Indagado sobre o andamento da “limpeza” no Instituto para as Obras de Religião (IOR), popularmente chamado de “banco do Vaticano”, o papa explicou que "as comissões estão trabalhando bem. O [comitê regulador europeu] Moneyval nos avaliou bem, estamos no caminho certo. Sobre o futuro do IOR, vamos ver. Por exemplo, o "banco central" do Vaticano seria a APSA. O IOR foi criado para ajudar as obras de religião, as missões, as igrejas pobres. Depois é que ele se tornou o que é hoje".
Quanto ao diálogo ecumênico e à esperada unidade dos cristãos, o bispo de Roma observou que existe hoje um “ecumenismo do sangue”. Quando matam cristãos em alguns países, “não perguntam se eles são anglicanos, luteranos, católicos ou ortodoxos”. Para aqueles que os matam, os cristãos estão unidos no sangue, muito embora, entre nós próprios, "ainda não tenhamos conseguido tomar as medidas necessárias para a unidade; talvez o tempo ainda não tenha chegado”.
O papa enfatizou que o ecumenismo é uma prioridade e que a unidade "é uma graça que precisamos pedir".
Sobre o encontro com os ortodoxos, Francisco destacou que “é uma dor ainda não poder celebrar juntos a Eucaristia, mas temos uma grande amizade”. Falando das reuniões com os vários irmãos ortodoxos, Bartolomeu, Hilarion, o teólogo Zizioulas e o copta Tawadros, o papa confessou: "Eu me senti irmão deles. Eles têm a sucessão apostólica, eu os recebi como irmãos bispos (...) Abençoamos um ao outro, um irmão abençoando o outro, um irmão se chama Pedro e o outro André, Marcos, Tomé...".
Tornielli perguntou ao papa o que ele acha das acusações feitas por alguns ultraconservadores, que consideram “marxistas” as observações do pontífice sobre a economia. O papa respondeu que "a ideologia marxista está errada, mas, na minha vida, conheci muitos marxistas bons como pessoas, e, por isso, não me sinto ofendido".
Francisco acrescentou que, na exortação Evangelii Gaudium, "não há nada que já não esteja na Doutrina Social da Igreja". O problema diz respeito às teorias da "recaída favorável", segundo a qual cada crescimento econômico impulsionado pelo livre mercado produz por si mesmo uma equidade maior e mais inclusão social no mundo. Havia a promessa de que, “quando o copo ficasse cheio, ele transbordaria e os pobres seriam beneficiados”.
O problema, porém, diz o papa, é que "quando o copo se enche, ele ‘magicamente’ cresce de novo e nunca transborda nada para os pobres": é isso o que não está certo.
Fonte: Zenit.
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