sábado, 28 de fevereiro de 2015

Papa Francisco: "Não é fácil pregar Exercícios aos sacerdotes! Somos todos um pouco complicados"

Concluíram-se na manhã de sexta-feira 27 de Fevereiro, em Ariccia, os exercícios espirituais nos quais participaram o Pontífice e membros da Cúria romana. As meditações foram propostas pelo carmelita Bruno Secondin na capela da casa do Divino Mestre dos religiosos paulinos.
No final da reflexão de sexta-feira, o Papa Francisco quis agradecer ao pregador. «Em nome de todos – disse o Papa – desejo agradecer ao Padre, o seu trabalho entre nós para os nossos Exercícios. Não é fácil pregar Exercícios aos sacerdotes! Somos todos um pouco complicados, mas o senhor, padre, conseguiu semear. Que o Senhor faça crescer estas sementes que nos deu. E desejo também, e a todos, que possamos sair daqui com um bocadinho do manto de Elias, na mão e no coração. Obrigado, Padre».
A última etapa do itinerário de reflexão e oração desta manhã proposta pelo padre Secondin focalizou o episódio bíblico narrado no segundo livro dos Reis (2, 1-14) no qual são descritos a saudação final de Elias aos seus discípulos e a Eliseu, o seu rapto no carro de fogo e o início da missão de Eliseu que se despoja das vestes, toma o manto do mestre e, nas margens do Jordão, é reconhecido como o verdadeiro herdeiro do profeta. É uma narração intensa, cheia de ternura, na qual se desfaz um pouco a dureza de carácter que distinguia Elias. De certa forma, o profeta aprende – e também nós, sugeriu o padre Secondin, deveríamos aprender «a oferecer abraços de esperança e de ternura» - do seu discípulo que é afectuoso e paciente.

(Fonte: L'Osservatore Romano)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Imam de Al-Azhar: "Extremismo islâmico fora das escolas"

Erradicar o extremismo religioso intervindo na educação escolar dos mais jovens. A proposta vem de Ahmad Al Tayyib, Imam da prestigiada universidade sunita de Al-Azhar, com sede no Cairo. Falando aos representantes de países muçulmanos durante um seminário sobre o Islã e a luta contra o terrorismo, em Meca, na Arábia Saudita, ele ressaltou que o extremismo religioso não é senão "um acúmulo histórico de tendências fanáticas inerente a herança islâmica, com base em interpretações errôneas do Corão e da Sunna ", ou as palavras e ações do profeta Maomé.
O jornal L'Osservatore Romano informou que Al Tayyb também comentou as divisões dentro do Islã. "Até que possamos dominar, em nossas escolas e universidades, esta tendência de acusar os muçulmanos de descrença, não haverá esperança para a nação muçulmana se recuperar e reencontrar sua unidade, sua fraternidade e a capacidade de se desenvolver de maneira civilizada", afirmou.
Em alusão ao ISIS, o Imam denunciou "os grupos terroristas que escolheram práticas selvagens e bárbaras". Práticas, acredita Al Tayyb, que tem uma orientação externa. Ele fala do extremismo religioso como uma conspiração do "novo colonialismo mundial”, cujos autores se aproveitam das tensões confessionais que abalam o mundo muçulmano. Daí a sua proposta de introduzir um "controle pedagógico" sobre os centros educacionais das nações de maioria islâmica para impedir a infiltração fundamentalista e violenta.
Sobre as palavras do Imam ecoou a voz do novo rei saudita Salman, que ao se pronunciar no seminário expressou o desejo da criação de "uma estratégia eficaz que nos comprometa no combate ao terrorismo, flagelo que é produto de uma ideologia extremista" de grupos islâmico radicais. Salman acrescentou que esta ideologia representa "uma ameaça à nossa nação islâmica e para o mundo inteiro". O seminário, que contou com representantes religiosos, terminou hoje, 25 de fevereiro de 2015.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Ministro do Paraguai: O Papa nos visitará entre 10 e 12 de Julho

A Conferência Episcopal Paraguaia (CEP) indicou em seu site que aguarda a visita do Santo Padre Francisco em Julho, embora ainda não tenha data exata. A mesma será parte da viagem apostólica que vai cobrir também o Paraguai, Bolívia e Equador.
Por sua parte do Governo do Paraguai chega uma primeira data: a chefe da Secretaria do Turismo (SENATUR), Marcela Bacigalupo, disse hoje que a visita será entre o 10 e 12 de Julho. A ministra adiantou que os lugares mais prováveis são Assunção, o Santuário de Nossa Senhora de Caacupé, e as ruínas das missões jesuíticas em Itapúa.
Os bispos, em dias anteriores, em carta anunciando a visita, disseram: "Esperamos uma mudança de mentalidade e estilo de vida. Muitos aspectos de nossos hábitos devem melhorar. Nossa fé deve ser prática, vivendo a palavra do Senhor, especialmente a partir deste tempo da Quaresma que começamos".
Nesta Segunda-feira, 23 de fevereiro, os bispos também apresentaram uma oração por ocasião da visita do pontífice Francisco:
Em uma parte da oração se reza:

“Obrigado Senhor, porque o Papa vem para confirmar-nos na fé, na esperança e no amor”.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Isis: Os 21 cristãos mortos serão mártires no calendário copta

Os 21 cristãos coptas mortos pelo ISIS serão incluídos no Sinassário, o equivalente ao oriental do martirologio romano, um procedimento que é equivalente à canonização na Igreja Latina. O martírio destes 21 fiéis será comemorado no dia 8 de Amshir o calendário copta -15 de fevereiro no calendário gregoriano, que é também a festa da Apresentação de Jesus no Templo-.
O anúncio foi feito pelo patriarca da Igreja Copta Ortodoxa Tawadros II, conforme relatado pelo portal Terrasanta.net. Por sua vez, o Egito se comprometeu a pagar às famílias das vítimas uma pensão mensal de 1.500 libras egípcias (equivalente a pouco mais de 172 euros, tendo em conta que o salário mínimo no país é de 1.200 libras por mês, ou cerca de 138 euros).
Os nomes dos 21 imigrantes egípcios na Líbia "mortos porque professavam a fé cristã", como afirmou Tawadros, também foram publicados pelo Watani, órgão de imprensa dos coptas no Cairo.
Enquanto isso continua a barbárie do Estado Islâmico. A última provocação que suscitou a indignação do mundo é outro filme que exibe 21 combatentes curdos com uma jaula, desfilando numa caminhonete pelas ruas entre as pessoas da província de Kirkuk. No vídeo de 9 minutos, divulgado na noite de sábado, os terroristas ameaçam decapitar todos os reféns e entrevistar os próprios presos atrás das grades, vestidos com o típico macacão laranja.
Algumas horas depois, a notícia de um ataque se espalhou, reivindicado pelo ISIS, à residência do iraniano Hossein Akbari, em Trípoli. Muitos países, incluindo a Itália, foram obrigados a fechar temporariamente as suas missões diplomáticas na Líbia.
A Itália, especialmente Roma, está sob a atenção dos jihadistas após o anúncio do ministro Gentiloni de dirigir uma missão de pacificação na Líbia. "Com as mãos no gatilho, estamos chegando a Roma", diz a conta no Twitter de jihadistas líbios, incluindo duas fotos: uma representando um lutador armado de frente para o mar, com o Coliseu ao fundo. No monumento a bandeira da Al Baghdadi. E a frase: "O Isis da Líbia está chegando a Roma". No segundo, o desenho do gasoduto Greenstream que de Wafa na Líbia chega em Gela, na Sicília, uma das principais linhas de fornecimento de energia da Itália.
"As ondas ainda nos separam, mas este é um pequeno mar, é uma promessa ao nosso Profeta", ameaça o comunicado relacionado às novas proclamações do Isis: "Tomem cuidado, qualquer passo estúpido custará caro. Cada passo estúpido tocará fogo em todo o Mediterrâneo". E ainda: "Vocês são os cães de guarda" dos países árabes, com referência à punição e a tortura.
Apesar das ameaças, ontem à noite, a Turquia realizou uma operação 35 km dentro da Síria, para repatriar o caixão de Suleyman Shah, avô do fundador do Império Otomano, e para evacuar os 40 soldados turcos em guarda no túmulo, que foi localizado em uma área considerada um enclave turco, mas agora controlada pelo ISIS. O complexo foi destruído para evitar que fosse ocupado por milicianos fundamentalistas.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Olhar Jesus, o que fez Jesus e seguir com Ele

Queridos irmãs e irmãs

 
Quarta-feira passada, com o rito das Cinzas, teve início a Quaresma e hoje é o primeiro Domingo deste tempo litúrgico que faz referência aos quarenta dias que Jesus passou no deserto, após o Batismo no Rio Jordão. São Marcos escreve no Evangelho de hoje: “O Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre animais selvagens, e os anjos o serviam”
Com estas breves palavras o evangelista descreve a prova enfrentada voluntariamente por Jesus, antes de iniciar sua missão messiânica. É uma prova da qual o Senhor sai vitorioso e que o prepara a anunciar o Evangelho do Reino de Deus. Ele, naqueles quarenta dias de solidão, enfrentou satanás “corpo a corpo”, desmascarou as suas tentações e o venceu. E nele todos vencemos, mas nós devemos proteger esta vitória no nosso dia a dia.
A Igreja nos faz recordar tal mistério no início da Quaresma, porque isto nos dá a perspectiva e o sentido deste tempo, que é o tempo do combate – na Quaresma se deve combater – um tempo de combate espiritual contra o espírito do mal. E enquanto atravessamos o deserto quaresmal, nós temos o olhar dirigido à Páscoa, que é a vitória definitiva de Jesus contra o Maligno, contra o pecado e contra a morte. Eis então o significado deste primeiro Domingo da Quaresma: colocar-nos decididamente no caminho de Jesus, o caminho que conduz à vida. Olhar Jesus, o que fez Jesus e seguir com Ele.
Este caminho de Jesus passa pelo deserto. O deserto é o lugar onde se pode escutar a voz de Deus e a voz do tentador. No barulho, na confusão, isto não pode ser feito; ouve-se somente vozes superficiais. Pelo contrário, no deserto, podemos descer em profundidade onde se joga verdadeiramente o nossos destino, a vida ou a morte. E, como ouvimos a voz de Deus? A ouvimos na sua Palavra. Por isto é importante conhecer as Escrituras, pois, de outra maneira, não sabemos responder às insídias do maligno. E aqui gostaria de retornar ao meu conselho para ler a cada dia o Evangelho: cada dia ler o Evangelho, meditá-lo, um pouquinho, dez minutos, e levá-los conosco, no bolso, na bolsa.. Mas ter sempre o Evangelho à mão; O deserto quaresmal nos ajuda a dizer não à mundanidade, aos ídolos, nos ajuda a fazer escolhas corajosas conforme o Evangelho e a reforçar a solidariedade com os irmãos.
Então entremos no deserto sem medo, porque não estamos sozinhos: estamos com Jesus, com o Pai e com o Espírito Santo. Assim como foi para Jesus, é justamente o Espírito Santo que nos guia no caminho quaresmal, o mesmo Espírito descido sobre Jesus e que nos é dado no batismo. A Quaresma, por isto, é um tempo propício que deve nos levar a tomar sempre mais consciência do quanto o Espírito Santo, recebido no Batismo, operou e pode operar em nós. E ao final do itinerário quaresmal, na Vigília Pascal, poderemos renovar com maior consciência a aliança batismal e os compromissos que dela derivam.
Que a Virgem Santa, modelo de docilidade ao Espírito, nos ajude a deixar-nos conduzir por Ele, que quer fazer de cada um de nós “uma nova criatura”.

Fonte: Zenit.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Começa o caminho de preparação ao Quinto Congresso Missionário Americano (CAM 5-COMLA 10)

As Pontifícias Obras Missionárias (POM) da Bolívia apresentaram ontem o primeiro material realizado para a animação, a formação e a informação com vistas no CAM 5-COMLA 10 (Quinto Congresso Missionário Americano, Décimo Congresso Missionário Latino-americano) previsto para se realizar na Bolívia em 2018. Além de uma apresentação global do evento, são propostas algumas atividades para este ano e o próximo.
“Este material – explica Irmã Cilenia Rojas, Coordenadora geral das POM na Bolívia, informou a agência Fides – é um instrumento que leva a refletir sobre os principais textos bíblicos da missão: ‘sereis minhas testemunhas até os confins da terra’. Neste sentido, o CAM5-COMLA10 será chamado a alimentar e renovar a consciência missionária dos batizados no continente”.
Com efeito, o objetivo central do CAM5 é “reforçar a identidade e o engajamento missionário da nossa Igreja para responder com mais coragem, generosidade e eficácia aos desafios da Nova Evangelização”.
As POM da Bolívia estão vivendo um período de compromisso especial com a animação missionária desde que a Bolívia foi escolhida como sede do CAM5-COMLA10. A isto, soma-se a anunciada visita do Papa Francisco e o V Congresso Eucarístico Nacional Boliviano, em Tarija, de 1° a 5 de julho de 2015.

Fonte: Zenit.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Não se pode fazer ofertas à Igrejas e ser injusto com seus funcionários

Os cristãos, especialmente durante a Quaresma, são chamados a viver coerentemente o amor a Deus e o amor ao próximo, recordou o Santo Padre durante a homilia desta manhã em Santa Marta. Por outro lado, o Papa advertiu aqueles que mandam um cheque para a igreja, mas são injustos com seus funcionários.
O povo se lamenta diante do Senhor por não ouvir seus jejuns. Assim, o Papa comentou o trecho de Isaías, da primeira leitura de hoje, enfatizando a necessidade de distinguir entre "o formal e o real". Para o Senhor "não adianta jejuar, não comer carne" e depois "brigar ou explorar os trabalhadores".  Por isso Jesus condenou os fariseus, porque eles faziam "muitas observações exteriores, mas sem a verdade do coração".
Portanto, o jejum que Jesus quer é o que desfaz as cadeias da injustiça, liberta os oprimidos, veste quem está nu, faz justiça. "Este é o verdadeiro jejum, o jejum não é apenas exterior, mas deve vir do coração", explicou o Papa.
Além disso, Francisco afirmou que "nas tábuas da lei há o preceito em relação a Deus, em relação ao próximo e os dois estão juntos”. Alguém pode dizer: “Mas, não, eu cumpro os três primeiros mandamentos... e os outros mais ou menos. Não, se não cumpre estes, não pode cumprir aqueles, e se cumpre este, deve cumprir aquele. Estão unidos: o amor a Deus e o amor ao próximo são uma unidade e se quiser fazer penitência, real e não formal, deve fazê-la diante de Deus e também com o seu irmão, com o próximo”.
E, como diz o apóstolo Tiago, você pode ter muita fé, mas se não realiza obras, é inútil. Por isso, o Papa advertiu que se alguém vai à missa todos os domingos e comunga, pode-se perguntar "como é a sua relação com seus funcionários? Os paga de maneira irregular? Dá a eles um salário justo? Paga também as taxas para a aposentaria? Para a assistência de saúde?”
A este respeito, o Santo Padre alertou sobre esses homens e mulheres de fé que dividem as tábuas da lei: “'Sim, sim, eu faço isso'. Mas você dá esmolas? Sim, sim, sempre mando um cheque para a Igreja. Mas na tua Igreja, na tua casa, com quem depende de você é generoso, é justo? Não se pode fazer ofertas à Igreja e pelas costas, ser injusto com seus funcionários. Este é um pecado gravíssimo, usar Deus para cobrir a injustiça ", alertou.
Além disso, Francisco disse em sua homilia que o caminho da Quaresma é duplo: a Deus e ao próximo, ou seja, é real, e não meramente formal. “Não somente deixar de comer carne na sexta-feira, fazer alguma coisa e depois, deixar aumentar o egoísmo, a exploração do próximo, a ignorância dos pobres”.
A este respeito, o Papa quis dar um exemplo: quando precisam se curar algumas pessoas vão ao hospital e, por ter um plano de saúde, conseguem rapidamente uma consulta. "É uma coisa boa, graças a Deus. Mas me diga, você já pensou naqueles que não têm esta facilidade e quando vão ao hospital devem esperar 6, 7, 8 horas para uma coisa urgente", questionou Bergoglio.
O Papa recordou que existem pessoas em Roma que vivem assim, e a Quaresma ajuda a pensar neles: "O que posso fazer pelas crianças, pelos idosos que não têm possibilidade de ter uma consulta com um médico? Que esperam horas e horas e depois têm que voltar uma semana depois?”.
Francisco questionou também se ainda existe no coração lugar para quem não cumpriu os mandamentos, "para aqueles que cometeram erros e estão na prisão". “Se você não está preso é porque o Senhor te ajudou a não cair”, advertiu o Pontífice.
Por fim, o Papa pediu ao Senhor para nos acompanhar em nosso caminho quaresmal, “para que a observância exterior corresponda a uma profunda renovação espiritual”.

Rádio Vaticano/Edição Zenit

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A "legião" cristã que combate o Isis

O fenômeno dos "combatentes estrangeiros" assume um novo contorno. Os ocidentais que saem para o Oriente Médio não são apenas os aspirantes jihadistas, há aqueles que deixam casa e afetos para irem a terras distantes para combater ao lado dos curdos. E depois, fenômeno emergente, mas em expansão, há aqueles que se unem para defender a presença cristã da ferocidade do terrorismo islâmico.
Prova disso é a história de Brett, 28 anos, americano, que se juntou a uma milícia cristã assíria com o nome de Dwekh Nawsha que tem como seu reduto, a cidade de al-Qosh, no cimo das montanhas no norte do Iraque. Para este jovem, que falou sobre a sua escolha em um vídeo de Askanews, é um retorno ao Iraque, uma vez que ele tinha lutado no Exército dos EUA entre o 2006 e o 2007, durante a segunda Guerra do Golfo.
Experiência, que viveu no Exército dos EUA, que ele chama de "um recurso essencial", uma vez que pode agora passar aos que agora chama de “irmãos” o seu treinamento e tudo o que aprendeu “em condições muito duras e perigosas”.
Quando fala sobre as razões que o levaram a tomar uma decisão tão radical, Brett olha para seu antebraço esquerdo e fixa os olhos em Cristo coroado de espinhos que está tatuado ali. Depois disso, responde com mansidão aparente: "Não podia ficar sentado em casa, tranquilo, olhando para o que acontece aqui, as atrocidades, as crucifixões, os estupros, a escravidão sexual, as pessoas expulsas de casa. Tudo isso, para mim, era inaceitável”. Por isso decidiu dar a sua contribuição para conter o avanço do Isis, “retomar as cidades e permitir que essas pessoas voltem para as suas casas”.
Brett não partiu sozinho. Convidou cinco amigos para segui-lo nesta arriscada aventura, primeiro grupo daquela que, na sua mente, logo logo se tornará uma “legião estrangeira” cristã no Iraque e na Síria. Uma unidade composta por homens motivados somente e exclusivamente por razões ideais. Se, muitas vezes, estrangeiros engajados no Isis testemunham que o fizeram só por dinheiro, os amigos de Brett fazem questão de esclarecer que não são mercenários.
Diz Louis Park, ex-fuzileiro, vindo do Texas: “Não recebo qualquer salário, me dão de comer, me dão as armas, mas todo o equipamento que me serve, eu mesmo paguei”. E acrescenta: “Acredito nesta causa e estou pronto para qualquer sacrifício”. Da mesma forma também outro voluntário americano que se apresentou no Daily Mail com o nome de Park. “Se o meu Governo não os combate (os terroristas do Isis, ndr), eu o faço”, disse.
A cidade de al-Qosh nunca foi ocupada pela milícia do Isis, mas a população fugiu em agosto, quando os terroristas tomaram conta uma série de aldeias na área circundante. A sobrevivência de uma das mais antigas comunidades cristãs na região está, portanto, seriamente em perigo. Uma hipótese contra a qual o grupo de voluntários ocidentais lutará até a última gota de sangue, como demonstram as palavras de Brett: “Aqui estamos combatendo pela liberdade de um povo para viver em paz, para permitir que os sinos das Igrejas possam tocar”.
Até agora, nos Estados Unidos não existe nenhuma lei que proíba os próprios cidadãos de partir para o Oriente Médio e combater com o exército de um outro povo. Proibição que, pelo contrário, já na Austrália, onde o Governo quis, por um lado, frear a adesão a organizações terroristas, por outro lado, evitar que a eventual captura dos próprios cidadãos se transforme em uma arma de chantagem nas mãos do Isis.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Papa: peçamos o dom das lágrimas para uma oração autêntica e sem hipocrisia

Nos fará bem, no começo desta Quaresma, a todos, mas especialmente aos sacerdotes, o dom das lágrimas, para fazer a nossa oração e nosso caminho de conversão cada vez mais autêntico e sem hipocrisia. Nos fará bem perguntar-nos: eu choro?, o Papa chora?, os cardeais choram?, os bispos choram? Os consagrados choram?, o choro está nas nossas orações? Este foi o convite do santo padre Francisco durante a celebração eucarística da quarta-feira de cinzas. Também advertiu que "os hipócritas não sabem chorar, se esqueceram de como é chorar. Não pedem o dom das lágrimas".
Às 16h30, na Igreja de Santo Anselmo no Aventino, houve um momento de oração, seguido de uma procissão penitencial para a Basílica de Santa Sabiana. Na procissão participaram também cardeais, arcebispos, bispos, monges beneditinos de Santo Anselmo, os padres dominicanos de Santa Sabina e alguns fiéis. Após a procissão, em Santa Sabina, foi celebrada a missa.
Em sua homilia, o Papa recordou que hoje começa a Quaresma, “tempo em que procuramos ficar mais perto do Senhor Jesus Cristo, para compartilhar o mistério da sua Paixão e sua Ressurreição”.
Também destacou que a liturgia deste dia propõe a passagem do profeta Joel, enviado por Deus para chamar o povo à penitência e conversão, por uma calamidade que assola a Judéia. "Só o Senhor pode salvar do flagelo e é preciso suplicar-lhe com orações e jejuns, confessando o próprio pecado”, afirmou. O profeta fala de conversão interior, “voltem a mim com todo o coração”. Por isso, Francisco explicou que “voltar ao Senhor com todo o coração significa empreender um caminho de uma conversão não superficial e transitória, mas um itinerário espiritual que se refere ao lugar mais íntimo da nossa pessoa”. O coração – destacou – é a sede dos nossos sentimentos, o centro onde amadurecem as nossas escolhas, nossas atitudes. E esse “voltem a mim com todo o coração” não afeta somente os indivíduos, mas se estende a toda a comunidade, disse o Papa.
Referindo-se ao Evangelho de hoje, o Papa explicou que "Jesus relê as três obras de piedade prescritas pela lei de Moisés: a esmola, a oração e o jejum".
Aliás, o Papa recordou que ao longo do tempo estas disposições tinham sido arruinadas pelo formalismo exterior ou até mesmo se transformado em um sinal de superioridade social. E por isso Jesus enfatiza uma tentação comum a estas três obras, que podem ser resumidas na hipocrisia.
Assim, o Papa observou que, quando se realiza algo bom, quase instintivamente nasce em nós o desejo de ser estimados e admirados por esta boa ação. "Jesus nos convida a fazer estas obras sem ostentação, e a confiar simplesmente na recompensa do Pai que vê no segredo”, recordou.
Em seguida, o Santo Padre insistiu em que o Senhor “não se cansa de ter misericórdia de nós, e quer oferecer-nos mais uma vez o seu perdão, todos precisamos, convidando-nos a voltar para Ele com um coração novo, purificado do mal, purificado pelas lágrimas, para participar da sua alegria”.
Para saber como aceitar este convite, disse o Papa, São Paulo na segunda leitura de hoje faz uma sugestão: "Em nome de Cristo, lhe pedimos que se reconciliem com Deus”. Este esforço de conversão – acrescentou – não é somente uma obra humana.
Assim, o Papa disse que a reconciliação entre Deus e nós é possível graças à misericórdia do Pai que, por amor a nós, não hesitou em sacrificar o seu Filho. “Nele podemos converter-nos em justos, nele podemos mudar, se acolhemos a graça de Deus e não deixamos passar em vão o momento favorável”, disse.
Por outro lado, pediu que Maria Imaculada nos sustente no nosso combate espiritual contra o pecado, “nos acompanhe neste momento favorável, para que possamos chegar e cantar juntos a exultação da vitória na Páscoa da Ressurreição".
Finalmente, sobre o gesto da imposição das cinzas e a fórmula proferida pelo celebrante, o Bispo de Roma indicou que são um lembrete da verdade da existência humana: "somos criaturas limitadas, pecadores cada vez mais necessitados de penitência e conversão”.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Síria: os cristãos querem ficar

"Felizmente, as batalhas pararam por agora. Houve lutas ferozes em Nebek durante todo o Advento. Ninguém pôde fugir. As pessoas ficaram bloqueadas. A paz foi finalmente restaurada na semana antes do Natal, mas nunca se sabe".
A irmã Houda Fadoul parece aliviada. A freira siro-católica preside uma congregação de religiosas perto de Nebek, cidade com cerca de 50.000 habitantes ao nordeste de Damasco, já nas bordas do deserto. O rebanho local é composto por apenas 120 famílias, numa população católica total de 500, que conta com duas paróquias, uma siro-católica e a outra melquita.
O inverno está na metade. A cidade, que permaneceu sob o controle do governo desde a eclosão da guerra civil na Síria em 2011, está desfrutando de certa calmaria nos confrontos entre o governo e os extremistas islâmicos. No entanto, a ameaça de novos combates é sempre iminente. Diz a irmã Fadoul: "Os jihadistas não estão longe. Nós, cristãos, estamos com medo deles. Mas os muçulmanos de Nebek também estão. Afinal, os jihadistas também matam muçulmanos. Ninguém os quer aqui. Em Nebek, os cristãos e os muçulmanos são como uma família".
Cerca de 90 casas de cristãos foram destruídas ou danificadas nas batalhas do ano passado. "Os jihadistas pensaram que o governo os deixaria atacar o bairro cristão. Mas não foi o caso. Houve uma luta feroz aqui. Só que o bairro cristão está desprotegido, em uma colina. Por isso, as casas dos cristãos foram as mais afetadas. O povo ficou escondido durante semanas em porões".
A prioridade da irmã Fadoul é fazer algo para aliviar a falta de habitação. "Muitas famílias não têm onde ficar ou têm lugares que estão inabitáveis. Temos que ajudar essas pessoas. Os cristãos de Nebek não querem sair. Eles querem ficar em casa. Mas as casas precisam ser reconstruídas". Algumas só estão com vidraças quebradas e sem energia elétrica. Outras foram destruídas por completo. "As pessoas estão vivendo em habitações de emergência. Elas perderam tudo e precisam urgentemente de colchões, fogões a gás, cobertores e uma série de artigos para o lar".
A vida em Nebek já não era fácil nem mesmo antes dos recentes confrontos. "Nós ficamos muitas vezes sem eletricidade. As pessoas se sentam no escuro. Falta combustível para o aquecimento. Não há nem madeira. E no inverno faz bastante frio, as pessoas sofrem". Além disso, o preço dos alimentos, quando disponíveis, subiu demais; os cuidados médicos são escassos e faltam remédios.
"E nada disso é pior do que a falta de trabalho. Muitas fábricas fecharam ou foram destruídas. Os jovens estão desempregados. Nós temos que cuidar deles", disse a irmã, que também se empenha em conseguir matérias-primas para as pequenas empresas locais. "Estou pensando nos carpinteiros, por exemplo. Nós poderíamos fornecer madeira para eles. E também ajudar as pequenas lojas que vendem baterias e lampiões, conseguindo mercadorias".
Apesar de todas as dificuldades, a irmã Houda destaca que a fé das pessoas não se abalou. "Os cristãos daqui são muito corajosos. Eles celebraram uma grande missa de ação de graças depois das batalhas mais recentes. As casas destruídas são só uma coisa, eles não consideram isso tão importante. O importante é o fato de que eles ainda estão vivos, e foi por isso que eles agradeceram a Deus. Nós temos que ajudar as pessoas a recuperar a esperança e a fé no futuro na Síria. Se não, vamos perdê-las".

Fonte: Zenit.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Califado decapita 21 coptos. Dura condenação do Al Azhar

Militantes islâmicos do autoproclamado Califado Islâmico (Isis por sua sigla em Inglês) publicaram neste domingo um vídeo onde mostram 21 trabalhadores cristãos coptos egípcios sequestrados na cidade líbia de Sirte em dezembro e janeiro, quando são levados para serem decapitados.
Na Líbia, as milícias do Califado pegaram parte do território e ameaçam chegar a Trípoli, a tal ponto que a Itália anunciou neste Domingo fechar a sua sede diplomática devido à deterioração da situação.
Egito declarou sete dias de luto pelo assassinato dos coptos, religião que professa cerca de 10% da população do Iraque. Al Azhar, a instituição mais prestigiosa do Islã sunita, com sede no Cairo, descreveu o crime de "barbárie". As vítimas estavam trabalhando na Líbia e foram sequestradas em dois turnos, há algumas semanas.
O Patriarca de Alexandria dos Coptos católicos, Ibrahim Isaac Sidrak, ao tomar conhecimento da massacre, “enviou suas condolências a todas as famílias dos mártires que deram suas vidas por sua fé, e ao mesmo tempo agradeceu o Presidente Al Sisi e todas as instituições do governo egípcio pela rápida resposta a este ato terrorista”.
A resposta do Cairo foi rápida e aviões de guerra lançaram ataques contra alvos sensíveis do Califado. As Forças Armadas do Egito indicaram em um comunicado: "A vingança por causa do sangue dos egípcios é um direito absoluto e será aplicada". O país árabe também declarou sete dias de luto pela morte dos cristãos coptos, religião professada por um dez por cento da população.
Por sua parte, Al Azhar, universidade do Islã sunita baseada no Cairo, chamou o crime de crime ‘bárbaro’. As vítimas estavam trabalhando na Líbia e foram sequestradas em dois turnos, há algumas semanas.
Por outro lado, em declaração feita à Agência Fides por seus colaboradores, o Primaz da Igreja Católica Copta pediu para que se veja a trágica morte desses irmãos coptas ortodoxos com um olhar iluminado pela fé, enquanto que considera como algo importante que em todo o país, diante da sangrenta barbárie dos jihadistas, aconteça uma onde de reação humanitária.
"Este trágico episódio – diz o padre Hani Bakhoum Kiroulos, secretário do Patriarcado copto católico – está unindo todo o país, cristãos e muçulmanos. Se o objetivo era dividir-nos, o projeto fracassou. A dura condenação da Universidade de Al Azhar (máximo centro teológico do Islã sunita) foi imediata e inapelável. Bem como a operação militar da aviação egípcia contra as bases do Estado Islâmico na Líbia mostra que para o governo os cidadãos egípcios são todos iguais, e que o Egito se sente atacado como nação pelo delírio desses terroristas sedentos de sangue”.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Francisco no Angelus: "Jesus se expõe diretamente ao contágio do nosso mal"

Queridos irmãos e irmãs,

Neste domingo, o evangelista Marcos nos fala da ação de Jesus contra toda espécie de mal, para o benefício daqueles que sofrem no corpo e no espírito: possuídos, doentes, pecadores ... Ele se apresenta como aquele que luta e vence o mal onde quer que o encontre. No Evangelho de hoje (cf. Mc 1,40-45) esta sua luta enfrenta um caso emblemático, pois o enfermo é um leproso. A lepra é uma doença contagiosa e impiedosa, que desfigura a pessoa, e que era símbolo de impureza: o leproso tinha que ficar fora das cidades e anunciar a sua presença aos transeuntes. Era marginalizado pela comunidade civil e religiosa. Era como um morto-vivo.

O episódio da cura do leproso acontece em três passos curtos: a invocação do enfermo, a resposta de Jesus, as consequências de cura milagrosa. O leproso suplica para Jesus “de joelhos” e lhe diz: “Se quiser, você pode me purificar” (v. 40). A esta oração humilde e confiante, Jesus responde com uma atitude profunda da sua alma: a compaixão, que significa" sofrer- com- o outro". O coração de Cristo manifesta a compaixão paterna de Deus por aquele homem, aproximando-se dele e tocando-o. Este particular é muito importante. Jesus “estendeu a mão e tocou-o ... e imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado" (V.41). A misericórdia de Deus supera todas as barreiras e a mão de Jesus toca o leproso. Ele não se coloca a uma distância segura e não age delegando a outro, mas se expõe diretamente ao contágio do nosso mal; e assim, o nosso mal se torna o lugar do contato: Ele, Jesus, pega a nossa humanidade enferma e nós pegamos Dele a sua humanidade saudável e que cura. Isso acontece cada vez que recebemos com fé um sacramento: o Senhor Jesus nos “toca” e nos presenteia a sua graça. Neste caso pensamos especialmente no Sacramento da Reconciliação, que nos cura da lepra do pecado.

Mais uma vez, o Evangelho nos mostra o que Deus faz com o nosso mal: não vem a “dar-nos uma lição” sobre a dor; não vem, nem sequer, a eliminar do mundo o sofrimento e a morte; vem, antes, tomar sobre si o peso da nossa condição humana, leva-la até as últimas consequências, para livrar-nos de forma radical e definitiva. Assim Cristo combate o mal e os sofrimentos do mundo: tomando sobre si e vencendo-os com a força da misericórdia de Deus.

O Evangelho da cura do leproso nos diz hoje que, se quisermos ser verdadeiros discípulos de Jesus, somos chamados a nos tornarmos, unidos a Ele, instrumentos do seu amor misericordioso, superando todo tipo de marginalização. Para ser “imitadores de Cristo” (cf. 1 Cor 11,1) diante de um pobre ou um enfermo, não devemos ter medo de olhá-lo nos olhos e de aproximar-nos com ternura e compaixão. Se o mal é contagioso, o bem também é. Portanto, é preciso que abunde em nós, sempre mais, o bem. Deixemo-nos contagiar pelo bem e contagiemos o bem!

Fonte: Zenit.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Reconciliai-vos

Na semana passada, aprofundamos reflexões sobre os “cenários da evangelização para o terceiro milênio” na Reunião Plenária do Pontifício Conselho dos Leigos, aqui em Roma, com o tema: “Encontrar Deus no coração da cidade”, trabalhando a missão nas grandes cidades e regiões metropolitanas. Escutamos várias palestras e testemunhos e pudemos intervir para colaborar. Nestes dias, estamos no Consistório no qual o Papa Francisco cria novos cardeais e discute assuntos da organização da Igreja com o Colégio Cardinalício.
Estamos nos aproximando da Quaresma e da Campanha da Fraternidade, quando seremos convidados a um tempo de conversão profunda. Neste Sexto Domingo do Tempo Comum, acredito que temos uma palavra para essa evangelização. São tantos feridos pelo caminho que nós, igreja, encontramos e que somos chamados a nos aproximar, como fez Jesus no Evangelho. Ele nos diz que "Um leproso chegou perto de Jesus". No tempo de Cristo, toda doença na pele que oferecesse perigo de contágio era considerada um tipo de lepra; tornava a pessoa impura. Na primeira leitura ouvimos: "O homem atingido por esse mal andará com as vestes rasgadas, os cabelos em desordem e a barba coberta, gritando: 'Impuro! Impuro'! Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar isolado e morar fora do acampamento". Eis! É alguém assim que se aproxima de Jesus: ferido, excluído do convívio da Assembleia de Israel, colocado fora da Cidade, um morto-vivo... Um leproso não podia tocar as pessoas: elas se tornariam impuras como ele; um leproso não convivia com sua família, não podia entrar na Casa do Senhor para rezar com seus irmãos: era um ninguém: "Impuro! Impuro"! – ele gritava, com a barba coberta em sinal de luto e profunda tristeza.
O Evangelho (Mc1,40-45) narra a cena de um leproso que, ao encontrar-se com Jesus, ficou curado. A Lei de Moisés prescrevia o seguinte: “O leproso deve ficar isolado e morar fora do acampamento” (Lv 13, 46). Um preceito duro, que só se explica pela preocupação de evitar o contágio e pela ideia corrente entre os hebreus de que era um castigo de Deus aos pecadores.
Aquele homem, abandonado pelos homens e tido como rejeitado por Deus, demonstra sua fé! A fé autêntica não se perde em raciocínios sutis; tem uma lógica muito simples: Deus pode fazer tudo e basta, pois que o queira fazer. Ao pedido, que manifesta uma confiança ilimitada, Jesus responde com um gesto inaudito para um povo a quem fora proibido qualquer contato com os leprosos: “estendeu a mão, tocou-o”. Deus é o Senhor da Lei e demonstra um outro gesto: o da proximidade!
A cena do leproso que vai ao encontro de Jesus é tão marcante que a encontramos narradaem três Evangelistas, que contam o episódio e transmitem-nos o gesto surpreendente do Senhor: “Estendeu a mão e o tocou”. Até aquele momento, todos os homens haviam fugido dele com medo e repugnância. Cristo, porém, que podia tê-lo curado à distância – como já o fizera em outras ocasiões –, não só não se afasta dele, como chega a tocar a sua lepra. Não é difícil imaginar a ternura de Cristo e a gratidão do doente quando viu o gesto do Senhor e ouviu as suas palavras: “Quero, sê limpo”.
Os Santos Padres da Igreja viram na lepra a imagem do pecado. Porém, o pecado é incomparavelmente pior do que a lepra. Dizia o Cura d’Ars: “Se tivéssemos fé e víssemos uma alma em estado de pecado mortal, morreríamos de terror”. No entanto, uma realidade não podemos esquecer: Jesus é o único que nos pode curar. Só Ele!
O que Ele nos diz é que veio perdoar, redimir, veio livrar-nos dessa lepra da alma, que é o pecado. E proclama o seu perdão como um sinal de onipotência, como sinal de um poder que só o próprio Deus pode exercer. Cada uma das nossas confissões é expressão do poder e da misericórdia de Deus. É o próprio Jesus quem, no Sacramento da Penitência, pronuncia a palavra autorizada e paterna: “Os teus pecados te são perdoados”.
Um grande mal da nossa época, uma grande ilusão é achar que não temos pecado, pensar que somos maduros e integrados. Não somos capazes de reconhecer nossas lepras, somos incapazes de suplicar, de joelhos: "Senhor, se queres, podes curar-me"! E por que isso? Porque somos autossuficientes: olhamo-nos, examinamo-nos não à luz do amor de Deus manifestadoem Cristo Jesus, mas à luz de nós mesmos. Pensamos que somos senhores do bem e do mal, do certo e do errado! É tão comum vivermos de modo contrário à vontade do Senhor e ainda, cheios de orgulho e soberba, dizermos que estamos certos... É tão comum querermos moldar Jesus e a sua Palavra à nossa vontade... É tão frequente a ilusão de que podemos jogar na lata do lixo o ensinamento da Igreja, sobretudo no campo moral... E assim, vamos construindo nossa vida ao nosso modo, modo de pecado, modo de lepra, modo de doença: doença da descrença, da indiferença, da falta de fé!
É necessário anunciar ao povo da grande cidade que seus males são curados por Aquele que não tem medo de se aproximar de ninguém. Que também exerçamos a nossa missão de serviço (Eu vim para servir) para os nossos irmãos.
Peçamos, pois, Senhor, cura-nos! Senhor, somos leprosos, somos pecadores, nossos pecados mancham não a nossa pele, mas o nosso coração, o mais profundo da nossa alma! Senhor, de joelhos, como o leproso do Evangelho, te suplicamos: cura-nos e seremos curados! Dá-nos a graça de reconhecermos nossos pecados; reconhecendo-os, dá-nos a coragem e sinceridade de confessá-los; confessando-os, dá-nos a graça de experimentar teu perdão, de cumprir generosamente a penitência e de procurarmos, com responsabilidade, emendar a nossa vida! Tem piedade de nós, ó Autor da graça e Doador do perdão! A ti, a glória para sempre! Amém!

 Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

sábado, 14 de fevereiro de 2015

"Com Francisco, muitas pessoas estão voltando para a Igreja"

Papa Francisco criará cardeal Dom Luis Villalba, arcebispo emérito de Tucumán, neste sábado, 14 de fevereiro, durante o Consistório.
 
Dom Villalba Nasceu em Buenos Aires dia 11 de outubro de 1934. Foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires em 1984, bispo da diocese de San Martin em 1991 e arcebispo da arquidiocese de Tucuman em 1999, cargo do qual se aposentou por idade em 2011. Dom Villalba não tem o direito de votar em um conclave para eleger o futuro Papa por ter mais de 80 anos.

 Quando conheceu Bergoglio?

Dom Villalba: Quando ele foi nomeado bispo em 1992, na paróquia de Flores, eu participei da sua ordenação. Ele assumiu o vicariato de Flores onde eu estava antes. Em 1999, eu fui para Tucumán. Naquele tempo os bispos me elegeram presidente da comissão que elaborou o documento 'Navegar Mar Adentro’, que convidava a assumir o apelo feito por João Paulo II. Este, foi aprofundado em Aparecida, e Bergoglio me apoiou muito.

 O senhor trabalhou com o Papa?

Dom Villalba: Sim, porque Bergoglio foi presidente da Conferência Episcopal Argentina por dois mandatos e eu fui vice-presidente no primeiro. Foram seis anos nos encontrando mensalmente. Estávamos muito próximos, também viajamos juntos para Roma três vezes nesse período, visitando as Congregações, e fomos recebidos duas vezes por Bento XVI.
Nos entendemos muito. Ele é muito simples, sempre foi pastor, próximo das pessoas, isso não é novidade. Ele era assim, visitava as paróquias, os bairros, viajava de ônibus.

 Quando ele fala dos problemas pastorais, muitas vezes, temos a impressão de que querem rotulá-lo ideologicamente. Certo?

Dom Villalba: Bergoglio nunca foi ideológico, devemos ter isso claro, ideológicos são os que o definem de direita, esquerda ou de centro. Ele sempre foi um homem da Igreja, com uma grande capacidade de discernimento, e, evidentemente, toda a espiritualidade inaciana o ajuda muito nisso. Um homem que consulta, pergunta, mas depois discerne e toma a decisão e quando decide é muito firme. Não é apressado, não resolver os problemas repentinamente, antes reza, medita, consulta, até que uma decisão, na certeza de que Deus está lhe pedindo aquilo.

 O que mais impressiona no cotidiano de Bergoglio?

Dom Villalba: A simplicidade. É muito normal o que ele diz. E como Papa pede isso aos bispos e sacerdotes. Outra coisa, que é um dom, que marca, são aquelas frases como ‘o cheiro de ovelhas' que significa estar próximo e partilhar a vida com as pessoas.

 E o Sínodo sobre a família?

Dom Villalba: O primeiro foi extraordinário, e em outubro haverá o segundo. Eu não participei, mas eu li tudo a respeito. Um marco do Papa foi que ele quis que os Padres sinodais falassem livremente, para expressar seus pensamentos, e isso é saudável. Eu acho que ele usou a expressão "dizer o que pensa" e claro, respeitar o pensamento de outro.

 Em sua experiência pastoral, como Francisco está influenciando?

Dom Villalba: Na Argentina muito bem, não só no âmbito eclesiástico, mas todas as pessoas, muitos batizados e não praticantes de alguma forma estão voltando para a Igreja. Na Semana Santa Santa percebemos uma maior participação dos fiéis. Eles dizem 'Francisco fala claramente, nós o compreendemos, é um dos nossos’.

 Este retorno é o início de uma conversão?

Dom Villalba: Muitos voltaram. No confessionário eu já vi. Era o que esperávamos, surpreendente, uma graça de Deus. Este domingo, em Roma, eu não consegui ver o Papa durante o Angelus, porque eu não consegui passar por tantas pessoas na Praça de São Pedro, eu fiquei do lado de fora, na Praça Pio XII.

 Como o senhor recebeu a notícia do cardinalato?

Dom Villalba: Todos os domingos eu assisto pela televisão o Papa no Angelus. Devido à diferença de horário, na Argentina são 08:00 da manhã, eu assisto enquanto tomo o café da manhã. Eu sabia que haveria um consistório. Naquele domingo, o Papa primeiramente fez uma reflexão espiritual, em seguida, rezou o Angelus e, depois, leu a lista dos futuros cardeais. E eu ouvi o meu nome enquanto tomava mate. Eu não sabia de nada. E ele me telefonou às 6.

Francisco disse que em sua pessoa gostaria de reconhecer muitos pastores da Igreja...

Dom Villalba: Minha nomeação vai além de mim, é um reconhecimento também ao noroeste da Argentina e a Tucumán, por onde passa a corrente evangelizadora do norte, que veio de Lima. Uma das áreas mais pobres do país, duramente atingida pelo fechamento das usinas de açúcar na década de 60 e com isso todas as pessoas que lá trabalhavam. Ao mesmo tempo, uma área muito religiosa e que dá tantas vocações para a Igreja.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

20 de fevereiro: Festa Litúrgica dos Pastorinhos de Fátima

No dia 20 de fevereiro celebra-se a Festa Litúrgica dos Pastorinhos de Fátima, no 90.º aniversário da vidente Jacinta Marto. Para assinalar a data, as celebrações no Santuário Fátima têm início no dia 19 com as vésperas dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, na Capelinha das Aparições, pelas 17:30, informa a assessoria de imprensa do Santuário de Fátima.
Conforme comunicado, o programa no dia 20 inicia com a oração do Rosário, pelas 10:00, na Capelinha das Aparições, seguida de procissão para a Basílica da Santíssima Trindade, onde será celebrada a Eucaristia com a bênção das crianças às 11:00. Da parte da tarde, pelas 15:00, haverá um momento de meditação sob o tema “Encontro com os Pastorinhos”, na Basílica da Santíssima Trindade. Às 17:30 terá lugar um momento de Adoração, “Adorar com os Pastorinhos”, na capela do Santíssimo Sacramento.
“O dia 20 de fevereiro é, em cada ano, um dia especial no Santuário de Fátima e um dia especial para quantos sentem Fátima como acontecimento significativo nas suas vidas: é o dia da celebração litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, os dois mais jovens videntes de Fátima. O Papa S. João Paulo II chamou-lhes Candeias que Deus acendeupara iluminar os nossos tempos conturbados”, refere o Reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas.
No mesmo dia, 20 de fevereiro, o Santuário de Fátima promove a realização em Lisboa de um concerto evocativo dos três videntes de Fátima, que terá como momento alto a estreia nacional da peça musical “Drei Hirtenkinder aus Fatima – Os Três Pastorinhos de Fátima”, da autoria de Arvo Pärt, compositor estoniano de referência na música contemporânea.
A Sé Patriarcal de Lisboa acolhe esta iniciativa integrada no programa oficial do Centenário das Aparições de Fátima. O início do concerto, intitulado “Sem amor nenhuns olhos são videntes”, verso do poema «Anátema», da autoria do escritor português Miguel Torga, está marcado para as 21:00, com entrada livre. O concerto será apresentado em três partes – com coro infantil, órgão e coro – de acordo com o seguinte alinhamento: Coro Infantil do Instituto Gregoriano de Lisboa; João Santos, organista titular do Santuário de Fátima; Coro Anonymus. O programa encontra-se disponível AQUI.
Nas palavras do reitor, a opção pela realização deste concerto fora do Santuário de Fátima “é apenas sinal de que a mensagem de Fátima vai muito além dos limites físicos do lugar e de que a figura dos Pastorinhos de Fátima não pode encerrar-se nos estreitos limites geográficos das suas terras de origem”.
Sobre a peça de Arvo Pärt, o reitor observa que “partindo do texto do Salmo 8, o compositor contempla os Pastorinhos de Fátima como aquelas crianças das quais brota o louvor à grandeza de Deus”.
Para o padre Carlos Cabecinhas, "culto e cultura não são concorrentes e menos ainda se excluem mutuamente", e também a linguagem da música "é caminho para a difusão da mensagem de Fátima, dando a conhecer os seus protagonistas".

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Encontro Mundial das Famílias abre inscrições com desconto

As famílias e grupos de peregrinos que desejam participar do Encontro Mundial das Famílias na Filadélfia 2015, com o papa Francisco, devem se apressar. O evento acontecerá na Filadélfia, de 22 a 25 de setembro próximo. O prazo para inscrições antecipadas terminam no dia 30 de abril. Até a data, os participantes ganham descontos no pagamento.
Os pacotes de inscrição são oferecidos em três modalidades, na categoria de adulto ou criança/adolescente até 17 anos: 1) pacote completo, 2) modificado e 3) básico. O pacote completo inclui alimentação, vale transporte, kit do peregrino, além de um cartão de débito com cem dólares para gastar no local.
Conheça aqui os demais pacotes e valores.
Como se inscrever
Os interessados podem se inscrever nas modalidades famílias, grupos ou na categoria individual. A inscrição garantirá acesso ao Centro de Convenções da Pensilvânia, nos quatro dias do evento, entre outros benefícios descritos nos pacotes, de acordo com o tipo de inscrição. Garanta sua vaga no evento, inscreva-se pelo site oficial.
Durante o Encontro Mundial das Famílias, haverá também uma creche para crianças menores de seis anos de idade. O Congresso para adultos acima dos 18 anos será composto de sessões que abordarão maneiras de fortalecer os laços familiares, diante dos desafios que enfrentam a família no contexto atual.
Amor em missão
"O amor é a nossa missão: a família plenamente viva" será tema do Encontro Mundial das Famílias. O Encontro Mundial contará com dois grandes Congressos, sendo um para adultos e o outro para jovens entre 6 e 17 anos. Serão oferecidos programas interativos para os jovens, buscando favorecer reflexões sobre a missão de amor em uma família.
A expectativa da organização é receber 15 mil delegados de mais de 150 nações. Cerca de 100 palestrantes de diferentes partes do mundo irão contribuir com o debate dos temas. De acordo com o arcebispo do Filadélfia, dom Charles J. Chaput, o Encontro Mundial das Famílias será uma oportunidade de debater questões da família, buscando oferecer caminhos pastorais para enfrentar as dificuldades da vida familiar.

Saiba mais: www.worldmeeting2015.org

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Visitar os Enfermos

A doença nos mostra o quanto somos limitados. A busca da saúde e a preocupação com a dignidade da assistência fazem parte de nossa faina e de nosso próprio instinto. Diante de tantas circunstâncias e situações, a Pastoral dos Enfermos é uma presença da Igreja em todos os âmbitos ligados a esta situação. É o anúncio de que Deus está presente em nossa vida, de maneira especial nesse momento de fragilidade em que aprendemos a trabalhar de um outro modo e a ser mais contemplativo, além do esforço de arrancar o mal pela raiz. É o que celebramos na Unção dos Enfermos. Pela sagrada Unção dos Enfermos e pela oração dos presbíteros, a Igreja toda entrega os doentes aos cuidados do Senhor sofredor e glorificado, para que os alivie e salve. Exorta os mesmos a que livremente se associem à paixão e à morte de Cristo, e contribuam para o bem do povo de Deus.
O Sacramento da Unção dos Enfermos, que podemos receber mais de uma vez quando passamos por doenças graves que necessitam de cuidados, é essa presença de fé e esperança nesse momento da vida. Costuma-se, na celebração, o padre dar ao doente o Sacramento da Confissão, com o propósito de o doente também arrepender-se de seus pecados e viver esse momento na graça de Deus.
Um importante requisito para a realização do Sacramento é a vontade do doente em querer recebê-lo. A família pode aconselhá-lo, chamar o padre a casa dele e propor o Sacramento, mas sem impô-lo ao doente. Recebido com fé, o Sacramento dará muitos frutos e graças.
Jesus sempre teve um grande carinho pelos doentes. Quando os judeus os desprezavam, porque consideravam a doença um castigo de Deus, Ele os acolhia com amor e os curava. “E passando, Jesus viu um cego de nascença. Os seus discípulos perguntaram-lhe: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: nem ele nem seus pais, mas foi para se manifestarem nele as obras de Deus” (Jo 9, 1-3). Jesus quis que aqueles que o acompanhavam continuassem sua missão, por isso deu a seus discípulos o dom da cura. “Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo” (Mc 6, 12s). O Senhor ressuscita e renova este envio e confirma, através de sinais realizados pela Igreja, ao invocar seu nome: "Quando colocarem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados" (Mt 16, 18).
Para aprofundar este tema é que temos a oportunidade de viver mais um Dia Mundial do Doente. Ele foi instituído por São João Paulo II em 1992, e é celebrado, anualmente, em 11 de fevereiro, na festividade de Nossa Senhora de Lourdes.Em nossa Arquidiocese, além da celebração na Basílica de Lourdes, teremos missa especial em hospitais de cada Vicariato com os agentes da pastoral, doentes, familiares, médicos, enfermeiros e funcionários para aprofundar esta proximidade da Igreja junto àquele que sofre.
Para reflexão desse dia, a Santa Sé divulgou, no dia 30 de dezembro de2014, amensagem do Papa Francisco para esse XXIII Dia Mundial do Doente.
O tema deste ano convida-nos a meditar uma frase do livro de Jó: “Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo” (29,15). O Papa Francisco encoraja a fazer esta meditação na perspectiva da “sapientia cordis”, ou seja, da sabedoria do coração, e frisa que sabedoria do coração significa servir o irmão. Com efeito, as palavras de Jó evidenciam o serviço aos necessitados – insiste o Papa –, recordando aqui as pessoas que permanecem junto dos doentes que precisam de assistência contínua, de ajuda para se lavar, vestir e alimentar.
Este serviço, especialmente quando se prolonga no tempo, pode tornar-se cansativo e pesado; é relativamente fácil servir alguns dias, mas torna-se difícil cuidar de uma pessoa durante meses ou até anos, inclusive quando ela já não é capaz nem de agradecer. E, no entanto, que grande caminho de santificação é este! – exclama o Papa. Em tais momentos, pode-se contar, de modo particular, com a proximidade do Senhor, sendo, também, de especial apoio a missão da Igreja – escreve o Papa –, que continua: sabedoria do coração é sair de si para ir ao encontro do irmão.
Às vezes, o nosso mundo se esquece do valor especial que tem o tempo gasto à cabeceira do doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frenesi do fazer e do produzir, esquece-se a dimensão da gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro. No fundo, por detrás dessa atitude, há muitas vezes uma fé morna, que esqueceu a palavra do Senhor que diz: “a Mim mesmo o fizestes”. Por isso, o Papa Francisco recorda uma vez mais a “absoluta prioridade da ‘saída de si próprio’” para se pôr ao serviço do irmão necessitado.
Na mensagem, o Papa Francisco fala das sabedorias: 1- Sabedoria do coração; 2- Sabedoria do coração é servir o irmão; 3- Sabedoria do coração é estar com o irmão; 4- Sabedoria do coração é sair de si ao encontro do irmão; 5- Sabedoria do coração é ser solidário com o irmão, sem julgá-lo.
Ao concluir a mensagem, o Papa Francisco se remete a Maria Santíssima, pois foi ela que acolheu em seu ventre a Sabedoria Encarnada, que é Jesus Cristo, e depois recitou uma prece: “Ó Maria, Sede da Sabedoria, intercedei como nossa Mãe por todos os doentes e quantos cuidam deles. Fazei que possamos, no serviço ao próximo sofredor e através da própria experiência do sofrimento, acolher e fazer crescer em nós a verdadeira sabedoria do coração”.
Temos um belo serviço de visita aos enfermos, que vejo com alegria que cada vez melhor se organiza. Agradeço a Deus e a tantos irmãos do clero que se desdobram em ser essa presença. Convido outros irmãos e irmãs para que se associem nessa missão evangelizadora e importantíssima, seja nas visitas aos hospitais, seja nas residências. Eu mesmo gostaria de ter mais possibilidade de ter essa presença, e, quando consigo, agradeço a Deus, como pude fazer algumas vezes durante a Trezena de São Sebastião.
Este é um convite que faço a todos os arquidiocesanos, para que, neste Ano da Esperança Cristã, levemos a esperança que é Cristo para os que estão nos leitos hospitalares, ou em suas residências presos a uma cama, enfermos. Tenho visto muitos exemplos e sinais dessa presença.
Que a luz divina do Cristo Ressuscitado brilhe nos corações de todos os enfermos e nas suas famílias. Que Maria Santíssima, Auxiliadora dos Cristãos, Mãe dos Enfermos e Consoladora dos Aflitos nos ensine a aceitar o caminho do sofrimento guiado pela Palavra de Deus, que nos anima e nos guia ao do Cristo Redentor!

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A revolução do Papa Francisco

Tem despertado certo estupor a inauguração dos chuveiros e da barbearia para os desabrigados, na Praça de São Pedro. Os chuveiros foram instalados próximo aos correios do Vaticano, à direita da colunata de Bernini. A iniciativa foi pessoalmente solicitada pelo Papa Francisco. Nenhum Papa jamais havia feito isso.
A este respeito, devemos lembrar o que disse Jorge Mario Bergoglio no dia 16 de março de 2013, poucos dias depois da sua eleição à Cátedra de Pedro, quando ele se encontrou com cerca de 6.000 jornalistas. Depois de ler as primeiras linhas de seu discurso previamente preparado, ele decidiu abandoná-lo e falou espontaneamente sobre o Conclave, como ele havia sido eleito e por que ele escolheu o nome de Francisco.
Quando sua eleição tornou-se conhecida, o cardeal brasileiro Claudio Hummes, sentado ao lado dele disse: "Não se esqueça dos pobres". Então, o Cardeal Bergoglio imediatamente pensou em Francisco de Assis. Depois, ele pensou da guerra, o que foi uma confirmação: Francisco, um homem de paz. Por isso ele escolheu este nome, e tornou-se o primeiro Papa Francisco na longa história da Igreja.
Ainda durante essa audiência, ele indicou o programa de seu pontificado; o Papa Francisco parou, olhou para nós intensamente e muito sério, disse: "Desejo uma Igreja pobre e para os pobres".
Descrentes muitos colegas comentaram no dialeto romano: “ma questo Papa c’è o ci fà?” (‘Esse Papa está fazendo tipo?’). Estavam céticos até mesmo alguns padres que trabalhavam na Cúria, "vamos ver daqui há alguns meses...”. Já se passaram quase dois anos desde aquele dia, e Papa Francisco demonstrou que o seu programa de ajuda e atenção aos pobres e marginalizados, o seu compromisso com a paz, não se trata de uma retórica.
No consistório de 14 de fevereiro, o Papa Francisco conferirá o solidéu cardinalício a 15 novos cardeais, de todos os continentes. Com exceção da nomeação de Dom Dominique Mamberti - cujo cargo de prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica prevê a nomeação como cardeal - para nenhum dos outros bispos era esperado a púrpura.
O Papa nomeou cardeais de países pequenos e pobres, na periferia do mundo, como a ilha de Tonga, na Polinésia e o arquipélago de Cabo Verde, ao largo da costa do Senegal. Ou cardeais de países onde a Igreja Católica tem sido discriminada e perseguida como Hanói (Vietnã) e Yangon (Myanmar). Da Itália provenientes de dioceses ‘não cardinalícias’ como Ancona e Agrigento. Compromissos que representam uma verdadeira revolução e que respondem ao sonho de uma Igreja pobre para os pobres.
A liberdade absoluta e a determinação com que Francisco age é apreciado por todos, mesmo aqueles de outras religiões e nações não católicas. Sua radicalidade e coerência evangélica fazem dele o personagem mais apreciado e amado do mundo. No ano passado mais de seis milhões de pessoas vieram a Roma para assistir o Angelus no domingo e participar da Audiência Geral. Mais de um milhão de cartas chegaram ao Vaticano. Cerca de dezessete milhões de pessoas no Twitter seguem a conta @pontifex. Em sua última viagem a Manila, nas Filipinas, sete milhões de pessoas participaram da celebração da missa de encerramento.
Não há nenhum encontro em que o Papa argentino não reze ou faça rezar. Em todos os encontros públicos e privados encontra tempo para ouvir, observar, abraçar, consolar, encorajar, os doentes, os deficientes, os que sofrem, os marginalizados, os representantes de outras religiões.
Entre as muitas iniciativas que promove, pela paz e desenvolvimento, é impressionante o que ele conseguiu fazer contra as velhas e novas formas de escravidão. Os signatários do Acordo que ele propôs são representantes de religiões que contabilizam mais de dois bilhões e meio de fiéis.
Graças a Bergoglio se reuniram em Roma a Hindu Mata Amritanandamayi (Amma), considerada um guru e um Mahatma, também conhecido como "a santa do abraço", dois líderes budistas, dois rabinos, o Patriarca ecumênico ortodoxo, um imã, dois Aiatolás, um xeique e o arcebispo anglicano de Canterbury. Todos muito disponíveis a assinar e apresentar ao mundo uma declaração que tem o objetivo de erradicar, no período de cinco anos, o horror das novas formas de escravidão. Da prostituição ao trabalho infantil, da exploração econômica e sexual aos exércitos que usam crianças para lutar. Assim, o Papa Francisco conseguiu montar uma espécie de ONU das religiões para combater a barbárie e extinguir definitivamente a escravidão.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

"Enfermos, uma via privilegiada para encontrar Cristo"

Ontem, o Papa Francisco comentou o Evangelho do dia. Apresentamos o texto na íntegra:

 
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje (Mc 1,29-39) apresenta Jesus que, depois de pregar no sábado, na sinagoga, cura muitos enfermos. Pregar e curar: esta é a principal atividade de Jesus na sua vida pública. Com a pregação, Ele anuncia o Reino de Deus e com a cura demonstra que este está próximo, que o Reino de Deus está entre nós.
Ao entrar na casa de Simão Pedro, Jesus vê que a sua sogra está na cama com uma febre; imediatamente a toma pela mão, a cura e a faz levantar-se. Depois do pôr do sol, quando terminado o sábado as pessoas podem sair e levar-lhes os doentes, reúne-se uma multidão de pessoas com todos os tipos de doença: físicas, psíquicas e espirituais. Vindo sobre a terra para anunciar e realizar a salvação de todo o homem e de todos os homens, Jesus mostra uma especial predileção por aqueles que estão feridos no corpo e no espírito: os pobres, os pecadores, os endemoninhados, os doentes e os marginalizados. Ele assim se revela médico seja das almas, seja dos corpos, bom Samaritano do homem. É o verdadeiro Salvador: Jesus salva, Jesus cuida, Jesus cura.
Esta realidade da cura dos enfermos por parte de Cristo, nos convida a refletir sobre o sentido e o valor de doença. E nos recorda o Dia Mundial do Enfermo, que celebraremos na próxima quarta-feira, 11 de fevereiro, memória litúrgica da Bem-Aventurada Virgem Maria de Lourdes. Abençoo as iniciativas preparadas para este dia, especialmente a Vigília que será realizada em Roma, na noite de 10 de Fevereiro. Lembremo-nos também do presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral da Saúde, Dom Zygmunt Zimowski, que está muito doente, na Polônia. Uma oração por ele, pela sua saúde, ele é o idealizador desta jornada e ele nos acompanha com o seu sofrimento neste dia. Uma oração para Dom Zimowski.
A obra salvífica de Cristo não termina com a sua pessoa e no arco de sua vida terrena; continua mediante a Igreja, sacramento do amor e da ternura de Deus para com os homens. Enviando em missão seus discípulos, Jesus confere a eles um duplo mandato: anunciar o Evangelho da salvação e curar os enfermos (cf. Mt 10,7-8). Fiel a este ensino, a Igreja sempre considerou a assistência aos doentes parte integrante da sua missão.
“Pobres vós tereis sempre convosco”, adverte Jesus (cf. Mt 26,11), e a Igreja continuamente os encontra pelo caminho, considerando os enfermos uma via privilegiada para encontrar Cristo, para acolhê-lo e servi-lo. Curar um doente, acolhê-lo, servi-lo, é servir Cristo: o doente é a carne de Cristo.
Isso também acontece no nosso tempo, apesar dos avanços da ciência, o sofrimento interior e físico das pessoas suscita fortes interrogações sobre o sentido da doença e da dor e do porquê da morte. Trata-se de perguntas existenciais, às quais a ação pastoral da Igreja deve responder à luz da fé, tendo diante dos olhos o Crucifixo, o qual revela todo o mistério salvífico de Deus Pai, que por amor aos homens não poupou o seu próprio Filho (Rm 8,32). Portanto, cada um de nós é chamado a levar a luz do Evangelho aos que sofrem e aos os assistem, parentes, médicos e enfermeiros, para que o serviço ao doente seja realizado sempre mais com humanidade, com dedicação generosa, com amor evangélico, com ternura. A Igreja, através de nossas mãos, acaricia os nossos sofrimentos e cura as nossas feridas, e o faz com a ternura de uma mãe.
Rezemos a Maria, Saúde dos enfermos, para que cada pessoa na doença possa experimentar, graças à solicitude de quem lhe está próximo, a potência do amor de Deus e o conforto de sua ternura maternal.

(Depois do Angelus)

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje, 08 de fevereiro, memória litúrgica de Santa Josefina Bakhita, a Irmã do Sudão que quando criança fez a dramática experiência de ser vítima do tráfico, as Uniões das Superioras e Superiores Gerais dos Institutos religiosos promovem o Dia de oração e reflexão contra o tráfico de pessoas. Encorajo os que estão empenhados em ajudar os homens, mulheres e crianças escravizados, explorados e abusados como instrumentos de trabalho ou de prazer e, com frequência, torturados e mutilados. Faço votos que os que têm responsabilidade de governo trabalhem com decisão para remover as causas desta vergonhosa chaga: é uma chaga vergonhosa indigna de uma sociedade civil. Cada um de nós se sinta empenhado em ser voz desses nossos irmãos e irmãs, humilhados em sua dignidade. Rezemos todos juntos a Maria, por eles e por seus familiares. (Ave Maria)
Saúdo todos os peregrinos presentes, famílias, grupos paroquiais, associações. Saúdo em particular os fiéis de Caravaca de la Cruz (Espanha), Anagni, Marcon, Quartirolo e Corato; coros da Arquidiocese de Modena-Nonantola, e os jovens de Buccinasco, bem como os da Letónia e Brasil.
Desejo a todos um bom domingo. Por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e adeus!

Fonte: Zenit.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Perú: Três sacerdotes assassinados pelo Sendero Luminoso serão beatificados

O Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, irá ao Peru no mês de agosto, na diocese de Chimbote, para a beatificação dos três missionários dos quais foi reconhecido o Martírio: os franciscanos (OFM) Michele Tomaszek e Sbigneo Strzalkowski, poloneses, e o sacerdote diocesano italiano Alessandro Dordi, mortos pelos terroristas do Sendero Luminoso nos dias 9 e 25 de agosto de 1991 em Pariacoto e em Rinconada.
Segundo nota enviada pela Agência Fides, o anúncio foi feito ontem, durante uma coletiva de imprensa, pelo Bispo de Chimbote, Dom Francisco Simon Piorno.
"É uma grande satisfação, e devemos agradecer infinitamente a Deus por ter a graça de contar na nossa Igreja local, e também em todo o país, com três sacerdotes que serviram os vilarejos de Pariacoto e Santa, mas que tiveram que dar a vida num clima de tanta violência – destacou Dom Piorno -. Nesses sacerdotes podemos ver uma fé tão grande que não se perde em nenhum momento. Devemos agradecer a Deus porque agora temos os primeiros mártires da nossa diocese e do Peru ".

Fonte: Zenit.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Confrontar o programa de atividades de Jesus com a própria rotina de trabalho

O Livro de Jó é uma preciosa meditação a respeito da condição humana nesta terra, permeada pela pergunta provocante a respeito do mistério do sofrimento. Uma das constatações feitas pelo personagem, em cujo lugar poderíamos estar todos nós, é a rapidez com que corre o tempo e a fragilidade do dia a dia. “Se me deito, penso: Quando poderei levantar-me? E, ao amanhecer, espero novamente a tarde e me encho de sofrimentos até o anoitecer. Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança” (Jó 7, 4-6). O tempo nos escapa velozmente pelos dedos, pelo que deve ser valorizado e aproveitado adequadamente. Que remédio temos para a correria interna e externa na qual fomos mergulhados? Como dar valor permanente aos frágeis gestos e atitudes que preenchem nosso dia a dia? Como dar sentido novo às agendas de todo tipo que se multiplicam, com os alertas cotidianos para o compromisso que se segue?
Nosso Salvador, Jesus Cristo, entrou nas estruturas humanas e no ritmo de vida da Palestina de seu tempo. Percorreu estradas, lagos e montanhas, encontrou pessoas e se deparou com uma imensa diversidade de situações. Todos foram tocados pela sua presença e ninguém passou em vão ao seu lado. Seu amor redentor consola, reanima, impulsiona. Morto e Ressuscitado, continua presente na Igreja! Basta experimentar o silêncio eloquente do Sacrário. Quantas lágrimas, exclamações, sorrisos e gratidão são desfiados diante de nossos Tabernáculos! Mas vale abrir o Evangelho e verificar como, de forma muito prática, Jesus conseguia trabalhar tanto e estar sempre “inteiro” diante das pessoas, fossem estas as mais pecadoras ou as mais simples, como fez com as crianças.
O Evangelista São Marcos descreve a jornada de Jesus (Cf. Mc 1, 29-39). Deixemos que seja nosso guia, ao acompanharmos o percurso feito pelo Senhor. Pela manhã, vai à Sinagoga, onde liberta um homem do demônio. Traz um “ensinamento novo, e com autoridade”. Em seguida, junto com Tiago e João, é hóspede na casa de Simão e André, onde se achava de cama, com febre, a sogra de Simão. Jesus não perde tempo! Aproxima-se, tomando-a pela mão, levantou-a, a febre a deixou, e ela se pôs a servi-los. Certamente a convivência em torno da mesa terá sido recheada de alegria e gratidão, tempo gasto com os outros! Ao anoitecer, depois do pôr do sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que tinham demônios e a cidade inteira se ajuntou à porta da casa. Curava as pessoas e expulsava os demônios. De madrugada, ainda estava bem escuro, Jesus vai a um lugar deserto para rezar. Quando os discípulos o encontram, abre-lhes novos horizontes de missão, noutros lugares, pelas aldeias da redondeza, para proclamar a Boa Nova. Qualquer pessoa pode confrontar o programa de atividades de Jesus com a própria rotina de trabalho. Para reencontrar o equilíbrio necessário, superando a tentação de superficialidade oferecida pela correria, saibamos acolher as propostas do Senhor.
Faz bem estar radicalmente rompido com a maldade e com o pecado. Nenhuma concessão à corrupção à mentira e a iniquidade. Tal objetivo limpa a nossa vista ao começar cada dia, desintoxicando o relacionamento com o próximo. Mesmo quando não temos a missão de expulsar demônios formalmente, exorcizar é enfrentar corajosamente nossas conversões adiadas. Mas também prodigalizar ânimo e consolação, perdão, denúncia do mal. Nasce a alegria em quem se libertou do demônio! E o melhor exorcismo está na boca de quem sabe bendizer!
Na companhia de Jesus e sustentados pela sua graça, o dia não passe sem alguma iniciativa gratuita do bem, de forma especial pelos mais sofredores e marginalizados, como o Senhor fez com a Sogra de Simão. Viver para si envenena nosso coração e nosso tempo! Além disso, nossa conversão a Cristo exige disposição para gastar tempo com os outros. Talvez nossas refeições venham a demorar mais e ser mais humanas, para a elas acrescentar um pouco de conversa e convivência! Basta verificar o quanto nos sentimos bem nos encontros familiares mais longos, ou a refeição com amigos queridos. Não é desperdício de tempo!
O cair da tarde de Jesus foi magnífico, com uma fila de gente machucada pela vida e pelas enfermidades. Todos eram levados a ele e em todos ficava a marca de seu amor. Nossa vida tem também grandes chances de maior equilíbrio e sentido, se crescer nossa sensibilidade pelas necessidades alheias. Ampliar o horizonte para a sociedade e para as possibilidades que nos foram concedidas para fazer o bem! Aqui entram em cena os dons e carismas concedidos a cada cristão. Viver apenas para se enriquecer, ou a busca desenfreada do prazer e dos destaques na sociedade esvazia a alma. O Evangelho suscite em todos nós uma revisão do projeto de vida que orienta nossas opções!
De madrugada, podemos encontrar Jesus em oração! Sem o tempo para Deus, a escuta da Palavra do Senhor, o fecundo silencia, a abertura da alma para as alturas, não é possível ter uma vida equilibrada. Quem vive apenas da herança da formação cristã recebida em tenra idade, ou das orações feitas no passado, gasta depressa os presentes recebidos e se esvazia logo.
Enfim, Jesus nos faz olhar para as aldeias, cidades, metrópoles ou multidões que aguardam nosso zelo missionário. Cristão que se faz discípulo verdadeiro se transforma imediatamente em missionário! Abram-se os horizontes e cada pessoa descubra seu modo de servir no anúncio corajoso do Evangelho. Há muitos tesouros escondidos no coração das pessoas e que podem transformar-se em serviço ao Reino de Deus. Que ninguém se exclua do apelo que vem de Deus!
As respostas para os dilemas da correria ou do sofrimento humano não estão escritas num código de conduta, mas se encontram em alguém, Jesus Cristo! Quem se dispuser a segui-lo, encontrará o sadio equilíbrio para a vida e arregaçará as mangas para servir a Deus e ao próximo. Esta é a chave da realização. Mãos à obra!

Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A missão da Igreja é curar as feridas do coração

Cura, erguer-se, libertar, expulsar os demônios. Depois, reconhecer com sobriedade: fui um simples "operário do Reino". Isso é o que você deve fazer, e deve dizer de si, um ministro de Cristo quando cura os feridos que esperam nos corredores da Igreja, um "hospital de campanha". Assim destacou Francisco, na homilia desta quinta-feira realizada em Santa Marta, refletindo sobre o Evangelho do dia no qual Jesus envia seus discípulos dois a dois nas aldeias para pregar, curar os doentes e expulsar os espíritos impuros.
Em primeiro lugar, o Papa falou da descrição que Jesus faz do estilo de quem assume o papel de seu enviado; pessoas livres de ostentação: “nada de pão, bolsas, e dinheiro”. Jesus disse isso porque – afirmou o Papa- "a salvação não é uma teologia da prosperidade". É apenas o “feliz anúncio” de libertação levado aos oprimidos.
E explicou: "Esta é a missão da Igreja; a Igreja que cuida e que cura. Algumas vezes, eu falei da Igreja como um hospital de campo. É verdade! Há muitos feridos, muitos feridos! Muita gente precisa que suas feridas sejam curadas!". Esta é a missão da Igreja, disse o Papa, "curar as feridas do coração, abrir as portas, libertar, dizer que Deus é bom, que Deus perdoa tudo, que Deus é Pai, que Deus é ternura, que Deus nos espera sempre... ".
Francisco alertou que desviar a essencialidade deste anúncio abre ao risco de deturpar a missão da Igreja, para a qual o compromisso de aliviar as várias formas de miséria se esvazia da única coisa que conta: levar Cristo aos pobres, aos cegos, aos prisioneiros.
A este respeito, o Papa disse: "é verdade, nós temos que ter ajuda, e criar organizações que ajudem a fazer isso, porque o Senhor nos dá os dons para isso. Mas quando esquecemos esta missão, esquecemos a pobreza, esquecemos o zelo apostólico e colocamos a esperança nestes meios, a igreja lentamente desliza em uma ONG e se torna uma bela organização: poderosa, mas não evangélica, porque lhe falta aquele espírito, aquela pobreza, aquela força para curar."
Por fim, o Santo Padre recordou que os discípulos retornam "felizes" de sua missão e Jesus os leva consigo para descansar. Neste ponto, destacou que Jesus não lhes disse que eles eram grandes, e que na próxima saída deveriam organizar melhor as coisas... Só lhes disse – enfatizou Francisco-: "Quando vocês tiverem feito tudo isso, digam a si mesmos: 'Somos servos inúteis’". Este é o apóstolo. E qual seria o mais belo elogio para um apóstolo? – perguntou o Santo Padre-. "Ele foi um operário do Reino, um operário do Reino" seria a resposta.
Por fim, o Bispo de Roma concluiu, explicando que "este é o maior elogio, porque vai por esse caminho o anúncio de Jesus: vai curar, proteger, proclamar esta boa notícia e este ano de graça. Para fazer com que o povo reencontre o Pai, levar a paz aos corações das pessoas."

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Ler o Evangelho ao invés de ver novela ou ouvir conversas do vizinho

O convite é o de sempre: ler a Bíblia diariamente e meditar sobre uma passagem do Evangelho. Mesmo correndo o risco de soar repetitivo, Francisco novamente exortou os cristãos a usar este poderoso instrumento que é a Bíblia. Mesmo que seja somente por 10 minutos, apenas uma página, disse hoje na Missa em Santa Marta, a fim que um momento do dia seja de diálogo com o Senhor, ao invés de perder tempo vendo novela ou ouvindo conversas do vizinho.
A contemplação diária do Evangelho ajuda-nos a ter a verdadeira esperança, disse o Santo Padre. Que esperança? Aquela mencionada pelo apóstolo Paulo na Carta aos Hebreus, que aprendemos somente "com os nossos olhos fixos em Jesus". Sem ouvir o Senhor podemos “ser otimistas, positivos”, mas a esperança se aprende somente olhando a Jesus, explicou o Santo Padre.
Portanto, precisamos da "oração de contemplação". Claro, "faz bem rezar o terço todos os dias", disse Francisco, conversar "com o Senhor quando tiver um problema, ou com a Virgem Maria ou com os santos...". Mas é importante fazer a "oração de contemplação", que só se pode fazer com “o Evangelho na mão".
O Papa explicou então como fazer este tipo de oração. Tomou como exemplo o Evangelho da liturgia de hoje, que diz: "Jesus estava no meio do povo, uma multidão estava ao seu redor”. A palavra “multidão é repetida cinco vezes”. “Sempre com a multidão... Jesus passou a maior parte da vida na rua, com o povo. Mas não descansou? Sim, uma vez, diz o Evangelho que dormiu em um barco, mas chegou uma tempestade e os discípulos o acordaram. Jesus estava sempre entre as pessoas. E olhando para Jesus, eu contemplo Jesus assim, eu imagino Jesus assim, e digo a Jesus o que me passa pela cabeça."
Precisamente nesta multidão - continuou Bergoglio - o olhar do Messias repousa sobre uma mulher doente que, em meio à multidão, o toca. Por que Jesus "não só entende a multidão, toca a multidão, sente o bater do coração de cada um de nós". Também quando “o chefe da sinagoga lhe conta que sua filha está gravemente doente, Ele deixa tudo e se ocupa". Ele "tem cuidado por todos nós, smepre”.
Ele também tem muita paciência, acrescentou o Papa Francisco, imaginando a cena de Jesus que chega na casa onde a menina morreu. Lá Ele encontra as mulheres que choram. Jesus lhes tranquiliza e as pessoas zombam dele, não acreditam nas suas palavras. E depois da ressurreição da menina, ao invés de dizer “Força Deus”, lhes diz: “Por favor, deem comida para ela”. “Jesus tem sempre os pequenos detalhes diante de Si”, comentou o Pontífice.
A "oração de contemplação" é isto: “Pegar o Evangelho, ler e imaginar-me na cena, imaginar-me o que acontece e falar com Jesus, como me vem do coração. E com isso nós fazemos crescer a esperança, porque temos e mantemos fixo o olhar em Jesus”.
"Façam esta oração de contemplação", insistiu o Papa. "’Mas eu tenho tanta coisa para fazer!'. Sim, mas em casa, 15 minutos, pegue o Evangelho, um pequeno trecho, imagine o que aconteceu e fale com Jesus sobre aquilo. Assim o seu olhar estará fixo em Jesus, e não tanto na novela, por exemplo; o seu ouvido estará fixo nas palavras de Jesus e não tanto nas conversas do vizinho, da vizinha... ".
Tudo bem "rezar as orações, rezar o terço, falar com o Senhor", mas você também deve fazer esta oração de contemplação, porque desta vem "a esperança" e "a nossa vida cristã se move naquela moldura, entre memória e esperança”. Memória - disse o Papa - de "todo o caminho passado" e "de tantas graças recebidas pelo Senhor, e esperança, olhando o Senhor, que é o único que pode dar-me esperança".
Assim, concluiu o Pontífice, "peguemos o Evangelho e façamos esta oração de contemplação". Hoje, tente por 10 minutos, 15, não mais, leiam o Evangelho, imaginem e digam algo a Jesus e nada mais. E assim o seu conhecimento de Jesus será maior e a sua esperança crescerá".

Fonte: Zenit.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

As indicações do Papa ao Cardeal Braz de Aviz

Ontem, 2 de fevereiro de 2015 o Papa Francisco presidiu a missa na basílica de São Pedro por ocasião do Ano da Vida Consagrada. ‘É um dia muito especial’, disse o cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, em entrevista à Rádio Vaticano, e lembrou que Maria, pela sua vocação, “resume todas as vocações porque, além de ser consagrada, gerou na virgindade o seu Filho, esteve casada, mas também era uma consagrada”. Ou seja, pode-se dizer que é “o modelo de toda a vida consagrada”.
O cardeal acrescentou que para os religiosos e consagrados este dia da Apresentação do Senhor no Templo é um momento muito especial, porque é quando se evidencia que estes consagrados a Deus são um dom. “Também porque no mundo eles são muitos: mais de um milhão seguem esta vocação, que é uma vocação profética, que anuncia valores que são o Reino de Deus”.
Sobre o fato de que o Papa pediu aos consagrados que acordem o mundo, o cardeal indicou: “Nós tentamos. A partir da experiência prática que vivemos em nossa Congregação, vemos essa realidade da vida consagrada com grande objetividade, mas também com os pés no chão".
O cardeal reconheceu que existem problemas, e não poucos. “O Papa, por exemplo, ficou surpreso ao saber que o número das pessoas consagradas – homens e mulheres – que a cada ano abandonam a vida consagrada. Isso o comoveu profundamente, porque é um número bastante grande”, três ou quatro mil por ano, como disse a Rádio Vaticano.
O Papa disse a eles, continuou o cardeal, que "há três coisas na qual precisam prestar mais atenção: o discernimento vocacional, a formação, e o ministério da pessoa".
Também temos que levar em conta "as áreas em que estamos: a vida comunitária, a formação, a forma de exercer a autoridade e a obediência, e a forma de administrar o dinheiro".
"Temos que recuperar tudo isso", disse o cardeal, "principalmente por meio da vida comunitária, da fraternidade. Estes são os pontos que temos em vista".

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Há uma inquisição laica que associa a religião à violência

O secretário geral da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), pe. José Maria Gil Tamayo, declarou nesta quinta-feira que "o fato religioso está sendo submetido à suspeita" e associado à "violência e [aos] fundamentalismos", o que estabelece uma "inquisição laica" no mundo atual.
A declaração foi feita durante um encontro da iniciativa “entreParéntesis”, dos jesuítas, na qual o porta-voz do episcopado espanhol deu a conferência “A presença pública da Igreja” e destacou que o espaço público pode estar sendo "ameaçado por fundamentalismos, mas também por um laicismo que exclui”.
Tamayo instou os cristãos a fazerem com que reine no espaço público uma "laicidade positiva e integradora" e que o fato religioso não seja relegado ao âmbito privado, a fim de "superar a invisibilidade da fé neste mundo".
Ele rejeitou ainda o "contágio da ideologização" da presença cristã, qualificando uns de progressistas (os que colocam a justiça em primeiro plano) e outros de conservadores (os que põem em primeiro lugar o direito à vida e à educação). "Por que não passamos a mensagem completa em vez de fatiá-la ao gosto do consumidor?", indagou.
Por último, Gil Tamayo lamentou que direitos como o da liberdade religiosa fiquem relegados a segundo plano e que "se fale até de direito à blasfêmia", o que é "um atentado à dignidade".

Fonte: Zenit.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

EUA: senadores pedem criação de província autônoma para os cristãos no Iraque

A situação de sofrimento dos cristãos e de outras minorias obrigadas a fugir da planície de Nínive levantou a urgência de um compromisso direto do Departamento de Estado norte-americano em "apoiar a criação, por parte do governo iraquiano, de uma província administrativa autônoma na planície de Nínive" e em oferecer "apoio direto às forças locais de segurança encarregadas de proteger as minorias étnicas e religiosas vulneráveis no Iraque".
Estas propostas fazem parte da petição enviada por 17 senadores de várias orientações políticas ao Secretário de Estado John Kerry, instando o governo dos Estados Unidos a intervir junto às instituições iraquianas por mais proteção das comunidades cristãs autóctones, segundo informações da agência Fides.
Os senadores apelaram às disposições legislativas para o ano fiscal 2015, que preveem ações do Departamento de Estado em apoio a "programas para ajudar minorias étnico-religiosas". Eles citam também a lei FY15, de programação das atividades da Defesa Nacional, que autoriza o apoio às forças de segurança encarregadas de proteger as comunidades minoritárias do Iraque.
Na carta de 26 de janeiro, os senadores mencionam ainda o artigo 125 da constituição iraquiana, que garante a regulação legal dos "direitos administrativos, políticos, culturais e educativos de diferentes nacionalidades, incluindo os turcomanos, caldeus, assírios e todos os outros componentes".
A definição das comunidades cristãs iraquianas como entidades étnico-nacionais, contida também na atual constituição iraquiana, é apoiada e teorizada pelos círculos e grupos nacionalistas que são mais ativos nas comunidades da diáspora caldeia e assíria nos EUA.

Fonte: Zenit.