sexta-feira, 13 de março de 2015

Não existe nenhum pecado que Deus não possa perdoar

Os sacramentos são o lugar da intimidade e da ternura de Deus para os homens, são a forma concreta que Deus pensa para vir até nós, para abraçar-nos, sem ter vergonha de nós e dos nossos limites. Assim explicou o Papa no seu discurso aos participantes do Curso sobre o Foro Interno organizado pela Penitenciaria Apostólica. Francisco afirmou que entre os sacramentos, com certeza o da reconciliação faz palpável com especial eficácia o rosto misericordioso de Deus, “o materializa e o manifesta continuamente, sem descanso”. Da mesma forma afirmou que não existe nenhum pecado que Deus não possa perdoar. “Só aquele que se distancia da misericórdia que não pode ser perdoado, como aquele que se afasta do sol não pode ser iluminado nem aquecido”, explicou.
Assim, à luz deste "maravilhoso dom de Deus", o Pontífice ressaltou três exigências: "viver o sacramento como meio para educar à misericórdia", "deixar-se educar pelo que celebramos”, “cuidar o olhar sobrenatural”.
Em primeiro lugar, o Santo Padre recordou que "viver o sacramento como meio para educar na misericórdia, significa ajudar os nossos irmãos a fazer a experiência de paz e de compreensão, humana e cristã". Aliás garantiu que a confissão não deve ser uma "tortura", mas que todos deveriam sair do confessionário com a felicidade no coração, com o rosto radiante de esperança, embora, às vezes, também banhado em lágrimas de conversão e da alegria derivada. Além disso, o Sacramento "não implica que ele se torne um interrogatório pesado, chato e invasivo". Pelo contrário, Francisco disse que "deve ser um encontro libertador e rico de humanidade, através do qual poder educar na misericórdia, que não exclui, mas que compreende também o justo compromisso de reparar, na medida do possível, o mal cometido”. Neste ponto, o Papa advertiu que muitas vezes se confunde a misericórdia com ser confessores bonachões. “Nem confessores bonachões, nem confessores rígidos são misericordiosos”, afirmou. O confessor misericordioso “te escuta, te perdoa, mas te sustenta e te acompanha, porque a conversão sim, começa – talvez – hoje, mas deve continuar com a perseverança... te segura consigo, como Bom Pastor que vai em busca da ovelha perdida e a carrega”.
No segundo aspecto abordado pelo Papa, exortou aos confessores que se deixem educar pelo sacramento da reconciliação. “Quantas vezes acontece escutar confissões que nos edificam!”, exclamou. Da mesma forma observou que muitas vezes acontecem “verdadeiros milagres de conversão”. Pessoas que há meses, ano, estão sob o domínio do pecado e que, como o filho pródigo, voltam a si mesmos e decidem levantar-se de novo e voltar à casa do Pai para implorar o perdão.
Aliás, Francisco garantiu que podem aprender muito da conversão e do arrependimento destes irmãos. “Eles nos motivam a fazer, também nós, um exame de consciência: ‘Eu, sacerdote, amor assim o Senhor, que me fez ministro da sua misericórdia?’. ‘Eu, confessor, estou disposto à mudança, à conversão, como este penitente, ao qual fui colocado a seu serviço?’”
Por fim, o Papa refletiu sobre o terceiro aspecto afirmando que "quando se ouvem as confissões sacramentais dos fieis, é preciso ter sempre o olhar interior dirigido ao Céu, ao sobrenatural”. Dessa forma, o Papa recordou que devem reavivar a consciência de que ninguém foi colocado nesse ministério por méritos próprios, nem pelas capacidades teológicas ou jurídicas, nem pelo trato humano ou psicológico.
"Todos fomos feitos ministros da reconciliação por pura graça de Deus, gratuitamente e por amor, e mais ainda, precisamente por misericórdia", lembrou. "Somos ministros da misericórdia graças a misericórdia de Deus, nunca devemos perder este olhar sobrenatural, que nos faz verdadeiramente humildes, acolhedores e misericordiosos com o irmão e irmã que pede confissão”. Também pediu que o momento da escuta da administração do sacramento deve ser sobrenatural “escutar de forma sobrenatural, de forma divina; respeitoso com a dignidade e as histórias pessoais de cada um, para que possa compreender o que Deus quer para ele ou para ela”.
E, finalmente, Francisco disse que também "o maior pecador que vem diante de Deus para pedir perdão é "solo sagrado", e também eu, que tenho que perdoá-lo em nome de Deus, posso fazer coisas piores que ele”. Cada fiel penitente que vai se confessar – destacou – é solo sagrado, terra sagrada para cultivar com dedicação, cuidado e atenção pastoral.

Fonte: Zenit.

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