuais que abraçaram a fé por meio da prática da castidade (para mais informações visitar o site http://www.couragebrasil.com/)
Mas a homossexualidade é apenas um pretexto para Cotelo abordar um tema ainda mais importante, um tema que é o leitmotiv de sua obra e da sua poesia: a Misericórdia de Deus.
Dúvidas e incertezas relacionadas com a homossexualidade deveriam desaparecer no coração de um cristão pelo imenso mistério da misericórdia de Deus O filme Cotelo grita com força isso: “Cristo desceu à Terra para os pecadores", e quer convencer disso não só todos os cristãos adormecidos, mas especialmente aqueles que vivem na crença de que o perdão de Deus não lhes diz respeito.
Com a dupla intenção de difundir a verdadeira mensagem da Igreja sobre a homossexualidade e espalhar a mensagem misericordiosa de Deus, Cotelo presenteia mais uma vez um filme capaz de emocionar e transformar as consciências dos espectadores.
O filme, como aconteceu com Terra de Maria, precisa de uma forte partilha para poder ser projetado nas salas italianas: clicando aqui é possível requerer o filme nas salas de cinema da própria cidade da Itália. Ainda não está disponível em português.
No site do Infinito Mas Uno da Itália, é possível também ver as cidades em que já é possível ver o filme, e também assistir o trailer e os primeiros 10 minutos do filme.
Fonte: Zenit.
A homossexualidade é um desses temas... Também em âmbitos católicos nem sempre se encontram respostas confortáveis, fazendo que seja mais fácil seguir as ideias e as teorias que a mídia propaga, mais do que abrindo o Catecismo da Igreja Católica e lendo qual é a verdadeira resposta que a Igreja dá. E assim, difundem-se crenças e opiniões contraditórias e distantes da mensagem cristã, porque é mais fácil julgar se não se conhece a verdade, é mais fácil emitir sentenças pessoasi se não se conhece a lei.
É neste contexto que está o trabalho de um homem que colocou sua vida a serviço da verdade cristã, uma verdade feita de simplicidade e amor: Juan Manuel Cotelo.
O diretor de terra de Maria, de fato, continuando o seu projeto editorial junto com a produtora InfinitoMásUno, realizou o filme documentário Dio esce allo scoperto (Deus vem para fora), segundo capítulo da série Potrebbe Succedere a te (Poderia acontecer contigo), nas salas italianas a partir do 4 de novembro.
O filme conta a história de Ruben Garcia, um mexicano gay que depois de uma vida de excessos e imprudências experimentou de forma fortíssima o Amor de Deus.
E para fazer isso, começa do Catecismo da Igreja Católica, número 2358: “aquelas pessoas que apresentam uma atração sexual por pessoas do mesmo sexo, devem ser acolhidas com respeito, com paixão e delicadeza; evitar-se-á, por isso, qualquer sinal de discriminação injusta com elas".
Ruben conta ao diretor a sua história conturbada, que começou com a descoberta de ser uma criança adotada. A relação difícil com seu pai, o seu relacionar-se exclusivamente com o mundo feminino, o os abusos e as violências dos coetâneos que o chamavam de “mulherzinha”... até chegar à plena consci~encia da própria homossexualidade. A partir daquele momento, a sua vida foi marcada por uma progressiva vertigem auto-destrutiva: sexo primeiro, depois prostituição.
Tudo isso, acompanhado de uma separação permanente de Deus, daquele Deus que lhe havia negado a felicidade, daquele Deus que lhe dera um pai violento e arrogante. O seu coração já estava endurecido, provado pelo que teve que suportar por quinze ano, e agora nem mesmo o pranto desesperado da mãe conseguia comovê-lo.
A história é forte, às vezes chocante, mas Cotelo tinha avisado a todos desde o início, lançando também o seu desafio pessoal: “esta viagem pode provocar náuseas e tonturas em dois tipos de público: o que rejeita as pessoas com atração homossexual e o que rejeita os cristãos.E você, o que faz? Começa essa viagem ou fica aí parado?".
Ruben já estava pronto para operar, para se transformar em um transexual. Estava convencido de que a vida era a própria e apenas estava lhe esperando decidir o que fazer.
Não tinha considerado, porém, o amor de Deus, uma força tão misteriosa e tão irresistível, capaz de tocar-te em qualquer momento. O seu momento, foi durante um encontro de oração ao qual tinha sido convidado por uma amiga, durante o qual uma mulher, do púlpito, olhou para ele e exclamou “Deus te ama!”.
Três palavras simples, ditas por um desconhecido parecem quase ser fruto de um delírio, mas que, na verdade, escondem dentro de si a força de uma mensagem salvífica. Para Ruben se abre, assim, uma fase desconhecida, que nunca teria pensado ser possível ou teria desejado, aquela da dúvida: “será que este Deus é cego, não vê como o ofendo, a vida que estou levando? Eu acreditava que este Deus não amasse os homossexuais!”.
Descobrir que existe sim um Deus capaz de amar a todos, capaz de aceitar qualquer um como seu filho, mudou sua vida completamente. A partir daquele dia começou para ele um período de reflexão, de oração e de conversão profunda.
Hoje Ruben é um evangelista leigo, dá testemunho da sua experiência de fé de paróquia em paróquia, lendo partes do seu livro “um homossexual alcançado pela misericórdia de Deus”, fala com os homossexuais ilustrando-lhes a verdadeira posição da Igreja com relação a eles e o chamado que eles tem à santidade, como qualquer outra pessoa.
O trabalho de Ruben, faz tempo, recebe o apoio de algumas realidades da Igreja Católica, dentre as quais Courage, um apostolado que ajuda os homossexuais oferecendo-lhes assistência e percursos de acompanhamento espiritual. Tudo isso é mostrado na parte conclusiva do filme, que também conta com entrevistas a pessoas homossexuais que abraçaram a fé por meio da prática da castidade (para mais informações visitar o site http://www.couragebrasil.com/)
Mas a homossexualidade é apenas um pretexto para Cotelo abordar um tema ainda mais importante, um tema que é o leitmotiv de sua obra e da sua poesia: a Misericórdia de Deus.
Dúvidas e incertezas relacionadas com a homossexualidade deveriam desaparecer no coração de um cristão pelo imenso mistério da misericórdia de Deus O filme Cotelo grita com força isso: “Cristo desceu à Terra para os pecadores", e quer convencer disso não só todos os cristãos adormecidos, mas especialmente aqueles que vivem na crença de que o perdão de Deus não lhes diz respeito.
Com a dupla intenção de difundir a verdadeira mensagem da Igreja sobre a homossexualidade e espalhar a mensagem misericordiosa de Deus, Cotelo presenteia mais uma vez um filme capaz de emocionar e transformar as consciências dos espectadores.
O filme, como aconteceu com Terra de Maria, precisa de uma forte partilha para poder ser projetado nas salas italianas: clicando aqui é possível requerer o filme nas salas de cinema da própria cidade da Itália. Ainda não está disponível em português.
No site do Infinito Mas Uno da Itália, é possível também ver as cidades em que já é possível ver o filme, e também assistir o trailer e os primeiros 10 minutos do filme.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
Papa Francisco: “O Card. Martini não teve medo dos protestos e incentivou a Igreja ‘em saída’”
Francisco não tem dúvidas: "A herança que nos deixou o cardeal Martini é um dom precioso”, escreve no apaixonado prefácio – publicado hoje em exclusiva no Corriere dela Sera – da primeira Obra completa do companheiro jesuíta, ex arcebispo de Milão, aos cuidados de Virgínio Pontiggia. O livro, com o título “Le cattedre dei non credenti” (As cátedras dos não crentes”, será publicado na Itália na próxima quinta-feira, 22 de outubro, pela ed. Bompiani e recolhe os discursos da “Cátedra dos não crentes”, iniciativa começada em 1987 que testemunha o compromisso de Martini com o diálogo.
"A sua vida, as suas obras e as suas palavras infundiram esperança e apoiaram muitas pessoas em seus caminhos de busca”, escreve o Pontífice. Começando com a Argentina: “Quantos de nós, no fim do mundo, fizemos os Exercícios Espirituais com os seus textos!”, exclama o Papa. E quantos “homens e mulheres de diferentes crenças, não só em âmbito cristão, encontraram e continuam a encontrar coragem e luz nas suas reflexões”. É portanto uma “responsabilidade” valorizar este “patrimônio”, de tal forma que “ainda possa hoje alimentar percursos de crescimento e suscitar uma autêntica paixão pelo cuidado do mundo”.
Em particular, o Papa destaca três aspectos importantes da figura do inesquecível biblista e exegeta: “Sinodalidade, diálogo e Palavra de Deus”. Martini esteve muito atento “para promover e acompanhar dentro da comunidade eclesial o estilo de sinodalidade tão desejado pelo Concílio Vaticano II”, que, de um lado, requer “uma atitude de escuta e de discernimento”; do outro, “o cuidado para que as diferenças não degenerem em conflito destrutivo”.
O cardeal não teve medo “das tensões, ou até mesmo das disputas”, que – destaca Bergoglio – “necessariamente todo impulso profético traz consigo”. Tanto que o seu lema episcopal era pro veritate adversa diligere. Ele – continua – “sempre procurou neutralizar a carga destrutiva e, com sensibilidade e carinho com a Igreja, transformá-la em ocasiões importantes de um processo de mudança e de crescimento na comunhão”. Também diante de situações de oposição, "sempre evitou a contraposição, que não leva a nenhuma solução, pensando de forma criativa em termos alternativos”.
Muito menos o card. Martini deixou-se levar pelas “modas ou pesquisas sociológicas”; o que o conduzia era “uma única questão de fundo: de forma Jesus Cristo, vivo na Igreja, é, hoje, fonte de esperança?”. Ao mesmo tempo, “era consciente da presença na Igreja de tantas sensibilidades diferentes de acordo com contextos culturais, que não podem ser integrados sem um livre e humilde debate”.
De fato, Martini precisava de um “instrumento de confronto universal”, porque “quando se procura a vontade de Deus sempre existem pontos de vista diferentes e é necessário procurar espaços para ouvir o Espírito Santo e permitir-lhes obrar em profundaide”. É com este “estilo” pastoral e espiritual que o prelado “não procurou somente envolver os membros da comunidade eclesial”, mas “também ativamente de encontrar aqueles que na comunidade dos fieis não eram reconhecidos imediatamente”.
A segunda característica relevante do cardeal é, de fato, ter incentivado “o olhar além dos confins consolidados, favorecendo uma Igreja missionária ‘em saída’ e não fechada sobre si mesma”. A prova disso é “o modo novo de dialogar com o mundo contemporâneo que foi a Cátedra dos não crentes”, iniciativa que nasce da convicção de “que todos, crentes e não crentes, estamos em busca da verdade e não podemos desprezar nada”.
"Todo crente carrega consigo a ameaça da não-crença e todo não-crente carrega dentro de si a semente da fé - escreve o Papa – o ponto de encontro é a disponibilidade de refletir sobre questões que todos nos unem”. O próprio Martini “nunca deixou de ser um cristão que se perguntava com honestidade sobre a própria fé, na consciência de que isso não impedia, mas sim reforçava, o seu ministério de bispo chamado a apascentar o rebanho que lhe foi confiado."
Percebendo, portanto, “a fecundidade da contribuição que as comunidades cristãs podem dar à sociedade civil hoje”, o cardeal testemunhou que “os princípios da fé, longe de serem motivo de guerra e de contraposição dentro da convivência civil, podem e devem ser vivíveis e desejáveis também pelos demais”.
O convite a “fazer-se próximo” caracterizou o seu magistério e “ressoou com força e eficácia dentro da sociedade civil e no mundo da política”, também além dos âmbitos da cidade de Milão. E aqui está o terceiro aspecto, afirma o Papa Francisco: a “familiaridade” do cardeal com a Palavra de Deus, que “se unia ao talento pastoral de saber comunica-la a todos, crentes e leigos, intelectuais e pessoas simples”.
A atenção constante do arcebispo ambrosiano ao tesouro da Escritura – destaca o Papa Bergoglio – faz com que as suas palavras “não possam ser vistas como considerações motivadas pelo bom senso ou por teorias políticas”, mas “expressam toda a riqueza da tradição conseguindo interpelar cada pessoa e cada povo”. Em particular ele indicou “percursos para ligar a Palavra à vida”, para que assim ela pudesse “se tornar agente de conversão, alimentando uma vida mais fraterna e mais justa, impedindo fugir para a sombra de cômodas seguranças pré-confexionadas”.
Sobre isso, o Papa recorda a iniciativa da “Escola da Palavra”, promovida pelo cardeal na arquidiocese de Milão, difundida também em outros países: ou seja, “ocasiões de leitura sapiencial da vida” que permitiram que muitas pessoas, especialmente os jovens, "desfrutassem a novidade permanente, que surge a partir da leitura do texto bíblico". Com essa abordagem, o cardeal Martini valorizou de forma “original” também a espiritualidade da Companhia de Jesus, usando bastante a pedagogia inaciana, especialmente dos Exercícios espirituais, “para envolver na oração todas as dimensões da pessoa, incluindo corporeidade e afetividade”.
Três aspectos resumem, então, a figura do cardeal: sinodalidade, diálogo e Palavra de Deus. Resumem, mas certamente – diz Francisco – não “exaurem a atualidade”: muitos outros aspectos “deveriam ser colocados em evidência”. Por isso é que se diz “grato” com aqueles que se dedicam a “reunir, ordenar e colocar a disposição de forma orgânica a grande quantidade de discursos e de escritos do cardeal Martini, situando-o no contexto histórico e nas circunstâncias em que foram elaborados”.
A partir desta obra completa, que o Pontífice espera que possa constituir “um constante convite para refletir juntos no modo em que estamos construindo o futuro do nosso planeta e procurar caminhos compartilhados de libertação e de esperança”. Também que possa ser “de grande ajuda no nosso mundo tão marcado por forças divisionistas e desumanizantes para inspirar uma vida mais rica de sentido e uma convivência mais fraterna”.
Fonte: Zenit.
"A sua vida, as suas obras e as suas palavras infundiram esperança e apoiaram muitas pessoas em seus caminhos de busca”, escreve o Pontífice. Começando com a Argentina: “Quantos de nós, no fim do mundo, fizemos os Exercícios Espirituais com os seus textos!”, exclama o Papa. E quantos “homens e mulheres de diferentes crenças, não só em âmbito cristão, encontraram e continuam a encontrar coragem e luz nas suas reflexões”. É portanto uma “responsabilidade” valorizar este “patrimônio”, de tal forma que “ainda possa hoje alimentar percursos de crescimento e suscitar uma autêntica paixão pelo cuidado do mundo”.
Em particular, o Papa destaca três aspectos importantes da figura do inesquecível biblista e exegeta: “Sinodalidade, diálogo e Palavra de Deus”. Martini esteve muito atento “para promover e acompanhar dentro da comunidade eclesial o estilo de sinodalidade tão desejado pelo Concílio Vaticano II”, que, de um lado, requer “uma atitude de escuta e de discernimento”; do outro, “o cuidado para que as diferenças não degenerem em conflito destrutivo”.
O cardeal não teve medo “das tensões, ou até mesmo das disputas”, que – destaca Bergoglio – “necessariamente todo impulso profético traz consigo”. Tanto que o seu lema episcopal era pro veritate adversa diligere. Ele – continua – “sempre procurou neutralizar a carga destrutiva e, com sensibilidade e carinho com a Igreja, transformá-la em ocasiões importantes de um processo de mudança e de crescimento na comunhão”. Também diante de situações de oposição, "sempre evitou a contraposição, que não leva a nenhuma solução, pensando de forma criativa em termos alternativos”.
Muito menos o card. Martini deixou-se levar pelas “modas ou pesquisas sociológicas”; o que o conduzia era “uma única questão de fundo: de forma Jesus Cristo, vivo na Igreja, é, hoje, fonte de esperança?”. Ao mesmo tempo, “era consciente da presença na Igreja de tantas sensibilidades diferentes de acordo com contextos culturais, que não podem ser integrados sem um livre e humilde debate”.
De fato, Martini precisava de um “instrumento de confronto universal”, porque “quando se procura a vontade de Deus sempre existem pontos de vista diferentes e é necessário procurar espaços para ouvir o Espírito Santo e permitir-lhes obrar em profundaide”. É com este “estilo” pastoral e espiritual que o prelado “não procurou somente envolver os membros da comunidade eclesial”, mas “também ativamente de encontrar aqueles que na comunidade dos fieis não eram reconhecidos imediatamente”.
A segunda característica relevante do cardeal é, de fato, ter incentivado “o olhar além dos confins consolidados, favorecendo uma Igreja missionária ‘em saída’ e não fechada sobre si mesma”. A prova disso é “o modo novo de dialogar com o mundo contemporâneo que foi a Cátedra dos não crentes”, iniciativa que nasce da convicção de “que todos, crentes e não crentes, estamos em busca da verdade e não podemos desprezar nada”.
"Todo crente carrega consigo a ameaça da não-crença e todo não-crente carrega dentro de si a semente da fé - escreve o Papa – o ponto de encontro é a disponibilidade de refletir sobre questões que todos nos unem”. O próprio Martini “nunca deixou de ser um cristão que se perguntava com honestidade sobre a própria fé, na consciência de que isso não impedia, mas sim reforçava, o seu ministério de bispo chamado a apascentar o rebanho que lhe foi confiado."
Percebendo, portanto, “a fecundidade da contribuição que as comunidades cristãs podem dar à sociedade civil hoje”, o cardeal testemunhou que “os princípios da fé, longe de serem motivo de guerra e de contraposição dentro da convivência civil, podem e devem ser vivíveis e desejáveis também pelos demais”.
O convite a “fazer-se próximo” caracterizou o seu magistério e “ressoou com força e eficácia dentro da sociedade civil e no mundo da política”, também além dos âmbitos da cidade de Milão. E aqui está o terceiro aspecto, afirma o Papa Francisco: a “familiaridade” do cardeal com a Palavra de Deus, que “se unia ao talento pastoral de saber comunica-la a todos, crentes e leigos, intelectuais e pessoas simples”.
A atenção constante do arcebispo ambrosiano ao tesouro da Escritura – destaca o Papa Bergoglio – faz com que as suas palavras “não possam ser vistas como considerações motivadas pelo bom senso ou por teorias políticas”, mas “expressam toda a riqueza da tradição conseguindo interpelar cada pessoa e cada povo”. Em particular ele indicou “percursos para ligar a Palavra à vida”, para que assim ela pudesse “se tornar agente de conversão, alimentando uma vida mais fraterna e mais justa, impedindo fugir para a sombra de cômodas seguranças pré-confexionadas”.
Sobre isso, o Papa recorda a iniciativa da “Escola da Palavra”, promovida pelo cardeal na arquidiocese de Milão, difundida também em outros países: ou seja, “ocasiões de leitura sapiencial da vida” que permitiram que muitas pessoas, especialmente os jovens, "desfrutassem a novidade permanente, que surge a partir da leitura do texto bíblico". Com essa abordagem, o cardeal Martini valorizou de forma “original” também a espiritualidade da Companhia de Jesus, usando bastante a pedagogia inaciana, especialmente dos Exercícios espirituais, “para envolver na oração todas as dimensões da pessoa, incluindo corporeidade e afetividade”.
Três aspectos resumem, então, a figura do cardeal: sinodalidade, diálogo e Palavra de Deus. Resumem, mas certamente – diz Francisco – não “exaurem a atualidade”: muitos outros aspectos “deveriam ser colocados em evidência”. Por isso é que se diz “grato” com aqueles que se dedicam a “reunir, ordenar e colocar a disposição de forma orgânica a grande quantidade de discursos e de escritos do cardeal Martini, situando-o no contexto histórico e nas circunstâncias em que foram elaborados”.
A partir desta obra completa, que o Pontífice espera que possa constituir “um constante convite para refletir juntos no modo em que estamos construindo o futuro do nosso planeta e procurar caminhos compartilhados de libertação e de esperança”. Também que possa ser “de grande ajuda no nosso mundo tão marcado por forças divisionistas e desumanizantes para inspirar uma vida mais rica de sentido e uma convivência mais fraterna”.
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
Papa: "passar da ambição do poder à alegria de se ocultar e servir"
As leituras bíblicas de ontem apresentam-nos o tema do serviço e chamam-nos a seguir Jesus pelo caminho da humildade e da cruz.
O profeta Isaías esboça a figura do Servo do Senhor (53, 10-11) e a sua missão salvífica. Trata-se dum personagem que não se gaba de genealogias ilustres; mas desprezado, evitado por todos, sabe o que é sofrer. Não se lhe atribuem empreendimentos grandiosos nem discursos célebres, mas realiza o plano de Deus através duma presença humilde e silenciosa, através do seu sofrimento. De facto, a sua missão realiza-se por meio do sofrimento, que lhe permite compreender os que sofrem, carregar o fardo das culpas alheias e expiá-las. A marginalização e o sofrimento do Servo do Senhor, suportados até à morte, revelam-se tão fecundos que resgatam e salvam as multidões.
Jesus é o Servo do Senhor: a sua existência e a sua morte, vividas inteiramente sob a forma de serviço (cf. Flp 2, 7), foram causa da nossa salvação e da reconciliação da humanidade com Deus. O querigma, coração do Evangelho, atesta que, na sua morte e ressurreição, cumpriram-se as profecias do Servo do Senhor. A narração de São Marcos descreve a cena de Jesus a contas com os seus discípulos Tiago e João, que – apoiados pela mãe – queriam sentar-se, à sua direita e à sua esquerda, no reino de Deus (cf. Mc 10, 37), reivindicando lugares de honra, de acordo com a sua própria visão hierárquica do reino. A perspectiva, em que se movem, aparece ainda inquinada por sonhos de realização terrena. Então Jesus dá um primeiro «abanão» naquelas convicções dos discípulos, recordando o caminho d’Ele na terra: «Bebereis o cálice que Eu bebo (…), mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não pertence a Mim concedê-lo: é daqueles para quem está reservado» (10, 39-40). Com esta imagem do cálice, Ele assegura aos dois discípulos a possibilidade de serem associados plenamente ao seu destino de sofrimento, mas sem garantir os desejados lugares de honra. A sua resposta é um convite a segui-Lo pelo caminho do amor e do serviço, rejeitando a tentação mundana de querer sobressair e mandar nos outros.
À vista de tantos que lutam por obter o poder e o sucesso, por dar nas vistas, frente a tantos que querem fazer valer os seus méritos, as suas realizações, os discípulos são chamados a fazer o contrário. Por isso adverte-os: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo» (10, 42-43). Com estas palavras, Jesus indica o serviço como estilo da autoridade na comunidade cristã. Quem serve os outros e não goza efectivamente de prestígio, exerce a verdadeira autoridade na Igreja. Jesus convida-nos a mudar a nossa mentalidade e a passar da ambição do poder à alegria de se ocultar e servir; a desarraigar o instinto de domínio sobre os outros e exercer a virtude da humildade.
E, depois de apresentar um modelo a não imitar, oferece-Se a Si mesmo como ideal de referimento. No procedimento do Mestre, a comunidade encontrará o motivo da nova perspectiva de vida: «Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos» (10, 45). Na tradição bíblica, o Filho do Homem é aquele que recebe de Deus «as soberanias, a glória e a realeza» (Dn 7, 14). Jesus enche de novo sentido esta imagem, especificando que Ele tem a soberania enquanto servo, a glória enquanto capaz de abaixamento, a autoridade real enquanto disponível ao dom total da vida. Na verdade, é com a sua paixão e morte que conquista o último lugar, alcança o máximo de grandeza no serviço, e oferece-o à sua Igreja.
Há incompatibilidade entre uma forma de conceber o poder segundo critérios mundanos e o serviço humilde que deveria caracterizar a autoridade segundo o ensinamento e o exemplo de Jesus; incompatibilidade entre ambições e carreirismo e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso, fama, triunfos terrenos e a lógica de Cristo crucificado. Ao contrário, há compatibilidade entre Jesus «que sabe o que é sofrer» e o nosso sofrimento. Assim no-lo recorda a Carta aos Hebreus, que apresenta Cristo como o Sumo Sacerdote que compartilha a nossa condição humana em tudo, excepto no pecado: «de facto, não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós, excepto no pecado» (4, 15). Jesus exerce, essencialmente, um sacerdócio de misericórdia e compaixão. Experimentou directamente as nossas dificuldades, conhece a partir de dentro a nossa condição humana; o facto de não ter experimentado o pecado não O impede de compreender os pecadores. A sua glória não é a da ambição ou da sede de domínio, mas a glória de amar os homens, assumir e compartilhar a sua fraqueza e oferecer-lhes a graça que cura, acompanhá-los com ternura infinita, acompanhá-los no seu caminho atribulado.
Cada um de nós, enquanto baptizado, participa a seu modo no sacerdócio de Cristo: os fiéis leigos no sacerdócio comum, os sacerdotes no sacerdócio ministerial. Assim, todos podemos receber a caridade que brota do seu Coração aberto, tanto para nós mesmos como para os outros, tornando-nos «canais» do seu amor, da sua compaixão, especialmente para aqueles que vivem no sofrimento, na angústia, no desânimo e na solidão.
Aqueles que hoje proclamámos Santos, serviram constantemente, com humildade e caridade extraordinárias, os irmãos, imitando assim o Mestre divino. São Vicente Grossi foi pároco zeloso, sempre atento às necessidades do seu povo, especialmente à fragilidade dos jovens. Com ardor, repartiu o pão da Palavra para todos e tornou-se bom samaritano para os mais necessitados.
Santa Maria da Imaculada Conceição, bebendo nas fontes da oração e da contemplação, serviu pessoalmente e com grande humildade os últimos, com uma atenção especial aos filhos dos pobres e aos doentes.
Os Santos esposos Luís Martin e Maria Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus.
O testemunho luminoso destes novos Santos impele-nos a perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos, confiando na ajuda de Deus e na protecção materna de Maria. Que eles, do Céu, velem sobre nós e nos apoiem com a sua poderosa intercessão.
Fonte: Zenit.
O profeta Isaías esboça a figura do Servo do Senhor (53, 10-11) e a sua missão salvífica. Trata-se dum personagem que não se gaba de genealogias ilustres; mas desprezado, evitado por todos, sabe o que é sofrer. Não se lhe atribuem empreendimentos grandiosos nem discursos célebres, mas realiza o plano de Deus através duma presença humilde e silenciosa, através do seu sofrimento. De facto, a sua missão realiza-se por meio do sofrimento, que lhe permite compreender os que sofrem, carregar o fardo das culpas alheias e expiá-las. A marginalização e o sofrimento do Servo do Senhor, suportados até à morte, revelam-se tão fecundos que resgatam e salvam as multidões.
Jesus é o Servo do Senhor: a sua existência e a sua morte, vividas inteiramente sob a forma de serviço (cf. Flp 2, 7), foram causa da nossa salvação e da reconciliação da humanidade com Deus. O querigma, coração do Evangelho, atesta que, na sua morte e ressurreição, cumpriram-se as profecias do Servo do Senhor. A narração de São Marcos descreve a cena de Jesus a contas com os seus discípulos Tiago e João, que – apoiados pela mãe – queriam sentar-se, à sua direita e à sua esquerda, no reino de Deus (cf. Mc 10, 37), reivindicando lugares de honra, de acordo com a sua própria visão hierárquica do reino. A perspectiva, em que se movem, aparece ainda inquinada por sonhos de realização terrena. Então Jesus dá um primeiro «abanão» naquelas convicções dos discípulos, recordando o caminho d’Ele na terra: «Bebereis o cálice que Eu bebo (…), mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não pertence a Mim concedê-lo: é daqueles para quem está reservado» (10, 39-40). Com esta imagem do cálice, Ele assegura aos dois discípulos a possibilidade de serem associados plenamente ao seu destino de sofrimento, mas sem garantir os desejados lugares de honra. A sua resposta é um convite a segui-Lo pelo caminho do amor e do serviço, rejeitando a tentação mundana de querer sobressair e mandar nos outros.
À vista de tantos que lutam por obter o poder e o sucesso, por dar nas vistas, frente a tantos que querem fazer valer os seus méritos, as suas realizações, os discípulos são chamados a fazer o contrário. Por isso adverte-os: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo» (10, 42-43). Com estas palavras, Jesus indica o serviço como estilo da autoridade na comunidade cristã. Quem serve os outros e não goza efectivamente de prestígio, exerce a verdadeira autoridade na Igreja. Jesus convida-nos a mudar a nossa mentalidade e a passar da ambição do poder à alegria de se ocultar e servir; a desarraigar o instinto de domínio sobre os outros e exercer a virtude da humildade.
E, depois de apresentar um modelo a não imitar, oferece-Se a Si mesmo como ideal de referimento. No procedimento do Mestre, a comunidade encontrará o motivo da nova perspectiva de vida: «Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos» (10, 45). Na tradição bíblica, o Filho do Homem é aquele que recebe de Deus «as soberanias, a glória e a realeza» (Dn 7, 14). Jesus enche de novo sentido esta imagem, especificando que Ele tem a soberania enquanto servo, a glória enquanto capaz de abaixamento, a autoridade real enquanto disponível ao dom total da vida. Na verdade, é com a sua paixão e morte que conquista o último lugar, alcança o máximo de grandeza no serviço, e oferece-o à sua Igreja.
Há incompatibilidade entre uma forma de conceber o poder segundo critérios mundanos e o serviço humilde que deveria caracterizar a autoridade segundo o ensinamento e o exemplo de Jesus; incompatibilidade entre ambições e carreirismo e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso, fama, triunfos terrenos e a lógica de Cristo crucificado. Ao contrário, há compatibilidade entre Jesus «que sabe o que é sofrer» e o nosso sofrimento. Assim no-lo recorda a Carta aos Hebreus, que apresenta Cristo como o Sumo Sacerdote que compartilha a nossa condição humana em tudo, excepto no pecado: «de facto, não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós, excepto no pecado» (4, 15). Jesus exerce, essencialmente, um sacerdócio de misericórdia e compaixão. Experimentou directamente as nossas dificuldades, conhece a partir de dentro a nossa condição humana; o facto de não ter experimentado o pecado não O impede de compreender os pecadores. A sua glória não é a da ambição ou da sede de domínio, mas a glória de amar os homens, assumir e compartilhar a sua fraqueza e oferecer-lhes a graça que cura, acompanhá-los com ternura infinita, acompanhá-los no seu caminho atribulado.
Cada um de nós, enquanto baptizado, participa a seu modo no sacerdócio de Cristo: os fiéis leigos no sacerdócio comum, os sacerdotes no sacerdócio ministerial. Assim, todos podemos receber a caridade que brota do seu Coração aberto, tanto para nós mesmos como para os outros, tornando-nos «canais» do seu amor, da sua compaixão, especialmente para aqueles que vivem no sofrimento, na angústia, no desânimo e na solidão.
Aqueles que hoje proclamámos Santos, serviram constantemente, com humildade e caridade extraordinárias, os irmãos, imitando assim o Mestre divino. São Vicente Grossi foi pároco zeloso, sempre atento às necessidades do seu povo, especialmente à fragilidade dos jovens. Com ardor, repartiu o pão da Palavra para todos e tornou-se bom samaritano para os mais necessitados.
Santa Maria da Imaculada Conceição, bebendo nas fontes da oração e da contemplação, serviu pessoalmente e com grande humildade os últimos, com uma atenção especial aos filhos dos pobres e aos doentes.
Os Santos esposos Luís Martin e Maria Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus.
O testemunho luminoso destes novos Santos impele-nos a perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos, confiando na ajuda de Deus e na protecção materna de Maria. Que eles, do Céu, velem sobre nós e nos apoiem com a sua poderosa intercessão.
Fonte: Zenit.
domingo, 18 de outubro de 2015
Infância Missionária
Neste domingo celebramos o Dia Mundial das Missões, com a mensagem do Papa Francisco comentando sobre a vida religiosa missionária, e o tema do Brasil sobre a Missão como serviço. É também o Dia da Obra Pontifícia da Infância Missionária.
Eu me recordo de que nos meus tempos de criança uma das revistas que nos alimentava na reflexão se chamava “ O pequeno missionário”, e que tanto bem me fez. Isso me remete a empreender uma reflexão sobre a Infância Missionária.
Acrescento a isso a importância do nosso gesto concreto neste Ano da Esperança, que é a continuação das reuniões missionárias, neste mês levando a cruz em forma de chama para marcar nossa presença de evangelizadores. Daqui a dois meses aproximadamente estaremos dentro do Ano do Jubileu da Misericórdia. Creio que será muito bom meditar sobre a necessidade de nossa consciência sobre essa obra pontifícia.
A Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM) foi fundada por Dom Carlos Forbin Janson, Bispo de Nancy, França, em 19 de maio de 1843. Carlos Forbin Janson sempre se interessou muito pela realidade e evangelização dos povos. Já na adolescência manteve estreita ligação com os missionários da China. Seu desejo era ir à China e ser missionário com os missionários.
Era frequente receber cartas como estas, da qual transcrevemos algumas passagens: “Encontro-me rodeado, mesmo sem saber como, de uma dezena de crianças, umas de peito, outras de dois, três, quatro anos de idade, algumas cobertas de sarna, outras, de feridas. Os pobrezinhos já não têm o que comer e se cansam de chorar. É preciso conseguir comida para eles, e pagá-la... Enquanto isso, para não morrerem de fome, vejo-me obrigado a preparar-lhes eu mesmo um prato de farinha e açúcar, depois tento arranjar-lhes roupa, medicá-los, lavá-los, dar-lhes um teto, enfim, fazer às vezes de uma mãe... Deus concede-me as forças para sustentar tantas crianças, mas, se eu não for ajudado com alguma esmola, morrerei com eles”. "(...) falando de batizados, refiro-me a adultos. Na realidade, batizamos muitas crianças que são expostas diariamente nas ruas (...). Para nós, uma das primeiras preocupações é mandar todas as manhãs nossos catequistas para todos os arredores da cidade e batizar as crianças que ainda estão vivas. De 20 a 30 mil que são expostas cada ano, nossos catequistas conseguem batizar cerca de três mil".
De posse de informações a respeito do sofrimento de milhares de crianças, o bispo teve a inspiração de convocar as crianças católicas para se organizarem com o objetivo de prestar socorro às crianças nas mais tristes situações. Como fazer? Dom Carlos conversou com Paulina Jaricot. Ela, quando jovem, tinha dado início à Obra da Propagação da Fé. Ouvindo o plano de Dom Carlos, apoiou a ideia dele, e definiu essa iniciativa como "Obra da Propagação da Fé para as Crianças". Ela mesma expressou seu desejo de se alistar como primeira associada para a divulgação da Obra.
Era preciso fazer alguma coisa: Dom Carlos Forbin Janson resolveu convocar as crianças para socorrer as crianças. Propôs às crianças da França que ajudassem outras crianças recitando uma Ave Maria por dia e doando um dinheiro por mês; assim surgiu a Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária.
Dom Carlos tinha em mente visitar, uma após a outra, as nações da Europa, pregando esta nova cruzada de batismo, educação e resgate das crianças chinesas, e, uma vez garantida a Obra, embarcar ele próprio para aquele país, onde esperava que Deus lhe desse a graça de misturar seu sangue ao sangue dos outros mártires. Mas, esgotado com tanta atividade, sua saúde não resistiu, enquanto sua Obra se ia difundindo. No dia de sua morte repentina, em 11 de julho de 1844, a Obra da Santa Infância estava estabelecida em 65 dioceses. Hoje, a IAM está presente em todos os continentes, em mais de 130 países.
Em 1922, o Papa Pio XI a declarou Pontifícia, isto é, do Papa, e, portanto, de toda a Igreja, juntamente com as obras missionárias da Propagação da Fé e de São Pedro Apóstolo, às quais se uniu, em 1956 (Pio XII), a União Missionária, constituiu-se as Pontifícias Obras Missionárias. No Brasil, ela foi trazida por missionários franceses, em 1958. A partir de 1993, nas comemorações dos 150 anos de fundação, sua "chama ainda fumegante" readquiriu novo ardor, organizando-se e difundindo-se em todo o país.
Os protagonistas são as crianças e adolescentes, que se dedicam em favor das crianças do mundo inteiro, independentemente da cultura, raça ou religião. O nome “Infância e Adolescência Missionária” vem de uma devoção existente então na França: a infância do Menino Jesus. Por isto surgiu com o nome de “Santa Infância”.
É missionária porque educa as crianças no crescimento da fé, inserindo-as nas atividades missionárias numa dimensão universal. Pelo compromisso do batismo, vivem concretamente a experiência da partilha da fé e seus bens com todas as crianças do mundo.
É Pontifícia porque se diferencia de uma atividade apostólica transitória. Sua organização, a presença em todo o mundo, pelo seu testemunho e eficiência, tendo sido aprovada e assumida pelo Papa (Pio XI) como Obra evangelizadora a serviço de toda a Igreja.
Tem como finalidade suscitar o espírito missionário universal nas crianças, desenvolvendo lhes o protagonismo na solidariedade e na evangelização e, por meio delas, em todo o Povo de Deus: "Crianças ajudam e evangelizam crianças". São crianças em favor de outras crianças. Tomando como exemplo a vida de Jesus e de seus discípulos, a Infância Missionária tem em Maria, a mãe de Jesus, uma fiel testemunha da autêntica ação evangelizadora. Inspira-se também em São Francisco Xavier e Santa Teresinha do Menino Jesus, Padroeiros das Missões. Ambos viveram ardentemente o carisma missionário universal, doando suas vidas pelo anúncio do Evangelho.
Embora a Obra tenha nascido para socorrer a triste situação das crianças chinesas, logo abriu seus horizontes para o mundo inteiro. O resgate, o batismo, o sustento e a educação das crianças dos povos que não conhecem Jesus Cristo foram, desde o início, os objetivos da Infância e Adolescência Missionária. Um plano ambicioso: prestar todos os socorros materiais, morais, intelectuais e religiosos de que necessitam as crianças de todos os lugares, culturas, raças e crenças.
Dom Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist., arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Eu me recordo de que nos meus tempos de criança uma das revistas que nos alimentava na reflexão se chamava “ O pequeno missionário”, e que tanto bem me fez. Isso me remete a empreender uma reflexão sobre a Infância Missionária.
Acrescento a isso a importância do nosso gesto concreto neste Ano da Esperança, que é a continuação das reuniões missionárias, neste mês levando a cruz em forma de chama para marcar nossa presença de evangelizadores. Daqui a dois meses aproximadamente estaremos dentro do Ano do Jubileu da Misericórdia. Creio que será muito bom meditar sobre a necessidade de nossa consciência sobre essa obra pontifícia.
A Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM) foi fundada por Dom Carlos Forbin Janson, Bispo de Nancy, França, em 19 de maio de 1843. Carlos Forbin Janson sempre se interessou muito pela realidade e evangelização dos povos. Já na adolescência manteve estreita ligação com os missionários da China. Seu desejo era ir à China e ser missionário com os missionários.
Era frequente receber cartas como estas, da qual transcrevemos algumas passagens: “Encontro-me rodeado, mesmo sem saber como, de uma dezena de crianças, umas de peito, outras de dois, três, quatro anos de idade, algumas cobertas de sarna, outras, de feridas. Os pobrezinhos já não têm o que comer e se cansam de chorar. É preciso conseguir comida para eles, e pagá-la... Enquanto isso, para não morrerem de fome, vejo-me obrigado a preparar-lhes eu mesmo um prato de farinha e açúcar, depois tento arranjar-lhes roupa, medicá-los, lavá-los, dar-lhes um teto, enfim, fazer às vezes de uma mãe... Deus concede-me as forças para sustentar tantas crianças, mas, se eu não for ajudado com alguma esmola, morrerei com eles”. "(...) falando de batizados, refiro-me a adultos. Na realidade, batizamos muitas crianças que são expostas diariamente nas ruas (...). Para nós, uma das primeiras preocupações é mandar todas as manhãs nossos catequistas para todos os arredores da cidade e batizar as crianças que ainda estão vivas. De 20 a 30 mil que são expostas cada ano, nossos catequistas conseguem batizar cerca de três mil".
De posse de informações a respeito do sofrimento de milhares de crianças, o bispo teve a inspiração de convocar as crianças católicas para se organizarem com o objetivo de prestar socorro às crianças nas mais tristes situações. Como fazer? Dom Carlos conversou com Paulina Jaricot. Ela, quando jovem, tinha dado início à Obra da Propagação da Fé. Ouvindo o plano de Dom Carlos, apoiou a ideia dele, e definiu essa iniciativa como "Obra da Propagação da Fé para as Crianças". Ela mesma expressou seu desejo de se alistar como primeira associada para a divulgação da Obra.
Era preciso fazer alguma coisa: Dom Carlos Forbin Janson resolveu convocar as crianças para socorrer as crianças. Propôs às crianças da França que ajudassem outras crianças recitando uma Ave Maria por dia e doando um dinheiro por mês; assim surgiu a Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária.
Dom Carlos tinha em mente visitar, uma após a outra, as nações da Europa, pregando esta nova cruzada de batismo, educação e resgate das crianças chinesas, e, uma vez garantida a Obra, embarcar ele próprio para aquele país, onde esperava que Deus lhe desse a graça de misturar seu sangue ao sangue dos outros mártires. Mas, esgotado com tanta atividade, sua saúde não resistiu, enquanto sua Obra se ia difundindo. No dia de sua morte repentina, em 11 de julho de 1844, a Obra da Santa Infância estava estabelecida em 65 dioceses. Hoje, a IAM está presente em todos os continentes, em mais de 130 países.
Em 1922, o Papa Pio XI a declarou Pontifícia, isto é, do Papa, e, portanto, de toda a Igreja, juntamente com as obras missionárias da Propagação da Fé e de São Pedro Apóstolo, às quais se uniu, em 1956 (Pio XII), a União Missionária, constituiu-se as Pontifícias Obras Missionárias. No Brasil, ela foi trazida por missionários franceses, em 1958. A partir de 1993, nas comemorações dos 150 anos de fundação, sua "chama ainda fumegante" readquiriu novo ardor, organizando-se e difundindo-se em todo o país.
Os protagonistas são as crianças e adolescentes, que se dedicam em favor das crianças do mundo inteiro, independentemente da cultura, raça ou religião. O nome “Infância e Adolescência Missionária” vem de uma devoção existente então na França: a infância do Menino Jesus. Por isto surgiu com o nome de “Santa Infância”.
É missionária porque educa as crianças no crescimento da fé, inserindo-as nas atividades missionárias numa dimensão universal. Pelo compromisso do batismo, vivem concretamente a experiência da partilha da fé e seus bens com todas as crianças do mundo.
É Pontifícia porque se diferencia de uma atividade apostólica transitória. Sua organização, a presença em todo o mundo, pelo seu testemunho e eficiência, tendo sido aprovada e assumida pelo Papa (Pio XI) como Obra evangelizadora a serviço de toda a Igreja.
Tem como finalidade suscitar o espírito missionário universal nas crianças, desenvolvendo lhes o protagonismo na solidariedade e na evangelização e, por meio delas, em todo o Povo de Deus: "Crianças ajudam e evangelizam crianças". São crianças em favor de outras crianças. Tomando como exemplo a vida de Jesus e de seus discípulos, a Infância Missionária tem em Maria, a mãe de Jesus, uma fiel testemunha da autêntica ação evangelizadora. Inspira-se também em São Francisco Xavier e Santa Teresinha do Menino Jesus, Padroeiros das Missões. Ambos viveram ardentemente o carisma missionário universal, doando suas vidas pelo anúncio do Evangelho.
Embora a Obra tenha nascido para socorrer a triste situação das crianças chinesas, logo abriu seus horizontes para o mundo inteiro. O resgate, o batismo, o sustento e a educação das crianças dos povos que não conhecem Jesus Cristo foram, desde o início, os objetivos da Infância e Adolescência Missionária. Um plano ambicioso: prestar todos os socorros materiais, morais, intelectuais e religiosos de que necessitam as crianças de todos os lugares, culturas, raças e crenças.
Dom Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist., arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
sábado, 17 de outubro de 2015
Vocação missionária na família. "A família já é missionária pelo fato de existir"
No domingo, no clima de valorização da família em que se realiza a Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, o Papa Francisco canoniza um casal extraordinário, Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus. A família santa será posta em relevo, para que se realize a Palavra de Jesus: "Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus" (Mt 5,16). Ele era relojoeiro; ela rendeira: de origem burguesa, santos por eleição. Luís Martin (1823-1894) e Zélia Guérin (1831-1877). Ambos eram filhos de militares e foram educados num ambiente disciplinado, severo, muito rigoroso. Os dois receberam educação de cunho religioso em escolas católicas. Ao terminar os estudos, Luís orientou-se para a aprendizagem do ofício de relojoeiro, não obstante o exemplo do pai, conhecido oficial do exército napoleônico. Zélia ajudava a mãe na administração da loja de família. Depois, especializou-se no "ponto de Alençon" na escola que ensinava a tecer rendas. Em poucos anos os seus esforços foram premiados: abriu uma modesta fábrica para a produção de rendas e obteve discreto sucesso. Ambos nutrem desde a adolescência o desejo de entrar numa comunidade religiosa. Ele desejou ser admitido entre os Cônegos regulares de Santo Agostinho no Grande São Bernardo, nos Alpes suíços, mas não foi aceito porque não conhecia o latim. Também ela tenta entrar nas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, mas compreende que não é a sua estrada.
Durante três anos Luís viveu em Paris, hóspede de parentes, para aperfeiçoar a sua formação de relojoeiro. Insatisfeito com o clima que se respirava na capital, transferiu-se para Alençon, onde iniciou a sua atividade, conduzindo até à idade de trinta e dois anos um estilo de vida quase ascético. Entretanto, Zélia, com a receita da sua empresa, manteve a família paterna, vendendo rendas para a alta sociedade parisiense. O encontro entre os dois acontece em mil, oitocentos e cinquenta e oito, na ponte de São Leonardo em Alençon. Ao ver Luís, Zélia percebeu distintamente que ele seria o homem da sua vida.
Casaram-se após poucos meses de noivado e conduziram uma vida conjugal no seguimento do Evangelho, ritmada pela missa quotidiana, pela oração pessoal e comunitária, pela confissão frequente e participação na vida paroquial. Da sua união nascem nove filhos, quatro dos quais morreram prematuramente. Entre as cinco filhas que sobreviveram está Teresa, a futura santa, que nasceu em mil, oitocentos e setenta e três. As recordações da carmelita sobre os seus pais são uma fonte preciosa para compreender a sua santidade. A família Martin educou as suas filhas a tornar-se não só boas cristãs mas também honestas cidadãs. Zélia era da Terceira Ordem Franciscana e desde cedo, ensinou as suas filhas a oferecerem seus corações ao bom Deus e a simples aceitação das dificuldades diárias "para agradar a Jesus". Aos quarenta e cinco anos, Zélia recebe a terrível notícia de que tinha um tumor no seio. Viveu a doença com firme esperança cristã até à morte ocorrida em agosto de mil, oitocentos e setenta e sete.
Com cinquenta e quatro anos, Luís teve que se ocupar sozinho da família. A primogênita tem dezessete anos e a última, Teresa, tem quatro anos e meio. Transferiu-se, então, para Lisieux, onde morava o irmão de Zélia. Deste modo, as filhas receberam os cuidados da tia Celina. Entre os anos de mil, oitocentos e oitenta e dois e de mil, oitocentos e oitenta e sete, Luís acompanhou as três filhas ao Carmelo. O sacrifício maior para ele foi afastar-se de Teresa que entra para as carmelitas com apenas quinze anos, ocasião em que contou a uma das filhas a oração que fazia: "Meu Deus, eu estou muito feliz. Não é possível ir para o céu assim. Eu quero sofrer algo por ti". O trabalho mais admirável de Luis é como educador. E a aceitação da vontade de Deus para com as suas filhas e em sua própria aventura espiritual é um grande exemplo. Ele não coloca nenhum obstáculo para a vocação de suas filhas e a considera como uma graça muito especial concedida à sua família. Alguns anos depois, foi internado no sanatório de Caen e morreu aos vinte e nove de julho de mil, oitocentos e noventa e quatro, encontrando sua forma de oferecer tudo ao Senhor, inclusive no sofrimento (Cf. Notas biográficas dos novos santos, publicadas pela Santa Sé).
O terceiro domingo de outubro é o Dia Mundial das Missões e Dia da Infância Missionária, comemorações escolhidas porque no primeiro dia do mês corrente se celebra a Festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, Padroeira das Missões, vinda de um casal que viveu do próprio trabalho, um pai de família que assume o cuidado das filhas, depois da morte da esposa, em virtude de um câncer de mama. Ele mesmo teve arteriosclerose cerebral, que o paralisou e impediu de falar. Uma filha santa, falecida aos vinte e quatro anos, santidade que foi dom de Deus, o Senhor que teve pressa! Apenas nove anos, tuberculose e caminho de infância espiritual, morte prematura! Todas as eventuais desculpas que podermos apresentar diante dos problemas de nossas famílias caem, como por encanto!
Família que se preze aprende a viver o cotidiano, sem pretender coisas altas demais. Dificuldades econômicas? Quem não as tem? Enfermidades? Fazem parte dos limites da natureza humana. Exigência de criatividade para manter o próprio lar? Continua válida a estrada para todos, pois aprendemos a nos virar! Crises do relacionamento, mais frequentes ainda, especialmente em nossos dias. Família santa reza unida, busca a luz do Evangelho, experimenta a graça do perdão recíproco, cultiva as alegrias cotidianas com serenidade.
A família já é missionária pelo fato de existir. O Sacramento do Matrimônio traz a graças da unidade, da fidelidade e da fecundidade e todas as forças necessárias para que edifique os outros, na missão social que lhe cabe. Pela superação contínua dos obstáculos, coragem para enfrentar as crises, educação dos filhos para os valores do Evangelho, a família planta presenças na Igreja e na Sociedade, pelo bem que seus membros podem fazer.
A família pode ser missionária quando o clima de oração e de participação na Igreja abre os corações de todos para as necessidades da Paróquia, ou quando os filhos aprendem a compartilhar os bens em benefício do esforço evangelizador da Igreja. Quando encontro crianças que saem de seus lugares na missa dominical para participarem com suas moedinhas da coleta das missões, programada para todas as celebrações do mundo inteiro, descubro a generosidade em ato, na educação para a partilha.
A Família, então, será ainda missionária quando o clima de vida cristã propiciar o surgimento de vocações para o serviço da Igreja. Por isso, pedimos que São Luís e Santa Zélia Martin rezem por nós!
Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
Durante três anos Luís viveu em Paris, hóspede de parentes, para aperfeiçoar a sua formação de relojoeiro. Insatisfeito com o clima que se respirava na capital, transferiu-se para Alençon, onde iniciou a sua atividade, conduzindo até à idade de trinta e dois anos um estilo de vida quase ascético. Entretanto, Zélia, com a receita da sua empresa, manteve a família paterna, vendendo rendas para a alta sociedade parisiense. O encontro entre os dois acontece em mil, oitocentos e cinquenta e oito, na ponte de São Leonardo em Alençon. Ao ver Luís, Zélia percebeu distintamente que ele seria o homem da sua vida.
Casaram-se após poucos meses de noivado e conduziram uma vida conjugal no seguimento do Evangelho, ritmada pela missa quotidiana, pela oração pessoal e comunitária, pela confissão frequente e participação na vida paroquial. Da sua união nascem nove filhos, quatro dos quais morreram prematuramente. Entre as cinco filhas que sobreviveram está Teresa, a futura santa, que nasceu em mil, oitocentos e setenta e três. As recordações da carmelita sobre os seus pais são uma fonte preciosa para compreender a sua santidade. A família Martin educou as suas filhas a tornar-se não só boas cristãs mas também honestas cidadãs. Zélia era da Terceira Ordem Franciscana e desde cedo, ensinou as suas filhas a oferecerem seus corações ao bom Deus e a simples aceitação das dificuldades diárias "para agradar a Jesus". Aos quarenta e cinco anos, Zélia recebe a terrível notícia de que tinha um tumor no seio. Viveu a doença com firme esperança cristã até à morte ocorrida em agosto de mil, oitocentos e setenta e sete.
Com cinquenta e quatro anos, Luís teve que se ocupar sozinho da família. A primogênita tem dezessete anos e a última, Teresa, tem quatro anos e meio. Transferiu-se, então, para Lisieux, onde morava o irmão de Zélia. Deste modo, as filhas receberam os cuidados da tia Celina. Entre os anos de mil, oitocentos e oitenta e dois e de mil, oitocentos e oitenta e sete, Luís acompanhou as três filhas ao Carmelo. O sacrifício maior para ele foi afastar-se de Teresa que entra para as carmelitas com apenas quinze anos, ocasião em que contou a uma das filhas a oração que fazia: "Meu Deus, eu estou muito feliz. Não é possível ir para o céu assim. Eu quero sofrer algo por ti". O trabalho mais admirável de Luis é como educador. E a aceitação da vontade de Deus para com as suas filhas e em sua própria aventura espiritual é um grande exemplo. Ele não coloca nenhum obstáculo para a vocação de suas filhas e a considera como uma graça muito especial concedida à sua família. Alguns anos depois, foi internado no sanatório de Caen e morreu aos vinte e nove de julho de mil, oitocentos e noventa e quatro, encontrando sua forma de oferecer tudo ao Senhor, inclusive no sofrimento (Cf. Notas biográficas dos novos santos, publicadas pela Santa Sé).
O terceiro domingo de outubro é o Dia Mundial das Missões e Dia da Infância Missionária, comemorações escolhidas porque no primeiro dia do mês corrente se celebra a Festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, Padroeira das Missões, vinda de um casal que viveu do próprio trabalho, um pai de família que assume o cuidado das filhas, depois da morte da esposa, em virtude de um câncer de mama. Ele mesmo teve arteriosclerose cerebral, que o paralisou e impediu de falar. Uma filha santa, falecida aos vinte e quatro anos, santidade que foi dom de Deus, o Senhor que teve pressa! Apenas nove anos, tuberculose e caminho de infância espiritual, morte prematura! Todas as eventuais desculpas que podermos apresentar diante dos problemas de nossas famílias caem, como por encanto!
Família que se preze aprende a viver o cotidiano, sem pretender coisas altas demais. Dificuldades econômicas? Quem não as tem? Enfermidades? Fazem parte dos limites da natureza humana. Exigência de criatividade para manter o próprio lar? Continua válida a estrada para todos, pois aprendemos a nos virar! Crises do relacionamento, mais frequentes ainda, especialmente em nossos dias. Família santa reza unida, busca a luz do Evangelho, experimenta a graça do perdão recíproco, cultiva as alegrias cotidianas com serenidade.
A família já é missionária pelo fato de existir. O Sacramento do Matrimônio traz a graças da unidade, da fidelidade e da fecundidade e todas as forças necessárias para que edifique os outros, na missão social que lhe cabe. Pela superação contínua dos obstáculos, coragem para enfrentar as crises, educação dos filhos para os valores do Evangelho, a família planta presenças na Igreja e na Sociedade, pelo bem que seus membros podem fazer.
A família pode ser missionária quando o clima de oração e de participação na Igreja abre os corações de todos para as necessidades da Paróquia, ou quando os filhos aprendem a compartilhar os bens em benefício do esforço evangelizador da Igreja. Quando encontro crianças que saem de seus lugares na missa dominical para participarem com suas moedinhas da coleta das missões, programada para todas as celebrações do mundo inteiro, descubro a generosidade em ato, na educação para a partilha.
A Família, então, será ainda missionária quando o clima de vida cristã propiciar o surgimento de vocações para o serviço da Igreja. Por isso, pedimos que São Luís e Santa Zélia Martin rezem por nós!
Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Estados Unidos enviam contingente militar a Camarões contra o Boko Haram
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos enviará a Camarões 300 militares para tarefas de vigilância aérea e de inteligência na luta contra grupos extremistas como o Boko Haram. Nesta segunda-feira já chegaram ao país africano 90 deles, armados para defender-se de possíveis ataques, mas sem tarefas de combate, informou a Casa Branca.
A pedido do governo de Camarões, as forças norte-americanas trabalharão com o exército local numa operação “temporária, expeditiva e contingente”, explicou a coronel Michelle L. Baldanza, porta-voz do Pentágono, em comunicado. Baldanza afirmou que os efetivos norte-americanos ajudarão Camarões e outros países da região a garantir a segurança de suas fronteiras contra “atividades violentas e ilegais”.
O Boko Haram, grupo aliado do autodenominado Estado Islâmico, expandiu seus ataques nos últimos meses para além da sua base no nordeste da Nigéria. Neste domingo, ao menos nove pessoas morreram em Camarões durante um duplo atentado suicida. Na véspera, ao menos 41 pessoas perderam a vida numa tripla explosão no vizinho Chade. A medida anunciada pela Casa Branca implica uma nova ofensiva dos Estados Unidos contra o jihadismo.
Fonte: Zenit.
A pedido do governo de Camarões, as forças norte-americanas trabalharão com o exército local numa operação “temporária, expeditiva e contingente”, explicou a coronel Michelle L. Baldanza, porta-voz do Pentágono, em comunicado. Baldanza afirmou que os efetivos norte-americanos ajudarão Camarões e outros países da região a garantir a segurança de suas fronteiras contra “atividades violentas e ilegais”.
O Boko Haram, grupo aliado do autodenominado Estado Islâmico, expandiu seus ataques nos últimos meses para além da sua base no nordeste da Nigéria. Neste domingo, ao menos nove pessoas morreram em Camarões durante um duplo atentado suicida. Na véspera, ao menos 41 pessoas perderam a vida numa tripla explosão no vizinho Chade. A medida anunciada pela Casa Branca implica uma nova ofensiva dos Estados Unidos contra o jihadismo.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Santa Teresa de Ávila
"Que teu desejo seja ver Deus. Teu temor, perdê-lo. Tua dor, não te comprazeres na sua presença. Tua satisfação, o que pode conduzir-te a ele. E viverás numa grande paz”. Assim ensinava Teresa de Cepeda y Ahumada que nasceu na cidade de Àvila em 28 de março de 1515. Filha de Alonso Sanchez Cepeda com Beatriz D'Ávila y Ahumada, a pequena desde cedo recebeu esmerada educação cristã e demonstrou traços de profunda piedade. Costumava retirar-se em oração e silêncio, estudar a vida dos santos e acolher os pobres e assisti-los com esmolas.
Quando criança fugiu com seu irmão para juntos buscarem o martírio, segundo a vida dos santos, mas foram impedidos pelo seu tio que os reconduziu ao lar. Aos quatorze anos, perdeu sua mãe e dedicou-se a devoção mariana. Assim dizia a jovem: “Então me dirigi a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei com muitas lágrimas que me tomasse como sua filha". Aos quinze anos foi estudar no Convento das Agostinianas em Ávila. Uma enfermidade a fez retornar para casa, mas o seu coração estava profundamente tomado pelo desejo á vida religiosa. Aos vinte anos fugiu novamente para o Convento de La Encarnación, em Ávila. Um ano depois de seu ingresso, professou os votos e tornou-se Carmelita. Uma epidemia de malária novamente faz Teresa retornar para casa para tratar-se.
Retornando ao mosteiro, crescia em seu coração o desejo de reformar as instituições até então decadentes em sua espiritualidade e vivência. Empreendeu então vigorosa e ousada reforma nos critérios de admissão e vivência dos mosteiros, bem como na condução da vida espiritual e contemplativa. Em 1562 fundou o Convento São José e após um encontro com Frei Antonio de Jesús e São João da Cruz, decidiu alargar sua reforma aos mosteiros masculinos. Teresa continuou sua missão, viajando por toda a Europa fundando mosteiros que somaram 17 pessoalmente assistidos pro ela.
Em uma de suas viagens, já muito debilitada, Teresa veio a falecer. Antes de sua morte pronunciou: "Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face!". Era dia 4 de outubro de 1582 mas em virtude da reformulação do calendário gregoriano, a data de sua morte fixou-se no dia 15. Foi beatificada em 1614, pelo Papa Paulo V e canonizada em 1622, pelo Papa Gregório XV. O Papa Paulo VI, em 27 de setembro de 1970, a proclamou Doutora da Igreja.
Fonte: Zenit.
Quando criança fugiu com seu irmão para juntos buscarem o martírio, segundo a vida dos santos, mas foram impedidos pelo seu tio que os reconduziu ao lar. Aos quatorze anos, perdeu sua mãe e dedicou-se a devoção mariana. Assim dizia a jovem: “Então me dirigi a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei com muitas lágrimas que me tomasse como sua filha". Aos quinze anos foi estudar no Convento das Agostinianas em Ávila. Uma enfermidade a fez retornar para casa, mas o seu coração estava profundamente tomado pelo desejo á vida religiosa. Aos vinte anos fugiu novamente para o Convento de La Encarnación, em Ávila. Um ano depois de seu ingresso, professou os votos e tornou-se Carmelita. Uma epidemia de malária novamente faz Teresa retornar para casa para tratar-se.
Retornando ao mosteiro, crescia em seu coração o desejo de reformar as instituições até então decadentes em sua espiritualidade e vivência. Empreendeu então vigorosa e ousada reforma nos critérios de admissão e vivência dos mosteiros, bem como na condução da vida espiritual e contemplativa. Em 1562 fundou o Convento São José e após um encontro com Frei Antonio de Jesús e São João da Cruz, decidiu alargar sua reforma aos mosteiros masculinos. Teresa continuou sua missão, viajando por toda a Europa fundando mosteiros que somaram 17 pessoalmente assistidos pro ela.
Em uma de suas viagens, já muito debilitada, Teresa veio a falecer. Antes de sua morte pronunciou: "Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face!". Era dia 4 de outubro de 1582 mas em virtude da reformulação do calendário gregoriano, a data de sua morte fixou-se no dia 15. Foi beatificada em 1614, pelo Papa Paulo V e canonizada em 1622, pelo Papa Gregório XV. O Papa Paulo VI, em 27 de setembro de 1970, a proclamou Doutora da Igreja.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
“A nossa voz de mulheres está sendo positiva no Sínodo sobre a família”
A presença da mulher, sua participação durante o atual Sínodo dos bispos sobre a família que está sendo realizando no Vaticano, foi o tema principal na coletiva de imprensa que foi realizada nesta terça-feira com os jornalistas credenciados na Santa Sé. O Sínodo dedicou-se ontem e hoje aos círculos menores.
Responderam às perguntas, o Abade Jeremias Schröder OSB, um dos dez padres sinodais eleitos pela União dos Superiores Gerais; a auditora ruandesa Therese Nyirabukeye, comprometida com métodos naturais de planejamento familiar e a auditora canadense Moira McQueen, professora de bioética.
A auditora McQueen indicou que se sente muito feliz por representar a comunidade feminina no sínodo, “não vejo diferenças quando falam homens e mulheres, especialmente nos círculos menores nos sentimos muito acolhidas, e o nosso papel foi muito reconhecido pelos padres sinodais”.
Acrescentou que a contribuição que as mulheres deram tem sido claramente respeitada e inserida no relatório. “Estou feliz – indiciou a auditora canadense – de que as mulheres sejam cada vez mais incluídas no caminho sinodal”.
Sobre o tempo de três minutos para intervenções na Sala do Sínodo, a professora de bioética reconheceu que é um desafio conseguir dar as contribuições em um tempo tão curto, embora aceitou que a causa é a grande quantidade de pessoas que participam, e porque se trata de um procedimento democrático. Embora, acrescentou, nos círculos menores haja mais tempo para falar.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, disse que a sexta-feira à tarde será dedicada aos auditores para as suas intervenções na Sala do Sínodo.
Por seu lado, a auditora da Ruanda indicou que encontrou-se "muito bem nos círculos menores e por ter podido dar a minha contribuição". E que assim pode dar o próprio testemunho no interior da Igreja e trabalhar no seu processo decisório. Definiu este sistema como “um feminismo construtivo”.
O abade Schroder lembrou que, quando elegeram os dez superiores para participar no Sínodo, alguém perguntou o motivo de não terem escolhido também freiras ou religiosas, e alguém esclareceu que ‘elas querem o seu lugar e não o nosso’. E assim foi e conseguiram três lugares no Sínodo. Reconheceu, entretanto, que é uma limitação que as superioras não sejam membros de pleno direito, e concluiu esclarecendo que “é a minha opinião pessoal, embora ache que os outros superiores gerais compartilhem isso”.
O abade também considerou que o clima no Sínodo é sereno, e que trabalhar no Instrumentum Laboris exige fadiga, "nós o fazemos com tenacidade e paciência". Sobre o caminho sinodal reconheceu que ainda não vê a meta final “mas não me preocupa porque estes processos de contribuição coletiva chegam a bons resultados”.
Falando do seu continente, África, a senhora Theresa indicou que depois do conflito étnico no seu país, há 20 anos, em Ruanda, “as famílias cristãs nos comprometemos na reconciliação, em reconstruir e existem muitas iniciativas familiares da Igreja, até mesmo de famílias interetnicas que dão o seu testemunho de unidade depois de uma tragédia tão grande.
Sobre o planejamento familiar, a auditora ruandesa recordou que a sua experiência começa nos anos 80. "Eu vi que entre as mulheres dos povoados, o conhecimento do seu funcionamento biológico é fundamental e lhes dá um certo orgulho”. Contou que um matrimônio de formadores lhe pediu que diga aos padres sinodais que "estamos felizes de ter descoberto a beleza da família e destes métodos naturais de planejamento”.
Os presentes também foram questionados sobre uma proposta que houve no Sínodo sobre o diaconato feminino. “A ouvimos com atenção, pareceu-me audaz e corajosa. Poderia ter um caminho similar, mas não discutiu-se disso”, concluiu o abade Schroder.
Fonte: Zenit.
Responderam às perguntas, o Abade Jeremias Schröder OSB, um dos dez padres sinodais eleitos pela União dos Superiores Gerais; a auditora ruandesa Therese Nyirabukeye, comprometida com métodos naturais de planejamento familiar e a auditora canadense Moira McQueen, professora de bioética.
A auditora McQueen indicou que se sente muito feliz por representar a comunidade feminina no sínodo, “não vejo diferenças quando falam homens e mulheres, especialmente nos círculos menores nos sentimos muito acolhidas, e o nosso papel foi muito reconhecido pelos padres sinodais”.
Acrescentou que a contribuição que as mulheres deram tem sido claramente respeitada e inserida no relatório. “Estou feliz – indiciou a auditora canadense – de que as mulheres sejam cada vez mais incluídas no caminho sinodal”.
Sobre o tempo de três minutos para intervenções na Sala do Sínodo, a professora de bioética reconheceu que é um desafio conseguir dar as contribuições em um tempo tão curto, embora aceitou que a causa é a grande quantidade de pessoas que participam, e porque se trata de um procedimento democrático. Embora, acrescentou, nos círculos menores haja mais tempo para falar.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, disse que a sexta-feira à tarde será dedicada aos auditores para as suas intervenções na Sala do Sínodo.
Por seu lado, a auditora da Ruanda indicou que encontrou-se "muito bem nos círculos menores e por ter podido dar a minha contribuição". E que assim pode dar o próprio testemunho no interior da Igreja e trabalhar no seu processo decisório. Definiu este sistema como “um feminismo construtivo”.
O abade Schroder lembrou que, quando elegeram os dez superiores para participar no Sínodo, alguém perguntou o motivo de não terem escolhido também freiras ou religiosas, e alguém esclareceu que ‘elas querem o seu lugar e não o nosso’. E assim foi e conseguiram três lugares no Sínodo. Reconheceu, entretanto, que é uma limitação que as superioras não sejam membros de pleno direito, e concluiu esclarecendo que “é a minha opinião pessoal, embora ache que os outros superiores gerais compartilhem isso”.
O abade também considerou que o clima no Sínodo é sereno, e que trabalhar no Instrumentum Laboris exige fadiga, "nós o fazemos com tenacidade e paciência". Sobre o caminho sinodal reconheceu que ainda não vê a meta final “mas não me preocupa porque estes processos de contribuição coletiva chegam a bons resultados”.
Falando do seu continente, África, a senhora Theresa indicou que depois do conflito étnico no seu país, há 20 anos, em Ruanda, “as famílias cristãs nos comprometemos na reconciliação, em reconstruir e existem muitas iniciativas familiares da Igreja, até mesmo de famílias interetnicas que dão o seu testemunho de unidade depois de uma tragédia tão grande.
Sobre o planejamento familiar, a auditora ruandesa recordou que a sua experiência começa nos anos 80. "Eu vi que entre as mulheres dos povoados, o conhecimento do seu funcionamento biológico é fundamental e lhes dá um certo orgulho”. Contou que um matrimônio de formadores lhe pediu que diga aos padres sinodais que "estamos felizes de ter descoberto a beleza da família e destes métodos naturais de planejamento”.
Os presentes também foram questionados sobre uma proposta que houve no Sínodo sobre o diaconato feminino. “A ouvimos com atenção, pareceu-me audaz e corajosa. Poderia ter um caminho similar, mas não discutiu-se disso”, concluiu o abade Schroder.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
52% das crianças da Faixa de Gaza sofrem de anemia e de graves carências
A maior parte do milhão e 800 mil habitantes da Faixa de Gaza não pode se garantir uma alimentação adequada, devido também ao aumento do preço dos alimentos após a última operação militar israelense. Quem sofre mais esta condição são crianças e jovens na idade do crescimento, que representam metade da população. As informações são da Agência Fides.
Um estudo realizado pelo Palestinian Medical Relief Society (PMRS) revelou que 52% das crianças da Faixa sofrem de anemia e de graves carências de fósforo, cálcio e zinco, enquanto um número significativo de crianças possuem infecções no sistema respiratório.
Após a última intervenção militar israelense, Caritas Jerusalém iniciou um projeto para melhorar os padrões alimentares de crianças da Faixa de idades entre 5 e 12 anos, fornecendo-lhes leite e alimentos produzidos especialmente para satisfazer suas carências nutricionais.
O projeto – informa a documentação fornecida pela Caritas Jerusalém à Agência Fides – envolve 5 mil crianças e jovens de 10 regiões diferentes da Faixa, e na primeira fase, deverá identificar os mil casos de desnutrição mais grave. Após este screening, as mil crianças examinadas serão nutridas seis meses com uma dieta especial, que prevê também o uso de leite e biscoitos vitaminados. Após seis meses, os efeitos desta dieta na saúde integral dos jovens serão monitorizados através de testes e análises médicas. Em seguida, o projeto será progressivamente ampliado a outras fatias da população infantil de Gaza, com a utilização das dietas equilibradas com base nos resultados científicos coletados na primeira fas e experimental.
Fonte: Zenit.
Um estudo realizado pelo Palestinian Medical Relief Society (PMRS) revelou que 52% das crianças da Faixa sofrem de anemia e de graves carências de fósforo, cálcio e zinco, enquanto um número significativo de crianças possuem infecções no sistema respiratório.
Após a última intervenção militar israelense, Caritas Jerusalém iniciou um projeto para melhorar os padrões alimentares de crianças da Faixa de idades entre 5 e 12 anos, fornecendo-lhes leite e alimentos produzidos especialmente para satisfazer suas carências nutricionais.
O projeto – informa a documentação fornecida pela Caritas Jerusalém à Agência Fides – envolve 5 mil crianças e jovens de 10 regiões diferentes da Faixa, e na primeira fase, deverá identificar os mil casos de desnutrição mais grave. Após este screening, as mil crianças examinadas serão nutridas seis meses com uma dieta especial, que prevê também o uso de leite e biscoitos vitaminados. Após seis meses, os efeitos desta dieta na saúde integral dos jovens serão monitorizados através de testes e análises médicas. Em seguida, o projeto será progressivamente ampliado a outras fatias da população infantil de Gaza, com a utilização das dietas equilibradas com base nos resultados científicos coletados na primeira fas e experimental.
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
“É maior felicidade dar que receber!”
Como todos os domingos, o Papa Francisco rezou o Angelus da janela de seu escritório no Palácio Apostólico, diante de uma multidão presente na Praça de São Pedro. Dirigindo-se ao fiéis e peregrinos de todo o mundo, o Pontífice disse:
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje, extraído do capítulo 10 de Marcos, é articulado em três episódios, inspirados em três olhares de Jesus.
O primeiro episódio apresenta o encontro entre o Mestre e um tal que – de acordo com o trecho paralelo de Mateus – é identificado como “jovem”. Este corre em direção a Jesus, ajoelha-se e o chama de “Mestre bom”. Então, pergunta: “O que devo fazer para herdar a vida eterna?”, ou seja, a felicidade.
“Vida eterna” não é somente a vida do outro lado, mas é a vida plena, realizada, sem limites. O que devemos fazer para alcança-la? A resposta de Jesus reassume os mandamentos que se referem ao amor ao próximo. Sobre isso, aquele jovem não há nenhuma pendência; mas, evidentemente, observar os preceitos não basta, não satisfaz seu desejo de plenitude. E Jesus intui este desejo que o jovem traz no coração; por isso, a sua resposta se traduz em um olhar intenso repleto de ternura e afeto: “Fitando-o, Jesus o amou”. Sabe que ele é um bom rapaz... Mas Jesus entende também qual é o ponto fraco do seu interlocutor, e lhe faz uma proposta concreta: dar todos os seus bens aos pobres e segui-lo. Aquele jovem, entretanto, tem o coração dividido entre dois patrões: Deus e o dinheiro, e vai embora triste. Isso demonstra que a fé e o apego às riquezas não podem conviver. Assim, ao final, o ímpeto inicial do jovem se apaga na infelicidade de um seguimento que não advém.
No segundo episódio o evangelista enquadra os olhos de Jesus e, desta vez, trata-se de um olhar pensativo, de aviso: “Então, Jesus, olhando em torno, disse a seus discípulos: “Como é difícil a quem tem riquezas entrar no Reino de Deus!”. Diante do estupor dos discípulos, que se perguntam: “Então, quem pode ser salvo?”, Jesus responde com um olhar de encorajamento – é o terceiro olhar – e diz: a salvação é, sim, “impossível aos homens, mas não a Deus”. Se confiamos no Senhor, podemos superar todos os obstáculos que nos impedem de segui-lo no caminho da fé. Confiar no Senhor. Ele nos dará a força, Ele nos dá a salvação, Ele nos acompanha no caminho.
E, assim, chegamos ao terceiro episódio, aquele da solene declaração de Jesus: “Em verdade vos digo: “que deixa tudo para me seguir terá a vida eterna no futuro e o cêntuplo já no presente”. Este “cêntuplo” é feito das coisas antes possuídas e depois abandonadas, mas que são multiplicadas ao infinito. Priva-se dos bens e recebe-se em troca a satisfação do verdadeiro bem; libera-se da escravidão das coisas e recebe-se a liberdade do serviço por amor; renuncia-se à posse e ganha-se a alegria do dom. Como Jesus disse: “É maior felicidade dar que receber!”.
O jovem não se deixou conquistar pelo olhar de amor de Jesus e, assim, não pôde mudar. Somente acolhendo com humilde gratidão o amor do Senhor nos liberamos das seduções dos ídolos e da cegueira das nossas ilusões. O dinheiro, o prazer, o sucesso, deslumbram, mas depois desiludem: prometem vida, mas trazem morte. O Senhor nos pede para nos desapegarmos destas falsas riquezas para entrar na vida verdadeira, na vida plena, autêntica, iluminada.
E eu pergunto a vocês, jovens, meninos e meninas, que estão agora na praça: Vocês sentiram o olhar de Jesus sobre vocês? O que vocês responderão a Ele? Preferem deixar esta praça com a alegria que Jesus nos dá ou com a tristeza no coração que a mundanidade nos oferece?
Que Nossa Senhora nos ajude a abrir o nosso coração ao amor de Jesus, somente ele pode satisfazer nossa sede de felicidade.
(Com informações da Rádio Vaticano)
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje, extraído do capítulo 10 de Marcos, é articulado em três episódios, inspirados em três olhares de Jesus.
O primeiro episódio apresenta o encontro entre o Mestre e um tal que – de acordo com o trecho paralelo de Mateus – é identificado como “jovem”. Este corre em direção a Jesus, ajoelha-se e o chama de “Mestre bom”. Então, pergunta: “O que devo fazer para herdar a vida eterna?”, ou seja, a felicidade.
“Vida eterna” não é somente a vida do outro lado, mas é a vida plena, realizada, sem limites. O que devemos fazer para alcança-la? A resposta de Jesus reassume os mandamentos que se referem ao amor ao próximo. Sobre isso, aquele jovem não há nenhuma pendência; mas, evidentemente, observar os preceitos não basta, não satisfaz seu desejo de plenitude. E Jesus intui este desejo que o jovem traz no coração; por isso, a sua resposta se traduz em um olhar intenso repleto de ternura e afeto: “Fitando-o, Jesus o amou”. Sabe que ele é um bom rapaz... Mas Jesus entende também qual é o ponto fraco do seu interlocutor, e lhe faz uma proposta concreta: dar todos os seus bens aos pobres e segui-lo. Aquele jovem, entretanto, tem o coração dividido entre dois patrões: Deus e o dinheiro, e vai embora triste. Isso demonstra que a fé e o apego às riquezas não podem conviver. Assim, ao final, o ímpeto inicial do jovem se apaga na infelicidade de um seguimento que não advém.
No segundo episódio o evangelista enquadra os olhos de Jesus e, desta vez, trata-se de um olhar pensativo, de aviso: “Então, Jesus, olhando em torno, disse a seus discípulos: “Como é difícil a quem tem riquezas entrar no Reino de Deus!”. Diante do estupor dos discípulos, que se perguntam: “Então, quem pode ser salvo?”, Jesus responde com um olhar de encorajamento – é o terceiro olhar – e diz: a salvação é, sim, “impossível aos homens, mas não a Deus”. Se confiamos no Senhor, podemos superar todos os obstáculos que nos impedem de segui-lo no caminho da fé. Confiar no Senhor. Ele nos dará a força, Ele nos dá a salvação, Ele nos acompanha no caminho.
E, assim, chegamos ao terceiro episódio, aquele da solene declaração de Jesus: “Em verdade vos digo: “que deixa tudo para me seguir terá a vida eterna no futuro e o cêntuplo já no presente”. Este “cêntuplo” é feito das coisas antes possuídas e depois abandonadas, mas que são multiplicadas ao infinito. Priva-se dos bens e recebe-se em troca a satisfação do verdadeiro bem; libera-se da escravidão das coisas e recebe-se a liberdade do serviço por amor; renuncia-se à posse e ganha-se a alegria do dom. Como Jesus disse: “É maior felicidade dar que receber!”.
O jovem não se deixou conquistar pelo olhar de amor de Jesus e, assim, não pôde mudar. Somente acolhendo com humilde gratidão o amor do Senhor nos liberamos das seduções dos ídolos e da cegueira das nossas ilusões. O dinheiro, o prazer, o sucesso, deslumbram, mas depois desiludem: prometem vida, mas trazem morte. O Senhor nos pede para nos desapegarmos destas falsas riquezas para entrar na vida verdadeira, na vida plena, autêntica, iluminada.
E eu pergunto a vocês, jovens, meninos e meninas, que estão agora na praça: Vocês sentiram o olhar de Jesus sobre vocês? O que vocês responderão a Ele? Preferem deixar esta praça com a alegria que Jesus nos dá ou com a tristeza no coração que a mundanidade nos oferece?
Que Nossa Senhora nos ajude a abrir o nosso coração ao amor de Jesus, somente ele pode satisfazer nossa sede de felicidade.
(Com informações da Rádio Vaticano)
domingo, 11 de outubro de 2015
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) publicou o texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2016, que será realizada em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o objetivo de debater com a sociedade questões do saneamento básico a fim de garantir desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida aos cidadãos.
Segundo informações publicadas no site oficial da CNBB, o tema escolhido para a reflexão é “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24). A proposta está em sintonia com a Encíclica do papa Francisco, “Laudato Si”.
“Nesse tema e lema, duas dimensões básicas para a subsistência da vida são abarcadas a um só tempo: o cuidado com a criação e a luta pela justiça, sobretudo dos países pobres e vulneráveis. Nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, queremos instaurar processos de diálogos que contribuam para a reflexão crítica dos modelos de desenvolvimento que têm orientado a política e a economia”, explica a coordenação geral, representada pelo bispo da Igreja Anglicana e presidente do Conic, dom Flávio Irala, e a secretária-geral, pastora Romi Márcia Bencke.
Ainda, na apresentação do texto-base, a organização diz que a reflexão da CEF 2016 será “a partir de um problema específico que afeta o meio ambiente e a vida de todos os seres vivos, que é a fragilidade e, em alguns lugares, a ausência dos serviços de saneamento básico em nosso país”.
O texto-base está organizado em cinco partes, a partir do método ver, julgar e agir. Ao final, são apresentados os objetivos permanentes da Campanha, os temas anteriores e os gestos concretos previstos durante a Campanha 2016.
Campanha cruza fronteiras
Uma das novidades da Campanha é a parceria com a Misereor - entidade episcopal da Igreja Católica da Alemanha que trabalha na cooperação para o desenvolvimento na Ásia, África e América Latina.
Desde 1958, a Misereor contribui para fortalecer a voz dos povos do Sul, que lutam e buscam caminhos que possam conduzir ao bem-viver dos homens e mulheres. A CFE está em sintonia, também, com o Conselho Mundial das Igrejas e com o papa Francisco.
Integram a Comissão da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016: Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep), Visão Mundial, Aliança de Batistas do Brasil, Diretoria do Conic, Misereor.
“Nesse tema e lema, duas dimensões básicas para a subsistência da vida são abarcadas a um só tempo: o cuidado com a criação e a luta pela justiça, sobretudo dos países pobres e vulneráveis. Nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, queremos instaurar processos de diálogos que contribuam para a reflexão crítica dos modelos de desenvolvimento que têm orientado a política e a economia”, explica a coordenação geral, representada pelo bispo da Igreja Anglicana e presidente do Conic, dom Flávio Irala, e a secretária-geral, pastora Romi Márcia Bencke.
Ainda, na apresentação do texto-base, a organização diz que a reflexão da CEF 2016 será “a partir de um problema específico que afeta o meio ambiente e a vida de todos os seres vivos, que é a fragilidade e, em alguns lugares, a ausência dos serviços de saneamento básico em nosso país”.
O texto-base está organizado em cinco partes, a partir do método ver, julgar e agir. Ao final, são apresentados os objetivos permanentes da Campanha, os temas anteriores e os gestos concretos previstos durante a Campanha 2016.
Campanha cruza fronteiras
Uma das novidades da Campanha é a parceria com a Misereor - entidade episcopal da Igreja Católica da Alemanha que trabalha na cooperação para o desenvolvimento na Ásia, África e América Latina.
Desde 1958, a Misereor contribui para fortalecer a voz dos povos do Sul, que lutam e buscam caminhos que possam conduzir ao bem-viver dos homens e mulheres. A CFE está em sintonia, também, com o Conselho Mundial das Igrejas e com o papa Francisco.
Integram a Comissão da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016: Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep), Visão Mundial, Aliança de Batistas do Brasil, Diretoria do Conic, Misereor.
sábado, 10 de outubro de 2015
Cuidado com o diabo que se esconde e, educadamente, tranquiliza a consciência
Durante a missa na Capela da Casa Santa Marta nesta sexta-feira (9), o Papa Francisco, mais uma vez, pede atenção ao diabo. Ontem, o Papa falou daquele que multiplica o mal; hoje acusou diretamente o ‘acusador’, aquele que interpreta mal quem faz o bem, calunia por inveja, cria armadilha, que "tranquiliza" e "anestesia a consciência".
O Papa adverte: “Quando o espírito ruim consegue anestesiar a consciência, pode-se falar de uma verdadeira vitória: se transforma no dono daquela consciência. ‘Mas isto acontece em todo lugar! Sim, mas todos, todos temos problemas, todos somos pecadores, todos...’ E em todos, inclui-se o ‘ninguém’. Ou seja, ‘todos menos eu’. E assim se vive a mundanidade, que é filha do espírito ruim”.
Como sempre, a base para a reflexão do Santo Padre são as leituras da liturgia do dia. Em particular, ele destacou o Evangelho que narra como Jesus expulsou um demônio. Na cena retratada por Lucas, há algumas pessoas que queriam bem ao Messias: ouviam, reconheciam sua autoridade. Outro grupo, no entanto, tentava interpretar as palavras e as atitudes de Jesus; alguns por inveja, outros por rigidez doutrinária, outros porque tinham medo que os romanos chegassem e acontecesse uma tragédia. Por muitas razões tentavam destruir a autoridade de Jesus: “Ele expulsa os demônios por meio de Belzebu’. Ele é um endiabrado, faz magias, é um feiticeiro’. Colocavam-no à prova continuamente, provocavam-no com armadilhas, para ver se caia”.
Uma atitude que corremos o risco de incorrer facilmente. Por esta razão, o Papa convida a permanecermos "vigilantes" e a "discernir as situações", ou seja, o que vem de Deus e o que vem do mal que “tenta sempre enganar e nos leva a escolher o caminho errado”. "O cristão não pode ficar tranquilo, pensar que tudo está bem", disse Bergoglio. "Deve discernir as coisas e observar de onde provêm, qual é a sua raiz". Porque em um caminho de fé "as tentações voltam sempre, o espírito maligno não se cansa". Quando é expulso “espera pacientemente para voltar". O maligno “se esconde” e depois, "vem com seus amigos muito educados, bate à porta, pede licença, entra, convive com o homem na sua vida diária e pouco a pouco, dá as instruções". Com "este modo educado" o diabo convence a "fazer as coisas com relativismo", tranquilizando a consciência.
Logo, o Papa Francisco reiterou: “vigilância”. A Igreja “nos aconselha sempre o exercício do exame de consciência: o que aconteceu hoje no meu coração? Veio a mim o demônio bem educado com seus amigos? Discernimento: de onde vêm os comentários, as palavras, os ensinamentos... quem diz isto?”.
"Peçamos ao Senhor a graça do discernimento e a graça da vigilância", conclui o Papa, "para não deixar entrar aquilo que engana, que seduz e fascina".
Fonte: Zenit.
O Papa adverte: “Quando o espírito ruim consegue anestesiar a consciência, pode-se falar de uma verdadeira vitória: se transforma no dono daquela consciência. ‘Mas isto acontece em todo lugar! Sim, mas todos, todos temos problemas, todos somos pecadores, todos...’ E em todos, inclui-se o ‘ninguém’. Ou seja, ‘todos menos eu’. E assim se vive a mundanidade, que é filha do espírito ruim”.
Como sempre, a base para a reflexão do Santo Padre são as leituras da liturgia do dia. Em particular, ele destacou o Evangelho que narra como Jesus expulsou um demônio. Na cena retratada por Lucas, há algumas pessoas que queriam bem ao Messias: ouviam, reconheciam sua autoridade. Outro grupo, no entanto, tentava interpretar as palavras e as atitudes de Jesus; alguns por inveja, outros por rigidez doutrinária, outros porque tinham medo que os romanos chegassem e acontecesse uma tragédia. Por muitas razões tentavam destruir a autoridade de Jesus: “Ele expulsa os demônios por meio de Belzebu’. Ele é um endiabrado, faz magias, é um feiticeiro’. Colocavam-no à prova continuamente, provocavam-no com armadilhas, para ver se caia”.
Uma atitude que corremos o risco de incorrer facilmente. Por esta razão, o Papa convida a permanecermos "vigilantes" e a "discernir as situações", ou seja, o que vem de Deus e o que vem do mal que “tenta sempre enganar e nos leva a escolher o caminho errado”. "O cristão não pode ficar tranquilo, pensar que tudo está bem", disse Bergoglio. "Deve discernir as coisas e observar de onde provêm, qual é a sua raiz". Porque em um caminho de fé "as tentações voltam sempre, o espírito maligno não se cansa". Quando é expulso “espera pacientemente para voltar". O maligno “se esconde” e depois, "vem com seus amigos muito educados, bate à porta, pede licença, entra, convive com o homem na sua vida diária e pouco a pouco, dá as instruções". Com "este modo educado" o diabo convence a "fazer as coisas com relativismo", tranquilizando a consciência.
Logo, o Papa Francisco reiterou: “vigilância”. A Igreja “nos aconselha sempre o exercício do exame de consciência: o que aconteceu hoje no meu coração? Veio a mim o demônio bem educado com seus amigos? Discernimento: de onde vêm os comentários, as palavras, os ensinamentos... quem diz isto?”.
"Peçamos ao Senhor a graça do discernimento e a graça da vigilância", conclui o Papa, "para não deixar entrar aquilo que engana, que seduz e fascina".
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Relatório de perseguição aos Cristãos no mundo é publicado pela Fundação AIS
O relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, da Fundação AIS, sobre os Cristãos perseguidos por causa da fé entre os anos de 2013 e 2015, que será lançado em Lisboa no próximo dia 13 - em simultâneo com outros secretariados internacionais da Ajuda à Igreja que Sofre -, avalia a situação concreta em 22 países onde se verifica uma maior violação à liberdade religiosa.
Para este trabalho, a Fundação AIS entrevistou sacerdotes, bispos, religiosas e leigos, compilou testemunhos de pessoas que vivenciaram casos de violência e consultou notícias publicadas pelos Meios de Comunicação Social locais, sendo que os dados obtidos foram ainda comparados posteriormente com informações recolhidas junto de Organizações Não-Governamentais que actuam nesses países.
A publicação deste relatório “Perseguidos e Esquecidos?” ocorre numa altura em que aumenta a preocupação pelo futuro do Cristianismo em algumas partes do Médio Oriente, onde nos últimos anos ocorreram inúmeros casos extremos de violência contra as minorias religiosas, informa em seu site a Fundação AIS.
O relatório conclui que o Cristianismo continua a ser a religião mais perseguida no mundo, sublinhando-se o impacto crescente de extremismo em África e na Ásia.
Além do lançamento do referido relatório, a Fundação AIS vai estar envolvida, nos próximos dias, num conjunto de actividades relacionadas com a questão da liberdade religiosa e que contarão com a participação de algumas figuras da Igreja Católica em países onde a perseguição religiosa é mais acentuada e que irão explicar, de viva voz, o drama por que têm passado tantos cristãos.
Já confirmaram a sua presença em Portugal D. George Jonathan Dodo, Bispo de Zaria, na Nigéria; o Padre Aurèlio Gazzera, Carmelita Descalço na República Centro-Africana; a Irmã Annie Demerjian, Congregação das Irmãs de Jesus e Maria, em Aleppo, na Síria; e ainda o Padre Andrzej Halemba, director de Projectos da AIS Internacional para o Médio Oriente, que irá fazer uma apreciação global do que se passa nestes países e do esforço desenvolvido pela Fundação AIS no apoio concreto às comunidades cristãs perseguidas.
Fonte: Zenit.
Para este trabalho, a Fundação AIS entrevistou sacerdotes, bispos, religiosas e leigos, compilou testemunhos de pessoas que vivenciaram casos de violência e consultou notícias publicadas pelos Meios de Comunicação Social locais, sendo que os dados obtidos foram ainda comparados posteriormente com informações recolhidas junto de Organizações Não-Governamentais que actuam nesses países.
A publicação deste relatório “Perseguidos e Esquecidos?” ocorre numa altura em que aumenta a preocupação pelo futuro do Cristianismo em algumas partes do Médio Oriente, onde nos últimos anos ocorreram inúmeros casos extremos de violência contra as minorias religiosas, informa em seu site a Fundação AIS.
O relatório conclui que o Cristianismo continua a ser a religião mais perseguida no mundo, sublinhando-se o impacto crescente de extremismo em África e na Ásia.
Além do lançamento do referido relatório, a Fundação AIS vai estar envolvida, nos próximos dias, num conjunto de actividades relacionadas com a questão da liberdade religiosa e que contarão com a participação de algumas figuras da Igreja Católica em países onde a perseguição religiosa é mais acentuada e que irão explicar, de viva voz, o drama por que têm passado tantos cristãos.
Já confirmaram a sua presença em Portugal D. George Jonathan Dodo, Bispo de Zaria, na Nigéria; o Padre Aurèlio Gazzera, Carmelita Descalço na República Centro-Africana; a Irmã Annie Demerjian, Congregação das Irmãs de Jesus e Maria, em Aleppo, na Síria; e ainda o Padre Andrzej Halemba, director de Projectos da AIS Internacional para o Médio Oriente, que irá fazer uma apreciação global do que se passa nestes países e do esforço desenvolvido pela Fundação AIS no apoio concreto às comunidades cristãs perseguidas.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 8 de outubro de 2015
O direito a renunciar ao tratamento médico não é um direito a morrer
Este artigo foi elaborado horas antes que a equipe médica do serviço de pediatria do complexo hospitalar universitário de Santiago, Espanha, retirasse a alimentação artificial da menina Andrea. A decisão foi fruto de um acordo entre os pediatras da criança e os pais, com a intermediação do juiz correspondente. A nosso parecer, a decisão se contrapõe ao que tinha sido anteriormente argumentado.
A situação de Andrea, internada desde junho no Hospital Clínico de Santiago e cujos pais solicitavam a interrupção do fornecimento de alimentação e nutrição à filha, gerou um tenso debate social [na Espanha], cuja dimensão jurídica parece conveniente tentar esclarecer.
Comecemos com os fatos. Após a internação de Andrea, o juizado competente, a pedido do hospital, examinou o plano terapêutico da menina, considerando-o conforme ao direito. Não houve depois mudanças substanciais na situação clínica de Andrea. A única novidade foi a emissão do relatório (nem preceptivo, nem vinculante) do comitê de ética assistencial do hospital, que avalizava os desejos dos pais da criança.
Na semana passada, a equipe médica de Andrea solicitou ao juizado uma reavaliação do plano terapêutico; os pais, por sua vez, solicitaram a retirada da alimentação e da hidratação fornecida à filha. O juiz ditou providência, pedindo informes pediátrico e forense sobre a situação clínica da menina.
Segundo fontes do hospital, Andrea respira por si mesma, recebe sedação paliativa e alimentação e hidratação pelo estômago. Se este suprimento fosse suspenso, Andrea morreria devido à ausência de comida e bebida, e não devido ao curso natural da sua doença.
O direito à renúncia a tratamento médico não tem como finalidade permitir a exigência da morte.
A família de Andrea solicitou a suspensão da nutrição exercendo um direito de renúncia a tratamento médico, reconhecido na lei orgânica 41/2002, de autonomia do paciente.
A primeira consideração a fazer é sobre a alimentação constituir um tratamento médico ou ser uma medida básica de cuidado. No segundo caso, a sua retirada não constituiria objeto de direito algum. Mesmo que se entenda tratar-se do primeiro caso, será de fato uma solicitação conforme ao direito?
A pergunta é pertinente, porque não basta apelar a um direito para agir licitamente. É imprescindível fazer bom uso dele. Quando agimos amparados por uma norma (direito à renúncia a tratamento médico), mas perseguimos um resultado proibido pelo ordenamento jurídico, o contrário a ele (apossar-nos da decisão de quando morremos, e, mais ainda, de quando morre outro de quem somos responsáveis juridicamente), a nossa ação se entende fraudulenta e não deve impedir a aplicação da norma que se tenta eludir (art. 6.4 do código civil espanhol).
É básico perguntar-se qual é a finalidade dos pais de Andrea ao exercerem em nome da filha o direito da renúncia a tratamento: se o essencial é suspender a alimentação ou que Andrea “deixe de sofrer”, o que, segundo os pais, só pode agora ser possível com sua morte. A renúncia a tratamento é um fim em si mesmo –e a morte uma consequência assumida, mas não buscada com a renúncia– ou um meio a serviço do fim de causar a morte?
A lei de autonomia do paciente estabelece, em seu ar. 11.3, que as instruções prévias não se cumprirão quando contrárias ao ordenamento jurídico ou à lex artis. Não pode ser de outra maneira neste caso, em que, ademais, se trata da vida de uma menor, sobre a qual o Estado tem especial dever de garantia.
Nosso Estado de Direito não considera lícitas, nem menos exigíveis em direito, as decisões em torno à disposição da própria vida (ex art. 143 do Código Penal). Obviamente, menos ainda as que têm por objeto a vida de um terceiro, por mais que este fique sob a nossa responsabilidade jurídica. Não se pode exercer o direito de renúncia a tratamento para se conseguir uma finalidade ilícita.
Os casos de Marcos Alegre e Vincent Lambert: a renúncia a tratamento não está “acima” do direito à vida
Não é adequado, em minha opinião, trazer a colação o caso de Marcos Alegre, o menino de treze anos, testemunha de Jeová, que morreu por se negar a receber uma transfusão de sangue.
A sentença do Tribunal Constitucional 154/2002, que amparou seus padres, não constitui uma prova da preeminência do direito à renúncia a tratamento médico "acima do direito à vida". Não se julgava Marcos nem a sua firme negativa ao tratamento. Ponderava-se se a negativa dos pais a convencê-lo e a assinar o consentimento era amparada pelo seu direito à liberdade religiosa. Assim foi entendido pelo Tribunal. Violentar as crenças dos pais teria sido não só ilícito, mas também gratuito: a equipe médica já contava com a autorização judicial necessária para fazer a transfusão.
É relevante recordar, a propósito do caso de Marcos, que, a partir dos doze anos, o menor deve ser informado da sua situação clínica, dentro da sua capacidade de entender, e deve ser ouvido antes de se tomarem as decisões que o afetam diretamente. Ignoramos se Andrea está em situação de entender o seu estado de saúde e a alternativa que seus pais colocam para a equipe médica. Se fosse o caso, e se pensasse em cumprir a vontade dos pais, alguém (os próprios pais junto à equipe médica) deveria explicar à menina que outros decidiram retirar-lhe a alimentação e a hidratação e que isto provocará a sua morte. Parece difícil conceber que se trate de uma informação relativa ao exercício de um direito da menor.
Também foi levantado neste debate o caso Lambert. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos sentenciou em junho que não seria contrária à Convenção de Roma a hipotética execução da decisão do Conselho de Estado francês que autoriza a retirada da alimentação e da nutrição de Lambert.
Mas a decisão do TEDH se baseia no reconhecimento da margem de apreciação do Estado, um argumento de impossível aplicação pelo juiz competente no caso de Andrea, já que esse argumento só entra em jogo quando não existe consenso no âmbito europeu sobre a questão de fundo. Então, o TEDH respeita a solução adotada pelo Estado envolvido no caso. Além disto, a sentença Lambert não só foi adotada com muito beligerante opinião dissidente de cinco magistrados, mas tem ainda difícil integração no próprio case-law do Tribunal que, em sentenças anteriores (vid., Hass v. Suiza, 2011), afirmou que a decisão de morrer, entendida como direito, é contrária ao art. 2 da Convenção de Roma (obrigação do Estado de velar pela garantia da vida dos cidadãos).
Os profissionais da saúde poderiam objetar, mas só se estivessem juridicamente obrigados a retirar a alimentação de Andrea, o que não é o caso.
Também se afirma que os médicos não poderiam negar-se ao cumprimento da vontade dos pais de Andrea, já que a lei 5/2015, de direitos e garantias da dignidade das pessoas doentes terminais da comunidade galega, não contempla a possibilidade de objeção de consciência para os profissionais da saúde na tomada de decisões sobre o final da vida. Ocorre, porém, que a objeção de consciência, por definição, só pode ser exercida por um cidadão sobre o qual recaia um dever jurídico efetivo que o obrigue diretamente a realizar um comportamento ativo ou omissivo que repele a sua consciência. Os médicos não podem objetar, mas não porque a lei não lhes atribua este direito (o que não é preciso, porque se trata de um direito fundamental), mas porque não têm a que objetar: não existe um dever jurídico de cumprir a vontade dos pais neste caso. Existe, isto sim, o dever de agir conforme o ordenamento jurídico e a lex artis.
Marta Albert
Professora de Filosofia do Direito
Observatório de Bioética
Universidade Católica de Valência
A situação de Andrea, internada desde junho no Hospital Clínico de Santiago e cujos pais solicitavam a interrupção do fornecimento de alimentação e nutrição à filha, gerou um tenso debate social [na Espanha], cuja dimensão jurídica parece conveniente tentar esclarecer.
Comecemos com os fatos. Após a internação de Andrea, o juizado competente, a pedido do hospital, examinou o plano terapêutico da menina, considerando-o conforme ao direito. Não houve depois mudanças substanciais na situação clínica de Andrea. A única novidade foi a emissão do relatório (nem preceptivo, nem vinculante) do comitê de ética assistencial do hospital, que avalizava os desejos dos pais da criança.
Na semana passada, a equipe médica de Andrea solicitou ao juizado uma reavaliação do plano terapêutico; os pais, por sua vez, solicitaram a retirada da alimentação e da hidratação fornecida à filha. O juiz ditou providência, pedindo informes pediátrico e forense sobre a situação clínica da menina.
Segundo fontes do hospital, Andrea respira por si mesma, recebe sedação paliativa e alimentação e hidratação pelo estômago. Se este suprimento fosse suspenso, Andrea morreria devido à ausência de comida e bebida, e não devido ao curso natural da sua doença.
O direito à renúncia a tratamento médico não tem como finalidade permitir a exigência da morte.
A família de Andrea solicitou a suspensão da nutrição exercendo um direito de renúncia a tratamento médico, reconhecido na lei orgânica 41/2002, de autonomia do paciente.
A primeira consideração a fazer é sobre a alimentação constituir um tratamento médico ou ser uma medida básica de cuidado. No segundo caso, a sua retirada não constituiria objeto de direito algum. Mesmo que se entenda tratar-se do primeiro caso, será de fato uma solicitação conforme ao direito?
A pergunta é pertinente, porque não basta apelar a um direito para agir licitamente. É imprescindível fazer bom uso dele. Quando agimos amparados por uma norma (direito à renúncia a tratamento médico), mas perseguimos um resultado proibido pelo ordenamento jurídico, o contrário a ele (apossar-nos da decisão de quando morremos, e, mais ainda, de quando morre outro de quem somos responsáveis juridicamente), a nossa ação se entende fraudulenta e não deve impedir a aplicação da norma que se tenta eludir (art. 6.4 do código civil espanhol).
É básico perguntar-se qual é a finalidade dos pais de Andrea ao exercerem em nome da filha o direito da renúncia a tratamento: se o essencial é suspender a alimentação ou que Andrea “deixe de sofrer”, o que, segundo os pais, só pode agora ser possível com sua morte. A renúncia a tratamento é um fim em si mesmo –e a morte uma consequência assumida, mas não buscada com a renúncia– ou um meio a serviço do fim de causar a morte?
A lei de autonomia do paciente estabelece, em seu ar. 11.3, que as instruções prévias não se cumprirão quando contrárias ao ordenamento jurídico ou à lex artis. Não pode ser de outra maneira neste caso, em que, ademais, se trata da vida de uma menor, sobre a qual o Estado tem especial dever de garantia.
Nosso Estado de Direito não considera lícitas, nem menos exigíveis em direito, as decisões em torno à disposição da própria vida (ex art. 143 do Código Penal). Obviamente, menos ainda as que têm por objeto a vida de um terceiro, por mais que este fique sob a nossa responsabilidade jurídica. Não se pode exercer o direito de renúncia a tratamento para se conseguir uma finalidade ilícita.
Os casos de Marcos Alegre e Vincent Lambert: a renúncia a tratamento não está “acima” do direito à vida
Não é adequado, em minha opinião, trazer a colação o caso de Marcos Alegre, o menino de treze anos, testemunha de Jeová, que morreu por se negar a receber uma transfusão de sangue.
A sentença do Tribunal Constitucional 154/2002, que amparou seus padres, não constitui uma prova da preeminência do direito à renúncia a tratamento médico "acima do direito à vida". Não se julgava Marcos nem a sua firme negativa ao tratamento. Ponderava-se se a negativa dos pais a convencê-lo e a assinar o consentimento era amparada pelo seu direito à liberdade religiosa. Assim foi entendido pelo Tribunal. Violentar as crenças dos pais teria sido não só ilícito, mas também gratuito: a equipe médica já contava com a autorização judicial necessária para fazer a transfusão.
É relevante recordar, a propósito do caso de Marcos, que, a partir dos doze anos, o menor deve ser informado da sua situação clínica, dentro da sua capacidade de entender, e deve ser ouvido antes de se tomarem as decisões que o afetam diretamente. Ignoramos se Andrea está em situação de entender o seu estado de saúde e a alternativa que seus pais colocam para a equipe médica. Se fosse o caso, e se pensasse em cumprir a vontade dos pais, alguém (os próprios pais junto à equipe médica) deveria explicar à menina que outros decidiram retirar-lhe a alimentação e a hidratação e que isto provocará a sua morte. Parece difícil conceber que se trate de uma informação relativa ao exercício de um direito da menor.
Também foi levantado neste debate o caso Lambert. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos sentenciou em junho que não seria contrária à Convenção de Roma a hipotética execução da decisão do Conselho de Estado francês que autoriza a retirada da alimentação e da nutrição de Lambert.
Mas a decisão do TEDH se baseia no reconhecimento da margem de apreciação do Estado, um argumento de impossível aplicação pelo juiz competente no caso de Andrea, já que esse argumento só entra em jogo quando não existe consenso no âmbito europeu sobre a questão de fundo. Então, o TEDH respeita a solução adotada pelo Estado envolvido no caso. Além disto, a sentença Lambert não só foi adotada com muito beligerante opinião dissidente de cinco magistrados, mas tem ainda difícil integração no próprio case-law do Tribunal que, em sentenças anteriores (vid., Hass v. Suiza, 2011), afirmou que a decisão de morrer, entendida como direito, é contrária ao art. 2 da Convenção de Roma (obrigação do Estado de velar pela garantia da vida dos cidadãos).
Os profissionais da saúde poderiam objetar, mas só se estivessem juridicamente obrigados a retirar a alimentação de Andrea, o que não é o caso.
Também se afirma que os médicos não poderiam negar-se ao cumprimento da vontade dos pais de Andrea, já que a lei 5/2015, de direitos e garantias da dignidade das pessoas doentes terminais da comunidade galega, não contempla a possibilidade de objeção de consciência para os profissionais da saúde na tomada de decisões sobre o final da vida. Ocorre, porém, que a objeção de consciência, por definição, só pode ser exercida por um cidadão sobre o qual recaia um dever jurídico efetivo que o obrigue diretamente a realizar um comportamento ativo ou omissivo que repele a sua consciência. Os médicos não podem objetar, mas não porque a lei não lhes atribua este direito (o que não é preciso, porque se trata de um direito fundamental), mas porque não têm a que objetar: não existe um dever jurídico de cumprir a vontade dos pais neste caso. Existe, isto sim, o dever de agir conforme o ordenamento jurídico e a lex artis.
Marta Albert
Professora de Filosofia do Direito
Observatório de Bioética
Universidade Católica de Valência
Assinar:
Postagens (Atom)