A notícia da provável beatificação fortaleceria também a ideia de uma viagem do Papa Francisco ao Japão. O governo de Toquio e a Conferência Episcopal, que celebra o 150º aniversário do renascimento da "kakure krishitan" (os chamados "cristãos escondidos") em 2015, convidaram formalmente o pontífice argentino há alguns meses.
"Não ficou no Japão nenhum sacerdote: Todos foram expulsos. A comunidade ficou na clandestinidade, mantendo a fé e a oração, enquanto permaneciam escondidos”. Com estas palavras, o Santo Padre elogiou em uma catequese sobre o Batismo o valor dos cristãos japoneses que sofreram perseguição no país asiático desde o século XVII até o século XIX.
Atualmente, existem 42 santos e 393 beatos japoneses, todos mártires. O caso de Takayama é diferente porque sua morte foi devido a doença. No entanto, como muitos japoneses leais sofreu na carne a perseguição e exílio.
Para o postulador geral da Companhia de Jesus para a Causas dos Santos, Padre Anton Witwer, a vida deste nobre japonês é um exemplo de "fidelidade à vocação cristã." "Takayama morreu no exílio devido à fraqueza causada pelos maus-tratos em sua pátria", disse em declarações à imprensa.
Este membro da classe governante da época nasceu em 1552, três anos após a chegada do introdutor do cristianismo no Japão, o missionário jesuíta Francisco Xavier (1506-1552). Quando tinha 12 anos, ao converter-se o seu pai ao catolicismo, foi batizado com onome de Justo pelo padre Gaspare di Lella.
Quando cresceu, se tornou um importante daimio e construiu a primeira igreja de Kioto, que foi destruída anos mais tarde. Começou um relacionamento com as personalidades mais poderosas do país, mas sempre se manteve independente. Também se destacou como samurai ao dirigir exércitos, sempre tentando limitar a perda de vidas, e conseguiu grandes vitórias para o regente imperial Hideyosi Toyotomi.
Este governante começou a proibição do catolicismo e a expulsão dos jesuítas do arquipélago em 1587. No entanto, Takayama e sua família permaneceram fiéis à religião católica e seus domínios serviram de refúgio para muitos cristãos perseguidos. No entanto, o novo shogun (general no comando do país em nome do imperador) Ieyasu Tokugawa proibiu totalmente a religião em 1614 e procedeu à expulsão de todos os católicos.
Conhecido como o "Samurai de Cristo," Justo Takayama honrou seu apelido e manteve-se fiel à sua fé. Deixou todos os seus feudos, riquezas e títulos e, junto com a sua família, exilou-se nas Filipinas. Com 62 anos, liderou o êxodo de 300 cristãos que abandonaram seu país, para nunca mais voltar. Morreu poucos meses depois de sua chegada em Manila por causa dos maus tratos que sofreu em sua terra natal.
Em uma praça na capital das Filipinas há uma escultura que lembra o senhor feudal, com a cruz em suas mãos. E os lugares onde viveu, lutou e rezou no Japão são verdadeiros destinos de peregrinação para os católicos da Ásia.
Fonte: Zenit.
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